– Eu não vou me casar com a Delly – ela fala com a voz mansa, mas firme.

Acho que ele percebe minha cara de quem não está entendendo, e me puxa pela mão.

– Vem cá – damos a volta e nos sentamos no sofá, ainda de mãos dadas – Não, Katniss, eu não vou me casar com ela – ele respira fundo – essa foi uma das razões de eu ter vindo falar com você. A Delly vai se casar, com um soldado do Treze, que ela conheceu quando estávamos lá. E me pediu para fazer o bolo, assim como do Finnick e da Annie. É só isso – nossos olhos se encontram – Olha, se eu não te conhecesse diria que estava com ciúmes – e esboça um sorriso que me deixa louca de raiva

– Não estava com ciúmes – puxo minhas mãos das dele com força – Se você não vai casar com Delly, porque estava me tratando daquele jeito então? Me humilhou a troco de que?

Ele se acomoda no sofá, e fica um tempo em silêncio sem olhar pra mim.

– Esse foi o outro motivo de eu ter vindo te procurar. Katniss eu .. eu – ele gagueja, e suas mãos tremem – eu não queria ter feito aquilo com você, de verdade. É só que .. eu quis me afastar de você. Eu senti que precisava. Eu – ele puxa todo o ar possível de seus pulmões - vi você com Gale...

– Peeta eu...

– Me deixa terminar ok? - ele me interrompe - Katniss, nós estávamos bem, amigos de novo. E então Gale apareceu, eu os vi se abraçando perto do antigo Prego. Quando voltei pra sua casa, você não me disse nada sobre ele, era como se - ele fala pausadamente – você estivesse tentando me esconder isso. Como se soubesse que iria me afetar saber que você o havia escolhido. E então me poupou de ouvir isso - seus olhos fogem dos meus - Ele sempre cuidou de você, sempre te protegeu, lhe fez companhia. Eu só fui falar com você quando estávamos destinados a matar um ao outro! Gale sempre esteve do seu lado, enquanto o que eu fiz? Tentei matar você! - as lagrimas pairam sobre a imensidãoo azul dos seus olhos - Ele sempre foi a escolha mais sensata. Gale nunca te feriu, enquanto eu - ele suspira - mesmo aqui, dentro da sua casa eu machuquei você na noite do flashback. Então eu achei que seria mais fácil, simplesmente me afastar, sem exigir explicações, pra não deixa-la confusa. E você não veio me procurar, logo entendi que minhas conclusões estavam certas. Mas ai você apareceu na outra noite e ... - ele volta a me olhar - eu fiz aquilo! Eu vi nos seus olhos a mesma Katniss que vi no dia em que meu coração parou na arena do Massacre. Eu vi, a Garota em Chamas de novo, sua ação em me ajudar foi imediata. Mas mesmo assim, eu te tratei feito lixo. E me arrependo muito disso, Katniss. Eu não deveria ter feito aquilo, eu ...

– Shh - pressiono o dedo sobre seus labios - eu entendi.

Ficamos em completo silêncio. Mãos dadas. Olhares cruzados.

– Peeta - seu nome sai quase como um sussurro - eu me casaria com Gale. Talvez constituísse uma família com ele, longe daqui, na floresta. Vivendo da caça. Mas eu sempre me lembraria do Garoto do Pão. Porque foi você quem me salvou primeiro. Eu amo Gale, isso nunca vai mudar - pauso - mas eu amo muito mais Prim, ela morreu. E nunca vou ser capaz de separar ele da morte dela. Não foi você que tentou me matar, foi o veneno de Snow. A única coisa que você fez e faz, é me salvar. No dia da chuva, fazendo acordo falso com os Carreiristas, buscando táticas para burlar os Jogos, me impedindo de tomar as night-locks. Sempre. Eu só pertenceria a Gale por completo - respiro fundo - se você não existisse.

Ele acaricia minhas mãos, passa uma sobre meus cabelos. Encostando a testa na minha.

– Esse momento: Real ou não Real? - sussurra

– Absolutamente Real.

Ele se afasta depois de um tempo. Pega um papel em seu bolso.

– Vai ser daqui 2 dias, no domingo, ela veio me entregar o convite do casamento pessoalmente - ele coloca em minhas mãos um papel dourado, com enfeites marrons, onde há as iniciais D e H na frente – você quer ir comigo?

– Sim - eu sorrio ainda olhando para o envelope - vai ser bom fazer algo de diferente, pra variar.

– Ainda bem que você disse sim, achei que ia ter que levar o Haymitch – nós rimos – Eu preciso ir, ver as coisas na padaria, pretendo inaugurá-la na segunda-feira.

– Tudo bem

Ele se levanta, e vem em ninha direção, beija minha cabeça, e antes de sair diz:

– Quer que eu traga pães de queijo, quando voltar?

– Sempre – sorrio.