Double face escrita por Nymeria Martell


Capítulo 14
Cap. 14: Salvos


Notas iniciais do capítulo

"− Já decidi. Posso confiar na Helen, mesmo sabendo que deve ter mais motivos para ela querer ir, mas com certeza ela não colocaria nossas vidas em risco, e nem a da Amanda. Mas a Raquel… Não, não confio em você."



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Acordo com dor de cabeça. Minhas costas ardem, meu joelho dói, e na minha boca tem sangue.

Tento me sentar, mas uma mão me impede. Tento enxergar, mas minha visão está embaçada. Alguém ergue minha cabeça e um copo surge em minha boca. Bebo. É um liquido estranho, como se fosse um remédio que nunca tomei antes.

− Ele foi o que mais se feriu – Ouvia uma garota falar. – Nós temos apenas aranhões.

− Ainda não intendo porque vocês estão nos ajudando. – Agora uma voz masculina. – Por que tem que esperar ele acordar para vocês disserem?

− Tenham paciência, ele acordará logo. E não quero repetir tudo duas vezes. – Uma voz feminina diferente da primeira. – Lipe, você logo ficará bom ok?

Desmaio novamente.

Algo roça em meu braço. Acordo com um pulo. Vejo que é um gato, ele é enorme e branco, está dormindo. Olho em volta e vejo que o gato não é o único. Rick e Mandy estão deitados mais a minha esquerda, a direita vejo uma silhueta feminina, de cabelos longos e loiros, de costas dormindo também.

Tento me levantar. Uma dor nauseante toma conta de mim. Sinto vontade de vomitar. Enxergo tudo preto e meu corpo fica fraco. Vacilo e caio. Antes de ter a oportunidade de dar de cara com o chão, alguém me segura.

− Você não deveria levantar sozinho. Ainda está muito fraco.

− Helen? – A voz é dela, com certeza. Sem duvida.

Olho para ter certeza. Sim é ela. Está com uma aparência cansada, suas roupas estão sujas, assim como seu rosto. A silhueta que vi deve ser a Raquel.

− O que está fazendo aqui?

− Já vamos lhe contar – Diz com calma – Sente-se aqui, vou buscar algo para você comer.

Logo depois ela trás um sanduiche e um copo d’água.

Bebo toda a água e devoro o sanduiche. Está muito gostoso, e eu estava faminto. Após terminar, me sinto melhor.

− E então… o que aconteceu?

− Vocês… quer dizer, eles. – Ela ri – Ganharam a luta.

Mostro a língua pra ela.

− Cheguemos assim que terminou – Ela prossegue sem me dar bola – E salvamos sua vida… então cala a boca.

Faço uma carreta. Ela, muitas vezes, age dessa maneira, o que me irrita. Sempre irritou. Ainda não sei como conseguia namorar com ela.

Com esse pensamento de namoro, acabo pensando na Amanda, na Verdadeira. Uma lagrima escorre pelo meu rosto.

Helen percebe. Ela pode ser irritante, mas não gosta de fazer as pessoas chorar.

− Ah… eu… me desculpa… Lipe. Eu não queria magoa-lo

− Não foi você – Enxugo a lagrima. – é que lembrei da Amanda. Ela deve estar… sozinha, sofrendo… sabe?

− Você realmente gosta dela né? Eu não queria lhe perguntar isso, deve ser muito malvado da minha parte, mas… E se ela morrer? Tipo, sei lá, ninguém aguentaria isso. Ser congelado e depois… derreter? Eu sei que ela tá viva… mas como iremos descongelar?

Penso no que ela disse. Na mesma hora uma mão gelada envolve meu coração. Como eu viveria sem ela?

− Eu… nunca pensei nisso. Não sei o que eu faria.

− Mas… o que você sente é amor?

Encaro-a. Seus olhos azuis são, realmente intimidadores, o que a faz ser sensual. Seus cabelos bagunçados caem lisos sobre os ombros e costa. Mesmo sem maquiagem ela á bonita. Amanda também. Mas é uma beleza diferente. Enquanto a Amanda tem um ar louco e incandescente. A Helen parece séria e sedutora.

− Amor? Eu não sei o que é isso… mas sinto algo por ela, e não é uma simples paixão passageira. E o que você sente por ele? – Faço um gesto em direção ao Rick.

− Não sei… − Sua expressão é neutra. – Acho que, um carinho muito grande. Pra mim não existe amor. Não entre um casal, a não ser que o tempo os faça aprender a amar. Como pais de muitas famílias.

Ouço um barulho. Olho na direção e vejo que Rick acordou. Raquel alevanta também. Mas Mandy não se move.

− Bom dia… − Rick se espreguiça. Ele olha para Mandy e sua expressão fica séria. – Viu? Ela não deveria se recarregar toda a noite?

Mas como iremos fazer isso no meio do nada?

− Caramba. – Diz Raquel – O que faremos? Vamos a abandonar?

− Claro que não! – Digo rápido de mais. – quer dizer, ela é da equipe. Está do nosso lado!

− A Que custo? – Pergunta Raquel. – Ela não tem interesse nenhum nisso… só se estar oculto, é claro!

− E vocês? – pergunto. Rick só observa. – Ainda não disseram o porquê estão…

− Vamos dizer! Quer que falamos nas frente dela ou não? – Ela aponta para Mandy.

Nesse instante Mandy se move. Ela senta e nos encara.

