Evelyn abaixou a cabeça, desviando sua visão do rosto de Crowley ensanguentado. Suas sobrancelhas se arquearam e seus olhos começaram a lacrimejar.

– Dean... – Sam falou preocupado, olhando para o irmão e mostrando que Evy não estava bem.

– Leva ela lá pra fora Sammy, eu termino aqui. – Dean respondeu olhando para Evy por um segundo.

Crowley começou a rir.

– O que que foi, ô palhaço? – Dean perguntou com raiva.

– Vocês, seus idiotas. Acham que podem protege-la de uma coisa que ela mesmo escolheu. – ele continuou gargalhando.

– O que quer dizer com isso? –Sam falou preocupado, Evy também olhava para Crowley querendo saber.

– Vocês lembram o que eu fazia quando me conheceram?

Os Winchesters pensaram por um segundo.

– Demônio da encruzilhada... – Sam falou olhando para o chão ligando os pontos. – Evy você...

Evelyn olhou para Sam confusa. Ela não sabia do que eles estavam falando. Aquilo tudo era muito confuso pra ela.

– Mas ela nos disse que estava bêbada! Ela não faria... – Dean comentou

– Exatamente rapazes. Você tem que usar o que tem quando pode... e o que eu tinha era uma alma disponível se entregando a mim, o que vocês queriam que eu fizesse eu sou um...

– Seu desgraçado! – Dean gritou e depois bateu com mais força no rosto dele, com tanta força que ele desmaiou na cadeira.

Evy não aguentou. Ela achava que sabia do que eles falavam agora. Ela saiu correndo do apartamento. Sam foi atrás dela e Dean olhou para os dois. A expressão dele era de desgosto e pena ao mesmo tempo. Ele acabaria com Crowley naquele momento se não fosse por Evy. Ele sabia que ela gostava dele, a garota tinha até negado um beijo a Dean, coisa que normalmente não acontecia, ele pensou. E se ele e Sam não precisassem de informações, também a hora de Crowley já teria acabado, mesmo ele estando inconsciente.

Evelyn subiu ao terraço, já era noite e mais uma vez ela podia ver as luzes da cidade, só que dessa vez elas não a encantavam. Ela estava muito preocupada pra isso.

– Evy? – Sam chamou, se aproximando.

Evy olhou para trás, observando-o chegar. Uma leve brisa soprou balançando os cabelos castanhos do rapaz fazendo com que ele tivesse que levar a mão ao rosto para tirá-los da frente dos olhos. Ele era realmente bonito. Evy começou a se perguntar porque foi se apaixonar logo por um cara como Crowley. Ela poderia gostar de alguém como Sam e Dean, por mais que não fossem normais, eles eram totalmente bons e gentis e com certeza não esconderiam coisas dela.

– Está tudo bem? – ele perguntou confuso por ela o olhar tanto.

Ela balançou a cabeça fazendo que sim, por mais que não estivesse nada bem. Então Evelyn observou as luzes mais uma vez. Lágrimas escorreram por sua face, eram quentes e ao mesmo tempo cheias de angústia.

– O Crowley ele... – ela tentou mas o choro não deixou que continuasse.

– Desculpe mas, acho que você vendeu sua alma a ele, mesmo sem intenção Evy. – Sam tentou dizer sem afetá-la mais.

Ela olhou para ele, como ele poderia estar tão preocupado com alguém que conhecera a poucos dias e pior, alguém que tinha condenado a própria alma! Ela apenas abanou a cabeça, concordando com o que ele disseram, sem conseguir conter o choro. Sam a abraçou forte.

– Vamos dar um jeito dele devolvê-la tudo bem? – ele disse com ternura

Ela nada respondeu, só deixou que o choro cessasse para não molhar muito as roupas de Sam e aproveitou o abraço.

~~0~~

No apartamento de Evelyn, Crowley voltava a si, ainda meio desnorteado e sentindo as dores dos corte no rosto e pernas que Dean havia feito.

– Evy... Onde está a Evelyn? – ele perguntou olhando em volta com o seu único olho que não estava totalmente inchado e roxo.

– Bem longe de você, seu monstro! – Dean o repreendeu, levantando do sofá onde estava sentado e se posicionando para continuar o serviço.

– Onde ela está Dean?!

– Não interessa seu demônio desgraçado! Como você... como pôde fazer a pobre garota te vender a alma enquanto ela estava bêbada!

– Você não entende Dean...

– Aah, eu entendo sim! Você é um filho da mãe desgraçado que gosta de seduzir garotinhas e depois pegar a alma dela. É isso Crowley? Esse é o seu esquema agora? Está tão desesperado pra conseguir abrir a caixa que está roubando almas inocentes?

– Não seu grande idiota! Eu a amo!

Dean riu, logo depois enfiou a faca banhada em água benta na perna esquerda de Crowley. Ele gritou de dor.

– Você não ama Crowley! Não tem espaço pra isso aí dentro de você! – ele gritou e depois girou a faca.

– Você... você não sabe de nada. – ele disse ofegante – Eu sinto, coisas que nunca senti antes...

– Aah, claro. Agora você sente. Depois de todas as pessoas e anjos que você torturou e matou, quer mesmo que eu acredite que você sente alguma coisa?!

Dean tirou a faca e bateu com o cabo dela no rosto de Crowley novamente. Ele segurou seu cabelo puxando sua cabeça pra trás e posicionou a faca para cortar a garganta dele.

– Eu só não vou fazer essa faca rasgar sua garganta agora porque eu sei como aquela garota gosta de você. Como você enfeitiçou ela a ponto dela gostar de uma coisa como você!

– Eu senti uma ponta de ciúme aí Winchester?

– Só vou falar uma vez Crowley. Você vai devolver a alma da Evy agora e desfazer seja o que você fez pra ela gostar de um ser repugnante como você...

– Dean! – Sam chamou, na porta do apartamento. Evy estava a lado dele. – A evy quer, falar com o Crowley. Se despedir.

Dean olhou para ela, percebeu que seus olhos estavam meio inchados. Ele soltou a cabeça de Crowley que a balançou estralando o pescoço.

– Estaremos ali fora. Qualquer coisa é só gritar. – Dean falou olhando nos olhos dela e saindo do apartamento.

– Vai ficar bem? – Sam olhou pra ela.

Evelyn balançou a cabeça fazendo que sim. Sam saiu mas antes que ele fechasse a porta Dean gritou.

– Aah e Evelyn, não solta ele não tabom?

Sam fechou a porta. Evelyn se virou para Crowley, ele olhava para baixo. Sangue escorria de seu rosto, quase como uma torneira aberta. Ela se aproximou dele.

– Não está comigo. – Crowley falou baixo.

– O que?

– Sua alma, eu não a peguei. – Ele respondeu, olhando para ela com o rosto ensanguentado.