A Garota Problema escrita por Brê Milk


Capítulo 43
Um ano e seis meses depois


Notas iniciais do capítulo

Hello amoras! Eu voltei u.u
E dessa vez com a notícia que estou de FÉRIAS HULLLL, portanto, atualizarei a história mais rápido ahaha.
E tenho novidades, com o natal se aproximando pretendo ESCREVER UM CONTO DE NATAL E POSTAR AQUI O.O
Agora que as novidades já acabaram, vamos ao capítulo...

* Boa Leitura *



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Hello It's me I was wondering if after all these years
You'd like to meet to go over
Everything
They say that time's supposed to heal ya
But I ain't done much healing...

Cantarolo o trecho da música e suspiro profundamente. O engraçado é que nesse pequeno trecho dizia tudo que eu andei pensando nesse um ano e seis meses que vim aqui para o Canadá. Pois é, já havia se passado tanto tempo e eu não conseguira esquecer o que vivi no Brasil, o desespero e a escolha que fiz naquele maldito avião quando recebi a mensagem dele. Por que eu não desci quando tinha tempo, por que eu não desisti de tudo e fiquei lá?
Teria sofrido menos.
Me remexo na cadeira e olho através da janela de vidro do Starbucks, vendo as figuras conhecidas se aproximando do estabelecimento. Observo enquanto entram, e assim que me encontram aceno com a mão os chamando. Eles sorriem enquanto caminham em minha direção.

– Feliz aniversário filha - curvo os cantos dos lábios para cima, em um singelo sorriso.

Meu pai beija minha bochecha e me abraça apertado, em seguida se sentando a minha frente com os olhos brilhantes. Outra coisa que havia mudado com minha volta para o Canadá, a relação com meu pai. Agora éramos verdadeiramente pai e filha, sempre contando um com o outro. E bem, hoje realmente era o meu aniversário de dezessete anos.

– Parabéns Juli - Fátima, sorrindo abertamente me puxa para um abraço de lado e eu retribuo.

– Obrigada - agradeço me sentando e arrumando as luvas brancas nas mãos.

– Não está feliz filha, é seu aniversário!

Balanço a cabeça forçando um sorriso. É claro que eu deveria estar feliz, mas há muito tempo não conseguia me alegrar como antes. E tá, é meu aniversário e tudo mais, mas sinto como se não fosse uma grande coisa. Eu só estava envelhecendo mais, não que me importe, mas é só mais um ponto para a chance de não conseguir encontrar meus amigos do outro lado do oceano.

– Tô sim pai, só pensando. - eu disse, apoiando os cotovelos na mesa e suspirando.

Papai e Fátima se entreolham, um olhar significante para eles dois me fazendo enrugar a testa. O que estes dois poderiam estar tramando?

– Querida - Fátima diz -, sabemos que amanhã será sua formatura, portanto iremos lhe dar seu presente de aniversário junto com o de formatura.

– E?

– E ele está aqui oras - papai exclama tirando algo do bolso - Pegue.

Confusa demais, estico a mão e agarro o presente retangular embrulhado com um papel de parede rosa. Faço careta.
Desato o laço e rasgo o papel de presente, tirando um papel retangular de dentro. Meus olhos se arregalam assim que vejo do que o papel se trata, não consigo acreditar que enfim, estava com a oportunidade em minhas mãos.

– Uma passagem de avião para o Brasil? - pergunto pasma.

Os dois na minha frente me olham rindo enquanto assentem com a cabeça.

– Sim, sim querida. Já estávamos cansados de ver você quieta pelos cantos. Se for para ser aquela doida, que seja com seus amigos - papai diz enquanto segura a mão de Fátima com carinho e ela cora.

Dessa vez abro um sorriso maior do que meu rosto, não só por estar feliz com o presente, também pelo namoro dos dois. Fátima e papai certamente são perfeitos um para o outro.

– Oh meus deus, isso é.... É...

– Irado? - papai disse, usando as gírias que eu o ensinei - Sabemos que é querida.

Balanço a cabeça evitando uma risada. Respiro fundo olhando para a passagem em minha mão e instantaneamente uma sensação de incerteza me invade. Será que é o momento certo de voltar? Logo agora que já estava prestes a seguir com minha vida?
Merda, eu não encontro respostas!
Apenas suspiro frustradamente e olho para a janela, a neve que caia lá fora parecia possível me fazer esquecer das inseguranças do futuro por sua beleza.

– Juli...

Encolho os ombros enquanto movo a cabeça na direção dos dois, papai com os olhos estreitos e Fátima me olhando solidariamente. Era isso que eu gostava neles dois, na combinação que faziam. Fátima a doce e inteligente "madrasta", meu pai o rude e carinhoso pai.
Eles de alguma forma me lembravam a um casal, na verdade duas pessoas que nem chegaram a ser um casal realmente.

