Bella PDV

Absorvi o que ela disse com dificuldade. Pensei no que poderia dizer mais quando abri a boca não saiu nenhum som.

Ficamos naquela situação constrangedora por alguns minutos, sentadas uma do lado da outra, quando decidi quebrar o silêncio.

- Você... sabe onde estamos? – perguntei.

- Não – suspirou – Nem sei quem são esses caras. Um é meio louco, fala sozinho – riu.

- Hum... – não quis falar que ele foi meu namorado. Não pegaria bem agora. – Seja lá quem forem, estão muito preparados para aprisionar vampiros. – passei os olhos por toda a cela até parar nas correntes.

Seguindo meu olhar ela levantou o braço esticando a corrente.

- É um material muito forte... Mas eu seria capaz de destruí-lo se não estivesse tão fraca...

Olhei questionadamente para ela, esperando que explicasse.

 - Esse lugar todo... As correntes, as grades, até a parede. Está repleta de... Todos os caçadores têm armas com isso.

- Repleta de quê?

- menggila terbaru, é uma erva muito rara, achei que nem existisse mais. – Pôs a mão na cabeça – é conhecimento de um povo antigo, muito antigo, da indonésia, se não me engano... Carlisle nos contou sobre ela, pois ele mesmo já teve contato com essa erva. Enfim, o chá dela, se preparado...

- Espere, quem é Carlisle? – interrompi.

- Você não disse que conhecia os Cullens?

- Bem, só Alice, Jasper, Edward e Emmett, e agora você. – falei.

- Ahm. Então, Carlisle é nosso... “pai”, por assim dizer, Esme é a “mãe”, Ele tem mais de 300 anos.

- 300?! – sobressaltei.

- Sim, ele nos transformou.

- Transformar? Até agora ninguém me explicou – estava ficando muito confusa.

 - Calma – riu – uma coisa de cada vez. Carlisle nos transformou quando achou que não teríamos outra saída, se não a morte. – ela parecia se recordar de suas lembranças. – Mas eu preferiria ter morrido.

- Por que...?

- Ser vampiro, Bella, é a pior coisa, o pior castigo...! Viver assim... Existir assim, vagar pelo mundo sem sentido. Se não fosse Emmett para me dar sentido de continuar. Mas Bella, eu trocaria até mesmo o Emmett, para ter uma segunda chance, para ser humana novamente.

- Emmett, é o seu namorado? Qual a sua história?

- Ele é meu marido, rsrs já nos casamos várias vezes. Ai, a história é longa, e não temos tempo a perder. Eu salvei Emmett de um urso, ele me vê como um anjo que o levou até Deus, Carlisle, que salvou sua vida. Ele tinha família, mas mesmo assim, não viu problema em ser o que se tornou, o único de nós que não viu problema.

- E os outros? Quais são suas histórias? – eu estava muito interessada.

- Rsrs, calma Bella, eu não sou a pessoa certa para contar isso a você.

- Certo... – droga. – Voltando então, o que é menggila terbaru?

- Como eu ia dizendo, o chá dessas erva se preparado da forma correta, é capaz de... afetar... os vampiros.

- Afetar como?

- Enfraquece, e confunde os dons. Como eu não tenho dons, estou apenas muito fraca, mais forte que uma humana, mas nessas condições, eu perderia fácil uma luta contra os caçadores, que são humanos. menggila terbaru significa “última loucura”.

- Sei.

- Sabe? – perguntou estranhando.

- Ahm? Não, não sabia. – ri sem vontade.

Ela também riu.

- Mas como... Digo como essa erva afetas vocês? Eu não entendo, achei que vampiros fossem muito fortes e resistentes...

- É um conhecimento sagrado, desse povo, Carlisle não nos explicou muito bem, até o dia de hoje eu não havia tido a... chance... de senti-lo por mim mesma. – suspirou. – Cheira muito mal. Os lobisomens têm esse efeito em nós.

- Lobisomens? – surpreendi-me novamente. Como assim lobisomens?

- Parece... Sangue de lobisomem. Faz parte da “receita” desse chá.

Soltei o ar de meus pulmões e me encostei-me à parede. Meu Deus! Onde estou? Quem são esses caras? Onde está Jake?

Onde está Edward?

- Você falou – minha voz saiu forçada, sofrida. Ela me olhou esperando que eu continuasse – que eles são caçadores... – tenho certeza que não eram os caçadores comuns que caçavam cervos e outros animais por hobbie – caçadores de quê? Exatamente?

