Laços escrita por Darlan Ribeiro


Capítulo 17
Capítulo 1 x 17




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Sophie

Sophie acordou com o ronco do aspirador de pó, ecoando cedo pela casa de sua sogra. Eram 08h30min da manhã, sua sogra estava na cozinha ajeitando algumas coisas no armário.

– Bom dia Márcia! – disse Sophie com a voz ainda meio que sonolenta.

– Bom dia! – retribuiu Márcia com simpatia.

Sophie sabia que aquela simpatia era totalmente leviana, mas depois de seis anos de convivência com sua sogra. A simpatia leviana de sua sogra já não tinha tanta importância pra ela.

A noite passada pra Sophie havia sido incrível, pois Gustavo havia levado para jantar, fazer coisas românticas. E o dia para ela também estava sendo especial, pois os dois estavam fazendo sete anos de namoro naquele dia que se iniciava. Mas uma coisa ainda a deixou com uma pulga atrás da orelha, foi o fato dele não tê-la levado para dormir no seu quarto e sim num quarto de hospedes da casa. Ela concluiu que talvez ele pudesse estar preparado uma surpresa. Mas ela podia ver se sua sogra estava sabendo de alguma coisa.

– Márcia você sabe o porque do Gustavo não ter me levado para dormir no quarto dele ontem? – perguntou Sophie inocentemente.

– Olha! Eu não tenho ideia do que ele está fazendo naquele quarto. – respondeu sua sogra.

– Mas você tem a chave do quarto dele? – perguntou ela e dessa vez sabendo que estava sendo invasiva.

Ela viu a expressão de sua sogra mudar de tal forma. Que a fez ter uma ligeira impressão de que não devia ter feito àquela pergunta.

– Eu tinha a chave do quarto dele, mas ele vem trocando a fechadura do quarto toda semana. – respondeu Márcia. – Seja lá o que ele esteja fazendo, ele não quer revelar a ninguém. Pelo menos não agora.

Sua sogra saiu da cozinha, deixando-a sozinha. Sophie pegou uma maçã da fruteira e voltou para o quarto de hospedes. Ela não teria pacientes naquele dia, então poderia planejar toda uma noite para passar com Gustavo e talvez por um fim no seu passado com Hudson. Ela então resolveu que iria fazer um jantar a luz de velas para os dois na sua casa. Ela tinha que ligar pra ele, pra dizer que assim que ele saísse do trabalho, era pra ele ir para casa dela.

Ela ligou duas vezes e as duas vezes caíram na caixa postal, ela imaginou que ele estivesse em alguma reunião ou algo do tipo. Sophie decidiu então tomar um banho.

Quando saiu do banho, lembrou que tinha que mandar um email, urgentemente para Juliana. Ela colocou uma bermuda e camiseta feminina e foi até o terraço onde sua sogra estava.

– Márcia? – chamou ela.

– Oi! – respondeu Márcia

Sophie viu que ela, estava agachada podando algumas folhas secas de seu pequeno pé de pimenta.

– Será que eu posso usar o computador do escritório para mandar um email? – perguntou Sophie

– Fique a vontade querida! – respondeu Márcia.

Sophie desceu as escadas e foi até o escritório, ela se lembrou de uma festa que Gustavo havia dado naquela casa no primeiro ano de namoro deles. Seus pais haviam viajado e Gustavo resolveu dar uma festa. Foi uma das festas mais loucas que ele já havia dado. As pessoas não chegaram a destruir a casa, porém ejacularam no armário dos pais de Gustavo. Sophie reprimiu aquela lembrança e voltou para aquilo que tinha de fazer.

Ela ligou o computador e viu uma pasta com o nome de Para o bem do meu filho. Aquela pasta lhe despertou certo interesse. Ela sabia que era antiético, mas sua curiosidade estava falando mais alto. Sophie clicou na pasta e no mesmo instante em que a pasta se abriu. Ela se viu totalmente arrependida de ter o feito.

Estavam ali naquela pasta, as mesmas fotos que o motoboy havia lhe entregado meses atrás em seu consultório. Que mostrava Gustavo entrando em um condomínio abraçado com outra mulher. Ela ouviu um klec como se algo estivesse sendo rachado ou se partindo. Foi então que se deu conta de que estava segurando o mouse do computador com muita força.

Subindo as escadas até o terraço Sophie sentiu as pernas fraquejarem, mas não era por falta de força e sim por nervosismo. Quando chegou ao terraço, Márcia estava lavando as mãos.

– Seu monstro! – grunhiu Sophie, com o rosto vermelho de raiva.

– Como disse? – indagou Márcia totalmente calma.

– Foi você quem me mandou as fotos do Gustavo com outra mulher.

Márcia ainda se mostrava calma, não tinha como negar e também não iria. Ela já estava farta de ter que demonstrar um falso apreço por aquela mulher.

