Tudo pareceu como se tivesse acontecido no dia anterior para Seth. Mas não. Já haviam se passado dois meses e meio.

A emboscada para Anthony, o parto de Maureen, a pergunta de Maureen e a conversa com Charlotte...

Logo depois que a bolsa de Maureen estourou e todos finalmente conseguiram processar que um bebê estava para chegar, todo mundo correu para o hospital.

Tudo tinha ocorrido bem. O parto não demorou muito e foi normal, não foi necessária uma cesariana.

No dia seguinte, Maureen disse que ia nomear seu filho com o nome Joshua porque a fazia se lembrar de seu amigo de infância. Porém, o que realmente chocou a todos foi quando ela perguntou se Seth e Charlie gostariam de ser padrinhos da criança.

Charlotte pareceu bem chocada, mas feliz ao mesmo tempo. Seth estava muito confuso para entender tudo então apenas assentiu o que o fez se arrepender levemente depois porque ele não sabia nada sobre crianças.

“Mas não tem nada para saber, você é apenas padrinho” Emery tinha dito a ele, “Não é como se Maureen tivesse perguntado para você ir para guerra, acalme-se”.

Não precisa ser dito que Seth lançou a Emery seu olhar de eu-odeio-você-e-espero-que-você-morra-obrigado.

Entretanto, o medo de Seth foi se esvaindo aos poucos ao perceber que não era uma tarefa tão difícil. Também não é necessário dizer que Joshua é um dos bebês mais paparicados por seus padrinhos do mundo.

Naquele mesmo dia, Seth teve uma das conversas mais decisivas com Charlotte.

— Seth — ela tinha o chamado. — Eu preciso te dizer uma coisa.

Sua expressão era de total conflito e nervosismo.

— Eu... eu não sei exatamente por onde começar, tudo o que eu sei é que eu preciso te dizer que eu tenho sentimentos por você. Eu não sei se eles são luxúria, ou se realmente é amor, eu só sei que eu não gosto da situação que eu estou. Eu preciso ainda descobrir o que eu quero para a minha vida e não é casada com você – um casamento que no início foi sobre contratos – que eu vou descobrir, eu...

— Eu entendo, Charlie. E eu acredito que assim é melhor. Mas saiba de uma coisa. Eu não pretendo simplesmente deixar tudo pra lá ou te deixar ir, Charlotte.

Ela sorriu, entristecida.

— Não espero menos de você, Argyros.

E fim. Eles nunca mais tocaram no assunto, ainda se viam e Seth podia jurar que ele sentia um choque toda vez que seus olhos se encontravam, mas eles nunca tocaram mais no assunto.

Um mês após o nascimento de Joshua, foi dada a sentença de Antonhy. Todas as suas ações e seu cargo seriam confiscados, ele teria que pagar uma multa imensa por vários motivos, teria que responder a um processo por ameaça e dano psicológico a Charlie e Maureen e teria que fazer serviço comunitário por três anos se ele não quisesse ir parar atrás das grades.

Tudo estava resolvido.

Bem, quase tudo.

O negócio de Charlotte estava indo super bem. Tão bem que ela precisou contratar cinco costureiras e três artistas para ajudá-la de tanta encomenda que ela recebia. Porém, Seth quase não a via mais.

Depois que eles se separaram, Charlotte acabou comprando uma cobertura na Florida e se mudou para lá. Seth só a via quando tinham algum evento ou então iam visitar Maureen e Joshua.

Ele não podia parar de sentir como se o assunto estava inacabado e ele tinha quase certeza que Charlotte se sentia assim. E ele sentia que descobriu o que queria. Ele queria Charlotte e nada mais. Ele não se esconderia atrás de uma máscara e muito menos iria tentar transformar o amor num cálculo matemático. Ele não pararia mais para pensar. Era hora de tomar os riscos.

Por isso, ele decidiu conversar com Charlie e esclarecer tudo de uma vez por todas na festa de aniversário do pai dela comemorando seus 50 anos. Ia ser no salão de festas do prédio de Charlotte.

E ia ser naquele mesmo dia que Seth ia resolver seu problema amoroso de uma vez por todas.

***

Charlie tinha certeza que ia ser o pior aniversário do seu pai de toda a sua vida.

