Diana's The Adventures escrita por LivWoods


Capítulo 7
Capítulo 7 - Lembranças do passado.


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Gostaria de agradecer aos que estão acompanhando e comentando, um enorme obrigada!

E
...
Mais um capítulo para vocês pessoal, espero que gostem.



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A VIAGEM FORA LONGA, deitaram-se tarde e acordaram demasiadamente cedo. Gostaria de chegar logo em Micenas, pensou Sapphire, enquanto ainda se encontrava montada. Não fora uma viagem fácil, passar horas na mesma posição faziam seus ossos doerem, já deveria estar acostumada, porém, achava que isso levaria mais tempo do que havia pensado. Ao longe começaram a ver os primeiros vestígios da cidade. Micenas estava quase diante de seus olhos, teve vontade de pedir para Diana cavalgar mais rápido, tudo que queria agora era descansar. Porém, afastou esse pensamento rapidamente, era muito egoísmo de sua parte desejar descansar, enquanto a amiga de Diana estava doente. A amiga estava preocupada e ela deveria consola-la, porém como? Diana não demonstrava nenhum sentimento, a não ser na Ilha de Hera, quando ela quase foi morta e percebeu o alívio da guerreira quando a salvou. Se ela chorasse eu poderia lhe oferecer um ombro amigo, pensou.

 

— Micenas - disse Diana. - Chegamos.

 

Sapphire suspirou de alívio, desmontando Erbos e se espreguiçando. Argalad questionou se iriam agora na casa da enferma e Diana assentiu.

 

— Diana, eu colherei algumas ervas que vi quando chegamos, tentarei ajudar o máximo que puder a sua amiga.

 

— Obrigada.

 

— Bom, sobramos só nós três, ainda lembra de onde ela mora? - Téleu estava com as mãos na cintura, observando como quem buscava o local onde a amiga morava.

 

— O marido dela, Dédalo, é um taverneiro. Se não me engano é esta taberna aqui - apontou para um estabelecimento, onde entraram. O taverneiro logo repreendeu os visitantes, informando que não era permitido a entrada de armas. Quando ele olhou melhor para Diana e Téleu, sorriu.

 

— Diana! - disse abraçando a guerreira e logo indo em direção para os braços de Téleu que o cumprimentou com uns tapas amigáveis nas costas. - Vocês vieram, ela ficará tão feliz em vê-los.

 

— Como ela está Dédalo? Não havia muito na carta - perguntou Diana.

 

— Nada bem - lamentou o pobre homem. - Cada dia amanhece pior. Está com nossa filha mais nova agora, Diana, ela deu seu nome a ela. É uma bela garotinha de dez anos. E aquele - apontou para um menino magro e um pouco alto que servia as mesas - É o nosso filho, Etrom. Quer ser guerreiro um dia e Acmena sempre o repreende, mas ele não da ouvidos. Quer lutar - ele sorriu sem vontade.

 

Dédalo aparentava ser um homem um pouco velho, porém, notava-se a beleza que ainda habitava no seu corpo fadigado. Ele era moreno, porém, possuía belos olhos em tom de mel, o garoto, Etrom, havia puxado a sua fisionomia, os mesmos cabelos castanhos e curtos. Seu sorriso ainda era vivo, embaixo de todo o semblante cansado, uma rala barba mal feita talhava o rosto suado.

 

— Eu pedirei a Etrom para leva-los até ela, eu irei em seguida - informou, chamando seu filho que cumprimentou cordialmente.

 

— Por aqui.

 

Ao saírem da taberna Sapphire viu um aceno de mão, era Argalad, ela retribuiu o aceno, o chamando para acompanha-los. Ele correu apressadamente e conseguiu segui-los até uma casa um pouco afastada da taberna. Era simples, sem muito luxo, da forma que Acmena sempre havia desejado, pensou Diana. Uma menina loirinha de olhos cor de mel, caminhou até o encontro do garoto, ela demonstrava tamanha apatia ao ir falar com o irmão.

 

— Eles chegaram - disse o menino caminhando em direção a porta. - Entrem.

 

— Sejam bem vindos - disse a menina. - Eu sou Diana.

 

Todos se apresentaram de forma sorridente para a pequena menina.

 

— Eu também me chamo Diana - disse a guerreira e a menina estava petrificada, mostrando o primeiro sinal de surpresa.

 

— Verdade? - pareceu incrédula - Nós duas somos Diana?

 

— Parece que sim, pode nos levar até sua mãe? - Diana segurou a mão da garotinha que a conduziu até o quarto de Acmena.

 

Em instantes Dédalo apareceu, havia fechado a taberna para receber os convidados. Téleu foi o primeiro a entrar no quarto e sentando, tentando animar a enferma, fazendo elogios de como ela estava bonita e que ficaria boa logo. Acmena o respondeu:

 

— Os anos que passou com o imperador, o deixaram cego meu irmão - sua tosse estava forte ainda, não podia falar sem uma torrente de tosses. Téleu apresentou Argalad e Sapphire para a mulher acamada.

