- Lily!

James Potter correu até a ruiva, que não se importou com o grito exagerado do adolescente e prosseguira andando.

- Lily – ele a segurou pelo ombro, já falando em tom normal. – Lily, espera.

Ela se virou para ele, quase que brava, e disse:

- Me larga, Potter.

- Lily, não, por favor...

Deixando os livros caírem no chão, Lily tirou a mão de James de seu ombro e disse:

- Evans, Potter. Quantas vezes terei que pedir que me chame de Evans?

- Lily, por favor, me escuta. Por favor... Eu imploro.

- Potter, por favor peço eu. Me deixa! Este ano temos os NOM’s, e eu preciso ir bem neles. Você sabe. Então por favor, Potter, me larga. Eu preciso ir estudar.

Ela recolheu os livros do chão e ele, atônito, ficou, paralisado, observando ela ir na direção da biblioteca.

- Bola fora, hein, Pontas? – Sirius Black apoiou o braço no ombro do amigo.

- Almofadinhas, eu... – James arrumou os óculos na ponta do nariz e assanhou os cabelos. – Não sei o que faço.

- Aí, colega – Remo Lupin entrou na conversa -, ela é difícil. Mas, saiba, estaremos aqui – deu um soquinho no ombro de James.

James riu e Pedro Pettigrew juntou-se a eles.

- O que perdi?

- Nada essencial, Rabicho – disse Sirius, rindo.

James pegou a varinha e começou a girá-la no ar. Pequenas faíscas saíam da ponta da varinha de mogno e, depois de algum tempo, formaram a frase “Lily Evans, eu te amo”, seguida de um coração.

- Conquistador! – gargalhou Sirius, mas isso não melhorou a cara triste de James.

- Aí, desembucha. Que aconteceu dessa vez que te deixou assim? – solidarizou Remo.

- Ela só... Ela me acha um cafajeste, me odeia, me ignora. Não posso chamá-la de Lily, Aluado! Não posso chamá-la de Lily! Ela... Por que ela me odeia?

- Só pode ser Ranhoso – concluiu Sirius, esfregando as mãos maliciosamente.

Pedro fez uma careta de desagrado.

- Eu vou esperar por ela – admitiu James. – Não importa o quanto demore.

***

James acabara de arrumar suas coisas no dormitório e desceu para a sala comunal, pronto para ir ao Salão Principal para ouvir Dumbledore dizer “Bem vindos, alunos” pela última vez. Vazia, exceto por...

- Lily.

A garota olhou-o com o canto dos olhos verde-esmeralda.

- Lily, você vai me escutar dessa vez?

Ela não fez objeção. Fez menção de ignorá-lo, voltando o olhar aos avisos que pregava no quadro a eles destinado, mas não realmente se moveu.

- Lily, eu gosto de você. Gosto muito, eu te amo. Seremos monitores juntos agora, sabe? Bem, eu quero dizer que queria que você...

Ele fez uma pausa para poder virar o rosto de Lily para o dele, olhando profundamente nos seus olhos verdes.

- Queria que você saísse comigo.

- Mas mal nos conhecemos, Potter. E eu preciso estudar, você já cansou de ouvir.

- Em primeiro lugar, Lily, eu te conheço como ninguém. Sei como ama batatas fritas, e trocaria um banquete majestoso por uma porção de batatas fritas com tigelas de ketchup e de mostarda. Sei como chora por sua irmã antes do início do ano letivo. Sei como tenta me odiar, pois sou maldoso com qualquer um, mas não consegue e... Eu só queria te avisar que mudei.

Ela começou a mexer o nariz, nervosa, e a girar os punhos.

- Sei como faz movimentos involuntários quando está nervosa. Como agora. Sei como gagueja se alguém “te empurra contra a parede”, te deixando num beco sem saída. Sei como que sair daqui e fugir para nunca ter que responder à essa simples e comum pergunta: quer sair comigo?

- P-potter... E-eu...

Ele aproximou seus rostos e olhou profundamente nos olhos dela. “Tão linda, tão delicada, tão inteligente... Lily Evans, você é perfeita. E eu te amo”, pensou.

- Não precisa responder mais, Lily. Estamos sem tempo. Somos monitores, devíamos estar no Salão Principal, não é? – provocou.

- É... Quero d-dizerr...

- Lily. Pare de ser tão certa. Apenas siga a vida.

Beijou-a. Segurou firme na cintura da ruiva e a trouxe mais para perto. Colou seus corpos. Ela envolveu o pescoço dele com os braços de pele clara e bagunçou a raiz dos cabelos dele na nuca. Fez o que ele fazia pra impressioná-la. Os óculos dele caíram no chão, e o beijo de língua foi recíproco. O amor se tornou recíproco.

Separaram-se, não por quererem, mas por falta de ar.

- Lily...

- Eu quero sair com você, sim, James. Agora vamos. McGonagall deve estar furiosa.

E ela estava. Assim que eles saíram pelo buraco do retrato, viram a professora, fervendo de raiva.

- Evans! Potter! Tratem de ir logo para o Salão Principal!

Ele riu e correu para as escadarias, de mãos dadas com Lily.

- Lily – começou, ofegando -, eu quero te contar uma coisa.

- Rápido – arquejou Evans.

- Eu me prometi, no quinto ano, que esperaria por você, não importava o quanto demorasse. Eu queria que você me dissesse... Minha espera... Chegou ao fim?

Ela parou e se virou para James.

- Chegou, Potter. Chegou.

Deu-lhe um selinho e eles continuaram a correr em direção ao Salão Principal. Ao chegar lá, se sentaram no banco oposto aos três outros Marotos.

Sirius olhou para James como se perguntasse: “E aí, Pontas? Conseguiu?” E James respondeu oralmente, em alto e bom som, apertando firme porém suavemente a mão de Lily:

- Sim, minha espera chegou ao fim, Almofadinhas. Eu conquistei aquela que amo.

Lily virou a cabeça e sorriu. James não podia pedir mais nada do que um sorriso daquela que amava há tanto tempo.