Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 38
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Chegando com uma mega vergonha do atraso pra postar, mas com mais um capítulo de coração.
Mas primeiro, eu preciso agradecer e destacar aqui que Aprendendo a Amar tem duas recomendações agora! ♥
Tua recomendação linda e sincera me fez muito feliz, Dredrey! ♥ Sério, não é demagogia! Eu amo quando vocês colocam os sentimentos que a história instiga em vocês, imagina fazerem isso em uma recomendação com tu fizestes? Eu amei mesmo, muito obrigadaaaa!! ♥ ♥ ♥ ♥ Eu dei pulos de alegria, literalmente, porque confio muito no teus sentimento pela história e eu sei que foi de coração. Então, dedico esse capítulo pra ti!
Quero, como sempre agradecer cada comentário no último capítulo também, eu amei cada um. Cada apontamento, sentimento e percepção descrita me ajudaram muito para este capítulo ser concluído.
E também, mandar beijos pra Carol e JaeBerry que trocaram figurinhas comigo nestes dias passados. Adorando conhecer mais de vocês, gurias!
E quem quiser interagir comigo, pode mandar mensagem, sinal de fumaça ou me seguir no twitter, @agri_doces. ☺☺
Bom, vamos ao que interessa porque essa nota ficou enormeee! hahaha
Espero que vocês gostem de mais um capítulo, e espero não demorar a voltar.
Porque morro de saudades.



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Era sábado, portanto, dois dias depois da consulta de Lucas. Rodrigo estava no apartamento do moreno, era fim de tarde, a primavera já estava se aproximando e deixando os dias ensolarados, mas as noites ainda frias. Luke estava no quarto terminando de escrever mais um de seus artigos, assim como, organizando as provas da próxima semana. Enquanto isso, Rodrigo assistia mais uma vez o último filme da Saga Crepúsculo, ao mesmo tempo em que estudava para as provas da semana. Não que ele fosse fã, ou coisa assim, da saga, mas por ter assistido na adolescência, gostava das sensações que a história lhe trazia, ainda mais que tinha lido os livros também. Por mais criticas que a história sempre obteve, ele não se importava, zapeando pela TV sempre assistia quando transmitiam. Além disso, como jornalista, ele acreditava que deveria estar por dentro de tudo que instigasse tantas pessoas, como a Saga já o fez durante estes anos, portanto, não fazia mais do que sua obrigação. Tá, não precisaria assistir mais de uma vez cada filme... mas tinha vontade mesmo assim, pensava sorrindo.  

— Rodrigo, já decidiu onde a gente vai jantar? Por mim podíamos pedir algo por aqui mesmo.

Lucas apareceu de repente na sala, seguindo até a cozinha buscar algo pra tomar.

— Eu acho que eu prefiro sair. Não aguento mais estudar. – o loiro disse, mas não tirava os olhos da televisão.

Após encher um copo com água, Lucas se dirigiu até onde o mais novo estava, percebendo então o que passava na TV.

— Não acredito que você também adora esse vampiro que brilha no sol. – Luke falou gracejando, enquanto olhava uma cena que parecia uma batalha ocorrendo no filme.

— E eu não acredito que tu vai vir com o papo dos nascidos nos anos 80 de que vampiros bons eram os de antigamente...

— O que não deixa de ser verdade... – Lucas disse antes que o loiro prosseguisse falando, enquanto sentava perto do namorado, analisando os papeis que estavam em suas mãos, percebendo que o mais novo estudava.

— Não acho isso... é tudo implicância. – Rodrigo respondeu, ainda olhando pra TV, sem deixar de se aconchegar no namorado enquanto terminava de assistir o filme.

Quando chegou na cena final, onde os personagens principais reviviam cenas dos filmes anteriores, Lucas percebeu que o namorado pareceu ter os olhos brilhando, enquanto assistia o casal apaixonado. Isso o fez pensar que se fosse pra vê-lo assim, assistiria quantas vezes ele quisesse aquele e outros filmes junto com ele.

