Kaos - A Lenda de Asay escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 9
O Despertar do Dragão


Notas iniciais do capítulo

Quanto mais Kaos entra na caverna, mais coisas mexem com o seu psicológico. Será que ela conseguirá resistir aos encantos desse tal Killian?



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Pela primeira vez, desde os meus oito anos de idade, eu estava pensando em outra coisa que n'ao tinha nenhuma relação com os meus pais. O pior de tudo era que o pensamento sobre meus pais foi substituído por um pirata chamado Killian. Eu não sei se ele era real ou não, mas ele conseguiu me deixar muito curiosa e me fez refletir muitas coisas sobre Jack Spárrow, sobre minha vida, sobre mim...

Passei a vida toda pensando em meus pais, em como seria a minha vida ao lado deles, sempre fiquei pensando no passado e também sempre pensei no futuro, em voltar para o mar e viver grandes aventuras assim como meus pais viveram e até algumas que eles não tiveram a oportunidade de vivenciar, será que esqueci de mim? Do meu presente? De pensar no que é melhor pra mim? De pensar na minha felicidade?

Ora que bobagem, eu já estava no mar, estava feliz, vivi grandes aventuras, conquistei e descobri tantos títulos, mas aquele brilho no olhar que o meu reflexo possuía, só Killian conseguiu colocar... Nunca vi meus olhos brilharem tanto, nem quando finalmente voltei para o mar. Será mesmo que posso me permitir viver essa alegria?

Voltei até a luz que saía de onde encontrei meu reflexo, olhei de novo lá dentro e mais uma vez vi meu reflexo copiando os movimentos. Ela sorriu pra mim, mas não disse nada, apenas olhava em meus olhos, parecia esperar algo.

— Kay! - alguém me chamou ao fundo e eu olhei procurando o dono da voz. Meu reflexo não olhou para o dono da voz, apenas ficou olhando pra mim com um sorriso que já estava se tornando perturbador.

O dono da voz chegou correndo. Era um homem, era o tal Killian. Ele era um pouco mais alto que eu.

— Está tudo bem, meu amor? - ele perguntou olhando pra mim. Não para o meu reflexo, mas pra mim. O jeito que ele pronunciava "meu amor" era meio sussurrado e parecia tão honesto, dava pra sentir o quanto aquelas palavras carregavam um sentimento puro e genuíno de amor. Ela dizia de forma tão sedutora que precisei de um tempinho para lembrar até o meu nome. Então apontei para meu próprio peito.

— Está falando comigo? - perguntei assustada e meu reflexo ainda não fazia nada, apenas sorria e olhava pra mim. 

— Claro. Nós já vamos partir e você está parada aqui há um tempo - ele sorriu e deu uma risadinha. Sua voz era doce e sedutora ao mesmo tempo, ele me olhava com tanto carinho. Seu sobretudo preto era maravilhoso e lhe dava um ar de superioridade, como se fosse um Capitão, seus olhos verdes eram como pedras preciosas e brilhavam e se destacavam como lanternas no meio da sombra escura o que realçava bastante por causa dos seus cabelos pretos e curtos. 

— Mas eu... Eu não...

Como dizer a ele que eu não fazia parte daquele momento? Que tudo isso não era a minha vida de verdade...

— Você não está pronta ainda? - ele perguntou de forma paciente. Eu apenas balancei a cabeça concordando com ele. Com certeza não estou pronta para esse dia, esse momento, essas emoções. Por que diabos meu coração disparou? - Eu estou aqui, Kay. Nada pode nos deter quando estamos juntos, lembra? - ele esticou a mão para mim e sorriu, ele olhava dentro dos meus olhos.

Estiquei minha mão pra ele, quando ia me aproximando pude sentir o calor de sua mão, mas antes de tocá-lo me lembrei de algo muito importante.

— Você não é real - eu disse em voz alta olhando pra ele e ele pareceu não entender. Estranhamente também senti como se eu estivesse falando uma mentira e fiquei decepcionada comigo mesma. Mas prossegui dizendo - Se você realmente é o meu destino, Killian, um dia te encontrarei de verdade. E quem sabe iremos ter a maior batalha de nossas vidas - eu sorri pra ele, desafiando-o.

Ele riu e sorriu de volta.

— Estarei esperando ansioso por esse dia, meu amor. O dia que enfrentarei a grande semideusa da qual terei o imenso prazer de conquistar o coração e será toda minha - ele fechou a mão e continuou me encarando em forma de desafio.

