Amanhecendo

Não existe pior maneira de começar o ano vivenciando uma crise familiar. Meus pais se separaram e eu e minha mãe nos mudamos para uma nova cidade. Uma nova escola, novas pessoas, nova casa e nova vida. O lado bom: eu posso ser quem eu quiser. Eu sou keyla Morgan, uma típica garota sulista. Sou loira e tenho os olhos verde-esmeralda, meu corpo é razoável, tudo proporcional.

Tem essa parte da minha vida que é normal, e tem a outra que é meio psicótica. Eu amo ler, leio um livro diferente por dia, escuto musica o tempo inteiro, de clássicas a rock pesado, eu sonho com um amor como toda garota, mas não me iludo e nem me apaixono por ninguém. Tudo tão contrário de si.

Mas chega de reclamar, eu estou agora na frente da escola, assim que eu passar por aquele portão, toda a minha vida irá mudar. Eu serei uma nova pessoa.

Saio de meus devaneios e ando em direção aos portões do inferno. Quando chego ao corredor varias pessoas me olham de canto, vários cochichos começam a encher o local, entro na minha sala e me sento na cadeira mais distante de todos. Os alunos me olham descaradamente. Ano passado eu ficaria acanhada e envergonhada, me encolheria e deixaria todos eles me olharem com superioridade.

-qual é? Estão me olhando por quê? Tem alguma coisa na minha cara? – todos desviam o olhar, menos uma garota morena, de pele escura que parece comandar as vadias do colégio, que me diz :

-nem precisaria, essa sua cara horrível já espanta todos que olham. – alguns alunos dão gargalhadas.

-e essa sua cara bonita ficaria ainda mais bela com minha mão nela. – grito de volta, desta vez todos os alunos dão risadas. A morena vadia fecha a cara e me mostra o dedo do meio. Neste momento um professor muito gato entra na sala com um saco de bolas, o cara é moreno e tem os cabelos pretos repicados caindo na testa, olhos cor de mel e lábios cheios, ele tem um pouco de suor escorrendo pela testa e pelos braços, o que o faz ficar mais sexy ainda, a camiseta vermelha colada ressaltando os músculos de seu peito estava encharcada, percebi uma certa semelhança com a morena vadia. Ótimo, no meu primeiro dia na escola colege green começaria com aula de educação física, que maravilha!

-bom dia, alunos. – disse o professor – eu sou Damon yescoviz, como muitos de vocês já sabem. Sou o professor de educação física e detesto apresentações, até porque teremos o ano todo para sabermos tudo uns sobre os outros. Eu amo aulas praticas, então vamos descer agora. – ele disse e passou pela porta, os alunos se levantaram e foram atrás dele, eu fui junto a eles. Um cara muito gostoso parou do meu lado, malhado, mas não exageradamente, ruivo de olhos azuis. Algumas sardinhas coloriam seu lindo rosto, lábios rosados e um nariz delicado, mas seu rosto era másculo e incrivelmente sexy.

-oi –ele disse. Enfiou as duas mãos no bolso da calça jeans preta que contrasteava perfeitamente com a blusa sem mangas branca. Eu fiz o mesmo gesto, coloquei minhas mãos nos bolsos do meu moletom.

-oi – respondi, ele retirou uma das mãos e a estendeu pra mim.

-sou damien. – ele disse, eu apertei sua mão e coloquei a minha de volta no bolso do moletom. Ele fez o mesmo.

-só tem nome bonito nesse lugar? – digo e ele ri.

-não sei, qual o seu? – ele pergunta.

-me chame do que quiser. – disse e lhe mandei meu melhor olhar sedutor, que ele respondeu com um sorriso lindo.

- então irei te chamar de fada. – ele diz.

-fada? – perguntei.

-sim, você é linda como elas. – ele diz. Sinto meu rosto corar e sei que estou vermelha como um pimentão. – e fica ainda mais linda vermelha. – ele sorri.

