Aprendendo a Amar escrita por Agridoce


Capítulo 19
Outro dia para re começar


Notas iniciais do capítulo

Ai Genteeee! Um mês sumidaa!
O que eu posso dizer além de desculpas?
Espero que vocês curtam este capítulo. Muito obrigada a quem está acompanhando, comenta e entra em contato. Obrigada Caroline pelo incentivo!
Desde já, desculpa algum erro.



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Era 12h. Os dois estavam sentados em uma espécie de quiosque da pousada que encontraram no meio da estrada, que ficava uns 50min. do centro da cidade que moravam. Lucas, como o esperado, estava silencioso, falando apenas quando requisitado. Dirigia com atenção, como se sua vida dependesse daquilo quando, na verdade, apenas estava tentando fugir de prováveis perguntas. Já Rodrigo estava tranquilo. O outro não sabia, mas havia decidido não interferir mais tão diretamente em sua vida. Quando ele se sentisse pronto, falaria de seus problemas. O loiro estava concentrado apenas em lhe proporcionar novas e boas lembranças.

Sentados agora no sol, que resolveu brilhar de forma satisfatória, ambos comiam em silêncio. Mas de certa forma conversavam com o olhar, aproveitando aquele momento.

– Espero que tu não tenhas te arrependido de vir. – Rodrigo gostava de ouvi-lo. O silêncio era bom, mas saber o que ele estava sentindo era melhor.

Lucas saiu de seu torpor momentâneo ao ouvir o outro. Estavam sentados ali fazia um tempo. A região era muito bonita, lhe trazia uma paz que a tanto procurava.

– Impossível. Obrigado, Rodrigo. – Lucas ainda controlava aquilo que falaria. Tinha medo de começar qualquer papo, com medo de revelar demais. Seu corpo queria falar sobre tudo que sentia. Seu coração pedia isto. Mas não conseguia. Não ainda.

Rodrigo sorriu apenas. Ficaram mais um tempo por ali e decidiram ir embora. O mais novo ia sugerir que ficassem, porém, pensou melhor não. Outro dia eles voltavam. No caminho de casa, Lucas voltou mais calado ainda. Ele pensava no quanto seria doloroso deixar o loiro ir pra casa quando chegassem. Queria ter coragem de pedir que ficasse, mas não tinha este direito.

– A gente pode passar no supermercado? Queria comprar umas coisas. Passar o fim de semana sem coisas pra comer é muito triste. – O loiro falou isto sorrindo e despreocupado, pensando mais sozinho do que com o outro. Nem percebeu a surpresa que o mais velho demonstrou.

– Ué, esqueceu de fazer compras? Tu és sempre tão organizado. – Lucas disse isto manobrando o carro. Estavam chegando quase na entrada da cidade já.

– Eu não. Mas dei uma olhada no seu armário. Como sempre, está bem derrotado. Terá um dia que encontrarei apenas poeira por lá.

– Ah, não se preocupe. Nem vale a pena, depois você vai embora e eu fico com tudo lá. E como tu sabes, eu não como muito.

Neste momento Rodrigo percebeu que não havia comentado com o mais velho que estava pensando em passar o feriado com ele. Será que se importaria? Ele parecia que gostar de ficar sozinho. Resolveu perguntar.

– Hum, bom... desculpa não comentar, mas eu pensei que talvez... – Pensava em quais palavras usar. Ainda achava ridículo sugerir dormir no sofá da sala do outro. Não queria invadir o espaço do mais velho. Mas não via motivos, e no fundo nem queria, ficar longe dele.

Lucas, ao perceber o outro titubear o olhou. O nervosismo do loiro começou deixa-lo na defensiva. O que será que estava acontecendo?

– Bom, eu pensei que talvez, se tu não te importares, eu podia passar este fim de semana contigo... Eu falei para meus pais que desta vez não iria pra casa e daí, sei lá, caso não seja um incômodo.

Lucas ouviu aquilo, mas não respondeu. E Rodrigo não insistiu. Perceber que ele estava em uma luta interna e nossa, mais uma vez, pensou se seria capaz de seguir naquele relacionamento. As inconstâncias do Lucas pareciam cada vez mais complexas.

