A outra face escrita por Karine


Capítulo 10
Capítulo 09 – A beira do abismo.




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Katniss ficou no jardim até que deu por si vendo o céu mais claro, já ia amanhecer, já não tinha lagrimas nos olhos, e finalmente tinha entendido a situação, sentia algo por Peeta, doía o peito sempre que pensava nas palavras dele e percebeu que aos olhos dele ela realmente não prestava, eles realmente não podiam estar juntos.

Levantou cambaleante, ficar a noite toda a céu aberto tinha seu preço, o corpo estava dolorido e o frio da noite tinha lhe deixado febril, mas não se importou com isso, começou a andar sem rumo, chegou no lugar onde sabia que encontraria alguém que lhe confortaria... E então, ao chegar no campus da universidade foi só uma questão de tempo antes da prima aparecer.

Prim ficou feliz ao ver Katniss de longe e a medida que se aproximava seu rosto se modificava, ficava tensa, via a aparência da prima e lhe parecia mal, correu até Katniss a tempo de impedir que esta fosse ao chão, ao tocar na garota ela ardia em febre.

—_ Jennifer! Que aconteceu? Vou chamar um taxi, vamos pra casa.

—_ Não! Não podemos. – Katniss olhou tristemente para a prima que não sabia e não entendia nada. – Eu não posso ir... Por favor Prim.

—_ E pra onde vamos?

—_ Um hotel… No caminho podemos comprar remédios, eu estou quase bem.

Prim por mais que fosse contra não discutiu com Katniss, pois se tinha algo que ela aprenderá ao longo da vida ao lado da prima foi que está era uma boa garota, ela não se metia em problemas e era alguém em quem confiava cegamente.

As duas foram a um hotel simples no centro da cidade e Prim providenciou remédios e cuidou da prima, passaram algumas horas lá e já era quase fim de tarde quando Katniss acordou já se sentindo melhor enquanto Prim estava na janela olhando os carros passarem do lado de fora e pensando no que tinha acontecido.

—_ Prim... Eu... – Katniss começou e Prim a notou pela primeira vez acordada, correu para o seu lado e apenas a amparou. – Eu preciso que você guarde um segredo pra mim.

Prim não respondeu mas acenou com a cabeça e as duas entenderam que poderiam sempre confiar uma na outra. Então silenciosamente Prim escutou toda a história de Katniss, da infância, da primeira troca, da irmã, das outras trocas e das confusões que vieram com elas, incluindo a noite passada com Peeta.

—_ E agora eu não sei o que fazer... Eu não acho que posso voltar para aquela casa... Mas sinto que também não posso deixá-los.

—_ Você... Você... Porque nunca me contou isso? – Prim lutava em sua mente para ser compreensiva, mas simplesmente não conseguia, se sentia como parte de uma farsa, pensando na prima que era quase uma irmã e no segredo de anos, por que nunca confiou nela ou na tia? Prim não compreendia e também não aceitava. – Eu... Não sei como digerir isso Jen... Katniss.

Katniss já se encontrava melhor, suas dores pareciam mais suaves, estava mais calma, só desabafar já tirava um grande peso de suas costas. As duas ficaram ali por muito tempo, em silencio, até Prim se pronunciar novamente.

—_ Eu... Não sei como agir agora, eu... Vou pra casa, você já está melhor. – Prim falou se levantando, Katniss nada disse, ficou ali, em silencio, a prima olhou pra ela uma vez mais antes de deixar o recinto. – Adeus... Katniss. – Era estranho falar aquele nome e só lembrava a Prim o quanto aquela desconhecida que tinha morado com ela por anos a tinha traído, ficou triste e assim deixou novamente Katniss sozinha.

Já era quase noite quando a garota se levantou, ainda se sentia febril e foi para casa de táxi, chegando lá foi direto pro quarto e caiu na cama, se sentindo mais e mais doente, não viu quando Clove a encontrou ali e nem percebeu durante a noite a pequena garota cuidando dela, só se deu conta quando na manha seguinte a encontrou dormindo ao seu lado.

