Stiles acordou extremamente cansado. O treino de ontem com o Pack foi um dos mais pesados que ele já participou. Derek não deu mole pra ninguém, e até Scott sendo um alfa genuíno reclamou da dor no corpo.

O menor espreguiçou-se e bocejou, sentando na cama e fitando o nada por alguns segundos. Ele tinha vontade de se jogar na cama e dormir por um dia inteiro, mas não podia. Resmungou e levantou, indo direto para o banheiro tomar uma ducha fria.

Tirou as roupas lentamente, sentindo cada músculo do corpo retesar em reprovação. Olhou para o cesto de roupa sujas e encontrou um bilhete.

Um sorriso enorme cortou-lhe a face, pois ele já sabia de quem era aquele bilhete. Cheirava à ele. Um perfume amadeirado que sempre rondava os sonhos de Stiles todas as noites.

Cheiro de Derek.

Abriu lentamente o bilhete e encontrou a letra desengonçada do maior, forte e rabiscada, de quem escreveu com pressa.

"Bom dia, meu querido.

"Meu querido"... Que coisa de mulherzinha, Sti. Mas eu não sei como começar um bilhete pra você, pois eu sei que de qualquer modo você vai tirar sarro de mim depois.

Eu sei que você está dolorido, e que você vai tomar um banho de água fria agora pra aliviar o corpo. Estou certo?

Tome seu banho e vá para a cozinha. Deixei uma cartela de Advil e tem suco de laranja na geladeira. Também fiz omelete com bacon, seu preferido.

Ao chegar lá, você encontrará outro bilhete.

D. H."

Stiles se xingou mentalmente por continuar com aquele sorriso de babaca no rosto, mas adorou o bilhete. Ele quase podia ver o rosto ranzinza do namorado.

Não demorou no banho, pois a vontade de chegar até a cozinha para tomar o Advil e a curiosidade de encontrar o outro bilhete era maior.

Secou-se rapidamente com a toalha felpuda depositada encima da pia, e colocou um samba-canção do Batman. O seu preferido.

Desceu correndo as escadas e caminhou até a cozinha em passos firmes. Sentiu o coração bater mais forte e uma descarga de adrenalina passear pelas suas veias.

Não tinha só omelete e bacons encima da mesa, e sim um café da manhã completo. Com direito à frutas, pães e também variados tipos de sucos. Inclusive café quente e bem forte, que Stiles adorava, e que Derek odiava, pois o cheiro atacava o olfato aguçado do maior. Mas que ele fez mesmo assim, para agradar o amado.

- Vá com calma, Stiles. Coma primeiro, não seja afobado. Depois você procura o bilhete. - O menor repetia para si mesmo como um mantra, enquanto sentava e servia-se de tudo um pouco.

Ele já se sentia empanturrado. Tinha tomado duas cápsulas de Advil e comido omelete, bacon, pães e algumas frutas que tinham por ali.

Começou a procurar o bilhete, mas não sabia por onde começar. Então optou por abrir o forno e ver se tinha alguma coisa lá dentro. Sim, o forno. Tinha que estar em algum lugar, certo?

Abriu a geladeira, os armários, as valísias e nada de encontrar o bendito bilhete. Então, começou a vasculhar a mesa do café da manhã exposta ali.

Tirou rapidamente todas as cestinhas de pães e encontrou. Se deixou relaxar, e com os dedos trêmulos, porém ágeis, abriu o bilhete.

"Delícia de café da manhã, não é? Eu sei que você adorou. E eu realmente não entendo como você mantém esse corpinho maravilhoso comendo feito um boi.

Vista-se e venha para a mansão. Pegue seu jeep e siga a estrada, quando chegar lá, abandone o jeep e venha andando pela floresta, pela trilha que você sempre pega.

Não se esqueça: continue na trilha.

Com amor e carinho,

D.H."

O que diabos Derek estava aprontando? Stiles pensou. Ele nunca foi esse tipo romântico que escrevia bilhetinhos, mas de algum modo, Stiles estava adorando. Ele mal podia se controlar quando subiu rapidamente e desajeitadamente as escadas, tropeçando duas vezes.

Vestiu-se com pressa. Colocou uma calça jeans, all star vermelho e uma camiseta azul. Pegou a chave do jeep, a carteira e desceu as escadas novamente rápido de mais. O que resultou em um Stiles tropeçando e quase quebrando o queixo no último batente da escada.

