O homem invisível escrita por Alfa Stark


Capítulo 8
Um lutador judeu


Notas iniciais do capítulo

Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite, meus fiéis acompanhantes de jornada! Prometo que não irei falar muito nessa nota inicial, como falei na outra. Irei apenas fazer o de sempre, agradecer extremamente aos acompanhamentos e comentários. Acima de tudo, à Crisseddie, por exatamente tudo, não só eu, mas o nosso amado homem invisível também lhe agradece por todo apoio e carinho de sempre, pela recomendação maravilhosa que não tenho nem ao menos palavras para agradecer. Prometi que não iria falar muito aqui, então nos encontraremos nas notas finais. ÓTIMA LEITURA!
PS: Passei exatamente o dia inteiro reescrevendo e editando esse capítulo, me perdoem por qualquer falha, tanto de enredo quanto de ortografia. Faço de tudo sempre para não decepcionar.



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Tenho a mais absoluta honra e prazer de começar esse mero capítulo dizendo a você, querido leitor, que assim como tudo que começa tem o seu fim, no nazismo não foi diferente. Nosso homem invisível ainda se encontra recolhendo corpos, um a um, seu corpo suplica para que pare, mas ele sabe que se parar com absoluta certeza nunca mais voltará a fazer qualquer outro serviço. O sangue judeu inunda o local, Max Vandenburg sente seu estômago se revirando, mesmo tendo a certeza de que não há absolutamente nada dentro dele. O próximo corpo a ser pego por nosso homem invisível, é uma mulher, se é que aquilo pode ser considerado até mesmo um ser humano. Não há nada mais que sangue, pele e osso, seu rosto está deformado, mas ele sente uma vontade enorme de chorar, uma coisa já não muito incomum para nosso homem invisível. Seu corpo protesta contra qualquer movimento seu, suas feridas, já em carne viva, voltam a sangrar, sente-se morrer cada vez mais a cada segundo.

Com o que já fora uma mulher um dia, em seus braços, o carregador de sonhos volta a fazer o trajeto mais triste da sua vida, entre o muro da morte e o local que se via obrigado a jogar os corpos. Ao seu lado, uma criança é brutalmente agredida por dois heroicos soldados nazista.

– Não era nem ao menos para você ter nascido, judeuzinho. – um dos soldados grita enquanto chuta o pequeno corpo praticamente sem vida ao chão. – Não serve para nada, pelo contrário, apenas intoxica nosso ar com seu oxigênio podre judeu.

Caro leitor, sinto-lhe dizer que nosso homem invisível não tolerou o que viu, pois trata-se de Max Vandenburg, um lutador judeu. A raiva o dominava. Deve-se perguntar sobre como era possível os idolatrados soldados fazerem coisas até mesmo piores com pobres crianças e inocentes em geral? Eu lhe respondo com a teoria que sempre repito, a motivação de tudo sempre foi a fissuração, a ganância pelo poder. Os soldados nazistas nada mais eram do que marionetes do amado Adolf Hitler, que usava tão inteligentemente as palavras ao seu favor, que fazia qualquer um acreditar que aquilo que era dito em seus discursos era a coisa mais certa desse mundo. Os judeus e todos os outros que eram perseguidos por ele, eram obviamente uma exceção a essa regra.

Voltando ao nosso homem invisível, sou obrigada a lhe contar que no momento ele se encontra estirado ao chão. Apanhar não pode ser mais o verbo certo a se usar perante tudo que os ídolos da Alemanha fizeram com nosso carregador de sonhos. As palavras proferidas por eles em tal ato é algo completamente inapropriado para qualquer idade. O corpo infantil ao seu lado já se encontra completamente sem vida, mais gotas de sangue judeu se espalham por aquele local. A bandeira nazista não cessa sua dança, o céu é mais negro que a própria morte.

– Temos uma surpresa para você, judeu imundo que se acha no direito de ser algum herói por aqui. O único herói existente é o nosso Führer, ninguém mais, entendeu? – um dos soldados agarra nosso homem invisível pela gola de seu traje listrado e o obriga a se levantar novamente. O sangue invade seus lábios, é o único gosto que nosso carregador de sonhos sente no momento, o gosto do próprio sangue. Suas pernas já não aguentam absolutamente nada, em sua mente há apenas a risada constante e ininterrupta do amado Führer . – O que acha de caminhar, digamos, muito? – a voz do soldado soava como a voz da própria morte para nosso homem invisível, seu maior desejo era se deixar cair ao chão e ali ficar, até que seu corpo estivesse completamente sem vida e seu último suspiro de esperança fosse embora com a vida daquela pobre e inocente criança largada ao chão.

