Véu de Sangue escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Elizabeth p.d.v



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- Rachel, levanta. Você vai acabar se atrasando.

 

- Atrasando pra quê? Tá doida?

 

Estava mais do que claro que Rachel estava morta de sono. Isso que dá passar a madrugada no computador.

 

- Prima do meu coração. Se você não levantar agora eu vou te derrubar dessa cama o mais delicadamente possível.

 

- A não deixa eu dormir. Eu to com sono.

 

- Você vai acabar sendo demitida no primeiro dia. Você tem trabalho a fazer, esqueceu “enfermeira”?

 

- Jesus, esqueci.

 

Rachel se levantou e começou a se arrumar o mais depressa que pode. Eu já estava no meu horário, e não podia ficar esperando por ela.

 

- Rachel?

 

- Que?

 

- Eu vou indo, ok? To no meu horário, e como eu sou uma menina muito responsável...

 

- Ô, daquele tanto!

 

-... e não quero me atrasar pelo primeiro dia de trabalho, eu já vou. Volto na hora do almoço. Graças a Deus meu turno é curto.

 

- Sorte sua, vou ter que ficar no hospital até as quatro horas. Mas quando você chegar num fica à toa não viu? Temos trabalho a fazer.

 

- Eu sei. Já vou indo então, até mais.

 

- Tchau!

 

Sai às pressas da pensão. Faltava meia hora pra loja abrir, mas, por enquanto, eu queria causar uma boa impressão. Parei na porta quando me lembrei que estava sem meios de locomoção.

 

- Merda!

 

- Que palavra feia para uma garota tão bonita.

 

- Acredite, eu sei de palavras piores.

 

- Sim, eu posso apostar que sabe. Desculpe mas eu não me apresentei ontem. Eu me chamo Michelle.

 

- Desculpe ô dona Michelle, mas eu preciso chegar à loja dos Newton ainda hoje.  Sabe como eu faço pra ir até lá?

 

- Com o seu carro. Eu tomei a liberdade de conseguir um carro de aluguel para vocês duas, achei que vocês iriam precisar, e pelo jeito, eu estava certa.

 

- Ah que legal. E onde estão essas beldades?

 

- Bem na sua frente minha querida.

 

Eu me virei e deparei com dois Lotus Omega 1990. Um era preto e outro vermelho. Comparado aos carros que eu vi por aqui, eram muito bonitos.

 

- Uau! Eu não tinha visto.

 

- Eu sei que não. Tome pegue as chaves. O vermelho é seu, é a sua cara.

 

- Obrigada.

 

Peguei as chaves e já estava entrando no carro quando me lembrei de um fato importante. Como diabos iríamos pagar por isso?

 

- É tipo, quanto foi? Por que eu e minha prima não temos muito dinheiro sabe.

 

- Não se preocupe querida. Eu tenho tudo sob total controle. Encare isso como um presente de boas vindas.

 

- Nossa, obrigada. Não imaginava que seriamos tão queridas aqui nessa cidadezinha.

 

- Ah, mas vocês são mais do que bem vindas, minha querida. E Claire, eu sou sua amiga aqui, não sua inimiga. Lembre-se disso, eu estou do seu lado.

 

- Tá bom. Até mais, to na minha hora.

 

- Tchauzinho.

 

O sorriso daquela louca me dava nos nervos. E essa história toda de “eu sou sua amiga, não sua inimiga” era muito estranho. É uma pirada mesmo. Não levou nem 15 minutos para chegar à loja dos Newton, cidade pequena tem seus benefícios. Agente não gasta muita gasolina. Desci do carro e me deparei com um cara que devia ter uns trinta anos, talvez menos, mas a cara de idiota dele não deixava definir direito. Aproveitei para dar uma olhada em seu crachá enquanto ele buscava algo em seus bolsos. Enxerguei o nome “Mike Newton” escrito, além da palavra “gerente”, o que me deixou bastante frustrada. Vou ter que ser uma boa samaritana com esse tapado.

 

- Hey!

 

- Hey! Você deve ser a nova balconista, Claire, certo? Chegando cedo no trabalho, eu gosto disso.

 

- Eu mesma, e, bem, obrigada . Prazer em conhecê-lo.

 

Estendi minha mão e dei o sorriso mais amigável que eu consegui expressar, mas ele quase sumiu enquanto eu o vi me analisando de cima a baixo. Qual é problema desse cara?

 

- O prazer com certeza é meu. Sou Mike Newton, o gerente daqui.

 

- Ah, legal. Então, quando começamos?

 

- Só um segundo que eu estou tentando achar... ah achei!

 

Ele tirou as chaves do bolso do seu casaco e ficou agitando-as e rindo feito um retardado. Eu sorri como se estivesse muito feliz por ele ter conseguido essa “grande” proeza. Patético. Ele abriu a loja e me direcionou até o balcão.

 

- Bem aqui é onde você vai trabalhar.

 

- Legal. Nossa, essa loja tem mesmo todo material para acampamento não é mesmo?

 

 - Não só isso. Temos material para acampamento, escaladas...

 

Escaladas? Quem diabos vai fazer escaladas em Forks? Bem, só terei que tolerar isso e ser boazinha por um tempo, então é melhor eu relaxar e fingir que estou amando tudo.

 

- ... trilhas e por ai vai. Somos a loja mais completa da cidade.

 

Ele quis dizer a única.

 

- É deu pra perceber. Bem legal.

 

- Que bom que gostou. Deixa eu te mostrar como funciona tudo por aqui...

 

O infeliz me explicou tudo o que eu devia fazer. Eu estava feliz por ele ter se afastado pra “começar seus afazeres”, quando uma garota, de aparentemente dezoito anos, entrou na loja toda feliz e sorridente. E tenho que admitir, ela era bonita. Tinha os cabelos em um tom de bronze, era bem branquela e tinha os olhos dourados. A primeira pessoa bonita que eu havia visto na cidade e, possivelmente, a única. Ela ficou paralisada por um tempo me encarando com um ar de decepção e depois se virou para Mike buscando por respostas através do seu olhar.

 

- Oi Reneesme. Bom dia. Bem você deve estar se perguntando que é esta, não é mesmo?

 

- Você nem imagina o quanto. Ela é a nova balconista?

 

- É sim. O nome dela é Claire. Claire esta é sua colega de trabalho Reneesme. Ela é a nossa vendedora mais esperta.

 

- Não é pra menos, sou a única.

 

- Prazer em conhecê-la.

 

Dei um sorriso amigável enquanto colocava a blusa marrom horrorosa da loja por cima da minha regata branca. Reneesme me olhou curiosa, e dava pra ver claramente em seus olhos que ela tinha uma pergunta não respondida em mente.

 

- Prazer em conhecê-la também.

 

Ela me deu um sorriso rápido e foi para a parte de roupas arrumar algumas araras que estavam em desordem. Enquanto eu fazia meu trabalho, reparei que Reneesme me dava algumas olhadas curiosas, muito rápidas por sinal. Isso queria dizer que ela estava me observando. Em uma de suas olhadas curiosas eu a encarei e dei um aviso bem claro com o olhar. Não sei qual é o problema dela, mas tenho certeza que eu vou acabar descobrindo. Ah se vou.


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