− O que perdi?

− E… sua bateria!? – Pergunto.

Ela fica em pé e ri.

− Não sou como teu celular… tenho uma reserva.

− Quanto dura? – Pergunta Helen autoritária.

− Depende o que faço. Mas nessa situação, digamos… mais um dia. Por causa da luta e tal.

− E você estava desligada? – Pergunta Rick, como o nerd de sempre.

− Digamos que é um estado de hibernação. Se eu fosse desligada… não voltaria a funcionar sozinha.

− Entendi… Bom, vamos achar um lugar com tomada certo?

− certo. – Helen responde.

− Errado. – Prossegue Mandy. – acho que a Helen e a Raquel tem uma coisa a nos dizer.

Encaro Helen… Rick parece desconfortável, mas não diz nada. Raquel começa:

− Rick contou-nos que vocês iam salvar a Amanda.

− Contei para a Helen. – Ele interrompe.

− Tanto faz… − Raquel prossegue – Helen me contou… decidimos ir junto.

− Por quê? – pergunto… a explicação não está concluída, ela só nos diz o obvio.

− Eu quero ajudar meu namorado. – Diz Helen – E adoro uma aventura, e vocês não durariam um dia sem uma fêmea…

− ãh? E Eu sou o que? – Pergunta Mandy.

− Uma maquina, − Raquel responde – E eu vou para me redimir com a Amanda, já fiz muito mau a ela.

− Exato. – Diz Mandy – Por isso mesmo que não podemos confiar em você, e eu tenho sentimentos, mesmo sendo uma maquina.

− Sério? – Pergunta Rick. –Mas como?

− São implantados em mim, eu não sei explicar, vocês estão me deixando nervosa!

Rick e eu soltamos um leve risinho, o que a faz sorrir. Sim, ela tem sentimentos.

− Já decidi. Posso confiar na Helen, mesmo sabendo que deve ter mais motivos para ela querer ir, mas com certeza ela não colocaria nossas vidas em risco, e nem a da Amanda. Mas a Raquel… Não, não confio em você.

Pego minhas coisas e tomo a frente apoiado em Mandy, apesar de ter melhorado, ainda me sinto fraco.

Sei que elas nos salvaram… principalmente a mim. Mas se Raquel é inimiga da Amanda, é minha inimiga também. E se a Helen é namorada de meu amigo, melhor amigo. Devo confiar nela… mesmo sabendo que ela não faria caridade para ninguém, muito menos pra Amanda.

Sigo com o olhar no chão, o pensamento nas gêmeas e o coração com a Amanda.

Ao meu lado, o clone da minha namorada pega na minha mão. Encaro-a atônito, por que ela fez isso?

− hei… −ela começa – Tenho uma ideia. Quero mudar de aparência. Acho que esse visual te incomoda.

− Um pouco – admito – Mas como…?

− tem um cara… meu criador… ele mora numa ilha. Posso ir até lá para ele me reprogramar, mas isso nos tiraria da rota inicial. Então vou improvisar num salão de beleza, e na volta vou ver ele… e possivelmente sumir da vida de vocês. Mesmo que eu e ela estejamos longe, não daria certo usar a mesma identidade. Não é?

− você não precisa ir. Podemos fugir juntos, de qualquer modo, não podemos enfrentar o Leandro.

− Não se pode fugir de seus medos Lipe… caso contrario, a Amanda nunca estaria com você.

− Por quê? – Pergunto espantado.

Ela ponha a mão no meu rosto e diz com calma e delicadeza.

− Por que ela tem medo de amar.

Mandy vai na frente, me deixando para trás. Claro que eu sabia disso. Mas mesmo assim foi uma baita lição. Eu ando fugindo a vida inteira de meus medos, Amanda também… mas seu pior pesadelo morava com ela. Mas eu via… sempre que ela podia, nunca subia a escada… só porque é feita de mármore.

− Mandy. – Chamo-a. Ela olha para trás. – Já que você sabe do medo dela de amar, não saberia me dizer por que ela tem tanto medo, ou porque detesta mármore?

− Se quer realmente saber… − Ela se aproxima mais e pega em minhas mãos. – Quando ela era pequena o pai dela a trancava num cubo, isso deveria causar claustrofobia… Mas acontece que o cubo era feito de mármore, mármore é gelado. Pense como seria passar noites dormindo nessa pedra fria.

− Pera ai… quer dizer que.

− Sim… fica abaixo da escada, fazendo parte dela… se quer um conselho, nunca entre lá… não vai gostar do que verá.

− Mas a mãe dela disse…

− Ela tinha um certo pânico – Novamente ela me interrompe, como se adivinhasse o que eu iria perguntar – mas era porque a mãe dela quase havia morrido porque escorregou nessa pedra. Mas após o que o pai dela fez, esse medo aumentou muito mais.

− Por que ela nunca me contou?

− Por que… ela tem outro medo… e dizendo isso para você ela estaria… aceitando a verdade, nada mais pareceria um pesadelo e sim, a dura realidade.


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Notas finais do capítulo

Próximo cap.: "Pra ele não ter alcance acabo estendendo o quadro para trás. Sinto um choque por meu braço, caio de joelhos com meu braço sendo puxado. Raquel começa a gritar mandando eu largar o quadro dizendo algo do tipo: Ele é amaldiçoado, Aqui tem bruxaria e até O quadro está vivo."



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