TRÊS ANOS DEPOIS

Eu estava correndo por uma árvore, seguida por Tory e Anne, outra Semi-Ninfa que conheci ao longo desse tempo. Um dia pode contar muita coisa na vida de uma Semi-Ninfa, quanto mais três anos. Eu já pertencia a minha raça, e ninguém que me visse poderia me considerar humana.

Minhas orelhas pontudas eram normais, meus dentes podiam ser afiados, eu tinha a agilidade da minha espécie, e minha pontaria era perfeita. Eu fui treinada pelas melhores, e eu dominava nosso idioma tão bem quanto Kayla. Que por sinal era bem presente, mas eu não conversava tanto com ela.

Murilo estava em algum lugar, fazendo suas peripécias. A maioria das Semi-Ninfas ficou abismada quando eu e ele podíamos nos separar poucos dias depois da cerimônia. A única com um geysa Nature tão forte assim era Kayla, que possuía uma marta, chamada Gwin.

Nossos risos ecoavam na mata, e inspirava passarinhos a cantarem. Tory subitamente escorregou, e eu segui sua voz melodiosa.

-Vejam como isso é divertido!

Ela nos chamou, escorregando em um tronco cheio de lodo. Um humano não entende a beleza de um tronco sujo de verde, mas para nós, podemos sentir a vida pulsando daquele tronco, e é belo.

Eu escorreguei, e em seguida Anne. Nós rimos de nossas pernas esverdeadas.

-Anda Tory, a gente vai se atrasar pro café da manhã.

Falei na minha voz de soprano. Nós rimos mais um pouco, e saltamos para nosso caminho novamente. Mas então minhas orelhas se moveram com um som inesperado.

-Ouviram isso?

Perguntei, ficando ereta e imóvel. Eu devia parecer estranha, em pé e congelada no alto de uma árvore, mas fazia tempo que eu não pensava desse modo.

-Sim.

Sibilou Tory, um silvo ameaçador rasgando seu peito. Eu a olhei assustada.

Tory estava agachada, as orelhas pontudas arqueadas, os dentes afiados. Uma visível posição ofensiva. Subitamente, ela disparou em direção ao som, e eu a segui.

Minhas pernas me levavam à máxima velocidade.