" Mudando de fase " escrita por Paula Reiss


Capítulo 1
" Mãos nos bolsos "




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No inverno eu estive com as mãos nos bolsos vagando por ai, tentando esquecer da sua falta, e da dor que ela me trás. Nas noites frias me revirei em meio as cobertas em tua busca. Desci as escadas, sai pela porta e caminhei, observei as estrelas, as constelações que se reencontravam em perfeita harmonia, e causei aquele sentimento de vazio dentro de mim novamente. As pessoas costumam me perguntar como eu aguento ficar me autodestruindo, com essas lembranças que só me causam sofrimento, e como sempre a resposta é um vácuo entre nós, mas na verdade ainda tenho uma esperança dentro de mim, que assim eu irei me “acostumar” com tudo isso, sofrendo e se adaptando a dor. É como um machucado, se você causa a dor por muitas vezes, acaba se acostumando, e aquilo vai se amenizando aos poucos dentro de si, até se curar.

Eu só estava procurando um sentido para minha vida. Ter pelo que lutar, sentir e amar, mas você cruzou meu caminho nessa estrada. E talvez um dia eu consiga acordar sem estar atordoada pela sua falta, e não precise que me salve.

Odeio admitir que o motivo da minha insônia é você. Odeio não poder conter as lágrimas toda vez que me deito. Odeio saber que você não se importa. Odeio cada vez mais por saber que agora eu dependo de você. E é como se as lágrimas cortassem meus olhos enquanto escorrem pelo meu rosto. Um grito por liberdade ecoa dentro de mim. Um grito de liberdade ecoa dentro de minha alma. Eu procuro a resposta em seu olhar, mas ela só poderá ser confirmada através de suas palavras, então diga-me.

O relógio nunca teve tanta pressa. O tempo nunca esteve tão inconstante, e as nuvens nunca viajaram tão rápido pelo mundo como nos últimos dias. Quem me dera poder viajar para o futuro, encontrar uma nova pessoa que já tenha passado por tudo, que já tenha as respostas para todas as minhas perguntas de hoje e para as novas que estão por vir.

“Eu sai, coloquei meus fones, e enfiei as mãos nos bolsos. Naquele dia de chuva eu me deparava com a solidão em minha frente. Sem poder escapar, e sabendo que a tentativa de sair correndo era inútil, comecei a andar em linha reta, com a esperança de que algo fosse me tirar daquele lugar. Como sempre, fui pelo caminho mais longo. Na metade da minha caminhada, ouço gritos abafados, por conta do som da água batendo contra o asfalto de concreto, me viro, e me deparo com você… ” Gosto dessa versão como qualquer um que esteja em colapso por causa do amor. Imaginando em noites como essa se você apareceria do nada, me abraçaria, e me diria que nunca mais vai sair do meu lado, nunca vai me deixar, e que eu poderia ficar calma, porque nos teus braços estaria segura. Mas este é só mais um dos efeitos colaterais de se amar. Essas vontades não passam de imaginação.

Quem sabe um dia eu encontre alguém com as mãos nos bolsos, a procura da cura dessa doença, boa pra uns, mortífera para outros, que é o amor.


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