Quando chegaram ao centro, percebeu que o mais velho dirigia para um supermercado. Sinal que era um sim à sua presença, certo? Aff, “que confusão”, ele pensava. Era sábado, fim de tarde, claro que o mercado estava cheio. Porém, não muito. Aquele era um pouco afastado das residências, ia ali apenas o pessoal que estava de carro, e que tinha certa estabilidade financeira, já que não era um mercado popular. Lucas desligou o carro, ainda sem falar nada. Rodrigo ia falar algo, mas nesta hora o mais velho abriu a porta do carro, saiu e ficou encostado, olhando o chão.

Respirando fundo, o loiro também saiu e, em silêncio parou em frente ao moreno. Após 5 segundos Lucas o olhou, o abraçando em seguida. Rodrigo, mais uma vez, ficou surpreso, mas o abraçou de volta. Esperando que ele falasse.

– Desculpa, mais uma vez. Eu vou adorar ter você comigo. Não sabes o quanto... Mas é que... – Lucas falava baixo, apenas o loiro conseguiria ouvi-lo. – Eu tenho tanto medo disso que eu sinto contigo. Fico a todo o momento pensando no velho ditado que fala que “quanto maior a subida, pior o tombo”. Tenho medo do que vai acontecer quando isso acabar.

Ao ouvir o que ele dizia, Rodrigo ficou sem saber o que dizer. Acabar? Como assim? Do que Lucas estava falando?

Rodrigo se separou do moreno, não entendendo o que ele dizia. Olhando em volta, percebeu que ali não era lugar para eles conversarem sobre aquilo. Sentia que Luke estava quase falando. senão todos, um de seus medos em relação a eles. Quando lembrava no quanto o mais velho o seguiu para que ficassem juntos, e da segurança que demonstrava no início, começou a duvidar das conclusões que chegava com aquela fala dele. Estaria Lucas tão inseguro ao ponto de pensar que o deixaria a qualquer momento? Não acreditava nisto, ainda mais depois de tudo que estava fazendo a ele.

Não querendo demonstrar seu rancor em saber que o enxergava assim, alguém tão volúvel, decidiu que conversariam mais tarde.

– Acho melhor eu ir lá comprar algumas coisas. Já volto. – Falou isto sem dar chance para que o outro dissesse que iria junto. Queria ficar um pouco sozinho.

Enquanto esperava, Lucas respirava milhões de vezes. Mais uma vez havia feito papel de idiota inseguro. Desse jeito, acabaria mesmo afastando Rodrigo de perto dele, tinha certeza disto. Mais uma vez lágrimas insistiram em cair de seus olhos. Isto o fez lembrar a ajuda profissional que estava pensando em buscar. Parecia que tudo apenas piorava. Apenas não saiu dali porque isto seria assinar de fato seu lugar na calçada dos idiotas. E porque também não queria se afastar do mais novo. Pensava que era pra ter entrado com ele, mas lhe pareceu que o loiro não queria isto depois de ouvi-lo falar.

Mais ou menos depois de 50min., e um pouco mais calmo, Lucas percebeu pelo espelho do carro que Rodrigo estava voltando ao carro. Já ia abrir a porta para ajuda-lo quando enxergou Maiara ao seu lado, com sacolas também. Não estava acreditando, não tinha algo pior pra acontecer? Vê-lo ao lado dela ainda o fazia sentir-se mal, inseguro e com muito ciúme. O loiro já havia lhe dito que não tinham mais nada, mas bastava enxergar ela dirigindo um olhar a ele que se sentia incomodado com isto.

– Está bem Mari, eu estou indo para aquele lado. A gente se fala. – Rodrigo tentava se afastar da guria, imaginando e sentindo que estava sendo vigiado por certo moreno. A presença dela apenas pioraria a situação dos dois, sabia disto.

– Tu queres uma carona? Eu e o pai podemos te deixar em casa. Se quiser podes ficar por lá também, o pai vai fazer um churrasco para os amigos, tu sabes, ele adora se exibir na volta da piscina. Aliás, um dia ele me perguntou quando tu irias parecer por lá, quem sabe...

Rodrigo tentava não ser indelicado, e ela, como sempre, continuava muito tagarela. Ele na verdade achava até graça, apesar de ser irritante. Apenas não convivia mais com ela, fora a sala de aula, por conta de Lucas. Que, aliás, deveria estar “adorando” o que via.

– Não posso hoje. Mas outro dia a gente combina, ok? Tchau. – Não conseguiu desviar do abraço que ela lhe deu ao se despedirem. As coisas apenas “melhoravam” para seu lado.

