Não acredito no que eu estava cogitando a fazer, ir atrás de Damon para me desculpar, mesmo não tendo recuperado minhas memórias, me sentia culpada por ter pedido a Alaric para me fazer esquecer do meu relacionamento com Damon.

Um monstro, é assim que me lembro dele, e não consigo entender como fui capaz de me apaixonar por esse homem, ele me trouxe muito sofrimento, a mim e a minha família. Além disso, eu já perdi tanta gente em um período tão curto de tempo, porque a única pessoa a qual eu desejaria esquecer seria ele? Alaric me disse que eu o amava a ponto de não conseguir viver sem ele. Eu realmente não compreendo como cheguei a isso.

Agora ele está de volta, eu não sei como agir quando estou perto dele, pois sinto que ele espera que eu me lembre de algo a cada segundo que passa. Infelizmente, não tem mais como voltar atrás, Ric não é mais um vampiro, minhas memórias se foram para sempre.

Confesso que estou intrigada, sinto como se parte de mim estivesse faltando, o que de fato é o caso. Tem um vazio imenso que não consigo preencher. É como se tivesse dormido e acordado meses depois. Muita coisa não faz sentido, e isso me deixa irritada.

_Elena? - ouço alguém me chamar e quando olho para trás é Damon, estou no bar onde Alaric costumava beber com ele quando saiam de Mystic Falls, só me lembrei desse detalhe quando já estava na terceira dose de tequila, beber sozinha é deplorável, porém, é melhor do que ver a expressão de decepção em rostos familiares.

_Oi Damon. - digo voltando a atenção para minha bebida.

_Você está no meu lugar. - diz ele.

_Que?

_Geralmente eu me sentava ai quando vinha aqui com o Ric. - explica ele.

_Bom, eu não sei se você sabe, mas quando uma pessoa morre ela abre mão de tudo o que tinha, afinal de contas é esperado que ela não volte. - comento, e logo me repreendo, pois foi rude de minha parte dizer isso, e ao observar sua expressão ao ouvir o que eu falei meu coração se parte, eu estava o magoando gratuitamente, e me senti muito mal por isso.

_Então era melhor que eu continuasse morto não é verdade? - ironiza ele.

_Eu não quis dizer isso. - replico.

_Só pra constar, eu não estava pedindo pra que você mudasse de lugar ou nada disso, eu só fiz um comentário. Mas se tem uma pessoa no mundo que poderia roubar meu lugar nesse bar e eu não ficaria nem um pouco irritado, esse alguém é você.

Ele se senta no banco ao meu lado e pede uma dose de Whiskey.

_Eu não sei como reagir quando você fala esse tipo de coisa pra mim. - murmuro, ele me constrangia ao dizer coisas assim.

_Tudo bem, ficarei calado. - diz terminando sua bebida e batendo duas vezes com o copo sobre a mesa, o barman enche o copo novamente.

_Eu realmente sinto muito, sei que não está sendo fácil pra você. - confesso.

_Sabe o que é o pior de tudo isso? - ele pergunta sem olhar pra mim.

_O que?

_A Bonnie se sacrificou para que eu pudesse voltar pra casa ser feliz, e te fazer feliz, mas em vão.

_Não foi em vão. - começo. - Eu posso não me lembrar de nosso relacionamento, mas fico feliz que esteja de volta, o Stefan estava sofrendo muito. - ele ri forçadamente. - E que história é essa da Bonnie ter se sacrificado? Eu pensei que ela não estava lá com você!

_Resumindo, eu menti. - diz sarcasticamente. Era esse tipo de atitude que me fazia questionar como um dia eu poderia ter me apaixonado por ele.

_Desenvolva, por favor. - peço irritada.

_Ela estava lá comigo sim, ambos estávamos voltando pra casa, porém um certo bruxo dos infernos apareceu pra atrapalhar tudo, nós lutamos e quando eu finalmente consegui me livrar do idiota, Bonnie me mandou de volta, veja bem, ela estava machucada, não conseguiria chegar até mim a tempo, então me mandou pra cá, e ficou presa com aquele filho da puta. Mas eu sei que ela está viva, e eu vou trazê-la de volta.

_Mas você nunca se importou com ela, porque faria isso? - pergunto.

_As pessoas mudam Elena.

Sim pessoas mudam, mas para que isso ocorra as outras tem de dar uma chance a elas, tomo uma decisão.

_Eu quero me lembrar. - afirmo.

_Tarde demais.

Infelizmente ele tinha razão.

_Além disso. - continuou ele. - Você está melhor sem mim, está feliz e seguindo com sua vida. Eu te amo pra caralho Elena. - diz olhando em meus olhos e por um momento me perco naquela imensidão azul. - Mas se pra você ser feliz tudo o que tenho que fazer é sair do seu caminho, é isso que farei.

Por esse Damon eu conseguiria me apaixonar, e por impulso o beijo, um beijo terno porém urgente, eu podia até não me lembrar de amá-lo, mas não posso negar que me sinto extremamente atraída por ele.

_Eu posso reaprender a te amar. - digo quando enfim nos separamos. - Se você estiver disposto a me ajudar.

Ele sorri e me beija apaixonadamente.

_Se é o que você quer, quem sou eu pra contestar?

Eu sorrio em resposta.

_Tem certeza disso? - insiste ele.

_Sim.

_Mas antes eu preciso que você me prometa uma coisa.

Olho pra ele desconfiada mas aceno afirmativamente esperando ele continuar a falar.

_Promete que se eu por acaso morrer novamente, não vai pedir pra algum original te compelir a me esquecer? - diz em um tom brincalhão, mas ainda sim consigo sentir uma pontinha de verdade na voz dele.

_Prometo.