Dizer que Seth estava bravo era um entendimento. Ele já não gostava da ideia de ter que se casar com alguma garota riquinha qualquer, ainda mais agora que ele teria que bancar o resgatador para buscar a menina na Europa.

Ele tinha se encontrado com Michael e conversado com o homem. Michael disse que ele tinha uma certa ideia de que ela estaria em Paris, pois era o lugar aonde seu melhor amigo, um tal de Emery, estava.

Seth teve que se segurar para não gritar de raiva. Ela tinha fugido dele para ficar com um outro qualquer? Um amante, talvez?

Seth não se importava, ele apenas queria acabar logo com tudo isso e tomar posse da Argyros Company.

Quando ele chegou à França, Seth teve uma surpresa. Os homens de Michael disseram que não conseguiram alcançar a garota. O jovem cerrou os punhos tentando conter sua ira. Um dos seguranças disse que iam conseguir rastrear o jato.

Minutos depois eles descobriram que ela estava indo para a Noruega. Lá foi Seth de novo em direção a Noruega e assim o ciclo de gato-e-rato continuou até ele desembarcar no País de Gales.

O jovem Argyros estava cansado e cheio de raiva, tanta que ele teria que se segurar para não chacoalhar a garota.

Ele deduziu que ela deveria estar em algum hotel muito confortável e caro. Sua suposição estava correta. Em alguns minutos ele conseguiu descobrir em qual quarto ela estava hospedada e subiu correndo, porém de forma elegante.

As mulheres hospedadas no hotel paravam para olhá-lo, mas ele nem se quer dava valor. Ele estava focado demais em seu objetivo. Seth entrou no elevador e apertou o último botão. Ele quase teve vontade de rir. A garota esperava fugir dele indo para um dos hotéis mais caros de lá e ficando numa suíte máster. Ele balançou a cabeça em negação, parecia que nem inteligência ela dispunha.

Seth não ficou surpreso por encontrar uma campainha para ser tocada no quarto. A maioria dos hotéis que ele conhecia e possuía tinham isso. Era uma forma da pessoa de dentro ouvir e ter seu tempo para abrir a porta.

Ele parou para observar um pouco o corredor. Apenas por curiosidade, quem sabe ele poderia falar alguma coisa em algumas reuniões. Afinal, Argyros Company era voltada para hotéis e outros estabelecimentos de lazer e turísticos no mundo inteiro.

A porta foi aberta despertando-o de seus pensamentos.

Seth ficou extremamente chocado com o que encontrou. Ele já tinha ouvido rumores de como os traços de Charlotte eram sofisticados e, ao mesmo tempo, belos. Mostrando toda a sua herança europeia. Ela estava vestindo um pijama de flanela branco e cinza.

— Obrigada pelo trabalho, eu...

— Parece que eu finalmente encontrei você, amor — Seth tentou despertar de seu torpor, falando sarcasticamente com a jovem e tentando desenterrar a raiva que estava sentindo dois minutos atrás.

— Quem... mas o quê... — ela tentou formular uma frase em vão e engoliu seco. Ele teve que se segurar para não rir da cara dela.

— Deixe-me eu me apresentar, amor — um sorriso de escárnio ocupou o belo rosto do homem. — Eu sou Seth Argyros. E vim para resgatar minha donzela fugitiva.

***

Charlotte não sabia o que fazer. Ela parecia ter sido congelada no lugar. tentando acordar de seu torpor ela segurou a porta e tentou fechá-la na cara de Seth.

Porém o homem foi mais rápido do que ela e segurou a porta, abrindo-a em seguida.

— Ah ah ah ah — ele balançou a cabeça em negação. — É assim que você trata o seu noivo? — um sorriso azedo cobriu seu belo rosto. — Eu acho que não. Agora, seja uma boa menina e vamos para a Grécia.

Noivo? Uma boa menina? Grécia?

Charlotte riu.

— Eu acho que não, olhos bonitos. Você não simplesmente vai chegando e dando ordens por aqui. Eu. Não. Vou. Me. Casar.

Ela cruzou os braços e olhou feio para o homem. Seth jogou sua cabeça para trás e deu uma gargalhada.

— Isso foi engraçado. Agora vamos parar de palhaçada — ele segurou seu braço não de uma forma dolorosa, mas ainda sim firme. — Pegue todas as suas coisas e vamos. Eu tenho coisas para fazer.

Ela revirou os olhos e fuzilou ele com seu olhar.

— Eu não sei se você sabe falar em inglês, portanto eu tentarei de outras formas: jo no quiero casar. Je ne voux pas me marier. Io nom voglio sposarmi.

Seth fechou os punhos de raiva e tentou se acalmar. Ele realmente queria chacoalhar ela como uma boneca agora.

