— Andskotinn, nú helvíti — xinguei em islandês, sem ter a mínima ideia de onde aprendi isso.

— Bota puta merda, agora fudeu nisso — Devin concordou comigo, olhando igualmente assustada para o lado de fora — O que vamos fazer? — murmurou, e eu passei meus olhos pelo campo. Merda.

— Você não falou que ninguém sabia sobre a merda dessa casa?! — eu chiei irritada, me virando para Loki, furiosa, e apontando o dedo para o lado de fora, que estava literalmente infestado de alguns guardas de Asgard e agentes da S.H.I.E.L.D. Felizmente, eu não via os Vingadores em lugar nenhum.

— Ninguém sabia — ele rosnou, me empurrando para o lado e olhando para fora. Eu comecei a andar em círculos pela sala, passando as mãos pelo cabelo.

— Droga, a gente está ferrado, a gente está tão ferrado... — choraminguei, tentando pensar em alguma coisa.

— DROGA! ­— ouvi Loki rosnar alto e logo senti sua mão agarrar meu braço, me puxando para longe dali, junto com Devin. Menos de um segundo depois, alguma coisa acertou a janela e a casa explodiu, nos jogando longe. Meu braço se soltou do aperto de Loki e eu fui de encontro com a bancada da cozinha, destruindo-a e caindo em cima do meu pulso. Eu ouvi um estalo e cerrei os dentes para a dor agoniante que senti nele. Mordi o lado de dentro da bochecha até começar a sangrar, tentando esquecer da dor — Davina, caramba!

— O que, desgraça? — retruquei, abrindo os olhos de repente e vendo Loki parado na minha frente, me encarando levemente irritado. Ele segurou meu braço direito e me puxou, fazendo-me ficar de pé.

— Coloque esse seu cérebro pra funcionar, e faça o que sua irmã está fazendo: ajude! — rosnou irritado, apertando com força o meu braço. Eu saí de perto dele praticamente cuspindo marimbondo, pegando um pedaço de madeira grande o suficiente no chão e jogando no primeiro guarda de Asgard que apareceu na minha frente. Acertou em sua testa, e ele caiu para trás, morto. Eu me virei e encarei Loki com um olhar significativo — Ajuda o suficiente? — ele sorriu. Eu revirei os olhos e olhei ele de cima a baixo. Ele usava aquela armadura estranha dele, e o cetro estava em sua mão esquerda. Meus olhos se focaram na sua cabeça e eu marchei até ele, agarrando aquele elmo ridículo e o jogando longe. Ele me olhou com as sobrancelhas erguidas, surpreso por isso — Coloque isso novamente, e eu juro por Deus que derreto esse ouro e dou pros mendigos! — ameacei, dando as costas a ele. Andei até o guarda e coloquei meu pé em seu peito, agarrando a madeira ainda grudada em sua testa e puxando-a para fora, fazendo um pouco de sangue espirrar em meu rosto. Eu não me importei, só saí de perto. Uma parte do meu sub-consciente estava enlouquecendo com o que eu havia acabado de fazer. Eu matei alguém. Uma pessoa que respirava, que tinha um coração que batia, pulsando sangue para seu corpo, e eu havia acabado de fazê-lo parar. E não estava nem aí.

Meu corpo fervia, bloqueando praticamente todas as minhas emoções. Raiva, mágoa, felicidade, dor, confusão, surpresa, e mais um turbilhão de sentimentos passavam por mim nesse momento, me deixando totalmente confusa. Eu provavelmente devia estar pensando em uma maneira de escapar dali, mas não. Eu estava cansada de fugir. Cansada de ficar me escondendo nas sombras. Isso acabava hoje.

Eu cerrei os olhos e segurei a madeira com mais força. Um sorrisinho nasceu em meus lábios. Hora de testar esses poderes que Loki tanto fala. Fechei os olhos e respirei fundo, concentrando-me na madeira em minha mão. Eu imaginei ela se tornando uma arma completamente carregada. A textura da madeira mudou e eu abri os olhos. Eu segurava uma PT 24/7 PRO 9mm preta. Meu sorriso aumentou gradativamente. Hora do show.

