Normalmente, quando eu falo com pessoas que não são da minha família, ou melhor quando eu falo com pessoas que não conhecem minha família, ocorre uma estranheza por causa da quantidade de ruivas presentes em minha vida. Mas isso é realmente normal considerando a constante "ruivisse" que sempre acompanhou os Weasleys. Contudo, apesar de compartilharem a mesma nomenclatura para seus cabelos, está redondamente enganado aquele que pensar que seus temperamentos e personalidades são iguais, ou até mesmo similares.

Dito isso vocês podem me considerar um expert em ruivas e, por causa dessa minha vasta experiência, afirmo que existem vários tipos de ruivas, cada uma com seus jeitos e trejeitos, peculiaridades e manias. Entretanto, ao andar pelos jardins da escola procuro por uma em especial. O que não é fácil, se considerarmos que a população ruiva em Hogwarts é enorme.

O dia estava ensolarado, um milagre se considerarmos onde estou, então não era surpreendente que praticamente todos os alunos da escola se encontrassem nos jardins, mas isso só dificultava minha busca. A primeira cabeça ruiva a ser avistada, infelizmente não era a correta, afinal, possuía crespos fios cor Firewhiskey, pertencentes a Roxanne Weasley. Roxy, minha prima e companheira, que possuí o temperamento igual ao que a bebida nos proporciona, causando assim muitas detenções para ela e dores de cabeças para Tia Angelina.

Também não procurava a cabeça cor cobre de minha irmã, Lilly, uma alma extremamente romântica e inocente - coisa que deixa a mim e meu irmão Alvo propensos a violência quando o assunto é garotos. Avistei Molly jogando cartas com um pobre coitado. Digo isso, pois essa garota cujos os cabelos quase vermelhos lembram, estranhamente, os pelos de uma raposa: esperta, rápida, marota e extremamente não confiável. Nunca queira apostar contra ela. Acredite, sou a voz da experiência.

Passa por mim Lucy com suas feições angelicais e seus cabelos levemente acobreados, que chamam atenção para onde quer que ela vá e, como de costume, é seguida pela fila de corações partidos. Que o tio Percy nem sonhasse com isso.

Mas não conseguia achar de jeito nenhum a cabeça ruiva "certa".

Olhei melhor ao meu redor, prestando verdadeira atenção naquele imenso jardim, procurando por um certo cabelo, por uma certa cabeça ruiva. Quando a finalmente avistei, encolhida embaixo da sombra de um imenso salgueiro, suspirei de alívio.

Lá estava Ela. A Ruiva. A minha ruiva. Cujo os cabelos cor fogo, que como a dona, se deixado fora do controle podia causar grandes estragos. A menina dos lábios tão vermelhos como doces morangos e os olhos tão azuis quanto oceanos.

Eca! Estou começando a entender porque o Fred me chama de veado.

Caminhei calmamente até ela, cumprimentando minhas primas e primos pelo caminho e por fim, sentei-me ao lado daquela garota que tanto me intrigava mesmo após tantos anos de convivência.

Ela estava encolhida, com os braços envolvendo as pernas e a cabeça baixa. Para muitos que olhassem de longe e não a conhecem pensariam que ela está chorando, mas bem, eu a conheço e sei que não é uma expressão triste que ela esconde de mim. Eu sabia, aquele rosto que invade meus sonhos demonstrava raiva, pura e simples. 

— Rose o que você quer que eu diga? Você sabia que coisas assim iriam acontecer, uma hora ou outra.

— Não se faça de inocente! Eu vi aquela loira aguada da Nott se jogando em cima de você! E o senhor, James Sirius Potter, não fez nada para impedir! — Cada palavra foi pontuada com um cutucão em meu peito.

Suspiro e fecho os olhos tentando organizar na mente as palavras, procurando a melhor forma de me expressar.

— Sim ela se jogou em cima de mim, mas o que você quer que eu faça? Eu sou irresistível, oras! — repliquei abrindo meu melhor sorriso maroto, que ela amava — E, se você tivesse esperado mais um pouco poderia ter visto eu "gentilmente" dispensa-la antes de sair feito uma trasgo desgovernado procurando por você. — Completei mais sério.

— Mas ela é linda, aqueles olhos verdes, o cabelo loiro platinado... — a expressão dela passou rapidamente de raiva a insegurança.

Revirei os olhos mentalmente. Eu desisto de entender as mulheres. Numa hora a garota é "aguada" e na outra é uma deusa!

— Sim, mas você é mais! Ou pensa que eu não reparo no jeito que metade dessa escola te olha?! Aliás o Malfoy faz questão de olhar descaradamente para sua bunda! - Fecho minhas mãos com força para tentar conter a raiva contra o maldito sonserino.

Olho para seu rosto e vejo em seus olhos que nós dois provamos nossos pontos.

—Jay... - ela não consegue terminar pois eu colo nossos lábios num beijo. Nada frenético ou desesperado, era um beijo calmo e doce onde confirmamos que a discussão tinha acabado.

—Rose Weasley nunca em hipótese alguma volte a duvidar de mim certo? Pois, por mais que loiras aguadas, mornas tapadas e ruivas de farmácia se joguem em cima de mim eu sempre vou amar você, e só você. — colei nossas testas e vi um sorriso brincar em seus lábios.

— Pode deixar que dá próxima vez eu ajudo você a dispensa-la "gentilmente".

 Eu sorrio com isso e a puxo para meu colo, sussurrando em seu ouvido.

— Além do mais eu prefiro as ruivas.