A Origem do Trono - A Seleção escrita por Alice Zahyr


Capítulo 12
A cobra de perigosos olhos castanhos


Notas iniciais do capítulo

Notas finais ~



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Tevon saiu do jantar com os chefes dos Mercenários quando seu relógio indicou ser meia-noite e quarenta.

– Senhores - ele levantou-se - foi uma grande jantar ao lado de vocês. E é uma honra maior ainda termos fechado um contrato milionário com o governo do México. Agradeço a presença de todos, mas lamento informar que terei de me retirar agora.

Um dos chefes ergueu as sobrancelhas, surpreso.

– Já vai, senhor? - questionou, convidando-o a ficar mais. Mas Tevon meneou a cabeça, negando.

– Eu tenho algumas coisas para resolver nesse momento, mas é claro que vocês podem continuar festejando - Tevon informou, colocando sua cadeira à mesa de volta. - Pedirei que os cozinheiros providenciem mais cerveja.

Os chefes bateram as mãos na mesa, celebrando.

– Hoje é, definitivamente, a melhor noite de minha vida! - um deles exclamou, e todos riram.

Tevon se afastou sutilmente e pediu a um servente do jantar que trouxesse mais cerveja para seus homens. Em seguida, apressou-se em ir para seu quarto. Para todos, aquele fora um grande dia - e fora, realmente - no entanto, Tevon ainda tinha algo pendente, e sabia muito bem que não teria muito tempo para resolver isso depois.

Quando alcançou o andar de seu quarto, o primeiro do Dormitório do Comando Geral, no subterrâneo, Tevon olhou para trás, à procura de alguém.

Ninguém, ele pensou, aliviado. Então rodou a chave na tranca da porta, que estava levemente emperrada.

– Saiu cedo - uma voz disse.

Ele conhecia aquela voz. O tom grave e rouco havia se tornado familiar há muito tempo. Familiar, mas talvez não confiante. Talvez não mais confiante.

– Natalie - Tevon virou-se para a frente e encontrou-a com o pé na parede. - Por que está aqui?

Natalie passou a língua levemente pelos dentes. Mesmo de boca fechada, eram nítidos seus movimentos. Ela sempre fazia aquilo quando estava nervosa - ou desconfiada.

– Por que saiu tão cedo? - ela questionou.

Tevon deu de ombros.

– Precisava resolver algumas coisas.

Natalie riu secamente.

– É mesmo? - ela se aproximou e pôs as mãos nos ombros de Tevon. A morena olhou no fundo de seus olhos, analisando microexpressões. Mesmo sob pressão, Tevon permaneceu inexpressivo. Ele era bom nisso. Mas, ela sabia. - Por que está tentando me enganar? - Natalie se afastou repentinamente. Seu movimento abrupto soou como uma defensiva; como se Tevon a estivesse traindo. Jogando fora a confiaça que tinham.

– Não estou tentando enganá-la - ele respondeu, abrindo a porta do quarto. - Só... Não quis preocupar você.

– Pare - ela pediu, calmamente. Porém, mesmo com os esforços, sua raiva era captável na forma como sibilava as palavras - com força, como se quisesse cuspi-las. - Tudo bem, eu vou embora, se é assim que você quer. Detesto jogos psicológicos, sabe disso.

Natalie deu as costas e seguiu em direção ao elevador depois do estreito corredor, cujos quartos se restringiam à três - o de Tevon e de dois comandantes dos Mercenários.

Tevon observou-a andar pelo corredor. Natalie era alta, as botas pretas alongavam-lhe a silhueta. E conforme dava os passos, seus cabelos remexiam-se juntamente com a cintura, como uma dança em que apenas ela estava sintonizada. Natalie Parker... Tão bela. Tão jovem. E tão... Indecifrável.

– Natalie - ele chamou-a. Ela continuou andando. - Natalie.

– Vai ser honesto? - ela perguntou, parando de andar.

– Uhum.

Natalie virou-se e deu meia volta para trás. Seus passos apressados - mais do que quando fingiu estar indo embora - fizeram-na se aproximar rapidamente dele.