Nada estava dando certo. O chef deixou o bolo cair, Emery sem querer quebrou a taça preciosa de seu pai e Chad estava atrasado com as flores.

Fan. Tás. Ti. Co.

Ela bufou.

— Calma, hermosa, tudo vai dar certo — Emery disse tomando um chá calmamente. — Chad está chegando, o chef está preparando outro bolo e eu vou comprar outra taça pro seu pai. Sem problema.

— Eu só estou nervosa.

— Eu sei. Que tal você começar a se arrumar considerando que a festa começa daqui três horas e você precisa estar pronta antes para receber seu pai?

— Certo.

Depois de tomar banho, Charlie colocou um vestido preto básico, mas ao mesmo tempo elegante, colocou suas sandálias com um salto consideravelmente alto e aplicou a maquiagem.

Enquanto ela estava passando o rímel, Emery entrou em seu quarto para avisar da chegada do seu pai.

Chad já havia chegado e o bolo estava passando pelo estágio de “enfeitamento”.

Agora só tinha uma coisa da qual Charlie tinha que ficar nervosa.

Seth.

E ela tem quase certeza que Emery também percebeu, pois o mesmo perguntou o que estava acontecendo.

— O que está acontecendo é que eu fui uma trouxa duas vezes. Primeiro porque eu me separei de Seth e segundo porque eu continuei separada alegando que eu precisava pensar. Pensar! E agora eu não sei mais o que fazer, porque eu finalmente percebi que eu quero ficar com ele, mas ele provavelmente não vai querer mais ficar comigo porque ALÔOUU, quem gostaria de ficar com uma garota que precisou de um tempo para compreender o que sentia? Além do mais...

— Querida, você está falando demais e está quase tendo um ataque. Acalme-se.

— Certo.

— Agora, relaxe e se divirta. Tudo vai dar certo.

— Belo conselho — ela murmurou. — Como você sabe que vai dar certo?

— Eu apenas sei.

***

Uma hora e meia depois, os convidados estavam começando a chegar e o grande salão estava sendo preenchido com música baixa e som de vozes.

Charlie deu uma última olhada em tudo para se permitir relaxar. Sua calma durou pouco quando ela viu um moreno de olhos azuis se aproximar.

— Posso falar com você?

Ela assentiu sem saber o que falar.

Ela e Seth foram até o lado de fora do salão onde eles poderiam ficar a sós.

— Como tem passado, Charlotte?

— Bem — ela tentou sorrir. — E você?

— Bem também — ele sorriu levemente. — Eu...

— Olha — Charlie o cortou. — Posso falar primeiro? Eu estou com tudo isso na minha garganta e minha mente está a milhão. Eu só quero te falar que por mais que eu tive esse tempo para pensar eu não consegui pensar em nada direito porque tudo o que eu pensei foi em você e sobre como eu te amo. Eu queria descobrir o que eu quero e o que eu ia fazer, mas a realidade é que eu não sei direito nem o que eu vou almoçar amanhã e...

Seth a beijou.

Charlotte com toda a certeza respondeu ao beijo com voracidade e luxúrias igualáveis. Ela sentiu todo o desespero de todos esses meses separados nele.

Só depois de minutos que Seth desgrudou-se de Charlie.

— Desculpa. Mas é que você estava começando a balbuciar e a única coisa que eu realmente queria era que você percebesse meus sentimentos e percebesse que nós nunca realmente teremos um tempo para decidir tudo, porque o amor é inesperado. O fato de finalmente descobrirmos que nos amamos e aceitarmos isso já é o bastante.

Ela sorriu percebendo o quanto, em tão pouco tempo – talvez não tão pouco, eles tinham amadurecido e tinham agora a certeza sobre seu amor.

— Bem, se você for me fazer calar a boca toda vez que eu começar a balbuciar com um beijo desses eu acho que teremos um trato.

Seth soltou um som parecido com uma risada e voltou a beijar a mulher a sua frente. Prometendo a si mesmo que nunca deixaria ela escapar de seus braços novamente.

Afinal, não importava se era na França, Florida, Noruega ou País de Gales, ele iria encontrá-la e mostrar todo seu amor por ela.