Destravei a arma e mirei no pescoço de um dos agentes que apontava uma arma para mim. No segundo que ele ia apertar o gatilho, eu atirei. E acertei. Ele caiu morto no chão. Eu caminhei lentamente até ele e peguei sua arma no chão, guardando-a entre minha cintura e a calça jeans, que estava praticamente toda rasgada. Eu olhei para os dois lados e vi alguns agentes da S.H.I.E.L.D. lutando contra guardas de Asgard. Loki, pensei, sabendo que isso era obra dele. Onde estava aquela Rena, afinal de contas?

Eu não tinha encontrado nenhum dos Vingadores até agora, e adoraria manter isso. Eu não iria matar eles, como também sabia que eles não iriam fazer nada muito... ruim comigo. Mas eles não eram meu alvo. Fury era. E eu sabia que aquele filho da puta estava ali em algum lugar, e eu iria achá-lo, nem que tivesse que revirar isso aqui tudo de cabeça para baixo e matar cada agente e guarda daqui. Ele ia pagar por tudo, e eu teria o prazer de fazer isso.

"Algumas lendas são ditas
Algumas se tornam pó e outras se tornam ouro
Mas você se lembrará de mim
Lembrará de mim por séculos
E apenas um erro
É tudo o que precisa
Vamos ficar na história
Lembrará de mim por séculos" — Centuries, Fall Out Boy

Achei Devin dando um soco na cara de um dos agentes. Eu ri.

— Cadê a minha irmãnzinha e o que você fez com ela? — debochei, fazendo ela revirar os olhos, mesmo estando com um sorriso no rosto. Tirei a arma de minha cintura e entreguei para ela. Ela assentiu em agradecimento — Onde está o Traquinas?

— Ali — apontou com a cabeça para a frente, e eu vi Loki acabar de enfiar a lança em um dos guardas. Eu revirei os olhos. Ele realmente gostava de chamar atenção — Você está atrás dele, não está? — perguntou, e eu vi, pela primeira vez, um brilho assassino em seus olhos. Eu assenti. Ela alargou o sorriso — Faça-o pagar.

— Oh, eu vou — gargalhei, um sorriso sádico em meu rosto — Eu vou fazer mais que isso — afirmei, mordendo o lábio inferior. Ela piscou para mim, e levantou o braço com a arma para algum lugar atrás de mim, puxando o gatilho. Me virei. Um dos agentes da S.H.I.E.L.D. caiu no chão com um baque surdo, o buraco da saída da bala sagrando horrores atrás de sua cabeça. Eu me virei para ela novamente — Você sempre foi assim e eu não sabia ou isso é algum tipo de vingança pelo tempo que você passou trancada? — perguntei, uma sobrancelha erguida. Ela riu pelo nariz.

— Um pouco dos dois — respondeu, e eu sorri levemente, saíndo de perto dela. Ela estava segura e sabia se cuidar. Agora era hora de eu terminar isso aqui. Mas, antes disso... Caminhei até Loki e bati com a arma na nuca de um dos agentes que ia ataca-lo por trás, fazendo-o cair inconsciente no chão. Mirei a arma e atirei duas vezes em sua cabeça. Loki se virou para trás, quase acertando a ponta afiada daquele cetro em mim.

— Woah, calma aí, puxador de trenó — debochei, desviando por pouco — Eu não vou te matar não, só vim te pedir uma coisa.

— O que? — perguntou curioso, cerrando os olhos para mim. Apontei para a minha roupa toda rasgada e suja por causa da explosão.

— Uma ajudinha com isso aqui? — perguntei significativamente. Ele riu baixinho, enquanto uma luz verde me cobria. Eu me olhei quando aquilo acabou. Eu vestia uma armadura prateada que cobria toda a parte do meu tronco, e uma saia vermelho sangue, com um forro provavelmente de ferro e uma calça leg preta, junto com botas douradas com alguns detalhes vermelhos que iam até o meu joelho — Obrigada.

— Agora sim está parecida com uma verdadeira guerreira — comentou, atirando a lança em alguma coisa atrás de mim. Ouvi um gemido baixinho e alguma coisa cair no chão com um baque surdo. Um guarda, provavelmente.

— Pena que não sou uma — sorri debochada, e ele riu abertamente, andando até atrás de mim. Eu me virei e o vi puxando sua lança do pescoço de um dos guardas. Decidi voltar a procurar Fury. Aquele maldito ainda estava por aí, e como Loki estava bem... Não que eu me importasse, é claro, só que seria uma pessoa a menos para nos ajudar. Mentirosa, uma vozinha sussurrou dentro da minha cabeça, mas eu a ignorei e continuei andando.