Caro leitor, acho importante deixar esclarecidos dois pequenos fatos antes de continuarmos: 1. Na noite anterior a essa, exatamente a noite em que Max Vandenburg estava trancafiado lutando mentalmente contra o digníssimo Führer, não muito longe dali, um pequeno bombardeio atingiu os arredores da Rua Himmel, uma rua mais conhecida como a rua em que Liesel Meminger mora. Mas, peço que fique tranqüilo, todos estão bem, pois se esconderam a tempo em um porão de uma vizinha qualquer e sem importância no momento. 2. Quando falamos em nazismo, não podemos nos esquecer das chamadas “Marchas da Morte”, onde os nazistas obrigavam os prisioneiros de alguns campos de concentração a marchar em condições extremamente desumanas e críticas, de um campo a outro. Sinto-lhe dizer, caro leitor, que isso ocorreu Campo de Auschwitz, justamente onde nosso homem invisível se encontra.

Mais uma vez continuando a jornada de nosso judeu solitário, lhe confesso que a surpresa preparada pelos soldados nazistas para Max Vandenburg se referia exatamente à famosa Marcha da Morte. Você pensa que Adolf Hitler não sabia que o que fazia com judeus, negros, ciganos, homossexuais e afins era errado? Pois saiba, que ele não só sabia, como também criou essa heroica marcha para que seu trabalho heroico nunca fosse descoberto por seus inimigos durante a Segunda Guerra Mundial.

Logo, depois de mais alguns maus tratos muito sangue derramado, nosso homem invisível foi colocado, juntamente com muitos outros prisioneiros dentro de um trem sem vestígio algum de saneamento ou qualquer outro direito humano. Não pense que a viagem será fácil, lembre-se que nada é fácil quando se trata da Alemanha Nazista. O trem tem o odor da própria morte, muito sangue irá escorrer nessa trajetória. Nosso homem invisível se encosta em um canto escuro qualquer, fecha os olhos e a única coisa que consegue se lembrar é de sua vida antiga, de sua liberdade, quando os vento batia em seu rosto e tudo era tão puro e bonito, tão colorido. Lembra-se da sensação de como é estar vivo, sente seu coração bater um pouco mais rápido, nem ao menos se recordava mais que dentro de seu peito havia um coração saltitante. As lembranças se aprofundam ainda mais, vê a face de sua mãe sorrindo enquanto brincam na sala de sua casa. Sorriso, ai está uma coisa que Max Vandenburg com certeza não se recorda a muito tempo. Ele não deixa que as lembranças cessem. Já ouviu o ditado que diz: “Recordar é viver”? Para nosso carregador de sonhos, essa frase faz uma diferença imensa, pois ele não se sente mais vivo, a única coisa que o faz recordar disto é a lembrança de cada momento que carrega em sua mente. Recorda-se do primeiro livro que ganhou e de como as palavras o fascinaram logo a primeira vista. Temos que recordar com um fato sobre nosso homem invisível: será sempre impossível para ele, lembrar-se de palavras, sem se recordar da sacudidora de palavras, da menina que roubava livros, sem lembrar-se de Liesel. A lembrança da pequena garota loira o invade subitamente, neste momento ele se sente mais vivo do que nunca. É como se a sentisse mais próxima quando a memória lhe favorecia esses momentos de recordação. Não consegue pensar em mais nada, apenas no único e mais especial Natal que havia tido, ao lado de sua irmã caçula, em um porão mais conhecido como seu lar. É fato que depois daquela noite natalina ele havia ficado muito doente, mas isso não jamais diminuiu a felicidade que ambos sentiram naquela noite. Devemos levar em conta que Max Vandenburg é um judeu, logo, ele nunca havia comemorado o Natal.

Sentiu algo pender em seu ombro repentinamente e se viu obrigado a abrir os olhos. Apoiada em seu ombro, há uma cabeça feminina adolescente. Mais um corpo sem vida, mais uma vítima do mundo heroico dos nazistas. Nosso homem invisível estava tão imerso em seus pensamentos, que nem ao menos havia se dado conta de que havia alguém a seu lado, mas agora aquele ser já estava sem vida. Ele nada fez, deixou a jovem cadáver repousar-se sobre seu ombro, notou que riscos vermelhos estavam escorrendo de seu nariz, mais sangue judeu. Fechou os olhos novamente e deixou-se guiar por uma última lembrança, a de Liesel dizendo que não queria perdê-lo. É fato que ele jurou que nunca o perderia, mas no momento, até ele duvida de seu juramento.

Lágrimas escorrem lentamente de seus olhos, o odor da morte é praticamente asfixiante no trem e não há nada mais que o silêncio ensurdecedor e de alguns corpos caindo sem vida de minuto a minuto.

Caro leitor, lhe aconselho a deixar nosso homem invisível em seu momento reflexivo, infelizmente nada podemos fazer para mudar tal realidade. Mas, antes de partir, lhe digo mais uma única coisa que nosso homem invisível nem ao menos imagina. A Rua Himmel, aquela onde a sacudidora de palavras mora, está no trajeto da heroica Marcha da Morte.


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Notas finais do capítulo

Espero do fundo do coração não ter decepcionado você, meu amado leitor. Se tem uma coisa que amo fazer, essa coisa é escrever essa história. Deixo aqui mais um agradecimento a você que chegou até aqui. Nos encontramos no próximo capítulo, que lhe garanto estar extremamente repleto de surpresa e emoção. Beijos!