Bichento escrita por Yurie


Capítulo 1
Bichento


Notas iniciais do capítulo

Como dito nas Notas da História, one-shot dedicada à minha gatinha Irina, minha duquesa de olhos verdes.



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O horizonte escurecia depressa. O sol se punha, e as nuvens vinham com o entardecer.

Senti uma mão no meu ombro e ouvi uma voz. Acho que era Ron, falando alguma coisa que parecia “jantar na mesa”. Assenti vagamente, sem saber porque ele viera me incomodar com algo tão banal como comida. Mas o idiota não desistiu. Puxou minha mão, como que querendo me tirar dali.

– Vamos, Mione. – disse. Sua voz parecia tão distante... – Você precisa comer. Vamos...

Olhei-o sem entender. Como ele poderia dizer algo assim? Como ele poderia sequer sugerir que ainda havia algo importante no mundo?

– Mione. – insistiu – Vamos.

Mas eu não me movi. Desvencilhei-me dele e voltei a encarar a janela. Ouvi passos. Duas vozes distantes discutindo baixinho, e então passos novamente. Por um momento, a única coisa que podia ser ouvida no quarto eram os meus soluços. Então, alguém me abraçou. Eu não sabia quem era, mas também não me importei. Abracei-o forte de volta, grata por ter quem me apoiasse naquele momento.

– Eu sei, Mi. Eu sei como dói. – disse a voz de Harry, enquanto ele acariciava meu cabelo – Se precisar de mim, estou aqui.

E calou-se.

Assenti, fungando agradecida tanto pelas palavras doces quanto pelo silêncio. Precisava pensar. Envolta em toda aquela dor, não lembrara de que Harry já passara por isso. Menos de um ano antes, ele perdera Edwiges. Mas pelo menos eu tivera oportunidade de me despedir de Bichento.

Doía tanto... Era para doer? Ele era só um gato, sua morte não deveria me machucar tanto. Mas doía. Perdê-lo fora uma das piores coisas da minha vida, e estou incluindo nisso o fato de todas as minhas antigas amigas terem medo de mim, a vez em que minha tia se mudou para a Austrália, a vez que tive que apagar a memória dos meus pais e a guerra.

Pelo menos, quando cada uma dessas pessoas me deixou, eu sabia que elas iam ficar bem. Talvez eu jamais visse minha tia novamente, mas eu sempre tive certeza de que ela ficaria bem, e nós ainda conversávamos. Meus pais... Eu não sabia se voltaria a vê-los, mas eu sempre saberia que fizera o que podia para protegê-los. Mas Bichento...

Eu era uma bruxa! Devia ser capaz de impedir isso! Devia ser capaz de impedir a morte, não devia? De salvar meu gatinho, meu Bichento, da morte.

Lembrei-me de quando o conheci, aquela vez em que ele pulou na cabeça de Ron. Como Sirius me contou que ele o ajudara. Como Bichento andava sempre atrás de mim, me fazendo companhia mesmo quando eu pensava que não a queria.

Ele era meu gato. Meu ruivo. Meu Bichento.

E sempre seria.

Eu só não poderia segurá-lo no colo ou acariciá-lo mais.

Mas ele sempre estaria comigo.

Eu sabia que sim.

Porque ele era o meu Bichento.


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Notas finais do capítulo

Descanse em paz, minha menina.



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