— Sabe, todo mundo sempre preferiu o Jacob, aquele que é um lobo – Explicou, quando Lucas fez cara de desentendido – Diziam que ele era o mais bonito, o mais adequado, mas eu sempre fui mais fã do Edward. Acho que gosto dos complicadinhos desde sempre. – Rodrigo disse isso sorrindo pro mais velho, alisando seus cabelos que ainda continuavam abaixo do pescoço.

— Quem é complicadinho aqui, hein? – Lucas disse, enquanto abraçava mais o loiro – Você está tentando me convencer que eu tenho algo a ver com esse vampiro?

— Tu tens tudo a ver! Começando pelo cuidado que ele tem com a Bella e tu tens igualzinho comigo. Quando minha mãe te conheceu, ela me chamou um dia pra dizer que tu parecia ser capaz de me proteger em qualquer situação. E ele é igualzinho a ti.

— Jogo baixo, você quer me convencer a assistir esse filme contigo outra vez, só pode. – Lucas sorria, enquanto seu coração palpitava com os sorrisos do mais novo.

— Ai, não é pra tanto, não vejo sempre... Mas a comparação deu certo? Porque posso te comparar com vários personagens de animações, amo animações! E estas sim, sempre assisto!

            Lucas não conseguiu deixar de pensar o quanto Rodrigo era encantador, enquanto o deitava no sofá, ficando por cima dele, dando e recebendo carinhos.

             – Sim, já percebi isso... – Sempre que Lucas chegava, Rodrigo estava em algum canal que passava desenho. E ainda gostava de explicar os personagens e suas complexidades como se eles fossem pessoas reais. – E você sabe que eu assistiria qualquer coisa, apenas pra estar na sua companhia. Não precisa me explicar nada, está bem? Acho que não deve ser tão ruim ser comparado ao vampiro, tem tanta gente que ama ele. Deve ser... uma coisa boa.

            Rodrigo sentia seus olhos brilharem e suas bochechas quase rasgando tamanho era o seu sorriso por ter este momento tão leve com o namorado. Às vezes ainda se sentia um pouquinho inseguro, pensando que estivesse sendo imaturo por algumas coisas que faz. Mas ter a certeza que Luke o amava assim mesmo, era sempre muito bom.

            – Sim, ele é bonzinho até... mas ao contrário dele, tu só pode ser assim comigo, tá? Já não basta os olhares que tu recebe lá no campus. Não vejo a hora que todos saibam que estamos juntos.

            Ao ouvir isto, os olhos de Luke brilharam ainda mais. Eles ainda não tinham deixado claro que estava juntos, apesar de não mais se esconderem. Ouvir que o namorado não tinha medo de quando isso acontecesse era sempre bom, pois, a insegurança quanto a isso existia ainda.

            – Você sempre me chama de bobo... mas agora quem está sendo é você. Claro que meu melhor lado será sempre apenas pra ti. Sempre!

            – Fico feliz em saber... assim como estou muito bem sabendo que tens tentado se abrir mais comigo. Ontem foi importante quando tu veio conversar comigo sobre ter ficado inseguro  quando fomos naquele restaurante... – eles tinham saído pra jantar, depois da aula de Rodrigo, e foram em um restaurante onde o garçonete não parou um segundo de lançar olhares pro mais novo, que claro, tinha apenas olhos pro mais velho – Sempre que se sentir assim pode vir falar comigo. Tá?

Lucas sorriu, se sentindo tímido ao lembrar do sentimento que sempre o tomava quando percebia o interesse de outra pessoa no loiro. Mas lembrando do que Félix tinha dito, ontem à noite resolveu fazer diferente e colocar pra fora o que sentia, diferente do que sempre fazia, se retraindo com medo do mais novo o achar alguém problemático. E percebeu que era uma boa saída, ainda mais que, após conversarem, o loiro o encheu de beijos, para que, segundo ele, não houvesse um pingo de dúvida de seu amor.

            – Sim, eu aprendi a lição. Mas agora, vamos dar um jeito senão vou pedir pizza pro jantar.

