Diana's The Adventures escrita por LivWoods


Capítulo 20
Capítulo 19 - O lapso de humanidade.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565968/chapter/20

NO OUTRO DIA, a comandante Valquíria não havia conseguido dormir. Era a primeira vez em anos que o sono a abandonara. As quatrocentas mil almas tiradas por ela nunca roubaram-lhe o sono, porém, as palavras de uma garotinha haviam feito refletir. Gerad chegou alertando trazer notícias para anima-la. Ela desconfiou um pouco e mandou o rapaz prosseguir. Ele contou que um grupo de orcs estavam vindo nessa direção, pareciam uma bela forma de distração. Valquíria achou por um momento que já estavam extintos, já que caçou a maioria deles como passatempo. Aquela era realmente uma notícia boa para seus ouvidos e mente. Os orcs eram criaturas grandes e robustas, horrendas e deformadas, cujo poder de batalha era bastante forte. Possuía um tom de pele esverdeado, às vezes, alguns eram cinzas; a testa era chata, os olhos eram miúdos quase engolidos pela abundante plumagem das sobrancelhas. Alguns tinham cabelos e a maioria continha a cabeça limpa, sem um fio sequer. Eram seres impulsivos, orgulhosos, desonestos e com uma sede descomunal por batalhas. Isso animava Valquíria, pois um bom orc era aquele que não fugia de suas lutas, era o que pensava. A comandante partiu na direção que os orcs vinham, fora sozinha para esse combate. Precisava cometer alguma atrocidade, já que a garota em sua cama possuía algum poder estranho sob ela que impedia de fazer isso.

 

"Deve ser uma ninfa, claro, é a única explicação. As princesas de Corinto são ninfas que despertam o desejo e levam suas vítimas a loucura! São como fadas sem asas, leves, delicadas... ela deve ter jogado algum feitiço em mim" pensou Valquíria quando fora despertada pelo ataque de um orc que apareceu de surpresa. Ela desviou a milímetros do golpe, sorriu de lado quando deu um violento chute na cabeça horrenda do orc que urrou, cuspindo.

 

— Eu adoro fazer ataques surpresas, mas não gosto de ser vítima deles! Irá se arrepender por isso! - Valquíria desembainhou sua espada semelhante a um sabre. Era uma lamina estilizada brilhante como fogo. Os enormes orcs empunhavam martelos e machados enormes que batidos contra a terra, produziam uma grande cortina de fumaça. Por um momento, um curto momento, poderia sentir a terra tremer abaixo de seus pés. Eles corriam em sua direção como feras selvagens, parecia divertido, sentia-se como uma criança outra vez, quando retalhou os primeiros orcs, aquilo tornara-se um vício, pois aquelas criaturas eram divertidas de se caçar. A batalha estava quase vencida por Valquíria, pois os orcs sofreram sérias perdas de seus amigos. Quando restou o último orc vivo ela o mandou ficar mais forte e retornar para conquistar sua vingança ou morrer tentando. Ele estava furioso, como aquela mera mulher possuía a ousadia de falar assim? Ela saiu andando deixando o orc para trás, e ele aproveitou sua guarda aberta para atacar, subitamente ela havia sumido de sua frente, olhou para os lados, onde ela estava? perguntaria ele. Porém, era tarde demais para perguntar, Valquíria havia o matado antes que ele pudesse pensar ou sonhar onde ela estava.

 

O início de manhã se mostrou muito produtivo e divertido para a comandante. Dirigia-se para seus aposentos quando reparou que Íris não se encontrava lá, ela observou, sombriamente, para o quarto, que estava vazio. Com um rápido movimento virou-se fechando a porta atrás de si. Caminhou em direção a sua sala de tortura, abriu a porta e Íris se encontrava no final daquela sala, completamente sem roupa, sendo preparada para o desmembramento. Gared adiantou-se para Valquíria que caminhava a passos frios. 

 

— Comandante, achei que ainda estaria caçando.

 

— Não estou mais - disse ao continuar andando seguindo até onde a garota estava.

 

— Achei que gostaria de saber que estamos dando um jeito na fedelha capturada. Veja, logo começaremos a estica-la do jeito que gosta. O entediante é que ela desmaiou antes de começarmos a tortura, porém, logo vamos acorda-la.

 

Valquíria viu a garota desacordada e puxou de forma violenta o xale que cobria os ombros de Gerad. Cobriu o corpo da garota e a colocou nos braços dizendo: Apoie-se em mim.

 

Íris inconscientemente passou o braço pelo pescoço da mulher e deu um leve suspiro.

 

— Quando eu quiser traze-la para essa sala, eu a trarei pessoalmente - Valquíria saiu levando Íris nos braços.

 

— Parece que nossa comandante está sofrendo de um lapso de humanidade - comentou Gerad com os outros soldados.

 

Elas retornaram para os aposentos, onde a lareira estava acesa. Íris ainda estava inconsciente, Valquíria a olhava e aos poucos seus olhos azuis começaram a abrir e um sorriso afetuoso surgiu nos lábios da princesa. Valquíria sentiu um estremecimento e depois disse rispidamente.

 

— Acho que avisei a você para não sair perambulando por aí - Íris a observava com mais consciência da sorte que teve, pois senão fosse por Valquíria estaria morta e desmembrada. Tornou Valquíria. - Poderia estar morta agora.

 

Íris a observava, estava com suas roupas de comandante, vestes negras que deixavam o tom de sua pele ainda mais pálido. Possuía uma expressão austera. Limpou alguns de seus ferimentos que eram superficiais. Íris empurrou sua mão para longe.