Eu não sei quantas vezes atirei em guardas e agente nesse meio tempo, mas eu só parei quando ouvi uma voz bem conhecida soar atrás de mim — Davina! — a voz de Steve me fez estancar no lugar. Meu coração díminuiu o ritmo e meu sangue correu mais rápido. Eu me virei lentamente, mantendo a cara neutra. Ele estava parado a alguns metros de mim, com o uniforme de Capitão América — Você ficou maluca? O que está pensando que está fazendo?!

— Eu não fiquei maluca, Rogers — ri pelo nariz, não tirando meus olhos dos seus. Mudei a cor dos meus para azuis, igualzinhos ao seus. Ele se assustou, porque arregalou os olhos — Eu sou maluca — afirmei, gargalhando e dando as costas para ele, que ficou paralisado no lugar, me encarando sair de perto dele com os olhos arregalados.

"Vou fazer o que me apetece, qualquer coisa que eu queira
Vou respirar, não vou respirar
Não me preocuparei de jeito nenhum
Você pagará pelos seus pecados, você vai lamentar, meu querido
Todas as mentiras, toda a esperteza, ficarão claras como cristal" — Blow Me (One Last Kiss), P!nk

Eu achei Fury parado perto da árvore que eu estava encostada mais cedo. Apertei a arma quase descarregada em minha mão e cerrei os dentes. A fúria dominava meu corpo e minha mente nessa hora, e eu só pensava em uma coisa: Vingança.

— Fury! — chamei, fazendo-o se virar e olhar para mim com seu olho bom. Um brilho que eu não conseguia reconhecer estava em seu olhar.

— Davina Clairemont — falou lentamente, como se estivesse testando como meu nome soava para ele — Devo admitir, estou surpreso que você não tenha desistido dessa palhaçada até agora.

— Palhaçada? — repeti, apertando com ainda mais força a arma em minha mão direita, já que o pulso esquerdo ainda latejava de dor — Isso é tudo uma palhaçada para você? Manter a minha irmã em cativeiro durante três anos enquanto usava-a de ratinho de laboratório foi uma palhaçada? Matar o meu pai foi uma palhaçada?! — berrei descontrolada, literalmente vendo vermelho.

— Sua irmã representava um perigo para si mesma e para as pessoas em sua volta. Se fizemos isso, foi apenas para a segurança de todos — deu de ombros, como se aquilo não fosse nada — E, se seu pai lhe contasse alguma coisa, nós dois sabemos que você teria tirado ela de lá antes de acabarmos as pesquisas.

— FILHO DA MÃE! — xinguei, completamente sem controle. Meu braço latejava de ansiedade para eu atirar, mas eu ainda tinha algumas perguntas, e ele parecia bem disposto a responder tudo que eu perguntasse — Você iria fazer a mesma coisa comigo, não é, seu desgraçado? Você iria me jogar em uma cela também!

— Provavelmente — admitiu — Mas parece que alguém conseguiu fazer isso antes de mim.

— Eu vou te matar — rosnei, meu peito subindo e descendo rapidamente por consequência da minha respiração descontrolada.

— Não colocaria tanta fé nisso — avisou, e eu o olhei desconfiada, apertando ainda mais a arma.

— E porque? — indaguei, minha voz pingando desgosto.

— Você vai estar muito ocupada para isso — disse, e eu franzi as sobrancelhas, confusa. Mas eu não consegui pensar direito. Fury deu um passo para o lado e eu arregalei os olhos, a arma caindo no chão. Devin estava caída no chão, inconsciente. Fury tirou um pequeno controle do bolso interno de seu casaco e me mostrou, aquele brilho em seu olhar que eu havia visto quando cheguei estava mais forte que nunca — Aproveite o resto do show, senhorita Clairemont.

