Rosa Negra escrita por Lua


Capítulo 1
Cemitério, Neve e Reflexões




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Eu me lembro como se fosse hoje.

Uma festa. Dezenas de pessoas. Uma delas, em especial, lhe chamou a atenção. E, infelizmente, esse foi um erro que eu não pude perdoar.

Pelas suas atitudes, eu deveria ter notado. No imediato instante em que você a viu, eu fui posta de lado, como um lixo qualquer que não merecia mais a sua atenção. Como uma bela rosa, que um dia você se cansou de admirar e que, aos seus olhos, se tornou murcha. Acabaram-se os encontros, as carícias trocadas, as promessas de amor, de eternidade e de aceitação. Sim, aceitação.

É claro que você sabia da minha personalidade, digamos... peculiar. Eu não tinha culpa de ser assim, você sabia disso. “Sociopata”, era como se referiam a mim. Mas você não. Você foi o único que me acolheu e me aceitou como eu era. Ao menos, eu achava que sim.

Eu me abri inteiramente para você, como uma amadora. Ainda não entendo como pude cair nessa armadilha, mesmo estando tão calejada. A vida... ela me ensinou que as pessoas eram simples obstáculos no meu caminho, e que eu não deveria me importar com elas. Eu, é claro, caí na besteira de me apaixonar por um desses seres insignificantes ao meu redor.

Contudo, isso não importa mais. Você não levou a sério os meus avisos, meu amor. Achou que eu iria te perdoar pelas suas mentiras, sua traição e seu abandono. Lamento que você tenha sido tão inocente, tão... obtuso. A culpa não foi minha. Ao te contar sobre a minha personalidade, eu não estava só desabafando com você: eu estava te alertando. Eu te amava, mas você era meu, e ela te tomou de mim. Quer motivo maior que esse? O mundo é injusto por si só, e eu tive que fazer justiça com minhas próprias mãos.

No momento em que presenciei a troca de olhares entre você e aquela garota, atravessei a linha tênue que separa um sociopata de um psicopata. Embora a psicologia considere que ambos os termos se refiram a um mesmo transtorno, eu me considerava uma sociopata por não manter relações sociais e ser fria e calculista, mas não uma psicopata, pois, até então, nunca tinha matado ninguém. Para tudo há uma primeira vez, não é mesmo?

Alguns dizem que eu enlouqueci. Outros, que sempre fui louca. Alguns não se manifestam, talvez por terem medo de mim. Não os culpo, sei que, aos olhos deles, esta não foi a melhor maneira de resolver uma "briguinha de casal”. Eles não entendem que não foi só isso, e que o meu meio de resolver deu um fim definitivo ao nosso namoro de mentiras e aparências. Ops, isso te deixou surpreso? Sim, eu descobri (da pior maneira possível) que você só me namorava para pagar de “corajoso”, “gótico” e “bonzão”.

Agora, aqui estamos nós. Sobre mim, há neve. Sobre vocês, terra.

A neve toca meu corpo tão suavemente quanto você costumava fazer. Doces lembranças invadem minha mente, tão doces quanto a vingança. Caminho em direção à saída do cemitério, deixando para trás dois túmulos e uma história sem final feliz.


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Notas finais do capítulo

Esta é a primeira fanfic desse gênero que escrevo. É algo fora da minha zona de conforto, então peço que deem suas opiniões, sejam elas positivas ou negativas. E o mais importante: não sejam fantasmas õ/