Os dias de misericórdia já tinham se encerrado e pela manhã todos estavam assustados, com medo de que algum ataque ocorresse de surpresa.

A dieta na cozinha ainda continuava apenas mingau, pão e cerveja muito aguada eram servidas e uma vez na semana serviam carne. Os homens não reclamavam e eu fiquei surpresa.

Quando o sol indicou meio dia, um homem montado a um cavalo negro parou em frente dos portões chamando pelo Rei cujo ele não sabia o nome.

Um rapaz musculoso e com cabelos escuros entrou no salão enquanto almoçávamos e falou sobre o homem ao portão.

- Majestade, há um homem desconhecido lá fora o chamando.

Gordon não ficou surpreso, ele já conhecia o jeito que era a guerra. Ao contrário de mim que nuca tinha presenciado uma. Ele se levantou da cadeira e pediu licença aos demais que o acompanhavam em sua refeição, me levantei acompanhando-o.

Gordon e eu subimos até o alto da muralha onde podíamos conversar com o individuo sem que houvesse um ataque inesperado.

- Chamou-me? –perguntou Gordon ao homem com feições fortes e corpo muito musculoso por causa de combates anteriores, pela aparência ele não era nem um pouco bretão.

O homem não respondeu de imediato, ele apertou os olhos e impediu que o sol batesse em seu rosto com uma das mãos e a outra segurava a rédeas do cavalo, ele estava tentando olhar nos olhos de Gordon e ter certeza de como o novo Rei se parecia.

- Chamei – gritou – Viemos avisá-lo que minha tropa está bem próxima de seu castelo – Nós não havíamos errado, sabíamos que a tropa vinha para mais perto do castelo – a poucos metros adiante – continuou, e apontou para o sul, indicando onde estavam acampando.

Fez-se uma pausa. Sabíamos que o homem queria avisar quando o combate começaria. Então, ele continuou:

- As tropas estarão posicionadas ao amanhecer.

Gordon mão disse mais nada e parecia que o homem também não precisava de uma resposta, pois virou a montaria para o sul e saiu cavalgando. E Gordon deu as costa, virando-se para mim.

- Não terminarei minha refeição, mulher. Mas estarei presente na hora da janta.

E completou com um beijo em minha testa.

Ele iria para o pátio, onde todo exército estava reunido almoçando e assim seria mais fácil dar a noticia de que os combates começariam ao amanhecer.

Após a refeição, a resposta do Rei de Tebruck chegou e nela confirmava a ida dos camponeses para as terras. Mas eles já tinham partido e deviam estar quase perto.

Naquela noite, Gordon proibiu o envio de mensagens a quem quer que fosse. E ele tinha razão, pois um mensageiro cavalgando sozinho pelo país poderia ser pego pelo inimigo e assim descobririam o que estaria ocorrendo dentro do castelo.

O jantar foi silencioso, apenas estando presente eu, Gordon, duas de minhas damas de companhia e entre elas Meagan e um jovem cavaleiro que devia ser de confiança para o rei, meu amado.

O rapaz era tímido e tinha o rosto cheio de cicatrizes, embora por baixo de todas ela,  fosse muito bonito, os olhos eram escuros e os cabelos castanhos. Meagan interessou-se no homem, mostrando-se coquete sempre que podia. O casamento dela não ia muito bem e por isso aproveitava a oportunidade já que o seu marido não estava presente.

O jantar não demorou muito para se encerrar. Gordon e eu subimos pra o quarto, deixando apenas Meagan e o rapaz no salão com os pratos sujos que seriam retirados pelos empregados que ainda sobravam no castelo.

A noite estava quente e quarto muito abafado. Gordon abriu as cortinas da janela deixando que o ar circulasse pela habitação. Mas foi inútil.

- Elaine, - disse Gordon enquanto tirava sua roupa e colocava o pijama – Lembro-me que minha mãe lhe ensinou a como cuidar de ferimentos, você poderia nos ajudar.

Sorri e concordei coma cabeça.

- E você também poderá ensinar as outras mulheres e até mesmo homens a também fazer o mesmo.

- É claro.

Nós deitamos na cama e aconchegamos um no braço do outro. Fizemos amor aquela noite e eu sabia que poderia ser a última vez.

Fim do capítulo 14