—_ Clove, o que faz aqui? – A menina que estava abrindo os olhos quando Katniss a questionou levantou de um pulo da cama e ficou em pé com o rosto vermelho e com um pouco de medo. – Não precisa se assustar, não estou brigando com você... Só não quero que adoeça por estar aqui junto comigo.

—_ Eu... Você não parecia bem, eu só queria ajudar.

Katniss a chamou com a mão e a garota se aproximou timidamente, quando chegou perto o bastante Katniss a puxou e a abraçou forte.

—_ Você é a melhor coisa que me aconteceu nessa casa... Eu adoraria ter uma filha como você Clove.

Clove ficou muito feliz com as palavras de Katniss... Mas ao mesmo tempo muito triste, afinal ela achava que na mente de Katniss ela fosse uma filha, mal sabia ela que na mente de Katniss ela era filha da verdadeira esposa do pai da garota Mellark, fazendo de Katniss apenas uma tia. Mas Katniss sabia que tias também poderiam ser mães e era por isso que se esforçava para ser uma a pequena Clove, como sua própria tia tinha sido para si.

Longe dali, num apartamento luxuoso, através de uma janela aberta era possível ver um homem parcialmente enrolado em lençóis brancos, seu peito nu começava a ser coberto pelo sol, um barulho e de repente uma mulher se jogou sobre ele.

—_ Hora de acordar meu amor.

—_ Glimmer... – Ele falou o nome dela corretamente, estava fazendo um esforço, não dormia direito, pois se estivesse em sono profundo sabia que o nome da outra viria de seus lábios, a outra, seu pecado particular, aquela que habitava seus sonhos. – Por que abriu as cortinas? Pensei que o plano de hoje era ficar na cama até tarde.

—_ E era, quando a previsão do tempo disse que choveria, mas não com esse sol todo, vamos pra praia.

A garota parecia um raio do próprio sol, era luminosa, linda, aquele tipo de mulher que era construída na alta classe do mundo, rica, bem educada, culta e treinada para ser a esposa perfeita, aquela era Glimmer, noiva de Peeta.

—_ Praia? Faz séculos que não vou a praia.

—_ E nem eu, por isso pensei que poderíamos fazer isso.

—_ Então vamos. – Ele falou se levantando e sorrindo para a garota, ela ficou radiante, a pequena boneca da alta sociedade, Glimmer era um pouco mais que isso, Peeta soube que poderia se casar com ela no dia em que percebeu que ela era o melhor que ele teria do mundo, ela era uma boa garota. – Você precisa sair de cima de mim pra gente ir.

Ela sorriu brincalhona, ele entrou no jogo e a pegou nos braços, a levantou com muita facilidade, ela era do tipo magro, muito magro, tanto que as vezes Peeta se preocupada se ela realmente estava se alimentando.

Eles se beijaram e se soltaram, por fora, qualquer desconhecido que olhasse aquela cena julgaria dois amantes incrivelmente apaixonados, mas pra uma pessoa perspicaz bastaria um vislumbre pra perceber a verdadeira essência daquela cena, uma mulher apaixonada que tentava enganar a si própria, tentava acreditar que Peeta a amava tanto quanto ela o amava.

Quando já estavam preparados para sair alguém bate na porta. Peeta foi atender e então abriu um grande sorriso que não foi retribuído, a garota mal humorada apenas entrou sem pedir licença.

—_ Oi pra você também Joh. – Peeta falou fechando a porta que tinha ficado aberta quando a garota entrou como uma flecha no apartamento. – Então resolveu que estava na hora de falar comigo? Faz semanas Joh, eu nunca tinha ficado tanto tempo sem falar com você.

Peeta falou quando Glimmer apareceu e os encontrou na sala.

—_ Johanna! Quanto tempo, eu tive que ouvir Peeta chorando várias noites por que você não estava falando com ele. – Glimmer falou num tom brincalhão, sorriu para o noivo e para a garota que lhe retribuiu e lhe deu um grande abraço. – Fico muito feliz que veio ver Peeta, ele realmente sente sua falta.

