Por mais que o sentimento de que algo ruim iria acontecer (graças à Anthony), Charlotte conseguiu curtir muito sua nova vida em Boston.

Depois de todos os problemas com a gravidez de Maureen, depois de todas as brigas e discussões com Seth, Charlotte encontrou-se muito próxima do homem que uma vez fora imensamente arrogante e chato.

O mesmo poderia ser dito de Seth. Ele não conseguia situar direito seus sentimentos, afinal para as pessoas ou você é apaixonado pela pessoa ou não gosta dela, mas ele sabia que cada vez mais ele se via hipnotizado pela morena que várias e várias vezes ele considerou de colocá-la numa caixa e enviar para a ilha de Madagascar.

Seth falava com Maureen pelo menos duas vezes por semana. Ela estava lidando com a gravidez até que bem. Claro que às vezes ela chorava dizendo que não queria ter um filho, mas suas palavras logo se cessavam quando alguém dissesse alguma coisa sobre aborto.

O homem ficara feliz quando ele soube que Maureen não havia nem cogitado a opção de abortar. Ele era contra essa medida, ele acreditava que tudo acontecia por um acaso e várias vezes ele já se viu discutindo com Charlotte, pois a opinião da garota era contrária a sua.

— Homens “abortam” seus filhos E suas mulheres o tempo todo. O homem pode virar as costas para responsabilidades, mas a mulher não? Eu acredito que se o embrião não se formou ainda, não tem problema nenhum da mulher abortar — Charlotte dissera.

— Mas é uma vida — ele falara, exasperado.

— Não enquanto for uma célula. E deve ser escolha da mulher sim, afinal é ela quem vai ter que sentir a dor do parto, amamentar etc. não estou dizendo para que toda mulher que engravidar sem querer deve abortar, estou apenas dizendo que as pessoas deveriam pensar mais nesse assunto sem ter preconceito ou um pré-julgamento.

O assunto havia se encerrado depois dessa pequena discussão, não valia a pena gastar energia para um assunto que nem dizia respeito deles, era – como Charlie alegara – responsabilidade de Maureen.

E, falando na jovem de olhos verdes, Maureen tinha deixado seu cabelo na sua cor natural – no caso, castanho. Algo sobre se preparar porque grávidas não podiam ter química no cabelo ou algo assim.

Além disso, Maureen mudou-se da casa de seus pais, comprou um apartamento em Boston perto da casa de Seth e Charlie. Disse que precisava de férias para seu pai e, durante esses dias de folga, ela resolveu toda a papelada e decoração no apartamento e já programou um cronograma com a nutricionista e médica.

Muitas vezes a mulher acabava pedindo para Charlotte acompanhá-la o que a garota aceitava de bom grado. Claro, elas não eram melhores amigas, mas claramente se davam bem e confiavam uma na outra o suficiente para pedir favores.

Seth estava se sentindo muito bem com tudo. Sua vida havia mudado para melhor, ele havia mudado para melhor e sentia-se satisfeito e feliz com isso.

Porém, ainda sim, ele queria mais. Era ambicioso, mas dessa vez ele nem sabia ao certo pelo quê. Ele apenas sabia que queria passar mais tempo com Charlotte.

Claro que eles ainda se desentendiam, mas nada muito sério, brigas – como todo mundo diz – de um típico casal. Às vezes Charlotte puxava os botões de Seth para ver até onde ele era calmo e às vezes Seth atazanava Charlie apenas para sua diversão de ver as bochechas dela ficarem parecendo dois tomates e o bico que seus lindos lábios formavam.

Como numa manhã que Charlotte tinha alegado que havia comido demais no dia anterior – ela foi numa pizzaria com Seth – e então iria comer algo leve no café-da-manhã.

A jovem optou por uma tigela cheia de frutas e estava muito contente com seu café “fitness”.

Seth viu uma oportunidade perfeita para zoar com ela.

— Você está tentando perder peso? Porque se estiver, saiba que não está exatamente funcionando.

Mal ele sabia que naquele dia, ela estava com muito sono por isso ao invés da garota brigar com ele ou corar, Seth acabou com milhares de frutas caindo por seu corpo.

Ele encontrou framboesas até dentro de sua calça. Ele só percebeu isso quando alguma coisa incomodou seu... bem, acho que dá para entender.

As outras duas semanas passaram tranquilamente. Por isso, Seth chegou à conclusão que queria fazer algo diferente.

Ele decidiu que iria levar Charlotte para fazer algo novo e fez algumas ligações para que tudo fosse arranjado.

Ele desceu as escadas para o ateliê de Charlotte – ela andava passando bastante tempo lá desde que tinha decidido montar uma loja com Emery.

Seth conseguia ouvir levemente uma música tocar. Ele bateu na porta e a abriu. Charlotte estava de pé pintando um quadro enquanto ouvia música celta.

— Charlie? Está ocupada? — ele perguntou indo para o lado dela.

— Na verdade não. Estou quase acabando — ela disse meio distraída. — Por quê?

O homem pigarreou.

— Bem... eu estava pensando que, sei lá, seria bom fazer algo diferente.

Ela virou-se com tudo quase derrubando suas tintas. Suas bochechas estavam meio rosadas, Seth não sabia direito se ele deveria ficar alegre com essa reação, afinal era fácil fazer Charlotte corar.

— Ahm... por mim tudo bem — ela sorriu levemente para ele, guardando seu pincel.

— Excelente — ele disse um pouco animado demais. — Então... Eu vou pegar o carro.

Ela assentiu e correu para seu quarto para se arrumar. Colocando uma calça jeans, tênis e uma blusa xadrez, Charlotte tirou os vestígios de tinta de suas mãos e desceu as escadas para se encontrar com Seth.

O jovem já tinha preparado o carro e esperava pacientemente por ela. No carro, quase nenhum dos dois falou, apenas ficaram curtindo o agradável som das músicas do rádio.

Seth parou o carro no Central Park de Boston. Charlotte desceu do carro e automaticamente parou para olhar o que Seth tinha planejado.

Ela virou-se para ele, seu rosto mostrando hesitação e um pouco de medo.

— Ah não.

Seth sorriu.

— Ah sim — foi tudo o que ele disse.