Quando Rodrigo chegou ao carro, percebeu logo que Lucas havia visto a cena. Calado ele já estava, mas sua expressão havia mudado de triste, como antes, para também bravo. Que bom, a conversa quando chegassem em casa seria ótima. Apostava nisto.

***

Quando Lucas abriu a porta, Rodrigo foi direto para a cozinha guardar as compras. Era quase 20h, ambos haviam ido até em casa calados. Uma chuva, que prometia tornar-se um temporal, começava, trazendo um frio intenso. Lucas se controlava para não explodir, enquanto Rodrigo pensava nas palavras certas para usar. Não queria brigar com ele. Não havia necessidade disto. Mas precisavam conversar.

– Lucas, a gente pode conversar agora? – Como sempre, o mais novo que tomava a iniciativa.

Luke foi até as janelas, fechou os vidros que estavam abertos, guardou as cartas que Solange parece ter pego na portaria pra ele e conferiu se havia algum recado na secretária do telefone. Tudo isto em silêncio, sem nem ao menos dirigir um olhar para o loiro.

Ok, pensou Rodrigo. Talvez brigassem um pouco.

– Acho que não adianta nada isto, não é? Se tu falares alguma coisa eu vou conseguir saber o porquê do silêncio mórbido. – O loiro falou.

Lucas sentou. Não tinha mais o que fazer pra fugir da conversa, e por fim olhou o mais novo.

– Quem sabe a conversa com a Maiara seja mais interessante que essa que teremos. Seu eu fosse tu pensava duas vezes antes de não aceitar o provável convite que ela te fez.

Rodrigo pensava o quanto a raiva fazia Lucas virar outra pessoa. Parecia que dava a ele uma força que não tinha em outros momentos.

– Se eu realmente pensasse isto, não estaria aqui. – Rodrigo foi andando até a sala, mas continuou de pé, em frente ao moreno. – Acho que temos coisas mais importantes pra conversar do que passar por esta ceninha de ciúmes.

Rodrigo falou isto sabendo que o outro não iria negar. Já haviam conversado sobre isto em outros momentos. Lucas não apenas tinha ciúmes da ex-namorada, mas também de qualquer pessoa que se aproximasse do loiro. Talvez apenas Clarissa escapava disto. Até porque, percebeu que o mais novo não se afastaria dela, mesmo que pedisse.

– Se tu estás dizendo... – Lucas sabia ser irritante. Mas Rodrigo sabia que era uma armadura, por isto tentava, ao máximo, relevar.

– Que história foi aquela de que um dia isso aqui vai acabar? Por acaso isso que estamos tendo, pra ti, tem prazo de validade? Em um dia irás simplesmente cansar de mim e partir pra outra?

Rodrigo sabia que não era neste sentindo que Lucas havia dito aquilo. Que seria justamente o contrário. Mas quis virar o jogo o acusando como estava sendo atingido, pra ver se causava alguma reação. Lucas, no momento que ouviu o outro voltou seus olhos para ele. Pensava no que Rodrigo estava tentando fazer.

– Tu sabes muito bem que não foi isto que eu quis dizer.

– Não, Lucas. Eu não sei. Tu não me deixas saber o que estás sentindo. Poxa, toda vez que eu acho que a gente avançou, voltamos de forma quase drástica duzentas casas.

Rodrigo acabou sentando a sua frente. A chuva agora caia de forma incessante lá fora. O som era o único que podia ser ouvido ali. A tensão parecia apenas aumentar entre os dois. O loiro pensava na noite passada e na conclusão de que estava apaixonado por Lucas. Mesmo em pouco tempo, mesmo nunca tendo pensado sobre isto em toda sua vida, estava ali, disposto a amar outro homem. Porque era Lucas, aquele que havia conquistado este espaço em si. Mas estava sendo mais difícil do que imaginava. Pela manhã pareceu que tudo estaria tão melhor.

Percebendo que Lucas não falaria nada, Rodrigo decidiu continuar. Sua família, ao contrário do moreno, havia lhe dado uma base muito sólida. Ele não tinha medo de falar aquilo que estava sentindo. Claro, tinha suas inseguranças, como era normal em alguém de sua idade. Ainda mais quando pensava em Lucas, que era mais velho e mais experiente.

– Se você não quiser mais seguir, já te falei, a gente pode parar por aqui. O que eu sinto é que parece que eu não correspondo aquilo que tu desejas e precisa. Por mais que eu tente, não estou conseguindo acompanhar teus ideais em um relacionamento pelo jeito... – Ao falar isto, Rodrigo se sentia derrotado. Não queria que acabasse aquilo que estavam começando, mas não estava dando certo. – Eu acho melhor ir embora.