-você fala até como se já tivesse visto uma. –digo. Ele fecha a cara como se eu tivesse dito algo que não devia. – então, vamos pra quadra?

-vamos. – ele diz e caminha ao meu lado para me mostrar o caminho. Um pouco depois chegamos a quadra, o professor estava fazendo a chamada. – agora eu vou descobrir como se chama.

-talvez, se meu nome estivesse na chamada – e era verdade, eu era novata, fiz matricula de ultima hora e meu nome não foi encaixado na lista de chamada. – esse mistério ainda vai demorar a ser desvendado. – dou um sorriso e me obrigo a ir para o vestiário. Mas antes vou até o professor e o digo que meu nome não está na lista, ele o anota e eu retorno ao meu caminho anterior. Olho pra trás e ele esta me olhando, dou uma gargalhada e ele acompanha. No momento em que entro no vestiário dou de cara com a morena vadia.

-qual a sua com o damien? – ela pergunta.

-oi pra você também. – digo e me afasto, mas a vadia vem atrás de mim.

-se afasta dele. – ela diz me fazendo virar pra ela. – ele é meu.

-meu amor, você pode até ser a rainha do seu mundinho nojento, mas eu não vou ser uma de suas súditas. Eu estou aqui agora, e eu tenho meu próprio mundinho. Eu pego o que eu quiser, quando eu quiser, sem me importar se já tem dono ou não. Pessoas não são propriedades, não pessoas. – digo e entro em uma das cabines do banheiro. A vadia bufa e sai batendo o pé. – vadia de merda – murmuro. Saio do banheiro e vou até o armário com o numero 64, o numero que me deram na coordenação. Coloco minha combinação e o abro, lá dentro tem uma legging e uma camisa sem mangas, ambas verdes, as visto e vou para a quadra, aonde os alunos já estão no centro se alongando.

-bom pessoal, o jogo de hoje é queimado. Formem dois times e escolham os lados da quadra. – com esta deixa os alunos se dividiram, eu fiquei no mesmo time que damien, a morena vadia ficou no time adversário.

-isso vai ser interessante. – digo em um sussurro, mas damien escuta.

- o que? Uma garota frágil como você, fadinha, não deveria gostar de bola. – ele diz. Machista!

-eu também não deveria andar com um cara machista, mas aparentemente eu quebro muitas regras. – digo e pisco pra ele. O professor apita e a bola é lançada, a morena vadia a pega e a atira em mim, eu a seguro e jogo-a de volta para acerta-la, mas ela segura de novo, ela tenta blefar mas eu percebo, a bola bate no chão e damien a segura, atirando-a em um loiro desatento do outro time. Um ponto nosso. O jogo recomeça e o garoto que foi queimado atira a bola ao outro lado da quadra, uma garota alta com os cabelos castanhos a segura e a joga em uma garota baixinha do cabelo tingido de rosa do nosso time e a acerta. Um ponto pra eles. A garotinha atira a bola e eu a seguro, arremesso-a no outro lado e a morena vadia a toma e a atira em mim, eu a seguro e jogo-a de volta, ela joga novamente e a bola cai aos meus pés, batendo em minha canela. Ela me lança um olhar superior. Ponto pra eles. Eu pego a bola e vou para o outro lado da quadra. Estando do lado de lá todos esperavam que eu atirasse a bola para meu time, mas eu tinha uma ideia melhor. Os alunos do time adversário formaram a linha de defesa a frente do pátio e eu joguei a bola, que cortou o ar com força e velocidade e acertou em cheio o belo nariz da morena vadia, que caiu no chão. Andei até ela lentamente e me abaixei ao seu lado, levei meus lábios até seus ouvidos e sussurrei – um ponto pra mim. – andei até o outro lado da quadra, aonde damien me recebeu com um abraço e sussurrou em meu ouvido:

-impressionante fadinha. – dei-lhe um tapa no peito, o que o fez rir alto, um sorriso sedutor daqueles. O que me fez sorrir também.

É, parece que damien vai ser um problema – ou talvez uma solução. – na minha vida.