E com isso ambos foram se arrumar. Foi mais um fim de semana cheio de muito carinho e paixão, mas com programas leves, já que a próxima semana seria bastante tribulada para os dois. E eles nem sabia o quanto.

***

— Vocês podem ir chegando e sentando nas cadeiras do jeito que estão sem mudar de lugar.

Lucas dizia, enquanto os primeiros alunos chegaram. Era quarta, dia da prova pra turma de Rodrigo. A turma, claro, estava ansiosa, já que não conhecia o jeito de Lucas cobrar a matéria em provas. Por mais que ele fosse um professor tranquilo havia sempre novidades e diferenças de um professor ao outro.

Entre esses alunos que estavam chegando, Roberto e Rodrigo eram um destes. Ambos se encontraram na porta da sala e se dirigiam juntos aos seus lugares.

— Então, pronto pra prova? Como te disse, eu não tinha essa cadeira na universidade que eu estava, mas mesmo assim resolvi fazer ela aqui quando cheguei, por mais que semiótica seja difícil de entender assim com o “barco andando”. – Roberto perguntou ao loiro enquanto sentavam. Os dois tinham passado a tarde estudando na biblioteca, mas se separaram uma hora antes da prova, quando Lucas chegou no campus e o loiro foi conversar um pouco com o namorado antes da aula.

— Tu pegou bem a matéria, e recém é a primeira avaliação. Acho que não vai ser tão difícil. Talvez seja parecido com os trabalhos que ele já passou. – Rodrigo disse, sentando atrás do colega. Eles estavam cada dia mais próximos, ainda mais pelo fato de Rodrigo não precisar esconder dele sua relação.

— Pois é, mas valeu por hoje à tarde. Eu sei que tu sempre tentas estar com o Lucas e que talvez ele não tenha gostado muito... mas é que eu precisava mesmo de uns toques sobre a matéria.

— Tudo bem, eu fiquei feliz em ajudar. E não se preocupa com o Lucas, está tudo bem entre a gente. – O loiro disse sem, como sempre, esconder o sorriso no rosto. – Eu também estou ansioso com a prova, então foi bom ter alguém com quem estudar. Eu fiquei o fim de semana todo lendo e lendo, perguntei algumas coisas pra Clá, que estuda Design e tem mais familiaridade com o assunto. Mas acho que a gente vai se sair bem.

— Não conseguisse ver nadinha da prova? – Roberto por vezes gostava de lançar piadas sobre como Rodrigo ser namorado do professor podia beneficiá-lo. Mas claro, era apenas de brincadeira, percebia o quanto os dois separavam as coisas.

— Não... nadinha. Apenas pedi algumas pequenas explicações pro Luke, mas não muito, apesar dele me dizer que poderia me explicar tudo novamente. – Rodrigo falou com um sorriso no rosto, olhando em seguida pro namorado, que explicava algo sobre a matéria pro aluno que estava em sua classe neste instante.

Roberto e Rodrigo voltaram seus olhos para as folhas de estudos, o loiro, por vezes, se perdendo nos olhos de Luke, não percebendo que alguém, cuja presença é quase sempre desagradável, sentou na cadeira ao lado.

— Mais um pouco vai cair uma baba, Rodrigo. Mas antes disso, entra na fila, porque o número de alunas e alunos de olho no Lucas é grande. Coitados, acham que ele se rebaixaria a tanto ficando com alguém tão mais novo e desinteressante. Se ainda fosse eu... – Maiara tinha um tom bastante sagaz.

Rodrigo ao ouvir a sandice da guria apenas baixou a cabeça e sorriu, enquanto girava sua aliança no dedo. Ele pensava bastante nas respostas que daria a ela desde o episódio da Cantina, pois, naquele dia teve certeza que ela não tinha total noção quando abria a boca.  Tinha medo no que poderia causar a Lucas, pois, entendia que ali era o lugar de trabalho dele, apesar do mais velho deixar claro que não se importaria, e não queria que caso surgisse alguma situação, Luke se expusesse para defendê-lo e acabasse se prejudicando.