Pegou o jeep e o ligou, dirigindo para a estrada que Derek tinha falado, e que ele conhecia bem.

Stiles se sentia nervoso. Ligou o rádio para tentar se distrair e foi trocando as estações, até que encontrou uma música envolvente e com batida de balada.

Começou a cantar - ou gritar - animadamente, enquanto rebolava rapidamente sobre o couro da cadeira, sentindo-a esquentar.

Dirigiu mais um pouco até chegar na trilha descrita por Derek. Deixou o jeep em um canto onde ninguém pudesse mexer e a adentrou, curioso e com cuidado, olhando bem para os cantos, com medo de tropeçar.

Andou por três minutos até que encontrou um papel. O mesmo papel dos bilhetes do Derek, depositado com algum tipo de grampo na madeira da árvore no lado esquerdo.

"Você está putamente curioso, não é?

Pena que vai continuar assim.

Continue andando.

D.H."

A curiosidade de Stiles já exalava e ele se sentia hiperventilando. Naquele momento, ele desejava ter poderes lupinos pra poder se transformar e correr rapidamente para os braços do amado, e logo depois, bater no mesmo por deixá-lo tão curioso e nervoso, a ponto de quase ter um ataque do coração.

Apertou o passo e continuou andando, na metade do caminho encontrou outro bilhete. Apanhou resmungando e abriu, deixando-se admirar novamente à caligrafia de Derek.

"Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde, amo-te simplesmente sem problemas nem orgulho: amo-te assim porque não sei amar de outra maneira."

Stiles ficou olhando por alguns minutos para o bilhete. Aquela frase tinha o deixado perigosamente abalado. Abalado de um jeito bom.

Era ótimo se sentir amado. Se sentir importante para uma pessoa. Se sentir habitável no mundo e no coração de alguém. E era assim que Stiles se sentia referente a Derek, e ele tinha certeza que Derek se sentia assim em relação a ele também.

Guardou o bilhete dobrado no bolso da calça e começou a caminhar, agora com um sorriso bobo tão grande que doía as bochechas.

Sentia a respiração pesar e o pulmão clamar por ar e um pouco de calma. Ele estava andando muito rápido, tanto que já estava chegando na casa de Derek. Mas ele não queria esperar mais. Aquela espera e aquela curiosidade estava o cortando por dentro.

Avistou a casa do maior. Agora recém-reformada, com direito à cerquinha branca e caixa de correio escrito Hale com um triskle.

Olhou para baixo e encontrou outro bilhete.

"O tempo é muito lento para os que esperam

Muito rápido para os que têm medo

Muito longo para os que lamentam

Muito curto para os que festejam

Mas, para os que amam, o tempo é eterno."

Stiles respirou fundo três vezes, guardou o bilhete no mesmo bolso do anterior e caminhou à passos firmes e pesados até a porta envernizada.

Não se preocupou em bater, pois à muito as boas maneiras entre os dois já jaziam esquecidas.

Chocou-se quando viu a casa toda iluminada por velas. Pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo chão, formando um caminho até as escadas.

Sentiu o coração bater com força contra o peito em um ritmo acelerado. Caminhou lentamente e agachou-se por alguns segundos para tocar nas pétalas vermelhas e macias que formavam uma linha.

Subiu as escadas e entrou no quarto do maior, também iluminado por velas.

- Derek? - Stiles perguntou incerto, forçando a visão para achar algum rastro do mesmo. Resmungou baixinho por não enxergar nada além da luz da vela vindo da cabeceira da cama.

Caminhou lentamente até ela e olhou para baixo, vendo as pétalas de rosa formando uma frase:

"Casa comigo?"

Stiles não conseguia pensar. Era como se a cabeça tivesse dado um curto e os fios mentáis dele tivessem pifado. Os olhos encheram de lágrimas e a mão começou a suar.

Sentiu a pele quente de Derek acariciar as mãos, subindo até o braço e descendo novamente até a cintura, onde enlaçou-se ali e beijou o pescoço de Stiles, respirando fundo no lóbulo do menor.

Stiles, por sua vez, virou-se lentamente e encarou os olhos verdes âmbar de Derek. Aqueles olhos que o perseguia todas as noites, que o aquecia nas noites frias, que o deixava sem fôlego nas maratonas de sexo. Aqueles olhos cravados como pedra na memória de Stiles.

Sem pensar duas vezes, Stiles disse o que seu coração mandou, e o que fez de Derek a pessoa mais feliz do mundo.

- Sim, Derek. Eu aceito.