Uau, como fiquei excitada com essa conversa. Respirei fundo tentando me recuperar e me afastei deles novamente. Meu corpo estava quente dos pés à cabeça, agora eu estava ansiosa para encontrar o verdadeiro Killian, se ele for mesmo real. Aquele olhar desafiador me aqueceu de uma forma que não consigo explicar, foi mais intenso do que o momento que ele me olhou com um olhar doce. Olhei pra trás mais uma vez, vi a luz, mordi meu lábio inferior tentando segurar a vontade de voltar até lá. Killian, não me esquecerei desse nome.

Balancei a cabeça para tentar esquecer, sorri e continuei a andar na caverna, resistindo fortemente à vontade de voltar correndo e dar um beijo em Killian, aquele pirata que eu mal conhecia mas que conseguiu se conectar a todo o meu corpo, que química forte.

Finalmente cheguei onde estava um ovo e uma casca de ovo. O ovo que estava fechado era grande, assim como Laura descreveu, do tamanho da minha cabeça e ele era lindo, era feito de escamas, só não conseguia ver a cor muito bem por causa da iluminação da caverna. Mas o mais preocupante era o ovo quebrado, onde estaria o dragão ou o ser que uma vez estivera ali dentro?

Olhei ao redor e peguei o ovo que estava fechado. Assim que carreguei o ovo, senti um vento quente vir do norte. Sem pensar muito, saí correndo na direção contrária, por onde eu entrei, com certeza não seria coisa boa. Passei pela luz do reflexo, onde encontrei Killian e de dentro dela saiu uma boca de dragão cheia de dentes que era do tamanho do meu tronco.

Rolei rapidamente para desviar daquela boca enorme, protegi o ovo antes de cair e fiquei assustada com o rosnado pesado e os milhões de dentes que cabiam dentro daquela boca. Eu precisava sair dali e rápido!

Continuei correndo para a entrada da caverna e novamente ouvi minha mãe implorar por ajuda, passei rapidamente tentando ignorar os gritos de sofrimento, mas escorreguei no sangue que havia se espalhado no chão, fazendo com que o ovo rolasse mais a frente e saísse de minhas mãos. Escutei os passos do dragão vindo em minha direção, me arrastei o mais rápido que pude para perto do ovo, eu não podia perdê-lo, não passei por todo esse sofrimento mental atoa. O dragão então colocou a pata na cabeça da minha mãe e a esmagou com muita facilidade. Tampei a boca para não vomitar ao ver o cérebro e os olhos caírem espalhados pelo chão e teto da caverna. Minhas lágrimas brotaram, sem me dar tempo de pensar que aquela não era realmente a minha mãe.

Enxuguei as lágrimas com a manga da blusa, corri até o ovo, o peguei e continuei a correr do dragão, após alguns passos ele pegou o meu pé, fincando suas garras com força em minha perna e me fazendo cair de novo. Senti muita dor, mas eu não tinha tempo para pensar nela, eu precisava sair dali viva.

— E agora? Onde está Jack para te ajudar? - disse Elizabeth, a minha primeira alucinação, rindo de mim enquanto tentava me soltar do dragão. Fiquei muito nervosa com a situação e deixei meus poderes de semideusa fluírem, só assim eu poderia sair dessa situação. Meus cabelos começaram a flutuar e pude sentir meu corpo todo se aquecer e a raiva se apossar do meu olhar.

— Eu não preciso de Jack pra me defender - minha voz estava levemente alterada, estava mais grave, ecoando como a de Eris, mas não liguei. O importante era sair viva com o meu ovo de dragão.

Peguei uma pedra grande usando os meus poderes e joguei na pata do dragão que segurava a minha perna, o que fez ele berrar de dor. Um som bestial, um som que não ouvi nenhuma criatura marinha fazer. Aproveitei a distração e corri até o ovo com a perna machucada, tentando ignorar a dor que estava sentindo, peguei o ovo e o protegi. Então fiz a maior loucura da minha vida. Mirei em uma rocha no teto da caverna para que ela desmoronasse. Comecei a puxar usando os meus poderes do caos e infelizmente eu percebi que não ia conseguir chegar à entrada da caverna a tempo para evitar que as pedras caiam sobre mim, então meu objetivo era me afastar do dragão o mais rápido possível e o máximo que pudesse. A boca do dragão veio aberta em minha direção, puxei a rocha e me preparei para o que estava por vir.


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