— Eu sei que você deve estar acostumada a ser mimada sempre — ele respirou fundo. — No entanto, agora as coisas serão do meu jeito. E você vai se casar comigo, quer você queira ou não e você vai arrumar suas coisas agora para irmos para a Grécia imediatamente.

Ela riu.

— Aé? E o que você vai fazer se eu disser não?

Seth abriu um sorriso maligno. Ela realmente não deveria ter perguntado.

***

Charlotte nunca foi humilhada em público. Todos sempre cuidavam para que nada acontecesse e ela sempre fez questão de deixar tudo na mais perfeita situação. Afinal, ela não queria ser um estorvo para o pai, então ela apenas obedecia como uma boa menina.

Porém, aquele bruto e rude homem estava carregando ela pelo seu ombro como se ela fosse um saco de batatas.

Ela desferia golpes e grunhia de raiva.

— Ponha-me no chão imediatamente.

— Nah... eu estou gostando da visão daqui de cima.

Ela socou suas costas.

— Como ousa? Solte-me agora!

Ele deu um tapa leve em sua bunda.

Charlote deveria estar parecendo um pimentão. Todos do hotel pararam para ver o que estava acontecendo e Charlie escondeu seu rosto atrás de suas mãos por vergonha.

Seth parecia estar se divertindo com a atual situação. Charlote rugiu de raiva e bufou.

— Sabe, eu preciso contatar o homem que me trouxe até aqui...

— Já está sendo resolvido.

— E pegar minhas coisas...

— Já providenciei isso.

— Mas...

Ele deu outro tapa leve para fazê-la calar a boca. Charlotte queria estrangular ele. Talvez quando ele estiver dormindo...

Pouco tempo depois ela estava num avião – de novo! – para a Grécia. Ela decidiu ligar para Emery e deixá-lo a par de tudo. Quando ela levantou-se de seu assento que provavelmente deveria custar o preço de um carro, Seth falou com ela pela primeira vez desde que tinham entrado no avião.

— Vai ligar pra alguém?

— Pro meu amigo.

Ele disse alguma coisa que ela não conseguiu ouvir e decidiu ignorá-lo.

Depois de ficar uns dez minutos no telefone com Em, Charlie começou a encher o saco de Seth dizendo que estava com fome.

— Sabe, porque alguém interrompeu a minha refeição, então esse alguém deveria me arranjar alguma coisa...

Seth bufou e travou sua mandíbula para não gritar com a morena.

Passado algum tempo, Charlotte estava comendo algum macarrão feito por um dos funcionários do avião.

O jato era duas vezes maior que o de Emery. E tinha absolutamente tudo. Parecia que uma casa tinha entrado lá dentro. Os assentos eram de couro preto e o ambiente tinha uma aparência um pouco mais escura, com uma mobília toda de madeira e elegante, provavelmente para conforto dos passageiros, facilitando as pessoas a dormirem. Não era incomum saber de pessoas que não conseguiam dormir direito em aviões.

Charlotte encostou sua cabeça no banco e ficou olhando para Seth que estava à sua frente com sua atenção totalmente virada para o computador.

O homem conseguia sentir o olhar quase mortal, como o de uma cobra esperando para dar o bote, vindo da jovem. Ele esperou terminar arrumar seu novo horário – culpa daquela... coisa – e olhou para cima, encontrando o olhar de Charlie.

Ele suspirou. Seu pai tinha dito para ser um cavalheiro. Não custava tentar.

— Você gostaria de chá, Senhorita Waller?

— Eu não quero seu chá, Argyros.

Ele mordeu a bochecha para não falar palavras não tão legais para a morena. Suspirou e se aproximou, falando com uma voz mortal e baixa.

— Se você acha que eu estou frenético com a ideia de casar com você, você está muito enganada, Charlotte Waller. Agora, eu não me importo sobre o quanto seu pai mimou você ou sobre o quanto você está chateada que eu te afastei do seu amante. Tudo o que eu me importo é com a agência que eu terei acesso assim que eu subir naquela droga de altar. Se eu quero alguma coisa eu sempre consigo por minha conquista. Então apenas fique calada como uma boa menina e pare de agir como uma criança.

Charlote segurou as lágrimas de tristeza e raiva e levantou-se num salto.

— A forma como você dirigiu a mim sem apenas me conhecer, sobre como julgou meu caráter como um preconceituoso, apenas me dá a garantia de que você é um bruto e um rude e que eu não posso e nem irei me casar com você. Se você quer a sua droga de agência, tudo bem. Eu assino o papel — ela levantou um dedo e apontou para ele. — Mas não pense por um único segundo que eu me dirigirei como sua esposa ou que vou aguentar suas palavras duras calada.

Sem falar mais nada para ele, ela entrou em uma cabine que tinha atrás e percebeu que era como um quarto. Deitando-se na cama, Charlotte deixou as primeiras lágrimas caírem.