Dln Darkness, Lies And Nobody Else escrita por Jibrille_chan


Capítulo 2
Capítulo 2




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Uruha P.O.V.


Confesso que, quando a porta do apartamento de Reita se abriu naquela manhã e fui recepcionado por um rapaz que eu nunca tinha visto na vida, minha vontade foi de abrir um buraco no chão e desaparecer. Será que eu tinha interrompido alguma coisa? Mas... eu tinha o privilégio de dizer que era o confidente do moicano de fixinha, e ele definitivamente não tinha me dito nada a respeito.


— Pois não?


Fiquei encarando o jovem ruivo mais baixo. Tinha plena consciência que devia estar extremamente vermelho.


— Ahn... É... Akira está?


— Akira?


— Reita.


— Ah, sim. Só um momento.


Ele voltou-se para dentro, batendo a porta na minha cara. Tá, aquilo era novo pra mim. A porta do apartamento de Akira nunca havia sido batida dessa forma na minha cara. Aliás, tê-lo como amigo era meu consolo nas horas difíceis.


Eu era o tipo de pessoa que se apaixonava fácil. Portanto, era o tipo de pessoa que se iludia fácil. Conseqüentemente, um ser que sofria muito fácil. E chorava mais fácil ainda. Mas Akira sempre me ajudava. Não era tão gentil quanto nossos vizinhos, Kai e Nao, mas eu não gostava de incomodá-los quando alguém me decepcionava. Ver a felicidade dos dois sempre doía depois de alguma desilusão. Por mais que eu gostasse deles.


Mais alguns segundos se passaram e a porta se abriu de novo, e o moicano de faixinha apareceu, com um sorriso maroto nos lábios.


— Bom dia, Koyou. Entre.


— Reita, se eu estiver interrompendo alguma coisa...


— Não, sua mente pervertida. Entra logo.


Entrei naquela sala conhecida, procurando pela presença do ruivo desconhecido. Ele parecia meigo, e ao mesmo tempo uma pessoa muito triste. Talvez a vida não tivesse sido tão boa para com ele. Não o vi em lugar nenhum da sala, e logo Reita percebeu o que eu estava procurando.


— Ruki está na cozinha, terminando o café da manhã. Depois eu apresento vocês.


— Reita, me desculpe mesmo, se eu soubesse...


— Já disse que não é nada disso que você tá pensando. Ontem, quando eu saí da loja, eu trombei com ele sem querer. Ele estava na ponte... e quando eu vi, ele desmaiou do nada.


— E ele está bem?


Reita sorriu com a minha preocupação genuína. Ele sabia que eu era assim, preocupado com os outros. Às vezes ele dizia que eu me preocupava mais com os outros do que comigo mesmo.


— Está um pouco desidratado, aparenta não ter se alimentado bem nos últimos dias, tem algumas cicatrizes estranhas pelo corpo, mas vai ficar bem.


Ergui as duas sobrancelhas, parando para analisar as informações. Reita tinha o conhecido no dia seguinte. No dia seguinte! E havia levado o rapaz para a sua casa. Definitivamente, a tintura oxigenada estava afetando o cérebro de Akira.


A campainha tocou e Ruki apareceu na porta entre a sala e a cozinha. Vendo-o agora... ele realmente parecia uma pessoa triste. Uma pessoa que tinha perdido todas as esperanças. E ele nem era tão velho assim. Isso sim era triste.


Quando a porta se abriu, eu apenas vi um vulto moreno voar na direção do ruivo.


— Ruki! Ruki, seu desgraçado, seu bastardo! Você tem idéia de como eu fiquei preocupado?


— Aoi, eu...


— ... Eu te procurei por todas as delegacias, hospitais... Até no necrotério eu passei! Eu virei a noite te procurando, seu maluco!


— Aoi...


— Você não faz idéia de como eu fiquei ao saber que você tinha dado entrada num hospital! E depois saído de lá com, segundo as enfermeiras, um loiro alto bonito! Só consegui o endereço depois de muito esforço! Aliás... - o moreno subitamente se virou na minha direção. - Este é Suzuki Akira? É realmente muito bonito...


Eu. Fiquei. Roxo. Comecei a encarar fervorosamente o carpete, me privando da visão do lindo sorriso daquele moreno, sorriso esse adornado por um piercing brilhante. Foi então que eu ouvi a voz de Ruki.


— Ahn... o Suzuki é aquele que você deixou plantado na porta, sabe?


— Ah. Então. Muito prazer, Shiroyama Yuu.


O moreno foi cumprimentar Reita, que eu sabia que estava se segurando para não cair na gargalhada. Com um sorriso perverso nos lábios, Reita apontou pra mim.


— Este é Takashima Koyou, um velho amigo meu.


— P-prazer. - droga, gaguejei.


— O prazer é todo meu.


Ah, não. Estava tudo perfeito até me vir essa frase de duplo sentido dos infernos. As pessoas não podiam ser mais diretas? Ou mais simples? Que droga.


Percebendo meu embaraço, Shiroyama se virou para Ruki, abraçando-o fortemente. Após alguns segundos, Ruki correspondeu o abraço. Pude perceber em seus olhos uma melancolia que eu nunca havia visto em lugar algum. Acho que nem mesmo eu havia sentido uma melancolia daquele porte.


— Poxa, chibi... eu disse que se fosse pra você fugir, pra você me avisar. Eu quase morri de preocupação, sabia?


— Gomen. Não tive tempo.


Após alguns minutos, os dois se soltaram. Eu fiquei ali, apenas observando aquele quadro junto com Reita. Não haviam segundas intenções ali. Havia um sentimento de fraternidade unindo aqueles dois. E, vendo-os ali, eu me recordei de épocas remotas, quando eu abraça Reita da mesma forma, quando os pais dele o agrediam de alguma forma, verbal ou fisicamente. Ou quando Reita me abraçava, quando algum namorado ou namorada terminava comigo, ou quando eu descobria algum tipo de traição.


— Ahn... Suzuki-san?


— Pode me chamar de Reita, eu prefiro assim.


— Tudo bem, então me chame de Aoi. Eu gostaria de conversar com você... a sós, tem problema?


Foi a minha vez de dar sinal de vida.


— Ruki-san, vamos até a cozinha que eu estou com fome.


Reita fez cara de fúria.


— Vai assaltar minha geladeira outra vez? Você não vai ao supermercado não?


— Até vou, mas é legal acabar com a sua dispensa.


Peguei Ruki ela mão e fui para a cozinha, ignorando os protestos do moicano loiro de faixinha. O chibi arregalou os olhos, surpreso pela minha atitude de puxá-lo pela mão. Não disse uma palavra em protesto, apenas ficou olhando, espantado, para a  minha mão sobre a sua.


— Ah... me desculpe. - eu soltei sua mão, corando.


— Tudo bem. Eu só... não estou acostumado.


Ele desviou seus olhos dos meus, encarando o chão. Sim, a vida com certeza havia sido madrasta com ele. A sua própria postura denunciava isso: os ombros caídos, a cabeça sempre baixa, como se temesse olhar pra frente. Era um quadro muito triste.


— Ne... Rei-chan comprou chá?


Ruki piscou umas duas vezes, talvez um pouco assustado com a mudança brusca de assunto.


— Tem sim. Tem chá verde e chá preto.


— Ótimo! Vamos fazer mais chá!


E, pela primeira vez que eu entrei naquele apartamento, eu o vi sorrindo. Não era um sorriso que expressasse alegria; era um sorriso triste. Nostálgico, eu diria. Mas, ainda assim, era um sorriso.

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