Never Love escrita por Colin Cassidy Mills


Capítulo 6
Capítulo 5 - Carrasco


Notas iniciais do capítulo

Hey guys! ^-^ Obrigada pelos comentários excelentes que vocês tem deixados, eles realmente tem nos animado a continuar a fic. Esperamos que gostem desse capítulo. Boa leitura!



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*Ananda Mills

Eu nunca tive amigos. E Henry foi a única pessoa que se tornou próxima de mim o suficiente, para que eu me sentisse segura para conversar normalmente, sem sarcasmo ou ironia. A maioria do tempo eu me esquecia de que não era, de fato, meu irmão. E me esquecia do meu tempo no orfanato.

Aos seis anos de idade eu já havia sido devolvida por três famílias e não tinha esperanças de encontrar um lar ou alguém lá dentro que me fizesse me sentir bem. Eu me ocupava ajudando as enfermeiras do berçário –com ajudando, eu quero dizer, pegando os brinquedos que os bebês jogavam no chão. – e espionando os bebês dormindo. Até que um dia o orfanato recebeu um novo bebê. Um garotinho de pouquíssimas semanas de vida. Eu me encantei por ele mais do que por qualquer um dos outros bebês.

Pouco tempo depois, eu soube que ele seria adotado e convenci uma das enfermeiras a me levar junto. Na hora de entrega-lo a mulher que iria adotá-lo, uma mulher de cabelos pretos e curtos usando roupa social, eu a encarei em censura por tirá-lo de mim. Mas ela sorriu para mim e o pegou desajeitadamente nos braços antes de leva-lo embora. Logo na semana seguinte eu soube que seria adotada. Não fiquei muito contente, pois sabia que em dois meses eu estaria de volta ao orfanato.

Mas não sei como descrever o que senti ao rever aquela mulher de cabelos curtos e roupa social, com um bebê nos braços sorrindo pra mim de novo. E pela primeira vez achei uma família que me amou por mais de dois meses.

E agora, dez anos depois, está tudo de cabeça pra baixo. De repente, em tudo há magia, incluindo em mim mesma, todos ao meu redor são personagens de contos de fadas e Henry corre o risco de ter seu coração arrancado, se eu não fizer alguma coisa para impedir Pan e sua loucura. E o único jeito de fazer isso é entregando o meu coração para que Pan o use em seu plano para conseguir juventude eterna, no lugar do de Henry.

– Um acordo é minha única saída, Wendy. Só assim Henry pode sair vivo dessa ilha. – Disse me levantando. Eu teria que encontrar Pan novamente e oferecer esse acordo.

– Isso é loucura. Você vai estar livrando Henry da morte, sentenciando a sua. – Alarmou ela. – Mas eu sei o que é se sacrificar pelos seus irmãos, é exatamente por isso que eu estava presa nessa jaula.

Tive curiosidade de perguntar onde eles estavam, mas deixei para lá. Expliquei de novo a onde eu havia visto o grupo em que vim até a ilha, pela última vez. E Wendy me desejou boa sorte antes de seguir o caminho que indiquei.

E eu comecei a desfazer meu caminho, voltando pela trilha que havia corrido de Pan. Agora, eu estava tentado acha-lo. E quando o vi na trilha indo na minha direção eu parei por instante. Listei mentalmente tudo o que eu iria dizer a ele: Primeiro, permissão para falar. Julguei que seria mais fácil de ele aceitar se eu mostrasse mais respeito com ele. Segundo, explicar que eu descobrira que o Coração da Eterna Felicidade era o meu coração. E, por fim, oferecer o acordo.

Então iniciei o caminho, sem a intenção de parar ou voltar atrás.

– Eu preciso falar com você. – Primeiro passo dado. Agora eu teria que ir até o fim.

– O que quer falar? – Perguntou ele. Notei que ele parecia surpreso. Provavelmente, porque eu não estava caçoando dele ou fazendo ironias.