– Eu vou ir pedir uma bebida, trago para vocês também - Fátima diz, enquanto se levanta e deixa papai e eu a sós.

Mordo o lado de dentro da bochecha e desvio os olhos para minhas mãos cobertas pelas luvas de lã pousadas na mesa redonda. De alguma forma, meu pai sabia sobre tudo que vivi no Brasil, com certeza Fátima o contara - uma hipótese.
O silêncio entre nós dois é equivalente a uma tortura, pois eu sei que ele sabe o por que da minha relutância sobre o Brasil. Na verdade Santiago Lacoste havia pegado um certo desrespeito por Vicente, logo que soube que o garoto fizera a filha sofrer - me lembro que estas foram as suas palavras em um dia enquanto me arrastava do quarto me levando até o shopping e me deixando lá, para " viver" um pouco mais. E eu não sei se isso é engraçado ou preocupante, pois podem acreditar, não é nada legal quando o seu pai não vai com a cara do seu "crush" ou seja lá o que aquele idiota do Vicente for/ era meu.

Depois de um tempo as caixas de sons instaladas nas paredes do Starbucks começam a tocar uma música familiar para mim e é aí que o drama começa.
Ah cara, sério que logo hoje tinha que começar a tocar a música da banda do Vicente, a que ele fez para mim?
Respiro fundo duas vezes... Pois é, a Problem6 - banda dos meus amigos - havia decolado na carreira, e agora Laura, Bler, André, Gustavo, Tomás e Vicente eram um sucesso em todo o mundo. Pelo que eu andei pesquisando no google - me julguem - após Vicente que claro que é o vocalista da banda ter entregado a música para uma gravadora lá do Brasil, conseguiu um contrato para a banda e assim surgiu a Problem6. Mas aí eu me pergunto o por que do nome.

Certo Juli, o nome da banda não tinha nada a ver com você. Não se iluda só porque você recebeu uma mensagem de texto idiota um ano atrás falando que você era a garota PROBLEMA da vida dele. Ele pode ter mudado de ideia né? Claro!
Mas enfim, eu estava feliz com o sucesso dos meus amigos. Só que sentia falta deles, e as ligações, torpedos e chamadas de vídeo não compensavam em nada já que sempre eles estavam em algum show ou ocupados demais nesses últimos dias. E desde então, nunca mais falei com Vicente, na verdade pedi para não falar.

Meu pai pigarreando me acorda para a realidade e eu o olho, percebendo que algumas pessoas em volta cantavam a música da banda.

– Não esqueceu aquele garoto ainda não foi minha filha?

Suspiro. Era estranho falar sobre garotos com seu próprio pai.

– Pai, podemos mudar de assunto? - pergunto escondendo o rosto nas mãos.

– Não precisa ficar com vergonha filha - ele diz - Mas só quero que faça o que for melhor para você. E se não se sentir pronta para voltar, tudo bem. Se quiser ingressar na faculdade como pretendia, vou estar aqui te apoiando.

– Na verdade nós DOIS vamos estar aqui te apoiando - Fátima diz aparecendo com três cappuccinos nas mãos.

Sorrio abanando a cabeça, já sabendo que eu até que tinha sorte na vida. Pois tinha pessoas maravilhosas que me apóiam, e espero que continue sendo assim.

– Certo - digo - Vou guardar a passagem para qualquer dia que me sentir pronta.

– Faça isso - meu pai sorri acariciando as costas da minha mão.

– Tudo bem - Fátima diz, em seguida esbugalhados os olhos - Aí meus deus! Esqueci que já estamos atrasados para a prova do seu vestido Juli, vamos logo!

Ela dá um pulo da cadeira e começa a recolher a bolsa. Dando um selinho no meu pai e me puxando pelo braço em seguida. Não tenho chance nem de protestar, apenas sou levada por Fátima que parecia mais um furacão passando pelas pessoas. Grito dramaticamente e enquanto passamos pelas portas do estabelecimento ouço a risada estrondosa do meu progenitor debochando da situação.


***

– Experimenta esse, esse, esse e esse - Loren disse enquanto jogava vários vestidos em cima de mim.

Bufo revirando os olhos e escuto a risada de Mike fora do provador rindo da minha desgraça. Saio tropeçando pelo caminho e jogo tudo em cima do banquinho da cabine do provador, começando a dispir minhas roupas e pegando no primeiro vestido que vejo. É amarelo com um decote V nas costas e longo. Faço careta para ele, por mim nem experimentava, mas Loren do jeito que é, é capaz de me matar se eu não provar todos. Visto o vestido e me olho no espelho, não gostando nem um pouco do que vejo. O vestido era para uma garota alta, não para uma baixinha como eu.
Enfim suspiro e saio do provador, fazendo cara de peixe morto para minha amiga e meu primo.

– Acho que a costureira colocou pano de mais aí - Mike zomba, recebendo o meu dedo do meio levantado em troca.