— Ah sim, porque tu és a mais madura desse mundo, não é verdade. A prova disso é essa tua mania de sempre ser desagradável com os outros. Tu não cansas? – Bom, o loiro disse que estava tentando ser calmo. Não que conseguiria.

— Acho que tu andas muito confiante, Rodrigo. O que foi, está assim porque anda todo amiguinho do professor? Não me surpreenderia se, de fato, como andam falando, tu e ele não andam tendo um casinho por aí... pra conseguir boas notas em tudo é preciso fazer alguns sacrifícios, não é verdade? Se bem que sendo com Lucas não seria de todo ruim, já que ele é...

— Maiara, da pra ti parar de falar? Sério, deixa de ser infantil, parece que ainda está no ensino médio! – Roberto, que ouvia toda a conversa resolveu intervir. Percebeu que Rodrigo estava abalado com o que ela tinha dito, pois, tanto ele quanto Lucas eram reservados.

Enquanto isso, o loiro apenas pensava que, se realmente estava rolando estes boatos pelo curso, em breve chegaria na coordenação. Será que ele exagerou ao pensar que não teriam problemas se andassem juntos no campus? Não era o momento ainda, Luke estava iniciando o tratamento, recém conseguindo se abrir sobre alguns aspectos, tinha medo que ele se fechasse ainda mais caso o relacionamento viesse à tona através de um chamamento da coordenação. Sabia que não havia crime algum, mas também se sabe que uma história, quando contada com má intenção, pode acarretar em problemas. E Maiara parecia disposta a isto.

   – O que foi Roberto, também está nessa fila? – O sorriso no rosto dela era irritante – Bem que dizem que os mais quietinhos são os piores. Garotos do interior, todos recatados e estudiosos, aposto que devem promover muitas festinhas junto com o Lucas e... – De repente ela arregalou os olhos e virou-se em direção a Rodrigo – Vai me dizer que ele é tua namoradinha secreta? Não estou acreditando nisso...

Rodrigo não esperou que ela terminasse. Levantou rápido de sua cadeira e saiu da sala. Faltava 10 min. pra prova começar, e sabia que não poderia entrar depois do horário, mas não conseguiria ficar nenhum minuto a mais junto dela.  Roberto viu o amigo passar pela porta e automaticamente olhou Lucas, que sentado em sua classe, mas sempre atento ao loiro, acompanhou cada passo do loiro pra fora da sala.

Roberto não sabia o que fazer, mas acabou indo atrás de Rodrigo. Lucas não poderia fazer isto faltando tão pouco pra prova, e Rodrigo não poderia ir embora. Caso o loiro decidisse ir, seria difícil conseguir se manter na cadeira, já que ela valia boa parte da nota e não se pode fazer o exame se não tiver feito essa avaliação. Saiu da sala pensando onde ele estaria, resolvendo entrar no banheiro próximo da sala, encontrando realmente o colega ali.

— Rodrigo, estás bem? Não dê atenção para o que ela fala, está falando isso pra te provocar. Vocês dois não tem o que explicar pra ninguém, muito menos pra alguém como ela.

O loiro estava no banheiro, tentando aparentar tranquilidade, pois, não queria que o namorado percebesse seu estado.

— O Lucas viu que eu sai da sala, não é? – E suspirou ao ver que Roberto afirmou com a cabeça. – Eu estou bem, apenas precisava de uns segundos pra respirar. Eu não sei como tudo isso vai ser exposto, a Maiara vai ter a confirmação dela assim que ver a aliança do Luke, se é que já não viu isso. Eu apenas não queria que ele fosse colocado contra a parede e...

O mais novo não conseguiu terminar. Estava se achando um pouco idiota já que tinha assegurado ao namorado que não teria problema algum quando as pessoas descobrissem. Mas é que imaginou eles se apresentando como namorados, não isto sendo exposto como uma história suja ou algo assim. Apenas imaginava os reflexos disso em Luke.   

— Olha, se tu quiser, eu posso dizer pro Lucas que tu não vai poder voltar pra sala e depois tu podes trazer algum atestado pra ter o direito de fazer a prova.

Rodrigo pensou por um tempo, mas sabia que não teria como fazer isto.

