Depois de horas em uma cozinha, cá estou eu, sentada na mesa da sala de jantar com o vestido preto mais sexy que eu possuía dentro do meu guarda-roupa e o salto alto que quase desmonta o meu pé quando o calço. Mas mesmo assim, parece que meu esforço de nada influenciou na decisão de meu noivo em chegar cedo a casa. Sasuke, Sasuke, Sasuke... Onde diabos você está?

Bebo um penúltimo gole da minha taça de vinho antes de olhar no meu celular pela milésima vez. São nova e meia da noite e meu coque já esta complemente emaranhado. Eu fico pensando o que Sasuke teria feito no meu lugar, apesar de que eu já deveria saber disso depois de um ano e meio de noivado, mas o que eu sei é que eu estou com uma mágoa, um ciúme daqueles, tanto que eu não consigo nem chorar de tanta raiva...

Eu fico pensando se ele ainda está no escritório com aquele monte de mulheres de saia curta e meia-calça ao redor dele, ou se está nas ruas com aquele olhar sedutor que me conquistou quando tínhamos vinte e um anos. Bem, agora eu tenho vinte e quatro e devo dizer que nós continuamos os mesmos em aparência. Mas agora eu estou completamente perdida. Estou histérica! Sasuke e eu fizemos uma promessa no dia em que ele me pediu em casamento, quando ele prometeu nunca me trair. Bem, eu nunca lhe quebrei uma só promessa desde então, e espero que ele também não tenha quebrado suas promessas a mim.

É o fim. Tenho que admitir, eu estou com ciúmes.

Depois do décimo recado na secretária, eu decido finalmente parar de tremer de raiva. Agora chega, eu não vou manter minha promessa se ele não está mantendo à dele nesse exato momento. Levanto da mesa e vou até o banheiro retocar a maquiagem, prendo meu cabelo novamente e, com a tesoura do banheiro, eu corto o longo vestido o fazendo mostrar metade de minhas cochas. Pego as chaves do carro e dirijo até o meu próximo destino: A Big Machine.

Dentro do carro, correndo à 105km/h, eu finalmente ouço o barulho do celular tocando no banco do passageiro. O pego correndo na mesma velocidade e percebo, é Sasuke. Depois de hesitar entre atender ou não, eu desligo o celular e jogo-o para o banco de trás do carro.

— Eu não vou viver sofrendo assim — digo para mim mesma antes de me olhar no espelho. Semelhante ao que estava em minha língua, os meus olhos diziam “Garota, você não pode sobreviver assim. Meus olhos esmeraldinos eram a janela da minha alma, e eu sabia que eu podia acreditar nelas quando diziam que não posso sobreviver desse jeito.

Paro o carro no estacionamento da balada e daqui de fora eu já ouço o som das músicas. Reconheço que ouvir Jealous da Beyoncé era algo muito irônico para um momento daqueles, algo como um sinal. Mas eu entro ali mesmo assim.

Dentro da balada, vejo milhares de homens e mulheres, mulheres e mulheres, homens e homens, até adolescentes, todos de mãos dadas ou dando beijos ardentes que deixavam aquele lugar com um clima de inferno: quente e apavorante, pelo menos para mim.

Olhei para todos os lados tentando encontrar um cara desacompanhado, dei a volta inteira naquele local enquanto Beyoncé ainda tocava, até que achei uma mulher que havia feito mexas rosas em seu cabelo, sendo beijada contra a parede junto com um cara que tinha o semblante e o cabelo de Sasuke. Eu praticamente vi nós dois ali, e aquilo me deu tanta raiva e tristeza ao mesmo tempo que o meu cérebro simplesmente me mandou correr pra saída daquele local.

Chegando lá, eu saio correndo daquele local sem olhar para trás. Eu esbarrei em pessoas na rua, pisei nos pés dos outros com meu salto, mas isso não me importava nem um pouco naquele momento. Porque ele me fazia sofrer tanto por ele? Por todas àquelas mentiras, disfarces, os olhos sombrios, porque ele adorava fazer ciúmes em mim da mesma forma com a qual eu amava fazer ciúmes com ele?! Porque?! Eu só estou com ciúmes, eu só sou humana! Ele não pode me julgar e me fazer sofrer desse jeito. Eu não sobrevivo mais um dia assim sem perder a sanidade.

Esbarro com mais um homem entre os vários com o que já passei, só que a diferença, é que esse me pega com força para que eu não saia correndo. Olhei para cima e vi que era o meu ex, Ryan, que me olhava com cara de preocupação. Ele me perguntava se eu estava bem, se precisava de ajuda, uma carona, ou quem sabe quisesse o numero do novo telefone dele, mas eu olhava para Ryan e só via os olhos de Sasuke...

Foi ai que eu o empurrei e continuei correr o mais rápido que podia, até quase ser atropelada por um carro quando atravessava o sinal, mesmo na faixa. E esse carro, um Fox 2015 preto, só podia ser de uma pessoa. Sasuke. Ele estava lá, eu sentia isso, do outro lado do vidro negro do carro, do outro lado das lagrimas que preenchiam os meus olhos, ele estava lá. E eu estava com ciúmes.

Ele saiu mais rápido que um foguete de dentro do carro e foi até mim, ignorando os outros motoristas que buzinavam querendo passar. Seu olhar de preocupado e seu abraço forte em mim, como de quem havia dirigido à noite toda somente atrás de uma estúpida maluca que cortou um terço do vestido, tudo isso era suficiente para que eu soubesse que ele havia cumprido sua promessa até agora. E eu dei graças por também ter cumprido a minha.

— Vamos pra casa... — ele me disse, com sua voz soprosa em meu ouvido. E assim, nós retornamos ao nosso lar...