Ele apertou um botão no controle e Devin abriu os olhos. Eles estavam tão verdes que praticamente brilhavam. Um arrepio percorreu a minha espinha. Isso não é bom. Ela se levantou e me focou com seus olhos verdes, caminhando lentamente até mim. Eu dei um passo trêmulo para frente — Devin? — chamei, com as sobrancelhas franzidas. Ela me encarou por alguns segundos, como se não me reconhecesse, mas depois o reconhecimento brilhou em seu olhar. Daí ela ergueu a mão e agarrou o meu pescoço, me levantando do chão como se eu não pesasse mais que uma pena. Eu agarrei sua mão, ficando sem ar depois de alguns segundos, ignorando a dor no meu pulso esquerdo — D-Devin, p-pare...

Não adiantou de nada, ela se virou e me tacou longe. Direto para o pequeno abismo de treze metros que havia depois da cerca que ficava em frente a árvore. Eu sentia o ar bater nas minhas costas como uma faca, e eu perdi a consciência quando cheguei ao chão.

"Eu atiro para o céu
Eu estou presa no chão
Então por que eu tento?
Eu sei que vou cair
Eu pensei que podia voar
Então, por que me afoguei?
Eu nunca saberei por que
Está caindo, caindo, caindo" — Down, Jason Walker

✷

Meu corpo doía e eu sentia dificuldade para respirar. Não conseguia mexer meu braço direito sem sentir uma dor aguda no ombro. Meu estômago estava queimando.

— Merda — ouvi alguém xingar perto de mim, e reconheci a voz de Loki. Logo ouvi seus passos e ele se ajoelhar ao meu lado — O que aconteceu?

— D-Devin — consegui sussurrar — E-eles fizeram alguma coisa com ela. Eles a controlam agora, Loki. Eles sabiam que iriamos lá resgatar ela. Isso tudo foi uma armadilha, e nós caímos direitinho, e agora ela é a arm... — continuei, mas comecei a tossir, e tive que me virar para o lado, sentindo alguma coisa escorrer pela minha boca e cair no chão. Sangue — Oh oh... Isso não é bom.

— Vem — ele falou, passando os braços por baixo do meu corpo e me erguendo, enquanto se levantava. Meu ombro direito latejou e eu choraminguei. Ele ajeitou um pouco minha posição e começou a andar pela trilha que levava de volta lá para cima.

Eu perdi a consciência duas vezes naqueles três minutos que demoramos para voltar. Quando recuperei ela de novo, eu me obriguei a ficar acordada. Loki me colocou no chão quando voltamos para cima, mas continuou com sua mão na minhas costas, mantendo meu equilíbrio.

— Fique longe dessa bagunça, você é inútil do jeito que está — disse, com as sobrancelhas franzidas. Ele não disse com a intenção de machucar, só disse a simples e pura verdade. Eu era realmente inútil do jeito que estava agora. A única coisa que eu podia fazer agora era ficar no meu lugar e deixar ele cuidar disso. Eu assenti levemente e ele saiu de perto de mim, mas estancou depois de alguns passos e se virou para mim novamente. Seu cenho estava franzido, formando aqueles vincos tão conhecidos por mim, que o deixavam com uma cara infantil. Ele ficou me encarando por alguns segundos, seus olhos com alguma coisa estranha neles. Ele caminhou apressado até mim e agarrou a minua nuca gentilmente, colando meus lábios nos seus.

Eu fiquei surpresa com isso. Essa era a última reação que eu esperava vinda dele, mas eu não me importava. Estava cheia disso. Mandei o meu orgulho e dignidade para a puta que pariu e retribui o beijo. Ele se afastou depois de um tempo, sua respiração meio descontrolada, não muito diferente da minha. Ele sussurrou uma única coisa antes de ir novamente, e eu acho que ele não queria realmente dizer aquilo, mas saiu antes que pudesse controlar: — Fique segura.

"Me leva até
Eu e você
Sobre as luzes da rua, você disse adeus
E nós nos beijamos
Oh, eu sabia que estava caindo aos pedaços, e agora o vento sobre o rádio
Talvez para você
Provavelmente seja só outra música qualquer" — Just Another Song, Lucy Hale

Eu estava cansada de ficar parada ali sem poder fazer nada. Minha mente implorava para eu largar de frescura e voltar para lá, enquanto meu corpo só queria cair em uma cama e ficar lá para o resto do ano. Eu comecei a caminhar até a bagunça toda novamente, cansada de não poder fazer nada.

