Cups are about brotherhood escrita por Wonderlust Queen


Capítulo 2
Hold me when I scared


Notas iniciais do capítulo

Segunda história! Essa eu me baseei um pouco na música "When I Gone" do 3 Doors Down. Se alguém conhecer e sacar as pequeninas referências que eu coloquei, ganha um biscoito :D Ah, e também é baseado no incidente do ataque do urso, quando o Ace e o Luffy brigaram :c

Novamente, reportem os erros e/ou deixem comentários amorosos. :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/568001/chapter/2

O cômodo estava frio, apenas duas pequenas formas presentes. Ace encontrava-se num canto da sala, as costas encostadas na parede, o olhar fixo no garotinho enfaixado deitado ao centro. Ele mantinha o cenho franzido, mas dessa vez não era fruto de uma irritação qualquer. Tudo bem, ele estava bastante irritado agora – irritado consigo mesmo, – mas ele preferia acreditar que o motivo do seu mau humor era somente a preocupação.

Três dias. Três malditos e longos dias em que Luffy, seu irmão mais novo, encontrava-se inconsciente e envolto em cobertores. Três dias desde o ataque daquele urso gigantesco, que quase levou embora a vida do único irmão que restara a Ace. Três dias sem seu irmãozinho irritante saltitando de um lado para o outro, sem o menor chamar o seu nome, sem aquela risada estridente que ele fingia odiar. Três dias em que Ace se remoeu em culpa. Três dias sabendo que, por ele ter sido teimoso e orgulhoso, seu irmão estava sofrendo.

Durante esses três dias, foi muito difícil para o mais velho sair do lado de Luffy. Ele saia, todavia, porque tinha que caçar algum pobre animal para ele e a família da velhota ruiva, e também um pouco porque ele queria garantir que os estoques de carne estivessem cheios caso seu irmãozinho acordasse. Hoje, porém, ele não saiu. Já era início de noite, o céu com os últimos toques de tom alaranjado em seu horizonte. Luffy passou o dia com febre alta. Ace não conseguiu deixar o cômodo, e pulou algumas refeições.

O silêncio no cômodo foi cortado então por um baixo grunhido. Ace praticamente voou para o lado do irmão, que se contorcia suavemente, soluçando baixinho, o suor escorrendo por suas bochechas avermelhadas. O mais velho observava a cena, os olhos arregalados, sem saber a quem chamar – parte dos bandidos estava fora e outra parte dormia profundamente no cômodo ao lado.

– E-ei...Luffy! O que houve?!

O menor soltou outro grunhido, dessa vez mais alto, enquanto movia a cabeça para o lado, inquieto. Ace piscou por alguns instantes e se voltou para o balde d’água ao lado, fazendo menção para molhar um pano e por na testa do irmão, mas parou em suas ações quando Luffy murmurou choroso em seu sono:

– N-não...mnngh...S-sabo...

Ace congelou. Seu irmão estava tendo um pesadelo e estava chamando pelo Sabo. Céus, ele não sabia o que fazer.

Porque Ace nunca antes precisou oferecer conforto a alguém que precisava dele. Ace também nunca foi confortado por alguém, mesmo quando se sentia miserável após os diversos insultos relacionados ao filho de Gol D. Roger que era obrigado a engolir, ele nunca experimentou a sensação de ter alguém para dizer que tudo ficaria bem. Durante toda a sua vida, Ace sempre caçou, treinou e respondeu aos insultos com socos. Mas não havia ninguém para socar agora e isso não faria Luffy melhorar.

Ace não era nada além de um brutamontes, incapaz de ser um bom irmão mais velho da forma que Sabo fazia.

E Sabo não estava mais ali para indicar o que precisava ser feito. Se não fosse pela sorte, ele também não teria outro irmão respirando agora, – respirando de forma descompassada, verdade, mas respirando.

Ao perceber isso, uma onda de pânico invadiu todo o corpo de Ace. Ele sentiu medo. Medo de talvez nunca poder ser o irmão mais velho que o Luffy precisa, medo de perder o irmão que poderia muito bem morrer ainda dos ferimentos, medo de novamente não ter alguém que o queira vivo, medo ao imaginar o pesadelo terrível que se passava na cabeça do menor, medo de acordá-lo apesar da vontade imensa de sacudí-lo e o tirar daquele estado. Medos, muitos medos. Ele próprio se encontrou inquieto, trêmulo, mas estava disposto a superar pelo menos um de seus medos. Suavemente, sacudiu o ombro de Luffy, pedindo – implorando – para que ele acordasse logo.

Seu irmão se contorceu e choramingou por mais alguns segundos, quando, finalmente, seus olhos estavam totalmente abertos, lágrimas escorrendo de forma suave pelo seu rosto.

Luffy sentou-se, – Ace temeu pelos ferimentos dele e tentou inutilmente fazer com que ele se deitasse, – e olhou para os lados, tentando assimilar onde estava. E então voltou seu rosto ainda febril para Ace, cujo os olhos estavam inundados em lágrimas que ainda não haviam caído.

– A-ace...? O que houve?

– Luffy...eu-

Antes que pudesse perceber, o menor o envolveu em um abraço apertado, que o pegou completamente de surpresa. Ele não sabia se Luffy o havia abraçado porque queria lhe dar conforto ou porque estava procurando conforto, e, sinceramente, não se importava. Pela primeira vez ele não afastou Luffy de forma bruta como sempre fazia, mas o abraçou de volta, trêmulo como uma folha, deixando escapar um único soluço.

Idiota. – Ace murmurou, não insultando o irmão como parecia, mas a si mesmo.

– Tá tudo bem. – Luffy sussurrou com a voz trêmula ainda da febre, e Ace arregalou os olhos, o abraçando mais forte. Era incrível como aquele menino podia corrigir seus erros sem perceber, e como ele podia abraçá-lo, quase como sentindo quando Ace estava com medo. Palavras de possível conforto formaram-se nos lábios do maior, mas morreram em sua boca, e ele somente manteve o abraço, confortando ambos.

Ace deitou seu irmãozinho novamente e este sorriu, as bochechas ainda rosadas mas parecendo ligeiramente melhor.

– Eu sabia que você ia derrotar aquele urso, Ace! – Ele disse com a voz fraca e passou um minuto ou dois esperando por uma resposta que nunca veio, até dormir novamente, o sorriso ainda esboçado ligeiramente em seu sono.

Ace sorriu. Ele estava disposto a não deixar seus medos o dominarem e definitivamente se tornar melhor, para que Luffy não precisasse novamente passar por aquilo. E, mesmo que sentisse medo novamente, ele tinha agora uma certeza de que Luffy iria abraçá-lo e fazer com que o medo passasse. Mas óbvio, ele nunca diria isso para o menor ou para ninguém em voz alta, então sorriu para si mesmo, secretamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!