Escolha- quando se Convive com Jacob B escrita por many more


Capítulo 10
Capítulo 10- Em casa novamente




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Capítulo 10

 

Yona

 

            Andando mais na forma humana do que como loba, cheguei a Massachusets em uma semana. Poderia ser muito tempo, mas era um sacrifício que eu tinha que ter feito. Eu não queria me transformar e ter que ver os pensamentos de Jacob, principalmente depois do casamento, compartilhar com ele seus pensamentos sobre Bella, sejam eles bons ou ruins.

            Quando vi a placa “Seja bem vindo a Northampton”, estava na forma lobo. Caminhei mais um pouco pelas árvores que cercavam a cidade até me aproximar de um bairro periférico, onde me transformei, vesti meu vestido costumeiro e continuei a seguir pela cidade. Aqui nesse bairro, não me importei de estar atraindo olhares curiosos, porque tinha certeza que não seria reconhecida, mas quando passei pelo centro, estava tão segura que iria encontrar alguém conhecido que me acanhei, passando a andar com a cabeça abaixada e o cabelo no rosto, em uma forma de me esconder.

            Ouvi muitos comentários é claro, e pessoas se afastando de mim enquanto eu passava, mas eu não poderia levar tão a sério, ninguém sabia o porquê de eu estar daquele jeito, além do mais eu estaria em casa logo, com meus pais, tomaria um banho de pelo menos quatro horas, e comeria comida humana, o principal.

            Meu bairro não era o mais luxuoso da cidade, tinha muitas casas normais, algumas com dois andares, poucas árvores na calçada. Andei mais rápido, por três quarteirões, atravessando a rua com cuidado, e depois subi reto para a esquerda. Não havia muitas pessoas na rua. Crianças brincando no quintal, uma mulher fazendo caminhada, dois rapazes conversando na porta de uma casa. Virei novamente, agora para a direita. Eu já podia reconhecer essa rua. A casa dos velhinhos, Senhor e Sra. Nightgale. Mais a frente, a casa de uma amiga da minha mãe, por aqui eu passei correndo, ainda não queria ser reconhecida. Andei por mais algumas casas e por fim, a casa amarela de dois andares, uma das únicas casas que não tinha toda aquela frente cheia de grama e flores. Olhei para cima, a janela do quarto dos meus pais estava aberta, eles estavam em casa. Ou as pessoas que moravam ali estavam, porque pelo tempo que fiquei fora, meus pais já deviam ter se mudado.

            Aproximei-me da porta e apertei a campainha várias vezes sem esperar, minha mãe odiava quando eu fazia isso. Esperei por um tempo curto até que então ouvi os gritos da minha mãe.

            - Ai, meu Deus! Não pode ser. – ela gritou abrindo a porta, pulando em cima de mim. – Yona. Minha filha. É minha filha. – minha mãe distribuiu vários beijos em meu rosto, sem se importar com minha sujeira, e me abraçou e me olhou sorrindo e chorando.

            - Yona! - Meu pai apareceu, atônito.- Não pode ser! Minha filha. – outro que pulou em cima de mim. – Graças aos céus. Eu pedi tanto para que voltasse, pedi tanto para que nada acontecesse com você.

            - Eu sei gente. Eu voltei e estou bem. – disse sorrindo, feliz, por estar de volta. Jacob apareceu de relance em minha mente, mas resolvi expulsá-lo dali. Nada atrapalharia minha felicidade.

            Fui induzida pelo desespero feliz de meus pais a entrar para dentro de casa.

            - Yona. – minha mãe repetiu suspirando. – Yona!- agora este não soou nem um pouco aliviado.

            Minha mãe se afastou de mim, com o rosto fechado e os lábios apertados, ela fazia isso quando estava nervosa.

            - Você tem consciência de sua irresponsabilidade? Onde você estava? – ela disse ríspida.

            Olhei-a sem entender. Esta não era uma boa hora para ouvir sermão.