– Um dedal me contou – Dei um pequeno sorriso ao me referir à Wendy como o símbolo que, no livro de Peter Pan, a personagem usa para se referir à um beijo. – que você busca a juventude eterna e que um dos jeitos de conseguir isso é usando o coração do meu irmão. Isso é verdade, não é? – Perguntei, guiando a conversa até o ponto que eu revelaria o que descobri.

– Sim, é verdade. Eu venho procurando o Coração do Verdadeiro Crédulo há séculos. E agora que o encontrei, só faz sentido se eu terminar o que comecei. – Disse ele, Eu teria que mudar a determinação dele. - Por que a pergunta?

– Também fiquei sabendo que há outra coisa que pode te dar o que procura. Mas que você desistiu por causa de uma profecia que você não decifrou. Também é verdade? –Iniciei o segundo passo na direção do que selaria meu destino. Morrer pelo meu irmão.

– Também é verdade, mas o que quer com tudo isso? E como ficou sabendo, se dedais não falam? – Tentou ele. Mas eu não entregaria Wendy. Ela também merecia ser livre dele.

– Como eu fiquei sabendo, é problema meu. Eu acho que você não havia parado para pensar de novo naquela profecia. Como era mesmo? “Na escuridão se esconde; Da felicidade eterna a fonte; De um nome calado... – Comecei pausadamente a profecia querendo que ele adivinhasse.

“...Bate em disritmia; Recusa dos sentimentos a sincronia.” – Quando Pan continuou a profecia, eu tive a certeza para dar o terceiro e último passo para salvar Henry. – O que mais sabe sobre o Coração da Eterna Felicidade?

– Sei quem o possui. E, acredite, está mais perto do você pode imaginar. – Fui direta.

– Continue. – Ele se mostrava disposto a me ouvir, o que contribuiu bastante para que eu me sentisse mais calma para falar. Então rápido, como se arranca um curativo, iniciei:

– Obviamente, você já notou. Meus olhos tem a íris muito escura, quase não se vê minha pupila. E eu não costumo dizer isso às pessoas, por que não é motivo de orgulho. O significado do meu nome. Ananda significa felicidade. E você já reparou nisso também, minha magia é vem dos meus sentimentos e é por isso que os evito. – Fiz uma pausa e tomei fôlego para terminar tudo. - O Coração da Eterna Felicidade é o meu coração. – Curativo arrancado. Verdade dita. Medo concretizado.

Agora, era hora de selar o que quer que fosse o meu destino. Dar o passo que levaria ou a Henry ou a mim à execução.

– Então eu quero oferecer um acordo. O meu coração, pelo do Henry. – Ofereci o acordo olhando nos olhos verdes como as árvores atrás de mim.

– E porque eu me interessaria nesse acordo? – Vi que Pan estava tentando me provocar, para que eu saísse do controle de novo.

– Eu quero que meu irmão viva, mesmo que eu não o veja viver. Eu me importo com ele. Há uma chance que ele escape de ser morto por você e eu estou aproveitando. Essa é a vantagem que eu levo nesse acordo. Quanto a você, a sua vantagem é conseguir sua sonhada juventude eterna. Ambos podemos de dar o que você quer. E de qualquer jeito você pode tê-la, só peço que considere meu acordo. Meu irmão é mais inocente do que eu, deve ser poupado de você e sua mediocridade. – Respondi, sem sair do controle ou deixar que ele mexesse comigo.

Ele se aproximou de mim. Eu fiquei nervosa. Tive a impressão que ele ia zombar da minha oferta, ou lançar algum feitiço que me fizesse algum mal. Tive medo que meu nervosismo desencadeasse alguma coisa então cerrei os punhos e colei os braços na lateral do meu corpo. Mas, repentinamente Pan mudou sua expressão. Se tornou calma e serena e ele me olhou nos olhos e se aproximou ainda mais.

– Acordo fechado. – Disse ele muito rapidamente. Eu temi que ele fosse arrancar meu coração naquele momento. E antes que eu pudesse tentar escapar de alguma forma. Fui surpreendida, não pela minha morte. Mas por um beijo.

Tentei afastá-lo, mas parecia que não tinha forças. Então tentei afastá-lo como eu sempre afastei a todos. Me fechando. Enrijeci meus músculos. Prendi o fôlego por todo tempo que pude. E não respondi ao beijo.

