Aquela noite eu mal consegui dormir, tinha muita coisa acontecendo para eu descansar, e quanto mais eu procurava uma solução, menos eu conseguia achar um caminho, uma saída.

– Filha... – Como de costume minha mãe me acordou com o café da manhã. – Já passa do meio dia, hora de você levantar. – Ela beijou meu rosto e deixou o quarto.

Minha tentativa falha de dormir à noite fez com que eu abraçasse a cama até 13h da tarde, e por mim, eu continuaria até minha mãe decidir voltar para a capital. Pelo menos, metade do dia tinha passado enquanto eu me enrolava na cama, e a outra metade já podia chegar ao final. Depois de todos os desastres causados nos últimos dias, eu finalmente iria embora na manhã do Domingo, ou seja, faltava menos de 24 horas para eu me refugiar no meu quarto, na minha torre e de lá eu não jogaria minhas tranças. Escreveria uma nova página do meu diário.

– Filha, um menino passou aqui enquanto você dormia. – Minha mãe retornou ao meu quarto e abriu a cortina para que a luz do sol me cegasse e enfim ela descobrisse que eu sou um vampiro de tão pálida. – Ele queria falar com você.

– Você lembra o nome dele? – Eu perguntei, já não me preocupando mais em saber quem era. Mas vai que...

– Começava com A, acho que era A... – Antes que ela lembrasse eu exclamei.

– ANDRÉ? – Meus olhos arregalaram e minha cara de espanto era nítida.

– Não! – Ela me olhou assustada. – Acho que era Arthur... – UFA QUE ALÍVIO! Era só o pequeno.

– Depois eu falo com ele, ele disse se era importante? – Levantei da cama apressadamente.

– Ele só perguntou se você já tinha acordado. – Ela sorriu e deixou eu me trocar.

Milhares de coisas passavam por minha mente, era quase impossível escolher uma combinação de biquíni sem me atrapalhar em meus pensamentos. Eu realmente queria poder chegar em casa e espairecer. Eram só os primeiros dias de um novo ano, muita coisa tinha para acontecer até o último dia de 2014, eu só precisava ser mais fiel aos meus sonhos e vontades, sabia que não me decepcionaria.

– Magrela! – Enquanto atravessava a rua André me chamava pela piscina do prédio. Olhei para ele e acenei (forçando um sorriso tosco). – Hoje vou comemorar meu aniversário, você tá convidada! 19h, não esquece! – Ele soltou um beijo no ar (obviamente eu não peguei).

O aniversário dele (de 30 anos, repetindo: T R I N T A) tinha sido 2 dias atrás, mas ele tinha esperado todos os amigos estarem na praia para comemorarem no salão do prédio. Uma parte de mim: 10%, queria ir, só pelo fato de ver todos bêbados, não sabendo o que falar ou falando demais, porém a outra parte que era maioria 90%, não fazia questão, e com absoluta certeza eu não iria. Seria exposta com troféu de André para os amigos, mania que eu nunca entendi dos homens, não pretendia passar por tal humilhação.

“Você vem?” – André me mandou a mensagem 19:01h. Será que dá para ser mais chato que isso? Não respondi e bloqueei. Aquele dia ia tirar um tempo para mim, eu, areia, mar, paz e música. O que podia dar errado?