Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 9
Corações partidos.


Notas iniciais do capítulo

Eu voltei!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/566314/chapter/9

Quando seu grupo acabou o trabalho, Rodrigo deu graças a Deus! Maiara não parava de lançar olhares para ele e, visivelmente, Lucas havia percebido isto. Como já havia pensado, não queria que o outro se sentisse mal perto dele, e isto parecia estar acontecendo. Ainda mais pelo fato de, não querer parecer antipático, ter dado algumas risadas para a menina durante a aula. Ao fim, demorou mais um tempo guardando o material e disse que entregaria o trabalho ao professor. Estava apenas o grupo deles por último.

Quando todos saíram, percebeu que Lucas continuou olhando alguma coisa em sua mesa, com uma caneta na mão, como se estivesse prestes a desvendar os maiores mistérios do mundo. Mas na verdade, ele sabia, estava evitando olhar para ele. E este fato o fazia relutar em tentar conversar alguma coisa com ele, já que este sempre pareceu tentar ao máximo ser gentil consigo. E agora parecia ignorá-lo radicalmente.

— Aqui está o nosso relatório — disse Rodrigo, tentando ver se puxava algum assunto. Não entendia o motivo, mas não queria ficar de mal com ele. Contraditório depois do dia na praia, ele sabia, mas sentia isto. E sempre foi muito verdadeiro com seus sentimentos.

Após o que pareceu uma eternidade, Lucas respirou fundo e levantou os olhos em direção ao aluno.

— Podes deixar aqui na mesa e sair. Tua amiguinha não está lá fora te esperando?

Na mesma hora ele relutou até em colocar o trabalho ali. Lucas parecia gélido, de uma forma que nunca havia sido, apesar de seus momentos de impaciência com ele. E como já havia percebido, ele havia acompanhado a cena durante a aula.

— Lucas...

— Rodrigo, por favor. Eu não estou muito paciente essa noite. É melhor você ir embora.

Neste momento o mais novo ficou irritado. Estava difícil entender o outro, que dizia sentir algo por ele, mas agia de forma grosseira e indiferente. Juntando com o estresse dos últimos dias acabou estourando. Não entendia os motivos, mas resolveu não pensar no momento.

— Claro, pode deixar que eu te deixarei em paz. Não só hoje, mas o resto da tua vida! E eu que quase acreditei que você realmente sentia alguma coisa de verdade por mim... Mas pelo jeito eu seria apenas mais um que você conquistaria e jogaria fora, não é? Porque isso é o máximo que você consegue fazer, ter estes ataques. Pois bem, boa noite, professor! — E saiu o mais rápido que pode da sala.

Após um instante de hesitação, Lucas conseguiu levantar e quase foi atrás do outro. Mas resolveu não ir, desde cedo não estava com tamanha disposição. Estes dias estavam sendo o que sua vida sempre fora, vazios e sem alegrias. Foi apenas mais um dia deste. Se ele soubesse e entendesse o quanto gostava dele...

Juntando seu material, ele não conseguia entender o porquê havia ficado tão nervoso. Por mais que aquela garota não largasse Rodrigo durante um minuto durante a aula, que direito ele tinha de agir assim com ele? Enquanto dirigia para casa resolveu que voltaria para seu mundo particular. Desde que havia conhecido Rodrigo, parecia querer gritar aos quatro ventos o que sentia. Mas agora que havia tido a prova de como ele recebe seus sentimentos, manteria eles bem longe do mais novo e do resto do mundo.

***

Passados quatro dias após aquela cena bizarra após a aula de segunda, Rodrigo chegava em casa na sexta-feira. Maiara havia convidado ele para irem a uma festa que a turma iria, porém, ele disse que não estava bem e foi pra casa. A verdade era que nesta semana estava passando por um redemoinho, mais do que antes, quando conhecera Lucas. Na aula de quarta-feira, ele parecia mais fechado ainda para o mundo, foi glacial com a turma, o que gerou muitos comentários após a aula.

Não que ele estivesse sendo um professor ruim, nada disso, permanecia jorrando conhecimento. Porém, não mais sorria, como em alguns poucos momentos deixou transparecer até então.

Após o banho tentou assistir algo na televisão, mas não conseguia se concentrar. E seus pensamentos voltaram novamente para Lucas. Sabia que ele tinha grande parcela de culpa nisto. A verdade era que Maiara estava mesmo esperando ele na segunda-feira após a aula. E eles acabaram saindo para conversar e acabaram ficando. Rodrigo sabia que havia feito isto mais pelo momento, porque estava com raiva de Lucas, mas acabou fazendo. E agora eles estavam “se conhecendo” melhor. E ele sabia, o professor já estava por dentro disto, já que Maiara não fazia questão de esconder. Inclusive, na aula de quarta, após saírem da sala, ela lhe deu um beijo, bem na hora que Lucas estava saindo. Na hora não soube o que fazer, mas pensava que não tinha que dar satisfação nenhuma ao outro... apesar de ter sentido vontade de ir atrás dele quando percebeu. Mas era só lembrar-se da última conversa dos dois que perdia a vontade de se explicar.

Sentou-se com o computador no colo e entrou em suas redes sociais. Não contendo a curiosidade, acessou o perfil de Lucas, e viu que havia um recado de um tal de Marcus, falando que não estava conseguindo entrar em contato com ele. Seria um ex-namorado? Decidiu descobrir algo, mas não teve muito êxito, pois, como já era de se esperar, o perfil era privado. Fechou tudo e resolveu ir deitar. Maiara tinha insistido para que ele a acompanhasse num destes passeios ao interior. Parece que uns parentes dela moravam em uma chácara, e ela havia decidido ir para espairecer. E queria que ele fosse. Como gostava desse clima do interior, decidiu ir, apesar de saber que isto seria dar mais um passo na relação dos dois.

***

Lucas já havia desistido de dormir naquela noite. Decidiu sair, precisava ver gente, senão enlouqueceria. Na quarta-feira quando chegou em aula, achou estranho ver Rodrigo junto com Maiara, mas pensou que seria mais uma tentativa da garota. Apesar de ter insinuado que ambos estariam namorando, ele sabia que não tinham nada. Ou não queria acreditar. Mas a confirmação após o beijo que presenciou foi pra ele mais um golpe do destino. Mal conseguiu bater o cartão de presença e saiu correndo com o carro. Lágrimas insistiam em cair de seus olhos, e ele não queria que isso acontecesse. Estava a ponto de cometer uma loucura para parar. Ele não aguentava mais aquilo, ele não entendia mais sua vida. Todos pareciam resolver seus problemas de alguma forma, seja se iludindo, procurando outro caminho, mas parece que ele estava destinado a viver sozinho. Lembrava apenas que dirigiu sem rumo durante muito tempo, até que parou em frente de casa. Subiu e deitou agarrado a foto dos avós. Mais do que nunca ele se perguntava o motivo deles terem ido tão cedo. Por mais que não pudesse ser totalmente o que era na frente deles, gostaria de ter agora o colo da avó e uma xícara de chá que só ela sabia fazer. Ou então, ouvir as histórias de seu avô.

Tendo estas lembranças, nesta noite de sexta-feira resolveu ir em busca daquilo que sempre preencheu suas noites vazias. Entrou em qualquer festa e saiu à procura de alguém pra ocupar aquele buraco que estava sentindo. Muita bebida e uma companhia pra passar um tempo ajudariam. Isto sempre foi seu bálsamo, e hoje não seria diferente. Ao menos era o que esperava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, quanto drama. Adoro! Até o próximo que já está quase prontinho!