 

— Diga-me Dédalo, é tão grave assim? - perguntou Diana, e Dédalo confirmou.

 

— Houve um surto de febre no vilarejo a um tempo atrás, a maioria se curou, mas... ela e mais cinco aldeões não. Todos os quatro já morreram e eu não sei mais o que fazer.

 

— Calma velho amigo, Acmena é forte - expressou Diana com um suspiro. - Dédalo, eu venho com esse amigo, Argalad, ele é bom em matéria de remédios. Pode deixar que ele faça algo pela minha amiga?

 

— É claro, - concordou Dédalo rapidamente - qualquer ajuda é bem-vinda.

 

Diana aproximou do leito de Acmena e segurou-lhe a mão. Havia alguns anos que a guerreira não visitava sua velha amiga, porém, ainda existia nela alguns traços de beleza que a doença não havia consumido. Seu cabelo loiro, por mais que estivesse um pouco desgrenhado ainda teimava em brilhar, menos luminoso como era antigamente, mas de uma beleza sensível. Os lábios eram um pouco rosados, quase tomando a tonalidade de um amarelo acinzentado. Os olhos azuis, antes vivos, estavam começando a ficar opacos e desbotados. A doença aos poucos parecia apoderar-se da jovem, a levando para um mundo monocromático e sem vida. Da última vez que a vira, Acmena estava grávida de seu primeiro filho e estava feliz com seu marido. Estavam começando o pequeno negócio com a tabernaria. Agora, sua amiga atrofiava nessa devastadora doença.

 

Acmena abriu lentamente os olhos, observando a dona da mão que a segurava, ela sorriu docemente fazendo um esforço para falar algo sem tossir.

 

— Diana... que bom que está aqui.

 

— Eu lamento que esteja tão doente Acmena. 

 

Os olhos azuis e opacos fecharam-se numa careta, Diana percebeu que era por motivo das dores que estava sentindo. Ela sabia que sua amiga não daria o braço a torcer, não se renderia. Se esforçou novamente e disse num fio de voz:

 

— Ele está furioso Diana, ele virá atrás de você. Era a favorita dele.

 

— Eu estou atrás dele a muito tempo, será bom que ele venha atrás de mim, poupará meu tempo! 

 

— Ele está mais forte Diana, Némesis está muito forte - Acmena desmaiou devido a exaustão de se forçar a falar.

 

Argalad pediu solenemente que a deixassem descansar e ele limpou os ferimentos que se produziram pelo longo tempo em uma única posição, retirou de sua sacola um frasco que Dédalo perguntou desconfiado e ele disse que era algo para auxilia-la a refrescar-se. Argalad fazia tudo que podia com seus remédios paliativos. Esperava que agora as dores cessassem um pouco. Deixou Acmena dormindo no quarto e voltou para a sala, onde encontravam-se todos os adultos, as duas crianças dormiam no seu quarto.

 

— Eu gostaria de dizer que fiz tudo o que pude - suspirou Argalad. - Mas a doença se desenvolveu muito e ela sempre leva alguém consigo. Agora ela dorme tranquila, mas... não viverá muito.

 

Dédalo não se conteve e se desmanchou em lágrimas, cobria-lhe o rosto com as mãos, devido a vergonha de chorar.

 

— Velho amigo, não precisa conter as lágrimas, seria um insensível se não chorasse - Téleu dizia-lhe com os olhos marejados. 

 

Até mesmo Argalad queria ter dado mais de si para curar aquela jovem que agora caminhava lentamente para o outro lado. Sapphire segurou a mão de Diana que retribuiu, segurando firmemente. Discutiram sobre questões do passado, não tão distante como Sapphire gostaria, ela queria saber como Diana conheceu Acmena, será que a enferma havia seguido como ela mesmo fizera? Não poderia perguntar a Diana, se ela quisesse que eu soubesse de algo, ela me contaria. Não era de seu feitio aguentar a curiosidade, fora criada tendo todas as suas perguntas respondidas, mesmo por má vontade. Aquilo estava matando-a por dentro. Mas decidiu deixar o egoísmo mais uma vez de lado e estar ao lado de Diana. Eles descansaram por um momento de forma despreocupada e ligeiramente confortável. Era tudo que a princesa queria, era está deitada confortavelmente, por um momento esqueceu até a razão de está ali naquela casa. Porém, não pode esquecer-se por mais um segundo sequer, Acmena despertou gemendo com dores insuportáveis, as crianças pareciam exaustas, porque ainda dormiam pesadamente. Argalad correu rapidamente com sua sacola e suas ervas para o quarto da mulher. Ela parecia pior do que antes, a pele estava mais abatida e o róseo de seus lábios, haviam fugido. Ela pediu para Argalad acabar com seu sofrimento, não era mais tão forte para vencer aquela batalha. Ele nada disse além de olhar para Dédalo.