— Não, tudo bem. Vamos voltar. Se eu fizer isso, o Lucas não vai conseguir nem ao menos aplicar a prova. É capaz dele ter uma crise de ansiedade e ele está indo tão bem... – Roberto não sabia do que Rodrigo estava falando, mas percebia o olhar protetor que o moreno dedicava ao mais novo, e imaginava que ele ficaria realmente preocupado. – Eu preciso ao menos fazer um pouco da prova. Eu queria mesmo ir pra casa, mas não quero deixar o Luke preocupado.

Roberto resolveu não rebater, e decidiu que voltaria pra sala logo, e esperaria o colega na aula.  

Rodrigo ainda esperou alguns minutos, pensando no quanto não queria que Lucas voltasse a ficar tão frágil novamente. Ele tinha ainda muito o que avançar no tratamento, mas apenas em ele ter se mostrado disposto depois da última consulta já estava sendo algo muito grande. As lágrimas que tentava conter era por pensar em tudo isso e não querer que o namorado sofresse mais do que já sofre. Ou tivesse algo regresso em seu quadro.

 Quando o loiro voltou pra sala, todos já estavam sentados. Percebia o olhar de Lucas em si e sentia que ele estava preocupado. Isso o fez tentar demonstrar ao rosto uma expressão mais tranquila, enquanto se dirigia ao lugar em que estava sentado.

Calmamente, Rodrigo foi até onde estavam suas coisas, as juntou, olhando bem nos olhos de Maiara, e foi pra uma classe bem na frente. Percebeu que Lucas, tinha seus olhos cravados nela, como se fosse falar algo em qualquer momento, mas permanecendo em silêncio em sua mesa. Segundos depois, o olhar do moreno se voltou para o mais novo, de um jeito inquisidor. Rodrigo tentou abrir um sorriso, pra dizer que estava tudo bem, mas sabia que não o enganaria. Até porque tinha chorado.

— Bom, a partir de agora não quero vocês conversando entre si. A prova é dissertativa, nem preciso dizer que respostas precisam ser de caneta. Quem for saindo, assina antes a folha de chamada. As notas trago na semana que vem, então, não adianta me pedir em outras disciplinas ou pelos corredores. – Lucas estava sendo mais taciturno do que normalmente era. Alguns estranharam, mas a preocupação com a prova era maior do que isso.

Ao receberem a prova, os estudantes se preocuparam apenas em escrever as questões. Menos Maiara, que ainda ficou um tempo olhando Rodrigo, pensando que talvez tenha feito papel de idiota, mas não se arrependendo do que tinha feito.

***

Havia se passado mais de uma hora do início da prova e Lucas não conseguia desviar seus olhos do namorado. Sentia que alguma coisa tinha ocorrido, e tinha certeza que Maiara e Roberto estavam envolvidos na história. Seu sentimento de posse e cuidado estava o torturando, querendo que acabasse logo a prova pra que pudesse falar com Rodrigo logo. Percebeu que seus olhos estavam lacrimejados, como se tivesse chorado, e isso era muito raro de acontecer, então, estava muito preocupado.

— Acho que deu pra passar, professor. – Lucas acordou de seu estado disperso quando ouviu a voz de Maiara, entregando a prova. Ela tinha um olhar irônico no rosto, que o fez ter mais implicância com ela, por mais que o namorado sempre dissesse que era melhor esquecerem que ela existe. – Onde está a folha de chamada?

— Está aqui – Lucas colocou a folha em sua frente, e ao vê-la abaixar, pode ver que o Rodrigo os olhava, não restando dúvida que era a culpada pelo que se passava com ela. – E seria ótimo pra você que tenhas passado mesmo. Não costumo dar mole no exame.

— Tenho certeza que não vou precisar. Já uns e outros... Tchauzinho! – Ela saiu, continuando com a ironia no rosto. Lucas acompanhou seu caminhar e voltou os olhos pro namorado, que raramente escrevia uma coisa ou outra na folha, como se estivesse em outra dimensão.