Quando eu cheguei lá, a primeira coisa que vi fora Loki lutando contra dois guardas de Asgard à alguns metros de mim. Eu dei um passo para mais perto dele, procurando alguma coisa por perto para ajudar e vi uma arma parecida com a minha no chão. Peguei-a e fui para mais perto de Loki, mas meus olhos foram atraídos para outra coisa. Uma coisa igualzinha a mim, que tinha acabado de se levantar do chão. Devin chegou perto de um guarda morto e tirou a lança dele de suas mãos. Meu corpo congelou quando eu percebi o que ela estava planejando e a promessa que eu havia feito a mim mesma alguns dias atrás voltou com força total a minha mente "Eu não deixaria mais ninguém morrer por minha causa."

Nada poderia justificar o que eu fiz em seguida. Eu só sei que eu acabei com a distância que havia entre Loki e eu, parando atrás dele, e puxei o gatilho da arma que estava na minha mão. A bala acertou na testa de Devin, que caiu sem vida no chão.

— Davina — eu ouvi Loki sussurrar horrorizado atrás de mim, mas meu cérebro não demorou muito para processar o que havia acontecido. Meus olhos se focaram em Devin. A lança não estava mais em sua mão. Eu caí de joelhos, sentindo alguma coisa quente escorrer pelo meu pescoço. A lança havia acertado em mim.

"Este é um conto de fadas moderno
Sem finais felizes, ou vento em nós
Mas eu não consigo imaginar uma vida
Sem esses momentos de tirar o fôlego, me quebrando
Quebrando, quebrando, quebrando" — The Heart Wants What It Wants, Selena Gomez

Eu caí no chão, em cima de meu braço direito, e ouvi o estalo. Ele tinha acabado de quebrar. Mas, incrivelmente, eu não sentia dor. Tudo parecia estar acontecendo em câmera lenta para mim, e eu olhei para ele. Ele me olhava com os olhos arregalados, e um brilho estranho neles. Aquilo eram lágrimas?

Quando ele tentou dar um passo em minha direção, os guardas com que ele estava lutando antes o jogaram no chão e o prenderam, impedindo-o de chegar até mim. Eu vi uma poça de sangue se formar ao meu lado, aumentando cada vez mais, mas eu só conseguia pensar em Loki.

Estava cansada de mentir para mim mesma, e para todos a minha volta. Eu estava apaixonada por ele. E me odiava profundamente por causa disso. Eu amava, e ao mesmo tempo odiava, aquele seu jeito frio e ignorante de ser, as provocações, as brigas, as discussões bobas, os planos, as vezes que conseguimos conversar como duas pessoas normais...

"Sou viciada em loucuras
Sou filha da tristeza
Já estive aqui muitas vezes antes
Fui abandonada e estou com medo agora
Não posso lidar com outra queda
Sou frágil, e apenas me deram as costas
Eles me esquecem, não me veem
Quando eles me amam, me deixam" — I Hate You, Don't Leave Me, Demi Lovato

— Me desculpe — sussurrei, mas não ouvi minha própria voz. Tudo que eu conseguia ouvir era o som do meu coração batendo. Lento, cada vez mais lento... Até que eu ouvi ele parar.

"Diga que se lembrará de mim
Ali parada, em um lindo vestido
Encarando o pôr-do-sol, baby
Lábios vermelhos e bochechas rosadas
Diga que irá me ver de novo
Mesmo que seja apenas em seus sonhos mais loucos
Sonhos mais loucos, oh" — Wildest Dreams, Taylor Swift

Meu último pensamento, por mais irônico que tivesse sido, foi "Anjo". Eu ouvi a voz de Loki me chamando assim. Ele devia estar feliz, agora. Sim, provavelmente, ele devia estar feliz. Tinha se livrado de mim, de uma vez por todas. E eu tinha matado minha irmã para proteger ele. É. Ele estava feliz. Ou pelo menos eu fingia que ele estava.

"Chame todos os seus amigos
E diga-lhes que nunca vou chamá-los de volta
Porque este é o fim
Finja que você próprio é o dono, não reaja
O dano está feito
A polícia está vindo muito lenta agora
E eu teria morrido
Eu teria te amado a vida toda
Você está perdendo sua memória agora
Você está perdendo sua memória agora
Você está perdendo sua memória agora
Você está perdendo sua memória agora" — Losing Your Memory, Ryan Star

A escuridão tomou conta de minha mente e eu deixei a inconsciência me levar.