– Olha, se não quiser me contar... Tudo bem. Só... Você sabe que eu me preocupo - ela sussurrou, virando a cabeça para o lado. - Com você. - Engoliu em seco; não era boa com palavras.

Tevon sorriu levemente e pôs uma mão em suas costas, guiando-a para dentro de seu quarto.

– Eu preciso descobrir uma coisa - ele respondeu, enfim. Natalie ergueu as sobrancelhas, curiosa. - É sobre esse tal neto do antigo presidente do México.

Natalie colocou as mãos na cintura e encostou-se à estante do quarto.

– Desconfia dele? - Tevon assentiu. - Hum... Ok, acho que eu também não confiei muito nele desde o início, também. O que você quer descobrir?

Tevon pôs uma das mãos na nuca e estralou as costas. Aparentava mais cansaço do que o normal, e Natalie percebia. Sua preocupação crescia conforme o comportamente estranho de Tevon, que vinha passando de "o severo e irônico líder dos Mercenários" para "o observador e astuto cara misterioso [e musculoso]".

– Sei que parecerá coisa de minha cabeça, mas... Ele tem filhos? - Tevon perguntou.

– O que? - a morena franziu o cenho. - Bem, não sei. Talvez.

– Quero que descubra isso para mim - ele se levantou e apoiou as mãos na estante onde Natalie estava encostada, aproximando-se de seu corpo. - Descubra tudo o que puder sobre ele. Filhos, adoções, doações para orfanatos ou entidades que cuidam de crianças abandonadas, cheque se tem família, divórcios... Tudo que conseguir sobre isso. Eu realmente estou curioso.

Natalie afastou-se da estante e repousou as mãos em suas costas.

– Farei isso - ela concordou. - Mas... Alguma dica? Algo que queira me dizer?

Tevon virou-se e envolveu-a com os braços.

– Não é nada demais - ele sorriu. - Você sabe. É sempre bom conhecer os inimigos. No caso de...

– Uma renegociação - Natalie arqueou as sobrancelhas. - Então sua bondade era apenas fachada esse tempo todo?

Tevon riu de sua piada.

– Um líder não pode ser feito apenas de bondade.

Natalie se aproximou mais, seus olhos castanhos procurando algo que ele não dissesse com os lábios. Ela pôs uma perna cuidadosamente em cima da estante, passando-a pela cintura de Tevon. Ele respirou fundo e prendou o ar dentro dos pulmões.

– Lembro-me de quando você chegou à cidade - ela disse, seus olhos brilhavam conforme trazia as imagens à mente. - Você tinha dezoito anos, acabara de fugir de casa...

– Eu passei sete dias numa espelunca, dormindo com ratos, até que te encontrei. - Tevon completou. - E você me ajudou a cumprir minha vingança.

Natalie levantou uma sobrancelha; com cautela, passou uma mão por seu ombros e desceu-a por sua barriga.

– Uma vingança que não é mais vingança. Agora, é um mundo. Um povo.

Tevon inclinou o rosto levemente e deitou-o sobre o pescoço de Natalie, beijando o percurso de sua veia. A pulsação ficou mais rápida quando ele pôs os lábios ali.

– Sabe que quando o México se reerguer, poderemos fazer o que quisermos. Certo? - Natalie arquejou quando ele desceu os lábios para pouco acima de seu busto.

– Shhh - ele sussurrou. - Deixe isso para depois.

Tevon puxou-a de supetão e virou-a de lado, inclinando seu corpo sobre a estante e beijando-a.

De repente, um barulho veio da porta. Uma batida. Tevon ignorou, voltando-se para Natalie. Ele puxou sua jaqueta e jogou-a no chão.

Mas então a porta começou a ser esmurrada.

– Mas que porcaria – Tevon praguejou, afastando-se. Natalie revirou os olhos e suspirou, andando para o outro lado do quarto, onde a visão de quem quer que estivesse na porta restringia-se à estante e janela.

Tevon abriu a porta com brutalidade.

– O que é?! - ele exclamou, irritado.

Alan olhou-o assustado. Por que Tevon estava sem camisa?