            - No Canadá, mãe. – disse sem muitas delongas.

            - Canadá? – meu pai gritou. – Fazendo o que lá?

            - Nada. Eu estava tentando proteger vocês.

            - Nos proteger? – meu pai parecia bastante irritado. – O que se passa na sua cabeça para pensar que indo embora poderia nos proteger?

            Olhei-os, indignada. Mal havia chegado e já recebia bronca por algo que fiz para protegê-los.

            - Tem noção do que tivemos que fazer para ocultar essa sua brincadeira?- era minha mãe que gritava agora.

            - O que?- agora eu é que estava ficando irritada.

            - Tivemos que mentir. – minha mãe falava como se isso fosse a pior coisa do mundo.

            - Tivemos que inventar que você foi morar com uma tia que nem existe. Falamos isso para todos. Para seus amigos que vinham te procurar, para sua escola, que ligou perguntando por que você não estava indo para aula, ainda tive que ir lá pegar sua transferência...

            - Você não sabe como nos sentimos Yona. Não sabe como é mentir para alguém, sem saber se você retornaria, sem saber se você estava viva ou morta. Ouvíamos as noticias todo dia, mas nenhuma falava sobre você. – dizia minha mãe, quase em prantos novamente.

            - Ainda bem, não é? Sinal de que eu estava bem. – disse para deixá-los menos apavorados.

            - Ainda bem? – repetiu meu pai. – Imagine se algo tivesse dado errado? Imagine se a polícia batesse em nossa porta, desconfiados de que nós pudéssemos ter feito algo com você?

            Eu ri.

            - Mas não deu nada errado, pai. Eu estou de volta. Estou bem. Para que toda essa discussão boba? Chega gente.

            Quando eu pensei em retornar, eu tinha imaginado uma recepção mais alegre, cheia de abraços e beijos, aquelas em que se reúne toda a família e faz uma festa enorme com muita música e gargalhada.

            - Você quer que isso acabe logo? Então vamos encerrar por aqui. Está de castigo Yona. Enquanto todas suas amigas passeiam e se divertem nessas férias de verão, você ficará em casa. Não vai sair pra nada, está me entendendo?- disse minha mãe, com certo tom de ironia.

            Eu odiava quando ela usava ironia para brigar comigo. E eu nem sabia que estava de férias...

            - Ótimo então. – virei para subir as escadas, o corrimão havia sido concertado.

            - E vá tomar um banho. – ela completou.

            - É o que eu estava indo fazer. – retruquei.

            Subi os degraus com passos firmes e entrei no banheiro batendo a porta com força. Era cena de minha parte. Eu não me importava de cumprir o castigo, até porque eu estava sem nenhuma vontade de sair de casa. Cumpriria meus três meses de clausura sem chorar, aprontar escândalos ou greves de fome. Além do mais, minha mãe não disse nada sobre minhas amigas não poderem vir me visitar.

            Tomei meu prometido banho demorado. Parte dessa demora causada pelo tempo gasto para desencardir meus pés e desembaraçar meu cabelo, quase impossíveis de serem desembaraçados, em certo momento pensei até em cortá-los. Saí do chuveiro, me enrolando em uma toalha e fui para frente do espelho, limpando- o.

            Lá estava eu. Há tanto tempo sem um espelho que até me esquecera de como eu era. O cabelo longo grudado no corpo, agora por estar molhado. Sorri, relembrando toda minha aventura inconseqüente. Eu nunca esqueceria tudo aquilo. Suspirei, sentindo um frio na barriga ao me lembrar do lobo marrom avermelhado. Imaginei como teria sido se eu não tivesse o encontrado. Eu não teria aprendido a aceitar o que eu tinha me transformado. Nunca teria tido um momento como aquele do barranco. Eu nunca teria elegido o sorriso de Jake o mais lindo e incrível do mundo.

            É. Era impossível. Eu sentiria falta do moreno por muito tempo... Muito tempo.

 


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