Rosângela e Donato ficaram pensando naquilo por horas e foram dormir. O bom homem não parava de pensar no estado do amigo. Decidiu ligar para Solange.

***

– Alô?

– Solange! Tudo bem?

– Donato? Está muito tarde para ficar ligando para a casa dos outros!

– Desculpe. Só queria saber como o William está!

– Mal, péssimo, aliás. Foi atropelado, não esperava que o homem estivesse firme e forte, né?

– Sim, mas. . . Você parece nervosa, Solange.

– Achei que você tinha parado de me ligar, imprestável. Da outra vez o William e a Rosângela quase descobriram!

– Você sabe que não foi com esse intuito que eu. . .

– Não interessa, seu traste! Vá-te a merda!

Solange desligou e suspirou fundo, lembrando do caso que teve com Donato no passado, mas decidiu acabar com tudo em respeito a amizade de trinta anos que ele tinha com o marido.

Mas naquele momento, Dalila invadiu a cozinha, movida por sua bengala branca e interrogou a mãe:

– O quê que o papai e a dona Rosângela quase descobriram?

***

Timóteo levou Isadora para o seu apartamento. Morava com os pais, em um apartamento muito minúsculo, quase uma quitinete.

– Sei que não é muita coisa, Isadora, mas é melhor do que dormir na rua!

– Tudo bem. - ela disse, beijando o amante

– Você dorme comigo, mas os meus pais estão dormindo. Não vamos fazer muito barulho!

– Claro. Tim, eu te agradeço tanto pelo que você está fazendo por mim. Não acredito no que a Yolanda fez comigo!

– Bom, entenda ela também. O que estamos fazendo é muito errado. A Yolanda te considerava a melhor amiga dela.

– Eu sei, que péssima tia eu sou. Mas ela exagerou ao me botar no olho da rua e jogar minhas roupas pela janela!

Timóteo a calou com um beijo provocante, e leves mordidas na orelha esquerda, deixando-a feliz por não estar sozinha. Mas acabou por aquilo mesmo e os dois foram dormir.

***

Bernardo pôs Lucas para dormir. O jovem pintor começou a ficar inspirado. Pintou um quadro totalmente vermelho, de diferentes tons e sentidos.

– Vermelho. Que cor deliciosa, sedutora. Expressa tanto o amor, o desejo, o sexo feminino, como a raiva, a dor, o sofrimento. Sinceramente, amo essa cor. Amo escrever tudo errado pelo Word, só para ver todas aquelas linhas vermelhas.

Plastificou seu quadro quando secou, e foi dormir.

– Amanhã, eu e meu advogado vamos na Promotoria Pública requerer a guarda do Luquinha.

***

Emerson estava bêbado, em um bar. Foi embora sem pagar a conta, mas foi advertido pelo garçom:

– Senhor, não pode sair sem pagar.

– Meu amigo, me faz um favor. Vai cagar no mato!

– Escute aqui, eu vou chamar a polícia!

– Chame, o meu advogado me solta num click!

A polícia chegou rápido e levou Emerson algemado, mas ele só ria de tudo aquilo:

– Meus chapas, eu já fui pra cadeia antes! Juro que achei o máximo!

– Vamos ver se você vai achar o máximo dessa vez!

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Yolanda dormia, quando recebeu uma ligação:

– Alô. Não, eu estou fora, cara. Para de me procurar! Mas já que você me ligou, quero que faça um servicinho para mim. Isso, o nome dela é Isadora Mendes Soares. Vou te mandar um fax com a foto dela.

Yolanda mandou um fax para o homem, que com suas luvas negras, recebeu e admirou a foto, mas dentro de si, começou a planejar o serviço sujo.

***

– Hein, mamãe? O que o papai e a dona Rosângela quase descobriram?

– Nada, não, filhota. Foi uma rifa que eu fiz da nossa TV antiga, eles quase descobriram. Sabe, eu não queria vender para a Rosângela, ela já tem tantas!

Dalila fingiu acreditar, mas seus neurônios sabiam daquela grande mentira.

***

Bernardo acordou com o telefone tocando. Era Emerson:

– O que foi, Emerson?

– Bernardo, eu estou na cadeia! Me tira daqui!

– O que você fez dessa vez, cara?

– Eu não sei ao certo. Não lembro de nada. Apaguei na viatura!

– Em dez minutos estou aí. Você também, hein. . . Só apronta! Que karma!