– Sim fui eu, e aquilo me provou que tipo de mulher você é. – disse Márcia, enxugando as mãos na própria blusa.

– Você não me conhece. – falou Sophie com os dentes cerrados de ódio

_ Conheço. – disse sua sogra, indo a sua direção. – Você é o tipo de mulher que não tem certeza do que quer. Você é o tipo de mulher que vive sonhando. Mas não tem coragem de ir à luta e tentar fazer desse sonho realidade. Você é apenas uma menina num corpo de mulher.

– Porque você fez isso? – perguntou Sophie com lágrimas nos olhos.

– Isso já ta mais que obvio garota. – respondeu Márcia.

– PORQUEEEEEE? – gritou Sophie em desespero e ódio.

Márcia deu um passo atrás com o acesso histérico de sua Nora.

– Você não é mulher pra ele. E eu posso provar o que estou dizendo. – disse ela. – Hoje vocês estão fazendo sete anos de namoro. Vou te levar onde ele está agora nesse exato momento.

Sophie entrou no carro com sua sogra. Marcia dirigia calmamente, enquanto ela ficava de segundo em segundo enxugando as lágrimas com o canto das mãos. Sophie viu que ela estava indo realmente para o Vale Dos Pinheiros. 20min se passaram e lá estavam elas em frente ao condômino onde a foto fora tirada. Era um condomínio de luxo, bem frequentado e muito bem arquitetado.

– Bloco oito, apartamento 303. – disse Márcia.

_ O que é isso? – Indagou Sophie

– E onde ele está. – disse Márcia exausta. – E Sophie a partir do que você talvez vá ver pare pra pensar. Que se você fosse mulher pra ele, ele talvez não estivesse fazendo o que está fazendo agora.

Ela sentiu uma imensa vontade de esmurrar a cara daquela mulher. Mas sabia que seria muito pouco, perto do que ela realmente merecia. Sophie saiu do carro e aproveitou que o portão da garagem do condomínio estava se abrindo pra um morador sair com seu carro e entrou. Ela teve de andar por dois minutos e meio até chegar a frente ao bloco oito.

Ela teve vontade de dar meia volta e ir pra casa chorar, como fez quando recebeu as fotos. No entanto, se perguntou – Até quando ela teria de fugir da realidade? Até quando teria de viver no mundo dos sonhos? Até quando teria de fingir que estava tudo bem?

Não tinha cabimento voltar atrás. Ela decidiu seguir em frente. Chegando a porta do apartamento ela começou a escutar a voz de Gustavo.

Gustavo: nossa Lívia está tudo perfeito.

Lívia: você realmente gostou meu anjo?

Gustavo: nós vamos adorar viver aqui.

Todo o mundo de Sophie se desmoronou ali do outro lado daquela porta, todos os seus sonhos estavam fadados à ruína. Ela concluiu que tudo o que ela havia vivido com Gustavo naqueles sete anos, não passara de uma mentira.

Ela estava convicta de que todas as vezes que ele planejava algo com ela. Era para acobertar sua traição. Ela queria tocar a campainha e ver qual seria sua reação. Mas o medo de encarar a realidade ainda era maior, então ela saiu correndo escadas abaixo totalmente em prantos.

Sophie tropeçou no meio fio enquanto saia do bloco, e acabou ralando os joelhos no paralelepípedo. Ela não se importou com a dor, de modo que se levantou e continuou caminhando devagar. Sua sogra corria em sua direção para ajuda-la.

– Sophie, o que aconteceu? – perguntou Márcia preocupada de verdade. – Tenho que te levar ao hospital.

– Não precisa! – disse Sophie se apoiando nos ombros de Márcia.

Ela não parava de pensar na voz de Gustavo e como ele parecia feliz.

– A dor que estou sentindo nos meus joelhos, não chega nem perto da dor que é ter de admitir que, a senhora realmente estava certa. Eu vivo sonhando e não luto para realizar. Mas a senhora sabe porquê eu não os realizo? – perguntou Sophie.

– Estou intrigada em saber o porquê? – respondeu sua sogra.

– Porque eu insisto em construir um castelo de areia na beira da praia e às vezes o mar vem e leva o meu castelo. E fico ali parado vendo ele se desfazer em grãos de areia. No entanto insisto em fazer o castelo de novo e no mesmo local. A paria é o meu mundo a parte, a areia são os sonhos que quero ver realizados, o mar é a realidade que insiste em destruir o meu mundo.

– E porque você não sai de perto do mar, para construir o seu castelo?

– Porque é inútil. Não importa onde você vai construir o seu castelo dos sonhos. A realidade sempre vai dar um jeito de destruí-lo, pois a função da realidade na vida é nos mostrar. Que nada é pra sempre.


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