Pessoas que passam me olham assustadas. Dou de ombros, Mike era um palhaço mesmo e merecia. Não é fácil ter um primo como ele, que leva tudo na brincadeira e adora irritar as pessoas, mas bem, que o chato não saiba mas eu o amo muito. Foi ele quem me ajudou socializar com algumas pessoas quando voltei para cá e entrei na escola, me fazendo assim conhecer a Loren - uma mandona do cabelo laranja que é alta pra cacete e tem um mal humor terrível. Mas bem, também é minha amiga.

– Calado Michael! - ordena e o garoto se cala - Vá vestir o próximo Juli, temos que encontrar o vestido perfeito.

Revirando os olhos e ainda resignada, viro e ando de volta para o provador da tortura.
E lá foram gastas horas e horas, enquanto eu vestia e tirava vestidos a procura de alguma coisa que "combinasse" comigo segundo Loren. Mas nada, eu iria de calça se possível mas só faria a garota querer me matar mais.
Então depois de tirar o último vestido que ela havia escolhido e não gostar também, me jogo no puff ao lado de Mike e choramingo já com a barriga roncando.

– Pelo amor de deus Loren, vamos para casa!

– Nem vem. Primeiro vamos encontar o vestido perfeito para você.

– Mas não encontramos nada. - suspiro

– Mas vamos e...

– JÁ CHEGA! - Mike se levanta zangado e nos olha com os olhos estreitos - Eu concordei em vir com vocês para fazer companhia, e não sofrer como filho sem pai. Agora, eu já perdi meu jogo, já perdi a hora do almoço e acho bom encontrarem logo a bosta do vestido - berra e suspira.

Loren e eu nos olhamos, assustadas pelo surto do moreno repentinamente. Okay, agora eu vou me lembrar para nunca mais atrapalhar o jogo de videogame de Michael se não quiser ser agredida.
Loren, o olhando cética aponta o dedo na direção dele e range os dentes quando diz:

– Ah é espertalhão, então encontre você o vestido perfeito para Juli já que acha que é tão fácil - rosna colocando a mão na cintura.

Observo calada enquanto Mike olha para os lados e como se um milagre acontecesse para esfregar na cada de Loren, uma atendente da loja passa com um vestido coberto por uma capa transparente na mão e Mike a chama, conversando com ela e em seguida sorrindo triunfante, enquanto pega o vestido da mão da moça e o estende para mim.

– Aqui, vá provar esse.

Reviro os olhos já cansada de tanta troca de roupa, mas mesmo assim arranco o vestido da mão do meu primo e vou até o provador vazio sem nem olhar para trás ou dar atenção as provocações dos dois tapados. Apenas entro, tiro minha roupa e quando retiro a capa minha boca se abre. O vestido era lindo, e definitivamente perfeito para a ocasião.
Animada, visto a roupa e me olho no espelho, gostando do que vejo. O vestido é cinza nas laterais, tomara que caia, com pequenos babados na baia brancos, com um laço transversal na cintura cinza e vai até a cima do joelho um pouco.
Sorrio, era esse! Saio do provador e quando levanto os olhos vejo a boca de Loren se abrir em um O perfeito e o sorriso vencedor de Mike direcionado a amiga.

– E então?

Ela revira os olhos e olha para o moreno, dando um soco fraco no ombro dele.

– É, você estava certo. Esse é o certo - rimos e meu celular apita dentro do provador.

Viro as costas e retorno para a cabine, apanhando direto o celular em seguida. Desbloqueio a tela e percebo que é uma nova mensagem, número desconhecido.
Estranho e abro a mensagem, que dizia o seguinte:

"Sei que hoje é o seu aniversário. E te desejo parabéns, e que você seja feliz. Na verdade sei que será. Queria poder te mandar um presente ou estar aí te abraçando, mas não posso.
Por isso, saiba que sonho com você todas as noites e que sei que um dia nos reencontraremos.

Com amor seu idiota, para a aniversariante mais linda e problemática de todo o universo. "

Arfo sentindo a batida do coração alterando e um sorriso surge em minha face. Não interessava se era desconhecido, eu sei que é ele. E ele se lembrou do meu aniversário, o que quer dizer que ainda não se esqueceu totalmente de mim. Enquanto deslizo para o chão da cabine com as pernas fracas demais sinto alguma coisa se ascendendo dentro do peito, a esperança de voltar a ver o que deixei para trás.

E bem, eu sentia que isso aconteceria logo, logo.


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Notas finais do capítulo

Então foi isso ^^
Ansiosas para saber o que vai acontecer? Só digo que muita coisa hehhe.
Mas bem, faltam só mais dois capítulos + o Epílogo para a história acabar :( e eu não estou com emocional e nem psicológico para isso.

Espero que tenham gostado, que estejam curiosas para o conto de natal e até mais...

Beijos ❤❤



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