Are You Mine? escrita por MissOllye


Capítulo 1
Capítulo Único - Are you mine?


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira one!!
Eu sou completamente apaixonada por Arctic Monkeys, então quando eu ouvi essa música já pensei que daria uma boa one.
Espero que gostem e deixem reviews!
Xoxo



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Meus passos não são audíveis por conta da música. Eu a conheço, mas está tão alta que mal consigo distinguir as batidas incessantes.

Abro a porta da casa de Travis e me assusto. Há mais gente ali do que no resto da cidade. Não que eu me importe, afinal sou mais uma das várias marionetes desse teatro em que todos tentam encenar suas vidinhas perfeitas.

As luzes piscam, dando à sala de estar – agora sem móveis – um ar de casa de shows. Pessoas dançam com copos de um conteúdo suspeito nas mãos.

Percorro meus olhos pela festa à procura de algum conhecido. A quem estou enganando?! Eu estou procurando por uma pessoa. Por ela.

Soube que ela estaria na cidade por esse fim de semana e que viria a essa festa. Não pude perder essa chance de vê-la.

E eu espero que não seja tarde para evitar sua queda. Ela é um raio de esperança, como um cavaleiro solitário cavalgando em um espaço aberto, e eu não posso vê-la desistir. Não agora.

Encontro Jason perto do bar. Seus olhos azuis exatamente iguais aos dela. É a única semelhança entre os irmãos. Ele tem uma garrafa de vodka na mão direita.

-E aí, cara? – me cumprimenta quando percebe minha aproximação. A voz levemente alterada pelo efeito da bebida que começava a atingir seu cérebro.

-Beleza, Jason? – tento parecer descontraído, mas não há como enganar. Eu fico louco, pois aqui não é o lugar em que eu quero estar.

Oferece-me um copo da bebida que eu logo nego com um aceno de cabeça.

-Está sabendo que minha irmã está aqui? – pergunta casualmente.

Congelo de imediato. Ela havia mesmo vindo. Confesso que algo em mim ainda acreditava que era apenas um boato. E a satisfação de saber que não era uma mentira parece uma memória distante.

Assinto de leve, tentando me manter parado ao invés de sair dali correndo e procurando-a.

Ele parece perceber algo em mim. Une as sobrancelhas e franze a testa. Dá um sorriso de lado. Gargalha. Ele está mais bêbado do que parece.

-Falou, Jason. Vou ver se acho Percy ou o resto da galera! – arrumo uma desculpa para sair dali.

Afasto-me e continuo prestando atenção nos rostos. Algumas meninas que nunca vi. Três rapazes do primeiro ano. Uma cabeleira ruiva de frente para uma garota loira. EPA.

Vou à direção das duas.

-Meninas! – cumprimento.

-Ei, Nico! – falam juntas e começam a rir. Será que todo mundo resolveu ficar chapado hoje?!

Rachel, a ruiva, se vira e faz um sinal com a mão, indicando que iria ao banheiro.

-Niquito, já tá sabendo quem voltou? – Annabeth segura em meu braço e me arrasta para um canto. Ela tem o péssimo hábito de inventar apelidos para mim quando bebe demais.

-Já. Tem certeza de que ela veio? – pergunto. Annabeth sabia de tudo e era a minha melhor fonte de informação.

-Tenho. Ela falou comigo. Esqueceu quem é, era e sempre será a melhor amiga dela?! Dãh! – ela bate com a mão levemente em minha testa e sorri. – Vê se acha ela por aí.

Volto a caminhar pela festa e abrir caminho por entre as pessoas. Não vejo ninguém conhecido, o que faz minha mente vagar solta. Sigo imaginando encontros desejados por vidas inteiras. Acho injusto, depois de tanto tempo, não estarmos em um lugar tranquilo e vazio, mas me lembro de que isso não faz o estilo dela e muito menos o meu.

Reconheço o erro, agi errado nos únicos dias que nos restavam e agora eu precisava achá-la. Preciso armar uma grande fuga de mim mesmo.