- Criaturas sobrenaturais. – falou com indiferença. – Vampiros. Híbridos. Transmorfos. Lobisomens... Demônios com Fúrias. Djinn, Incubus, Banshee, Pishacha, Succubus.  

Engoli em seco. Não acreditaria que realmente existiam essas criaturas, estudamos criaturas mitológicas uma vez. Quando o professor nos pediu para formar duplas e fazer uma pesquisa sobre alguma dessas criaturas, rapidamente fiz par com Jake que estudou comigo por um semestre antes de partir. Adivinha que “ser mitológico” escolhemos? Não, não foram os lobisomens, escolhemos os vampiros; no nosso trabalho os colocamos de forma monstruosa, algo real e extremamente cruel. O professor nos deu pontos extras pelo realismo e por trazermos alguns objetos sinistros da tribo.

– Mas por quê?

- Não sei... Provavelmente são uns humanos idiotas que descobriram este mundo e pensam que devem exterminar tudo, existindo no fim, apenas esses seres inferiores e idiotas... Sem ofensa – desculpou-se. – É um nazismo evoluído. Não aprendem nada com a matança pelo preconceito, não é mesmo?

 Fiz que não com a cabeça.

- Certo. Carlisle também nos falou sobre eles. O menggila terbaru serve, em geral, contra todos os seres. É extremamente alucinógeno, até para humanos. Acho que o motivo para aquele cara ter ficado tão doido é por conta de sua experiência com o chá.

- Mas como ele pode afetar vocês?

- O sangue... É o meio pelo qual vivemos. O sangue nos torna “vivos”, mas nos torna assassinos. O sangue é nosso ponto fraco. De certa forma, dependendo como usá-lo, nos torna mais fortes, ou mais fracos.

“Tome cuidado, Bella, você pode saber que sou vegetariana, que nós não matamos humanos para aliviar a sentença final, porém ainda precisamos dele. Sangue de animais não é suficiente, nos alimenta, mas por bem menos tempo, posso dizer que sou capaz de lutar facilmente contra um vampiro “normal”, é uma das vantagens, o ruim é ter que beber muito mais seguido do que quem se alimenta de sangue humano.

Acompanhei suas palavras com atenção. Meu modo de ver as coisas mudavam a cada minuto. Esta noite tem sido a mais estranha da minha vida. Cada nova descoberta me alucinava e queria saber mais e mais.

- Estou realmente encantada com o modo de vida que vocês escolheram.

E estava mesmo, aliviava o peso que a ideia de serem vampiros havia caído sobre mim. Edward, um vampiro? Tive vontade de vomitar e chorar ao mesmo tempo. Mas agora? Quero que eles me encontrem, que eu e ele - apesar de não termos passado muito tempo juntos, já pude perceber com um só toque que éramos perfeitos um para o outro, com um só olhar – pudéssemos ficar juntos e realizar nosso destino. Sim, eu acredito em destino, acredito perdidamente que existe a pessoa certa para você desde o momento que a ideia de sua existência fora concebida. Corrigindo, parece que bem antes disso. Já que Edward me espera há tanto tempo... Há quanto mesmo?

- Edward... Tem quantos anos?

Ela jogou a cabeça para trás e gargalhou. Uma gargalhada que me assustou, digo, o que tem de tão engraçado?

- Edward? Com sua idade ele age como uma humana depois dos 30! – riu mais ainda com sua piadinha. – Não nos permite ficar “espalhando”, mas ele não está aqui está? – riu ainda mais. – Ele tem 119 anos bem “existidos”.

- 119?! – O.O’’

Okay... Ele me espera há bastante tempo...

- Mudando de assunto... Hehehe – To pasma ! 119! – Você não respondeu... Como o chá afeta vocês.

- Ah, Sim. Eu falei do sangue e acabei me distraindo, Rsrs. Nós vampiros temos uma grande rivalidade para com os lobisomens. Que eu saiba tem uma tribo aqui mesmo, perto de Forks.

- La Push. – interrompi.

- Isso... – ela notou que eu os conhecia, mas não perdeu sua concentração. – Então, nossa rivalidade é natural, o nosso cheiro é ruim para eles, e o cheiro deles é nojento para nós. – estranhei, o cheiro dos vampiros e dos lobisomens são bons para mim, de formas diferentes. – E o sangue deles. Nossa! – fez uma careta. – Isso por que, nossa natureza nos precaveu a não nos aproximarmos daquele líquido, ele nos afeta muito, e nos faz muito mal. Os lobisomens não sabem disso. Mas os caçadores descobriram.

"...

(...)