Bem, decidiu deixar pra lá ao se lembrar do que fora fazer ali.

– Senhor, eu...

– Sabe que está invadindo o Comando Geral? Como conseguiu entrar no dormitório? - Tevon questionou, aumentando seu tom de voz ao tomar consciência do garoto. Alan, o beberrão. O irresponsável. E ainda por cima, arrogante.

Alan estremeceu e se afastou instintivamente.

– Senhor, minha parceira de equipe foi envenenada - ele disse, rapidamente, antes que fosse interrompido outra vez. Tevon arregalou os olhos.

– Como é? Como assim... En-envenada? - ele gaguejou, assustado.

Alan assentiu com um gesto de cabeça.

– Sim, senhor. E eu não sabia com quem falar - ele curvou os ombros juntamente com as sobrancelhas.

Tevon entrou rapidamente em seu quarto para pegar sua camisa, vestindo-a com pressa.

– Quem é?

Alan seguiu-o pelo corredor em direção ao elevador.

– Cher, senhor.

De tão atordoado com aquela notícia, Tevon acabou esquecendo-se de que deixara seu quarto aberto. E Natalie estava lá dentro.

Escondida à sombra da parede formada pelo guarda roupa, a morena prendia a respiração enquanto ouvia o que Alan tinha a dizer.

"Senhor, minha parceira de equipe foi envenenada" ele dissera.

Natalie sentiu o coração acelerar quando Alan confirmou o fato.

Ela precisava correr imediatamente até a cabana onde morava antes de se mudar para o dormitório do Comando Geral e ver o que diabos acontecera com seu viveiro secreto.

Se Cher fora mesmo envenenada, talvez nem secreto ele fosse mais.

***

Natalie Parker abriu a porta de seu quarto brutalmente; precisava maquiar os fatos antes que alguém chegasse lá.

Ela foi em direção à porta branca onde estava escrito "banheiro" e abriu-a.

O cheiro parecia o mesmo. Desifentante com...

– Urina de rato? - Natalie curvou-se sobre a bancada de granito para ver do se tratava aquele líquido amarelado e fedido que estava derramado sobre o lugar em forma de uma mini poça. De onde diabos veio esse xixi de rato?

Ratos não entravam ali, exceto os que vinham do cano de esgoto e desciam diretamente na jaula das cobras. Então, por que havia urina de rato na bancada de extração de veneno?

Natalie respirou fundo e fechou os olhos. Oh, droga.

Era mais que claro. Alguém havia descoberto seu viveiro de cobras, e tinha usado um rato para atrair alguma delas. A questão era: quem havia descoberto, e qual cobra pegara?

Por que alguém quereria envenenar logo Cher?

Natalie andou por entre as jaulas de vidro reforçado, analisando a quantidade de cobras que havia em cada um.

– Três jaulas - ela sussurrou, contando. - Três de cada espécie em cada jaula.

A primeira e a segunda estavam intactas. Mas a última... Não.

– Ah, não - Natalie arquejou e arregalou os olhos. Agora, sua respiração estava aceleradíssima e entrecortada, tentando regularizar-se novamente. - A cobra branca, não.

A mesma cobra que matara Kaius e Lorena.

– O que vou fazer? - Natalie levou as mãos à testa.

Só havia uma solução para aquilo.

E Natalie sabia exatamente qual era.


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Notas finais do capítulo

HEY! Sei que demorei, me desculpem, eu fiquei muito perdida quanto aos acontecimentos, e também fui atualizar A Dama Solitária T_T. E aí, o que acharam desse capítulo? Sei que ficou pequeno, mas é que eu estou cansada e escrevi o que consegui hehe. Aí, leitores fantasminhas, seus lindos, por favor apareçam, digam apenas um oi e me façam feliz, que tal? Eu agradeceria muito e.e
Alice

PS: GENTE, sério que eu tive de me segurar pra não colocar uma fala da Natalie bem assim "Como uma deusa você me mantém" KKKKKK. Ai, eu não estou bem. MAS MDS. É QUE É A NATALIE, GENTE. Eu juro que consegui visualizar a frase E.E



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