Confesso que a idéia do veneno ao mesmo tempo que me alegrava, me assustava. A Liza poderia se tornar um daqueles recém criados que nós matávamos e não seria mais a minha prima... a única pessoa que eu tenho o dever de manter viva. Afundei meu rosto no travesseiro e procurei não pensar nas coisas negativas e sim que isso a salvaria, e era o que mais importava. Um barulho na porta e ouvi a voz do Sam.
- Posso entrar?
- À vontade.
Sentei na cama e olhei para Sam que parecia meio apreensivo.
- E então? O que aconteceu com Castiel?
- Ele nos queria para uma missão, mas eu e Dean achamos melhor ficar por aqui.
- Bom, não importa muito o quê esse anjo diz... não quis salvar a vida da Liza.
- Vocês são feiticeiras Rachel, você sabe.
- Não, eu não sei. E nem me importo muito. Mas fico feliz por terem ficado aqui pra esperar que a Liza melhore e dê uma força.
Ele sorriu e ficou algum tempo olhando para o chão como se ainda tivesse mais alguma coisa pra falar.
- Sam?
- Oi?
- O que precisa dizer?
- Eu... sei que não é o momento apropriado mas e a gente?
- A gente? Como assim?
Ele foi em passos lentos e sentou-se ao meu lado na cama.
- Aquele dia eu disse a verdade sabe, eu na verdade nunca consegui esquecer tudo que a gente passou e...
- Ah não Sam. Eu não estou com cabeça pra discutir isso.
- Mas e o beijo? Digo, quase se o Dean e a Liza não tivessem chegado você iria... me beijar não ia?
- Sam eu não sei! Aquele dia era aquele dia e...
- E você?
- Eu o que?
- Conseguiu me esquecer?
Fiquei um tempo em silêncio tentando encontrar a resposta. Não sabia mesmo se isso tinha acontecido, e depois que o Taylor me disse sobre o imprinting... minhas emoções nunca mais foram as mesmas. Desde do começo eu sabia que era algo especial que ele tinha e então a idéia do imprinting veio mais como uma resposta a esse sentimento estranho que eu sentia. Mas eu não sabia se o amava... era esse o maior problema. E eu passei grandes coisas com o Sam e foi muito importante tudo que aconteceu entre nós dois, mas não sei se isso continuava.
- Eu não sei.
- Como não sabe Rachel? Se você não sabe, quem vai saber?
- Sam, olha o momento que você está me perguntando isso. Eu estou extremamente preocupada com a Liza, preocupada com o fato do Daniel se opor a idéia de transformá-la em vampira, cheia de culpa e você vem me perguntar se eu ainda sinto algo por você?
- Me desculpe, é impróprio, eu sei. Mas eu não consegui agüentar. Naquela noite você ficou sabendo do imprinting do cachorro né?
- Sim, eu fiquei, mas como sabe?
- Eu ouvi e por isso a chamei e fiquei com ciúmes.
- Ah meu Deus, ciúmes?
- Sim Rachel. E eu só queria saber se já me esqueceu.
- Sam, podemos discutir isso depois, por favor?
- Ok Rachel.
Ele foi a passos lentos em direção a porta e olhou uma outra vez pra mim, mas eu já havia virado para a janela e ouvi o barulho da porta indicando que ele já tinha ido. Fiquei um tempo olhando as coisas lá fora e vi Taylor saindo da casa, ele tinha vindo aqui e eu não tinha visto? Oh meu Deus, eu preciso dizer um oi, eu acho. Desci correndo as escadas e consegui chegar lá fora antes que ele pudesse entrar para a mata.
- Taylor!
Eu consegui dizer antes de apoiar minhas mãos nos joelhos demonstrando o meu cansaço.
- Oi Rachel.
Ele estava sem graça e demorou um tempo até chegar perto de mim. Eu respirei fundo algumas vezes tentando não falar tão ofegante.
- O que aconteceu?
- Nada, por quê?
- Você está... Sem graça e triste.
- Magina, não foi nada.
Eu olhei seu rosto e observei todos os detalhes. Sua expressão estava murcha e sem vida, dava pra perceber isso e porque ele continuava negando?
- Taylor, não minta. Aconteceu alguma coisa.
Respirou fundo várias vezes e suspirou depois.
- Ouvi sua conversa com o Sam. Me desculpe eu não queria, de verdade.
- Ouviu tudo?
- Sim, tudo. Eu ia até o seu quarto para ver se você estava bem e ai escutei, eu não queria mesmo e...
- Mas... porque está assim?
Depois de algum tempo que eu fui perceber o quanto idiota tinha sido a minha pergunta e meu coração apertou por ver aquela expressão triste que dominou seu rosto.
- Eu quero dizer mais uma vez que você não tem obrigação nenhuma de ficar comigo... do jeito que está pensando porque eu tive um imprinting com você.
- Taylor, me desculpa.
- Porque está pedindo desculpas?
- Não sei. Eu só não quero ver você triste assim. Eu devo tanto a você, porque eu só estou bem e em pé por sua causa. Se não fosse você eu não teria forças pra levantar daquela cama, eu faço tudo isso muito mais por você do que por mim!
Não consegui decifrar sua expressão, mas continuava triste e eu comecei a odiar isso.
- Taylor, eu preciso muito de você, não quero que me deixe.
E então um sorriso começou a apontar em seus lábios e de repente seus braços já estavam em volta do meu corpo me dando um abraço.
- E quem disse que eu vou te deixar, hein?
Seus lábios pressionaram em meus cabelos e eu sorri também, aquilo me deixava bem, em uma bolha de proteção, como se todas as coisas estivessem certas do outro lado. Como em um universo paralelo.
- Eu amo você Rachel.
Meu rosto levantou procurando o dele e suas mãos deslizaram até minha cintura deixando um espaço pequeno entre nossos rostos. Minha mão foi até sua nuca e eu o puxei para mais perto, evitando qualquer distancia e nossos lábios selaram-se em um beijo delicado e ao mesmo tempo urgente como se nós dois esperássemos por isso a muito tempo.