 

— Eu o amo Dédalo, como jamais amei alguém em toda a minha vida, você me retirou da vida que eu levava e me mostrou o que é realmente a vida. Não prenda mais a alma de uma pobre mulher, eu preciso partir... temos lindos filhos dos quais me orgulho e cuide bem deles, meu amor. - Acmena começava a se despedir, Diana notou as lágrimas nos olhos do marido que enxugou-as rapidamente. - Téleu, meu amigo, meu irmão... Diana, minha tutora, eu sempre achei que poderíamos viver para sempre - cada vez mais as dores a incomodavam, deixando difícil sua dicção. - Mas não somos como os deuses meus amigos. Naquela época eu me sentia imortal, porém, não vivia. E hoje sei que minha imortalidade está aqui, com meu marido e meus filhos. Eu espero que ambos possam encontrar a verdadeira imortalidade.

 

— Acmena... como ousa fazer um filho de Ares chorar? - Téleu limpava os olhos marejados. - Você lutou bem minha irmã! Merece o descanso. 

 

Argalad estava com tudo preparado, pois o marido de Acmena havia concordado com seu último desejo.

 

— Dédalo, entregue o manuscrito para as crianças quando acordarem, e diga a elas, que sempre estarei lá para elas, sempre!

 

Todos sabiam que não haviam mais esperanças para a enferma, só prolongavam o seu sofrimento, a dias Acmena só aguentava a tempo de ver seus dois amigos e assim poderia partir em paz. Dédalo possuía um semblante marcado por dor e tristezas profundas, havia chegado a hora de dizer realmente adeus para sua esposa. Todos retomaram para o outro cômodo e Dédalo ficou segurando a mão da mulher que jazia na cama. Os aldeões se organizaram para cremar o corpo da boa Acmena que ali viveu entre eles, sendo sempre boa e amada com seus vizinhos e amigos. O corpo estava em chamas, sob um altar de madeira feito para ela e em seus olhos, duas moedas de ouro foram colocadas para o barqueiro. Sapphire, apesar de não conhece-la estava muito emocionada com aquele momento, a tristeza de perder um ente amado, abala qualquer um. Lembrou de sua mãe, que partira cedo demais, era tão nova e radiante como o sol e mesmo assim teve que deixar esse mundo nas pressas como um apagar de tochas. Todos se retiraram dali, restando somente Diana e Sapphire que continuavam a olhar para o corpo em chamas.

 

— Ela... - Diana começou a falar em tom baixo que somente Sapphire poderia escutar. - era minha amiga. Quando fui para o Clã dos assassinos e separei de meu irmão devido as alas, uma semana depois Acmena havia chegado, era o mais novo membro na ala feminina. Ela estava com tanto medo, não compreendia que sua família havia vendido-a como uma escrava, um objeto qualquer que depois de velho se joga fora. Eu também estava sozinha, mau podia ver o Deimos, só em momentos de fuga de nossos quartos e mesmo assim, quando eramos pegos, eles nos castigavam. Não há uma parte do meu corpo que não tenha cicatrizes, a maioria por desobedecer as ordens - sorriu sem vontade -. Os seus primeiros dias foram horríveis, ela chorava muito, e que culpa ela tinha? Era somente uma criança, nós eramos crianças. Porém, eu possuía ainda o Deimos, mesmo que há vinte metros de distância, mas eu tinha alguém. Ela teria sido espancada se eu não tivesse impedido. Assumi a culpa por ela e levei a surra por ela. Já estava sendo difícil demais para ela. E em três dias Téleu chegou, fora para a ala dos meninos junto com meu irmão. Acharam nos primeiros dias que ele era de linhagem real e quiseram vender ele, porém, ele não passava de um garoto pobre e bonito. Isso não o tornou favorável nas chicotadas. Crescemos com a ideia de proteger uns aos outros, nós quatro. Quando ficamos um pouco maiores, criamos nosso próprio exército e saqueávamos até o amanhecer, eramos chamados de: " Os cavaleiros de Ares". E em um dia, ela conheceu Dédalo, que aos poucos amoleceu seu coração, até uns dias atrás me perguntava como ele havia feito isso. E hoje consigo entender melhor - disse ao encarar Sapphire nos olhos. - Ela foi a primeira a sair de "os cavaleiros de Ares" depois Téleu. E eu segui sozinha. 

 

— E quanto ao Deimos? 

 

— Voltou para casa - Diana disse ao se conduzir de volta a casa de Acmane.


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Notas finais do capítulo

Um pouco triste esse capítulo, porém... mais um pouco do passado da Diana para vocês.



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