E assim a sala foi ficando vazia, tendo Rodrigo ficado entre os últimos, o que apenas deixou mais claro ainda pra Lucas que ele não estava bem. Por fim, restou apenas ele e Roberto, que tinha o olhar preocupado, mas o mais velho não conseguia identificar se era por causa da prova ou pelo amigo, já que claramente ele parecia estar sabendo do ocorrido.

— Desculpa professor, mas acho que não me sai muito bem. Eu estudei bastante pra prova, mas acho que não consegui aplicar nas questões que tu pediu. – Roberto disse, depois de um tempo, enquanto guardava suas coisas, pra poder sair. Tinha certeza que não tiraria uma nota muito boa na prova.

— Não se preocupa, eu sei que é complicado pegar a explicação pelo meio. Mas caso você fique em exame, vou dar revisão e podemos marcar um dia pra eu explicar pra você a matéria desde o início. Tenho certeza que você vai conseguir aprender rápido. – Lucas disse em seu tom magistral, porém, empático.

Ao ouvir o mais velho, Roberto sorriu, pensando no quanto entendia porque o Rodrigo estava preocupado com ele. Lucas era um ótimo professor, e apesar de reservado, sempre tentava ser o mais profissional e humano possível.

— Ah, valeu mesmo. Espero ter conseguido ao menos alguns pontinhos. – Roberto assinava a folha de chamada, enquanto pensava se perguntava ou não ao loiro como ele estava.

— Aposto que tu conseguiu mais pontos que eu. – Rodrigo resolveu se pronunciar. Tinha desistido de terminar a prova fazia um tempo, mas preferiu ficar até o fim pra ficar com o namorado. Uma porque sabia que, se saísse, o mais velho ficaria preocupado com ele e também não queria correr o risco de encontrar Maiara.

Lucas não disse nada, vendo o mais novo levantar, enquanto também ia até sua mesa, onde Roberto estava também, o olhando.

— Você está se sentindo bem? – Lucas fez a pergunta que estava querendo fazer desde o início da prova. Sabia que Roberto conhecia a relação dos dois, então não tinha motivo pra protelar essa pergunta. Se sentia ansioso. – Podia ter deixado pra fazer a prova depois, a gente ia em algum pronto-atendimento mais tarde e...

— Lucas, eu estou bem. Sério. Quero apenas ir embora. – Rodrigo interviu, enquanto entregava a prova e fazia um carinho na mão do moreno, assinando a folha depois. – Eu te espero ali no estacionamento, tá? A gente pode dar uma carona pro Roberto? Já está tarde e ele não mora muito perto daqui. Acho que o último ônibus da universidade já passou.

Lucas ficou um tempo olhando o loiro, em dúvida do que fazer. Mas sentindo Rodrigo parecendo mais calmo que antes, resolveu agir logo, para que pudessem ir embora.

— Claro, eu vou apenas fechar a sala e levar a chave.  Me esperem que eu já estou indo. – Lucas respondeu, percebendo que o namorado realmente não tinha respondido todas as questões da prova como imaginou ao guarda-la junto com as outras. Ansiava por ouvir dele o que tinha acontecido.

Rodrigo concordou e saiu da sala, junto com Roberto. Estava mais calmo, sabia que precisava estar para conversar com Lucas, pois, não sabia como ele iria reagir. Suas emoções era sempre uma surpresa ainda.

— Rodrigo, eu posso esperar o ônibus de linha, não tem problema. Não quero atrapalhar vocês.

O loiro sorriu, voltando ao presente, lembrando do amigo ao seu lado. Deixaria os pensamentos sobre Maiara pra quando tivesse ele e Lucas.

— Claro que não atrapalha em nada. O Luke mora no centro, então, o lugar onde tu moras não fica longe. E mesmo que ficasse, não seria problema. Eu não agradeci ainda, mas obrigado por ter ido conversar comigo àquela hora. – O loiro deu um sorriso, pois como já imaginava, Roberto, assim como Clarissa, estava virando um amigo especial. Já não via a hora dos pais o conhecerem.

