Edward sequer prestava atenção na aula de biologia, era apenas mais uma, com conteúdos que já havia visto uma e outra vez. Desnecessário dedicar-se muito a prestar atenção.
Mas então aquele cheiro, um perfume diferente entrou por suas narinas e, como que de repente, o turbilhão de vozes em sua mente começara, havia perdido o controle.
“Quem é ela?”
“Você já a viu aqui antes?”
“Argh...”
Fechou os punhos com força contendo-se para não gritar, ou correr, com o passar dos anos havia aprendido a dominar o dom que tinha, mas havia sido pego despreocupado, despreparado, e o turbilhão voltava a sua mente sem aviso prévio.
- Senhor Cullen? – o professor o chamou com um falso sotaque.
- Sim? – Edward perguntou arqueando uma sobrancelha, seu cabelo totalmente desgrenhado parecia mais brilhoso conforme a luz caia sobre ele.
Então a fonte do novo perfume, da fragrância desconhecida, mas ao mesmo tempo tão convidativa estava ali, parada ao seu lado, agarrada a um livro enquanto seus lábios se fechavam em uma fina linha demonstrando quão acanhada estava.
- A senhorita Swan irá acompanhá-lo – o professor disse ajeitando os óculos sobre seu nariz e se virou, não importava se estavam de acordo ou não, teria de ser assim.
Instintivamente Edward puxou sua cadeira mais para o lado, mantendo-se o mais longe possível que a mesa para duas pessoas poderia permitir. Aquele cheiro estava se fazendo mais que insuportável... Era tentador.
Suas unhas cravaram em sua própria carne, mas não havia marcas nem dor, apenas a necessidade de apertá-las até quando fosse preciso.
A janela aberta fazia o vento vir exatamente na direção que Edward não queria, como se puxasse ainda mais o perfume dela para suas narinas, mas não era só seu perfume que o fascinara.
Havia algo a mais...
Havia o silêncio.
E por trás do silêncio a curiosidade de Edward despertava, porque não era possível.
Mais tarde teria coisas para discutir com Carlisle.
Mas no momento, enquanto não podia fazer nada, era melhor apenas se manter na sua, e distante antes que caísse em tentação.

Porque o único modo de se livrar da tentação é entregando-se a ela...

As palavras do professor pareciam apenas distantes, como se entrassem por um ouvido e saíssem pelo outro, ou nem chegassem a sair. Virou um pouco seu rosto e pode vê-la, as bochechas continuavam coradas e suas mãos se escondiam por dentro da manga do casaco, visivelmente podia se perceber que ela o segurava com força, talvez contendo-se para não gritar, seria tão mais fácil se pudesse ouvi-la.
Piscou os olhos longamente controlando a sede que ameaçava vir a tona, virou-se para a janela certificando-se de que mesmo com o pouco reflexo que a janela emitia ainda podia ver seus olhos de cor topázio. Eles haviam escurecido um pouco, mas nenhuma mudança considerável, precisava apenas desviar sua mente, procurar outra coisa em que se focar e esquecer que ela estava ao seu lado.
Mas não havia muitas coisas ali que podiam distraí-lo.
Podia apenas entregar-se a seus próprios pensamentos, porque não havia sonhos, não havia nada.

E ela seguia ao seu lado, concentrada em prestar atenção, e ele não podia negar que ela estava fazendo um bom trabalho, e ao menos estavam no fundo, mas mesmo assim podia ver quando um ou outro garoto virava para observá-la.
Assim Edward havia acabado de encontrar sua distração.
Podia ver, como se realmente estivesse escrito, na face de cada um que encarava a garota ao seu lado – que ele nem se dignara a perguntar o nome.
- Ah – ele murmurou quando a aula já quase acabava. – Eu sou Edward Cullen...
- Isabella Swan – ela murmurou o encarando, e por um instante Edward sentiu como se seu corpo se arrepiasse, o que era impossível, enquanto ela o encarava, por longos segundos, como se quisesse descobri-lo.
Mas levaria muito mais que isso para que ela sequer chegasse perto.
Não havia nem coragem para perguntar ou afastá-la, porque, internamente, Edward sabia que também queria descobri-la, porque havia algo de fascinante naquela garota e ele não poderia deixar isso passar.
Por tantos anos havia sido observado constantemente, mas jamais desse jeito, jamais alguém que o fizesse sentir algo, era simplesmente normal, as garotas o olhavam e desejavam, ele já havia se acostumado com isso.
Ah, havia muito que queria descobrir sobre ela.

E a sua vantagem era que tempo não lhe era problema, Edward poderia ter e levar o tempo que precisasse.