 

— Se não vai me ajudar a fugir, por quê se importa?

 

— Quem disse que me importo? - respondeu a comandante. Deu-lhe um prato com frutas: cachos de uvas, roxas e verdes. - Coma - ordenou.

 

— Por quê faz isso? Sequestra as pessoas e as mata?

 

— Porque eu nasci para isso princesa. Fui uma prodígio na arte da guerra e esse é o meu caminho.

 

— Escolhemos nosso próprio caminho.

 

— Então casará com a pessoa que lhe deu esse anel, porque escolheu seu próprio caminho? 

 

— Meu pai acha que será um grande aliado. Fingi me contentar com o casamento para não desaponta-lo, é o filho do rei mais rico. 

 

— Nossos caminhos já foram traçados Íris, de todos os mortais, nada pode ser mudado. Eu serei sempre a sádica guerreira e você a princesa prometida a um casamento ambicioso - comentou por fim a comandante.

 

A noite surgiu e dessa vez a comandante não desejou sair de seus aposentos hoje. Talvez conseguisse dormir finalmente. Estava tudo quieto e silencioso. Porém, algo estava estranho naquele silêncio sepulcral. Podia sentir a lamina em sua garganta, Íris estava ajoelhada na cama ao seu lado apontando a lamina em sua direção. Valquíria abriu os olhos sem nenhuma surpresa. A princesa alertou a mulher para não fazer nenhum movimento ou acabaria matando-a. A comandante sorriu de um jeito debochado, respondendo que se ela quisesse mata-la já teria feito e não esperado dez minutos desde que pegou a sua espada. A jovem retrucou dizendo que não era justo matar alguém que dorme, pois iria para o outro lado sem saber o que de fato ocorreu. A mulher de longas madeixas brancas disse que se ela iria mata-la deveria fazer logo de uma vez. 

 

— Você não teme a morte? - questionou Íris.

 

— Um dia ela virá para todos nós, porém... - disse ao desarmar rapidamente a garota a sua frente, puxando-a para cima de si. - hoje não será o meu dia. 

 

Íris não conseguia respirar devido a súbita aproximação. Sentia as carícias de Vaquíria em seus cabelos, estava atemorizada como qualquer virgem. Porém, por mais estranho que fosse o toque da comandante mais fria de toda a Grécia, estava sendo gentil. Naquele momento havia se esquecido de que era uma prisioneira e de que estava a procura de sua irmã desaparecida, parecia-lhe que todo o mundo se resumia naquele espaço. Valquíria se inclinava para beija-la nos lábios. Poderia ser ainda uma jovem, mas seu corpo era desenvolvido como de uma mulher. Com as mãos tremulas, tirou o vestido que trajava depois da ceia, sentia seu corpo diferente pela primeira vez, chegava a doer de tanto desejo, afundou-se nos braços da comandante que beija-lhe o pescoço.

 

Naquele início de madrugada, Valquíria acordou, antes da luz do sol se infiltrar pelas cortinas de seu quarto. Estava tão cedo que nenhuma ave havia começado a cantar. Todos dormiam, inclusiva a dama seminua ao seu lado. O que estava fazendo? Não era de seu feitio agir assim, sempre fora calculista e fria, pensou ela, enquanto observava a garota de corpo belo e macio, deveria está realmente enfeitiçada pela jovem, era uma ninfa, afirmou em pensamento. Estava prestes a fazer a primeira loucura de sua vida, primeiro passo não seguido por um plano. Acordou Íris, que parecia manhosa, disse para se trocar e assim a garota fez, ela queria fazer perguntas do por que de Valquíria está pedindo isso, mas estava com tanto sono que não conseguia raciocinar direito. Aquele seria o momento ideal, pois todos dormiam, Valquíria pegou um cavalo e montou com a princesa que quando se afastou da base da comandante, perguntou para onde estavam indo.

 

— Eu estou libertando você e você irá voltar para o seu reino. Ocorrerá batalhas perigosas das quais não quero que faça parte - Valquíria desmontou do cavalo e olhou para Íris. - Se seguir por aquela trilha encontrará uma estrada que a conduzirá para Corinto, vá e não pare.

 

— Por quê está fazendo isso?

 

— Porque estou fazendo algo diferente do que fui designada para fazer, agora vá! 

 

Antes que Íris pudesse se despedir, Valquíria já havia mandado o cavalo correr e a princesa seguiu pela trilha indicada pela mulher. A comandante caminhou lentamente por aquela montanha, o vento estava frio, parecia o vento do inverno. Mas sabia que era impressão. Pelos seus cálculos, a princesa não demoraria a chegar. Uma sombra se aproximou e ela conhecia aquela energia. A voz aveludada do homem irrompeu o silêncio do lugar.

 

— Que tipo de pessoa intrigante se mostrou essa princesa, trazendo a superfície seus instintos humanos mais reprimidos... contudo... 

 

Ela interrompeu o homem: Eu só a deixei viva para contar a todos a história da grande batalha que ocorrerá em breve.

 

— Será?

 

— Eu sempre estive envolvida com as guerras, saques, tortura e matança, foi isso o que sempre me deu - ela disse encarando Némises - e eu sempre achei que tudo isso era o que realmente importava. Não entendo o que ocorre.

 

— Talvez tenha chegado o momento de ter mais alguns interesses, além da carnificina. Desde que isso não atrapalhe os meus planos.

 

— Não se preocupe, eu já disse. Nada irá atrapalhar nossos planos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom, meus queridos, queria mostrar que até mesmo a doidinha da Val, tem algo estranho que nem ela compreende dentro de si.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Diana's The Adventures" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.