— Tudo bem. A minha vontade, na verdade, era fazer como uma criança de maternal e ir até o professor fazer fofoca da Maiara e de como ela estava sendo inconveniente. Mas como seria bizarro, achei melhor ir ver como tu estavas.

— A cena seria bastante engraçada. Acho que o Lucas iria ter prazer em colocar ela no cantinho da disciplina.

Os mais novos estavam conversando, e Rodrigo até conseguiu abrir um sorriso, quando Lucas chegou perto deles com pastas nas mãos.

— Vamos? Talvez comece uma chuva do nada daqui a pouco. E quando isso acontece, parece que sempre alaga a cidade.

— Claro, vamos. Roberto, tu podes ir guiando o Luke pelas ruas, porque ele não sabe dirigir muito ainda por aqui. Mas eu acho que sei mais ou menos onde tu moras. – O loiro disse, olhando pro namorado com um sorriso pequeno.

Os três entraram no carro, tendo Lucas em seguida dando a partida. No caminho, enquanto dirigia o moreno olhava Roberto pelo retrovisor e sempre que paravam em algum sinal, fazia carinho na perna do namorado. O caminho foi quase que silencioso, e logo os três chegaram em frente ao prédio de Roberto.

— Obrigado pela carona, professor. Rodrigo, a gente se fala amanhã. Fiquem bem. – Ele disse, indiretamente se referindo ao que se sabia que seria o assunto entre os dois e saiu.

Os dois se despediram e, após ele entrar em casa, Lucas deu partida no carro.

— Então, queres me contar o que te fez ficar quase estático durante toda a prova e me fazer ter que já pensar em uma prova pro exame já que não respondeu todas as questões?

Rodrigo sabia que Luke não aguentaria até chegarem em casa. E ele também não deixaria pra falar depois, não deixaria que a inconveniência de Maiara se tornasse algo maior do que realmente era. Tentaria tratar com um assunto outro qualquer.

— Acho que hoje eu concordo, mais do que nunca, que deverias expulsar a Maiara das tuas aulas... – Rodrigo iniciou dizendo, enquanto olhava a chuva que começava. Mas depois de um tempo, voltou-se pro namorado, entrelaçando suas mãos com a direita de Lucas – A Maiara desconfia real da gente. Na verdade, acho que ela já sabe que estamos namorando.  

Ao ouvir o loiro, Lucas apenas continuou dirigindo, enquanto processava o que o mais novo disse. Eles já tinham conversado sobre isso, de quando os colegas dele descobrissem sobre o relacionamento. Mas parecia que a descoberta da guria tinha afetado Rodrigo mais do que ele demostrava. Será que se arrependia de não estar escondendo tanto assim a relação dos dois?

Rodrigo resolveu esperar o moreno falar alguma coisa, sentia ele tenso, mas surpreendentemente não pirando como aconteceria semanas atrás. Mas como Lucas era em sua natureza reservado, era difícil supor o que essa calmaria representava. Tinha medo que ele estivesse pensando milhões de coisas, e o pior, tirando conclusão precipitada por causa do jeito que reagiu.

— A gente pode conversar sobre isso em casa? – Lucas perguntou, quando pararam em mais um sinal.

Vendo a confirmação de Rodrigo ele apenas levou as mãos dos dois, que estavam entrelaçadas, até seus lábios, enquanto beijava cada dedinho de Rodrigo, que derreteu com este gesto e sorriu. Sim, eles teriam o que conversar, mas estavam, mesmo que inconscientemente, deixando claro um ao outro, através dos carinhos, que nada os afetaria ao ponto de uma briga ou separação. Estavam nisto juntos, e esta seria mais uma barreira que teriam que atravessar.

Que o amor fosse, mais uma vez o suficiente pra quebrá-la.


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Notas finais do capítulo

Então, Maiara é muito chata, né? Entre ela e as primas do Rô eu nem sei quem ganha a disputa de mais sem noção, hahaha E o Roberto, acho que o Luke já está percebendo que ele não representa nenhuma ameaça. *.*
Ai, eu amo a Saga Crpúsculo, não resisti... hahahaha
bjinhos
Adoro vocês
Agridoce