—_ Oi Glimmer, desculpe atrapalhar vocês tão cedo, eu só vim conversar com esse cabeçudo.

Johanna olhou com cara feia pra Peeta que apenas ficou ali meio sem jeito.

—_ Pois vou deixar vocês conversarem. – Glimmer deu uma abraço novamente em Johanna e andou até Peeta, deu um beijo nele. – Amor eu vou indo curtir minha praia e vocês ficam aqui, conversam e depois, se der tempo você vai lá comigo ok?

Ele apenas acenou, os dois se despediram e então a garota loira deixou o apartamento.

—_ Eu nunca vou entender o que a Glimmer viu em você, ela era a garota mais bonita da universidade e mesmo podendo escolher qualquer cara ela foi lá e te escolheu, o único cara que nunca seria dela.

—_ Quem disse que eu nunca vou ser dela?

—_ Para com isso Mellark, você já tentou se enganar por tempo demais, e sempre, sempre volta para a sua paixãozinha platônica pela sua madrasta. – Peeta apenas engoliu em seco. Johanna sorriu, sabia que aquelas simples palavras o tinha atingido. – E agora me diz que não é verdade...

—_ Você voltou a falar comigo só pra procurar briga?

—_ Ok, vamos dar uma trégua... Eu estava com saudades de você velho amigo.

A garota sorriu, os dois acordaram em não falar mais naquele assunto durante um tempo e assim passaram a manha toda conversando, voltando a serem como antes de brigarem, antes da garota parar de falar com ele.

Já era perto da hora do almoço quando Johanna foi embora e Glimmer mandou uma mensagem dizendo que almoçaria com os pais. Peeta tinha perdido a praia, era mais um momento que perdia com a noiva e nem percebia que não sentia falta, não percebia a falta de Glimmer, mas sim a de Katniss e assim resolveu almoçar com a família.

Quando chegou em casa o clima era pesado, o almoço se passou em silencio e ele percebia que a pessoa que mais sofria era a irmã e ele não podia fazer nada, seu dia tinha sido agradável até aquele ponto e ali se arrependeu de ter ido a mansão Mellark, quando o almoço acabou ele foi para a cozinha, estava vazia, ficou ali um tempo quando Katniss apareceu.

Seus olhos estavam vermelhos, ele sentiu vontade de perguntar, mas nada falou, ela sentou ao lado dele e apenas permaneceu em silencio, ele só queria continuar ali e não sabia o por que tinha falado, o por que tinha quebrado a magia daquele momento e justo com aquelas palavras, ele nem percebeu, mas se não podia consolá-la, ele queria apenas que a causa das lágrimas dela fosse ele, era egoísta aquele ponto, não suportava a ideia de alguma parte dela ser do pai, ele queria que tudo relacionado a ela fosse dele, mesmo as lágrimas.

—_ Vou me casar.

Ela pela primeira vez olhou para ele e então seus olhos marejaram.

—_ Eu sei, você tem uma noiva.

—_ Sim, mas agora também tenho uma data, a data do casamento. – Ele olhou profundamente para ela, Katniss não percebeu a mentira, ele se arrependeu assim que as palavras saíram, assim que viu a primeira lagrima cair, ali estava o que ele queria, lagrimas dela por causa dele, e foi ali que Peeta percebeu que não queria magoá-la, levantou e foi em direção a saída, triste e com um coração vazio, não suportaria mais um minuto olhando para ela, para aqueles olhos.

Estavam caindo, ambos, ela sendo pressionada por um casamento que nem era seu, ele se enforcando num casamento sem amor, e ambos amando um ao outro, antes que ele saísse pela porta ela o alcançou, o abraçou por trás e chorou abraçada as costas dele, Peeta quis se virar mas não o fez, não podia, apenas ficou ali, emprestando as costas para consolar a dor que ele próprio tinha causado nela.


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Notas finais do capítulo

E mais gente descobrindo o segredo das irmãs Everdeen, muito sentimentalismo pela frente rsrs



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