Funest Cupiditas escrita por Mrs Born to Lose, Davink


Capítulo 3
Sponsionibus sunt - Que sejam feitas as apostas


Notas iniciais do capítulo

Não demoramos, não é?
Agora as coisas começam a esquentar u.u
Estamos muuuuuito contentes com os resultados dessa fic... Obrigada pelos comentários, meus amores. Amamos vocês :v
Pois bem, boa leitura.
ENJOY



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Paul Wirscchein Lazzart, mais conhecido como Doutor W.L. Nascido na Carolina do Norte, em 1965. Um senhor de boa idade, comparado aos meus vinte e oito anos, mas ao menos em seu ver estúpido, a longa distância etária era de ambos bom-grado.

Amaldiçoado seja o nome desse, que pressiona as amarras das quais o submeti contra o próprio corpo.
Paul vira-se pra mim, e posso ver o terror em seus olhos. E posso ouvir as suas últimas palavras... E os seus últimos gritos, de pavor... E os seus últimos sussurros.
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Funest Cupiditas - Deixe cair os pequenos grãos de neve.
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Quando os miúdos e pobres grãos de neve se batem em minha janela.
Mais um dia cansativo no emprego me fazia cansada... A sanidade estava sendo arrancada, da minha mente.
Eis que decidi observar a mais linda dança das placas gélidas que poderia.
E o magnífico espetáculo gratuito continua, mas dessa vez, a tempestade parece menos pobre. Menos fraca. Eis que aqueles miúdos grãos tomam forma, chocando-se contra as janelas como se realmente desejassem invadir o recinto.
É quando, perdida na imensidão pálida da neve, me recordo que já havia atuado, nesse mesmo teatro, na escola do jardim da infância.

As crianças que me cercavam atuavam como a neve. Sim, a tão desejada neve que caía sobre os lares, permitindo que a lareira fosse ligada. E toda a cidade podia apreciar o brilho inocente daquele personagem.

E eu, era apenas a janela. E a neve a destruía, aos poucos... E eu tentava não me importar.

É quando, cansada de toda a agressão sofrida pelos outros atores, a pobre janela estilhaça-se ao chão, tingindo-o com a ferrugem rubra de seu próprio sangue.

E seu sangue é sujo, quem pisa nesse tem os seus pés penetrados.

Tão lindo espetáculo natural... É realmente muito encantador, saber que nunca abandonei essa carreira.

Mas hoje, atuo em um papel menos insignificante.

Eu sou a pessoa que impede que outras janelas explodam em estilhaços.

Quem há de reclamar? Foram eles que me deram esse papel, a partir do momento que levantaram o dedo para caçoar de meu perfil.

E é por isso que nunca me arrependi de nada do que faço. As pessoas que quebram aos outros devem mesmo ser dizimadas.

Tê-los em minhas mãos é magnífico. Mas a graça logo se despede. Suas vidas rapidamente se tornam tão inúteis quanto as dos mosquitos, que espremo entre meus dedos.

Resolvi tomar um banho, para acalmar a minha mente. Eu conhecia aquela sensação.

Digo, a de pensar demais. E nunca me fizera bem, mesmo que insistisse em continuar pensando muito. Era como se, qualquer momento a minha mente fosse parar, de tão cansada.

E então, entro naquele desesperador e pequeno cubículo.


A água estava realmente muito quente. Isso provou-se verdade, assim que saí do banho e senti as minhas costas arderem.
Fora realmente muito hilário, notar aquele local infestado por fumaça, e depois deixar que a minha pele se expusesse naquele ar frio que circulava pelo quarto.

Apenas vesti minhas roupas íntimas, me enrolei em um cobertor, e liguei o aquecedor. Com todo aquele ar quente, era impossível que, durante a noite, viesse a sentir frio.

E meu corpo logo cedeu ao cansaço, enquanto adormecia entre aqueles lençóis floridos.
*
– Papai?- Soava inocente, uma voz infantil.- Por favor, me tire daqui.

A falta de móveis naquele porão fazia a sua voz ecoar, no recinto. E o homem à sua frente, fitava-o com desprezo.
– Você me prometeu que não diria. Era o nosso segredo, Alysson. E você o quebrou!

Um soco, fora então desferido no estômago da criança.
– Por que, papai?...- Choramingou, escondendo a face em seus joelhos.
– Eu quem lhe pergunto! - Esbravejou, rompendo uma pequena ferida já cicatrizada, quando cutucou-lhe com o seu cinto. - Não deveria ter contado nada para a sua mãe! O motivo do suicídio dela. A culpa foi inteiramente sua!

Mas, ao contrário do que Aly temia, o homem não acabou com sua vida. Apenas castigou-lhe a ficar naquele quarto, dividindo o espaço com os ratos, para o resto de sua maldita vida.

E o garoto, que fora criado como uma garota, nunca se decidiu entre ficar ali, e sofrer ali, ou fugir, e sofrer com a fome e com as brincadeiras de mal gosto dos que cercavam-no. E o próprio também não entendeu suas decisões, quando, preferiu ficar ali quando o seu pai lhe deu a liberdade de sair.

Preferiu assistir ao seu deplorável fim. Preferiu assistir a cada dia, que sofria com aquela doença terminal.

Preferiu observar cada fungo, a deteriorar o seu corpo, antes de finalmente completar a maioridade, e se mostrar livre.

Durante meses incontáveis, tentara reassumir as características masculinas: Cortara seu cabelo, ganhara certo peso, e até mesmo se deixou descuidar quanto à higiene.

Mas sempre que olhava no espelho, e via aquela face masculinizada, os pensamentos sobre a infância voltavam para assombrá-lo.

"Mas Mitchell já morreu há muitos anos", afirmava Alysson para si mesma, enquanto maquiava-se, e pesquisava sobre suas novas vítimas.
*

Abri os olhos lentamente, tentando me acostumar com a luz do ambiente.

Aos poucos, a cena começava a se formar em minha mente.

Paredes brancas.

Sons agudos e maquinizados, estalando batimentos cardíacos.

Olhares atentos, analisando-me...

Calor. Sentia muito calor.

Minha garganta arranhava.

Por mais que fosse uma médica, não precisava de um diploma para alegar que estava doente. Mas não era essa a questão.
–Como vim parar aqui?- Questionei, desvincilhando alguns dos fios que mantinham-me conecta às maquinas de meu corpo.
– Bom dia, doutora Alysson.- Cumprimentou o Doutor W.L- Como de costume, a sua empregada adentrou a propriedade, porém, encontrou a senhorita desmaiada, no chão de seu quarto, então imediatamente chamou por socorro.
– Entendo...

E mais uma vez, em um jogo de sedução, eu o envolvi. E eu provei do gosto de seu sangue.

Mas houve algo que chamou a minha atenção.

Suas últimas palavras...

"A doméstica também relatou coisas que comprovam o seu envolvimento em algumas das mortes recentes. E sempre há o mesmo padrão. Esfaqueamento, afogamento, e logo a vítima é tomada por chamas. E por mais que me mate agora, doutora, a senhorita já corre grande perigo".

Mas não ousei ter medo.

Esse jogo, se joga a dois. E estou disposta a apostar todas as minhas cartas.


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Notas finais do capítulo

E então?
Pois é, fantasmas nos assustam. Não seja um, comente, nem que um "Eu estou aqui, estou acompanhando". É MUUITO importante para nós.
Pois bem
~Chus de sangue



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