Mais uma vez o silêncio se fez presente, sendo o único som que podia ser ouvido. Luke queria responder ao loiro, mas estava sem palavras. Não sabia o que dizer, apenas que não queria que ele fosse embora. Mas não sabia como pedir isto sem parecer desesperado.

– Em nenhum momento eu disse que gostaria que fosses embora...

– Mas também não pediu para que eu ficasse. Não és o único que tem direito as inseguranças, Lucas.

Assim que falou isto, Rodrigo se arrependeu. Imediatamente o mais velho levou sua mão ao peito, como sempre fazia quando incomodado. Droga!

Levantou em busca de suas coisas. Iria sair dali, ficar discutindo com o outro não ajudaria em nada. Pelo contrário, ambos estavam sendo machucados. Estava indo em direção a sua mochila, que Lucas nem havia percebido que estava por ali, quando o mais velho segurou seu braço.

– Acho melhor tu não sair com o tempo que está fazendo lá fora.

– Não tem problema, eu preciso ir pra casa, Lucas. Acho que é melhor assim. E não precisa me levar.

– Ou tu ficas aqui e vai amanhã, se quiser. Ou eu te levo. Escolhe. – Lucas entendeu o que Rodrigo estava lhe dizendo. Ele nunca tomava a iniciativa para que fizessem um simples programa, ou para que o visitasse. Sempre esperava que o loiro se manifestasse. E isto, ao que parecia, havia sido interpretado pelo mais novo como falta de interesse. Se ele soubesse que fazia isto apenas para se proteger, por medo de ouvir um não...

Rodrigo ficou pensando no que o moreno falou. Morava longe, e com essa chuva sairiam de carro, mas não conseguiriam chegar até sua casa. A cidade alagava normalmente, ficaria um caos. Decidiu ir amanhã pela manhã, seria melhor.

– Está bem. Amanhã bem cedo eu vou embora. Vou ficar aqui pelo sofá mesmo. – Resolveu dizer logo. Não conseguiria, como na noite passada, dormir ao seu lado depois dos minutos passados. Pelo jeito do moreno, e a falta, ainda, de respostas, as coisas continuariam como estão. E isto o loiro não queria mais, não sabia conviver assim.

Lucas pensou em argumentar, mas nada disse. Foi até o quarto, pegou uma toalha para o loiro, assim como, algumas roupas de cama. Em silêncio, foi para o quarto e fechou a porta. Mas não trancou. Desde pequeno, estar no escuro, e em lugares trancados, o fazia ficar em pânico.

Rodrigo usou o banheiro da casa, ao contrário da noite passada que usou o do quarto de Lucas, tomou um banho rápido e deitou. Seu corpo pedia a presença do moreno. Morria de vontade de ir lá e bater na porta do outro. Mas não faria isto. Ele precisava aprender a falar. Ao menos sobre aquilo que ele o questionava. Não conseguiriam viver assim nesta gangorra emocional. Não estava sendo bom para nenhum dos dois. Com este último pensamento, acabou dormindo, sem comer nada mesmo. Havia perdido o apetite.

Era 3h da manhã. Rodrigo virou-se no sofá, que não era muito grande, e acabou acordando. Percebeu que a sala estava no escuro, provavelmente, havia faltado luz. A chuva continuava caindo forte lá fora. Levantou, sentindo a barriga roncar de fome, e foi até a cozinha procurar algo pra comer. Resistiu em ir até o quarto de Lucas. Ele precisava deste tempo para pensar. Foi quando estava terminando de servir um copo de suco que ouviu a voz do mais velho. Mas não parecia falar com ele. Era carregada de uma angustia, e gemidos de dor. Largando a jarra resolveu ir até o quarto dele. Ao abrir a porta se assustou com o que viu. O moreno estava deitado na cama, no escuro total, se revirando e chorando muito. Quando se aproximou, sentiu-o apertá-lo bem forte, quase o sufocando. Foi quando ouviu algo que fez seu coração gelar, e ao mesmo tempo derreter.

– Por favor Deus, me escute dessa vez. Por favor, não me tira a única pessoa do mundo que eu amo. Por favor, não leve o Rodrigo de mim!


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Notas finais do capítulo

Espero que mereça algum comentário.
Até o próximo capítulo. COmo sempre, espero que eu não demore!
bjos,
Agridoce.