Já não sei quantas vezes

Passei por entre esse cercado

Feito de Ossos

Que guarda minhas lembranças

Esqueci meus deveres

Contentei-me em estar amaldiçoado

Em meio a seres grossos

Que sujariam as mais puras crianças

Não é como se tivéssemos opção

A crueldade esta em meu sangue

E eu não quis te manchar

O vermelho que derrama sobre mim

É o fruto da minha desgraça

Sim, eu sou uma decepção

A escuridão me persegue

E eu tento lutar

Você sabe, não tem fim

E eu sou uma ameaça

Seus olhos são a minha luz

Mantenha-os acesos

Mesmo que seja por egoísmo meu

Meu sangue mancha a cruz

E sinto meus sentimentos presos

Em um pequeno coliseu

Não me olhe desse geito

Você sabe que por ti

Eu desistiria da minha alma

Você não conhece meu pior defeito

Venha aqui

Estou em sua palma

Por entre as vinhas viceras

Escondo meu eu mais monstruoso

E tu ainda giras

Por entre os sentimentos desse ser defeituoso

Não quero aquele olhar em sua face

Aquela que para manter intacta

Me rasgaria ao meio

Não há mais ninguém que me lace

De forma tão exata

E acerte-me em cheio.

Estou quebrando

Sentindo sua falta

Cada dia sinto-me mais partida

E quero me desintegrar em cinzas

Eu não sabia que estava amando

Tenho necessidade pelo som de sua flauta

De sua boca a conduzindo, sua melodia linda

E de como me referia como seu maior ás

Seus sussurros ainda soam em meus ouvidos

Posso senti-los até hoje

Mesmo que você esteja distante

Lembro-me de quando estávamos decididos

Mas agora a lembrança parece cada vez mais longe

Você sempre foi mais que um amante

Quero poder te abraçar

Dizer que facas e canetas não estariam em nosso amor

As laminas das facas não iriam nos cortar

E com o sangue derramado, não daríamos tinta a caneta desse escritor

A cada dia que se passa

Não a mais nada a dizer

Aceite que nosso encontro foi uma desgraça

Para que não morras a sofrer