27 de Novembro , 2014

Cheguei em casa já me jogando no sofá. Deitei e fiquei olhando para o teto , ouvindo o som do impacto das patas de Pattie contra o chão , se aproximando rapidamente. Logo , ele estava sentado ao lado do sofá onde eu estava deitada.

– Oi menino. E aí onde a minha mãe está ? - Perguntei fazendo carinho atrás de suas orelhas caídas. Ele latiu duas vezes em direção a mesa de jantar , me fazendo enxergar um bilhete que não havia visto antes. Nele dizia :

" Lena

Sua mãe teve uma crise asmática e eu a trouxe para o Hospita Norte. Mesmo de sempre , coloque comida e água para o Pattie , e o deixe dentro de casa , o tempo está fechando. Sua mãe quer te ver.

Pai"

Geralmente umas duas vezes por mês eu enontrava esse bilhete no mesmo lugar em que está agora. Subi para o meu quarto e me vesti com uma roupa que estava mais fácil no guarda - roupa. Coloquei um pote cheio de ração para o Pattie e troquei sua água por uma nova. Peguei meu celular , sai e tranquei a porta. O hospital ficava a mais ou menos 8 quadras dali. Comecei a ouvir "Livin ' On A Prayer" - Bon Jovi. A música falava sobre Tommy , um cara que trabalhava nas docas e que quando o sindicato entrou em greve passou por dificuldades. O refrão da música dizia :

Oh, we're half way there
Whoah, livin' on a prayer
Take my hand, we'll make it, I swear
Whoah, livin' on a prayer

O que queria dizer mais ou menos isso :

Estamos quase lá
Vivendo a base de uma prece
Pegue minha mão - nós vamos conseguir - eu prometo
Vivendo a base de uma prece

"Vivendo a base de uma prece" é assim que eu estou agora. Vivendo a base de uma prece , não por dificuldades financeiras e sim por minha mãe. Sinto falta dela. Sinto falta de poder abraçá - la sem que ela sinta dor. Sinto falta de ver seu sorriso. Sinto falta de ver seus olhos brilhando quando ganha uma surpresa. Enfim , sinto falta da minha mãe. Percebo que já pensei demais quando sinto uma lágrima gelada escorrer pelo meu pescoço. Limpei -a com o polegar e segurei as outras que ameaçavam cair. Parei na porta do hospital por um segundo , e depois continuei andando. Entrei e avistei Lídia , a enfermeira que geralmente me atende.

– Oi Lídia. - Comprimentei

– Oi Lena. - Respondeu sorrindo - Hoje a dona Mary está no corredor 8 , sala 14.

– Obrigada Lídia. - Agradeci enquanto me dirigia as portas enormes e brancas com um número 8 em cima delas. Entrei pelas portas gigantes e dentro do corredor havia várias portas iguais aquelas por qual passei há pouco. Entrei na que tinha o enorme número 18 escrito em tinta vermelha em cima da porta. Entrei no quarto e encontro minha mãe como de costume : Dormindo. Me sento na poltrona ao lado de seu leito e faço um leve carinho em sua cabeça , raspada por conta da leucemia aguda que descobrimos mês passado. Me pergunto onde estaria meu pai. Talvez tenha ido no banheiro , ou algo assim. Me ajeito confortavelmente na poltrona e começo a ler um livro em que baixei no celular , mas logo acabo fazendo companhia a minha mãe em seus sonhos.