Tomo um longo gole da bebida que acabei de pegar de uma mesa. E, gole por gole, tomo metade da garrafa.

Perco a noção do tempo e do espaço. Não faço a mínima ideia de que horas são. Talvez o dia já esteja amanhecendo e eu ainda não a encontrei.

Lembro-me de que ela é um raio de esperança e que eu devo achá-la. Abandono o copo em qualquer lugar e vago pela festa.

Sou parado por Percy. Ele sorri. Não parece ter bebido.

-Já a encontrou? – pergunta de cara, me fazendo erguer uma sobrancelha.

-Não. – percebo que não vale a pena mentir para ele, que é meu melhor amigo.

-A última vez que vi, estava sentada na beirada da piscina, nos fundos da casa.

Sorrio em agradecimento e abro caminho por entre as pessoas que dançam uma música eletrônica muito estranha.

Saio à varanda e sinto o vento quente da madrugada de verão me atingir e bagunçar meus cabelos.

Meu coração perde um compasso. Outro.

E ali está ela. Implacável, inatingível. Sentada na beirada da piscina fitando o nada.

Os cabelos pretos com mechas azuis esvoaçam devido à brisa quente que me atingiu há pouco.

Caminho em silêncio até estar perto o bastante para tocá-la, mas não o faço.

Sento-me ao seu lado. Ela traga o cigarro rosa fluorescente que segura entre os dedos. Sopra a fumaça para frente.

-Não acha que está meio atrasado? – pergunta, sem olhar para mim. A voz aveludada de que eu me lembrava continuava a mesma.

-Meio atrasado para...? – devolvo a pergunta. Ela se vira para mim e, depois de tanto tempo, posso finalmente contemplar as íris azuis e cinzentas de que tanto senti falta. A maquiagem carregada continua presente.

-Para se despedir de mim antes de eu embarcar em um avião para o outro lado do mundo, dois anos atrás. – responde seca, mas vejo que ela tenta controlar as emoções. Sei que ela está tão inquieta quanto eu.

-Thalia, você se lembra do que me levou a fazer isso? – pergunto, ignorando a voz meio embargada. – Eu me entreguei. Eu era seu e você sabia disso. Eu achava que você era minha também, mas você negou.

-Eu me arrependi! – ela sobe o tom de sua voz uma oitava. – Você, mais do que ninguém, sabe que não gosto que me controlem!

Permaneço em silêncio por causa da revelação que me assusta. Ela se arrependeu. Vejo isso em seus olhos, agora tão próximos mas, ao mesmo tempo, tão distantes...

-Eu sinto muito, Nico. Eu... – ela continua ao ver que não irei me pronunciar– se eu soubesse... Se... Se nós pudéssemos recomeçar!

Respiro fundo. Eu não acredito no que ouço. Eu sei que podemos recomeçar. E eu sei que depende somente de mim.

-Thalia... Tudo o que eu quero ouvir agora é a mesma pergunta que ouvi naquele dia. – respondo simplesmente e sei que ela sabe do que estou falando.

Tudo que eu quero ouvi-la dizer é: "Você é meu?". Apenas isso e nós seremos novamente o que uma vez já fomos.

-Nico, você é meu? – ela fixa os olhos nos meus e sorri de lado com a lembrança.

-Bem, você é minha? Quer dizer, você é minha amanhã? Ou só é minha esta noite? – devolvo a pergunta. Apesar do formigamento em meus dedos, mantenho o rosto fechado e concentrado nela, à espera de uma resposta.

-Eu sempre fui sua, seu idiota. Acabei de perceber isso. – ela sorri. O sorriso de que eu tanto gosto. O sorriso que eu esperava ver. – E, quem sabe o amanhã? Talvez eu, nós nem estejamos vivos amanhã. Mas, se depender de mim, eu serei sua enquanto você for meu.

Aproximou-se de mim com um sorriso maroto nos lábios, que segundos depois tocavam os meus.

E eu sabia que, agora sim, ela era minha. E eu era dela. Sempre fui.


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Notas finais do capítulo

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