Ele se afastou por um momento me olhando nos olhos. Fingi repreender em pensamentos sua atitude, mas não adiantou. E ele tornou a me beijar. Eu não o afastei, afinal, eu não faria problema em morrer tendo sido beijada apenas uma vez e pelos lábios de meu carrasco, que agora percorriam as extremidades da minha boca. Retornando aos meus lábios quando ele me levantou. Sem equilíbrio, eu acabei me deixando ir e deixei que ele me envolvesse, que me levasse embora dali, sem nos movermos.

Corri as mãos em seu pescoço e enrolei os dedos em seu cabelo. Ele tinha cheiro de pinheiros e seus lábios tinham gosto que me lembrava chocolate amargo. Quando, ele me pôs no chão eu tive que lutar para voltar a minha condição de condenada diante do carrasco. Limpei o gosto amargo da boca.

– Porquê fez isso? – Perguntei retomando o fôlego.

– Eu não sei... Talvez o jeito que você estava falando do acordo, tão nobre se oferecer pelo irmão, você sabe as consequências que isso acarreta, não sabe? – Assenti com a cabeça.

Fingi rir quando ele fez um comentário sobre que ter cheiro doce. Eu sabia que o motivo que ele me dera, não era verdadeiro, mas me dei por satisfeita. Eu não poderia lidar com outro motivo agora.

– Eu vou te levar de volta ao acampamento. E devolver seu irmão ao grupo de vocês, mas você vai continuar comigo. – Assenti de novo com a cabeça, eu queria evitar falar enquanto reorganizava meus pensamentos e meus sentimentos.

– Faça uma coisa por mim, já que aceitei seu acordo. Esqueça o que acabou de acontecer entre nós. – Pediu ele. Na verdade, esse seria um favor para ambos. Seja lá o que aquele beijo trouxesse eu não poderia lidar. Qualquer sentimento era perigoso. O amor no topo da lista.

–Considere completamente apagado da minha memória. Acho que você não tem mais que me puxar contra minha vontade, agora que o acordo me mantém presa a você. - Disse, baixando o olhar quando ele tentou puxar minha mão.

Então, Pan fez sinal para que seguíssemos caminho e que eu fosse na frente. Óbvio, ele não me deixaria fora de vista depois de eu ter fugido duas vezes nas últimas horas. Durante todo o caminho, lutei forte contra os pensamentos na minha cabeça que iam desde o diria Henry sobre o que eu havia feito até o real motivo de Pan ter me beijado. Eu não queria pensar em nada disso. Eu não queria trazer nenhum desses sentimentos para dentro de mim.

Assim que pisamos no acampamento Pan convocou a todos que o ouvissem. Assim que Henry me viu, veio na minha direção e me abraçou. Se eu não estivesse me esforçando tanto pra me manter no meu estado de frieza, eu teria chorado quando ele me abraçou.

– Me perdoe Henry. Eu só quero te salvar, eu só quero você seguro. – Sussurrei em seu ouvido.

Ele não compreendeu. Mas no mesmo momento Pan me puxou pelo ombro e começou:

– Há muito tempo eu venho procurando uma maneira de reiniciar a juventude eterna da ilha. E todos sabem, há duas formas de conseguir isso: o Coração do Verdadeiro Crédulo e o Coração da Eterna Felicidade. E por ótima sorte os dois estão presentes entre nós. – Anunciou Pan, me puxando o ombro novamente. Fazendo que todos o entendessem.

Henry me olhou, ele estava começando a entender o que fizera. Eu não suportei a expressão em seu olhar e desviei o rosto, engolindo um choro que ameaçou se formar na minha garganta.

– A possuidora do Coração da Eterna Felicidade, meus amigos. – Pan fez uma mesura a mim. – Se ofereceu voluntariamente a entregar seu coração no lugar do Coração do Verdadeiro Crédulo. – Eu abaixei a cabeça, sabia que era a anunciação pública da minha execução.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que vocês acharam? Deixem nos comentários, para nos manter animados. Postaremos mais em breve.
Kisses