3 meses depois...

A guerra ainda continuava, não sabíamos o quando ela iria acabar. Neste último mês, eu me cansava com facilidade e não podia ajudar a curar dos feridos como antes. Meagan aprendeu rapidamente como limpar e fazer curativos e começou a ensinar os demais, já que a cada dia tínhamos mais pessoas machucadas e menos para ajudar.

Eu passava muito tempo no quarto e o calor era intenso que deixava o ambiente mais abafado. Era quase hora do almoço, mas eu não ligava muito para a comida já que o cheiro me enjoava.

Meagan entrou no quarto com um prato de comida. Eu não sabia o que tinha dentro, mas coloquei a mão na boca para que não vomitasse.

- O que está acontecendo, mamãe? – perguntou ela, preocupada deixando a comida em cima de uma mesa qualquer e vindo me socorrer.

- Não é nada, querida. Estou me sentindo assim faz um tempo.

- Devíamos chamar uma das freiras para examiná-la.

As freiras não podiam ir para escola de medicina, já que eram aceitos apenas homens. Mas eu e Megan confiávamos mais nas freiras que não tinham uma escolaridade registrada do que o método dos padres de cuidar dos doentes, tudo eles já pediriam para fazer uma sangria.

- Não precisa se incomodar. Aliás, elas devem estar ocupadas com outras coisas.

- Então, vamos comer alguma coisa – disse ela, puxado o prato para mais perto e colocando em minhas mãos.

Era mingau de trigo, como de costume e deviam ter colocado um resto de carne junto que havia restado. O cheiro era horrível, pelo menos para mim. Virei a cabeça para fora da cama e acabei vomitando, limpei a boca com as costas da mão e Meagan segurou o meu cabelo para que não ficasse sujo.

- Mamãe, precisamos que a senhora seja examinada imediatamente.

Eu não queria ser examinada, porque eu sabia que ia mandar que eu fizesse uma sangria e eu ficaria mais fraca.

Meagan me deitou na cama e bateu na porta para que o guarda a abrisse e foi o que ocorreu.

- Soldado, preciso que leve isso para a cozinha... – disse ela, entregando a tigela com a comida – E quero uma freira aqui imediatamente.

Ela foi até a dispensa e pegou alguns panos para limpar o chão e um recipiente caso eu vomitasse novamente. Então, a garota deitou ao meu lado esperando a chegada da freira.

Adormeci por alguns minutos, esperando-a. Eu sabia que tudo lá embaixo estava uma loucura e eu podia ouvir os sons de dor e da luta pela janela do quarto.

Acordei com batidas ritmadas na porta, eu sabia que era a freira esperando que Meagan abrisse a porta. A garota levantou da cama e percorreu o caminho até a porta, abrindo-a.

A mulher em trajes religiosos entrou correndo, carregando uma bolsa de couro escura onde carregava algumas coisas que deviam ser úteis para primeiros socorros.
Meagan fechou a porta a suas costas e foi logo dizendo:

- A rainha não se sete bem há algum tempo, foi isso que ela me disse. Pedi para que ela comesse um pouco, mas acabou vomitando.

- Certo – respondeu.

- Não sei o que ela tem. Então, resolvi chamá-la, mesmo sendo contra a Milade.

Estranhei, porque a mulher não tirava nada de dentro da bolsa e não se sentava ao meu lado para me examinar. A única coisa que ela fez foi ouvir a ruiva atenciosamente e depois fez um simples pergunta:

- Faz quanto tempo que você não menstrua querida?

Eu não sabia quanto tempo era. Na verdade pela idade que eu tinha, nem sabia mais se isso acontecia comigo. Por isso eu nem ligava quando vinha ou não.

- Eu... Eu realmente não sei! – exclamei, nervosa – Por que?

- Porque a senhora deve estar grávida.

Eu me assustei com a resposta, eu era velha demais para isso acontecer comigo. Eu tinha 32 anos, ia completar 33 daqui um mês. E isso não devia acontecer com mulheres da minha idade.

Levei as mãos à boca em forma de choque, mas Meagan abriu um sorriso sem dizer uma palavra, pois que disse foi a freira.

- Tudo se encaixa... Milade anda cansada, enjoa com frequência e acabou de vomitar por causa do cheiro da comida.

Tudo se encaixava mesmo. Mas eu não sabia que isso podia acontecer. Aliás, quando foi a última vez que eu e Gordon deitamos juntos? A uns 3 ou 4 meses atrás?!

Mas essa não foi à primeira coisa que pensei. Foi nos boatos que circulariam por toda corte e isso chegaria até os ouvidos do reino inimigo e Gordon não queria que isso acontecesse. Então, decidi contar primeiro para Gordon e depois decidir o que iríamos fazer ao anunciar o fato.

- Posso pedir algo para as duas? – Mas não esperei respostas e disse: - Quero que deixem esse fato em segredo, pois quero primeiro dizer ao meu marido para depois anunciarmos...

- Estamos de acordo – disseram as duas juntas.

Aquela noite, como em todas as outras, Gordon não subiu para dormi comigo. E eu não sabia como iria contar ao rei sobre o herdeiro, sobre nosso filho. Aliás, fazia meses que não nos encontrávamos.

Fim do Capítulo 16