Sangue de Semi-ninfa escrita por shameeka


Capítulo 13
Raphaella Minucci




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Raphaella Minucci era uma Semi-Ninfa de cabelos lisos e castanhos, amarrados em um coque no alto de sua cabeça. Seus olhos eram pretos e brilhantes, dotados se uma inteligência assustadora. Ela não usa o mesmo short que as demais Semi-Ninfas, e sim uma saia com placas de metal. Seu corpete era de um couro reforçado e era ela a melhor da luta.

Ela raramente ensinava os aprendizes, mas hoje, informaram-me, era um dia especial. Era o dia de Bikuri, o espírito abençoador das Semi-Ninfas.

Eu tinha muitas perguntas a fazer. Minha mente disparava e voltava sempre às mesmas questões.

No momento, eu estava de frente para Raphaella Minucci, e todas as outras Semi-Ninfas estavam sentadas a uma segura distância, formando um círculo a nossa volta.

-Então, Naya Bronks. Sei que tem perguntas.

Falou Raphaella em uma voz melodiosa, na nossa língua nativa. Era estranho vê-la como minha professora. Ela não devia ter mais que dezesseis anos.

-Raphaella, eu estou confusa. – Comecei na minha nova voz de soprano. – Não entendo, como assim Bikuri é o espírito abençoador das Semi-Ninfas? E o que isso tem a ver com você me ensinar? Contra o que lutamos? Por quê?

Ela sorriu, e se sentou no chão de terra úmida. Ela gesticulou para que eu fizesse o mesmo. Toquei Murilo, aninhado em meu ombro, e me sentei.

-Naya, você já deve conhecer a geysa Eywa, marca de Eywa. Você já a viu, estou correta?

Ela perguntou e eu fiz uma careta confusa. Geysa Eywa? Nunca ouvi falar.

Raphaella sorriu novamente, dessa vez um sorriso travesso que a fez parecer mais nova e eu me senti uma anciã. Então ela tocou a testa, e uma marca entrelaçada, a mancha que eu havia visto na testa de Kayla, apareceu. Era bonita, marcada. Meus dedos quase subiram a testa, mas eu me lembrava do que tinha acontecido da ultima vez e tombei a mão subitamente.

Então ela tocou novamente e a marca desapareceu.

-Geysa Eywa. A marca que toda Semi-Ninfa leva na testa quando é abençoada. Bikuri– Sua voz assumiu um tom adorador. – É nosso protetor. Quando Eywa lê nossos corações e decide que estamos prontas, ele nos abençoa com nossa primeira marca, a geysa Eywa. Não há Semi-Ninfa neste clã que não a tenha. Sem contar com você.

Eu fiz uma careta, e ela riu um riso infantil e começou uma longa história.

-“Não se preocupe, ainda não é a hora. Ainda há um passo a ser cumprido para que você possa se postar diante do julgamento de Eywa. Você já conhece Tacksuami, o espírito dos bosques. Além dele e Bikuri, existem mais oito espíritos divinos para nós, nove se considerar as Ninfas puras um espírito. Os outros oito são: Nature – a Natureza em forma de árvore, a grande árvore que as Semi-Ninfas protegem e adoram.  Solano – o espírito da Luz. Fairo – o espírito do fogo. Yano – o espírito da água. Aboo – o espírito do ar. Toroni – o espírito da terra. E, por último, Calypso – espírito da noite, das trevas, da escuridão e da Lua.”

Ela disse. Eu me lembrava perfeitamente de cada um, e contei apenas sete.

-Está faltando um.

Falei. Ela assentiu.

-O oitavo espírito é Eywa. A mãe de tudo e de todos. É a suprema até mesmo aos espíritos.

Raphaella falou. Eu assenti e ela continuou.

-“Depois que Bikuri nos marca, algumas poucas Semi-Ninfas, escolhidas, especiais, podem ser abençoadas por um dos outros espíritos, que se tornam padrinhos das Semi-Ninfas. Qualquer um deles, no entanto cada espírito tem uma personalidade diferente. Calipso, por exemplo, só marcou uma Semi-Ninfa em toda a história... Ela é muito exigente. Hoje, eu vou te ensinar por que é dia de Bikuri... nosso protetor e meu padrinho. Ele me marcou.”

Então Raphaella tocou a têmpora direita e uma marca surgiu ali, um caminho de flores e folhas até sua mandíbula e até tocar o queixo. Aquela era a marca de Bikuri, flores e folhas, bem diferente do único desenho abstrato no meio da testa de Eywa. Agora eu sabia.

-Raphaella... E contra o que lutamos?

Perguntei, sem ter esquecido o propósito de estarmos ali. Ela tocou novamente a têmpora e a marca desapareceu enquanto ela dava um largo sorriso, mostrando os dentes muito brancos e caninos um pouco mais afiados que o normal. Hm... Eu deveria perguntar sobre isso depois.

-Qualquer coisa que nos ameace... Humanos destruidores, invasores da floresta, elfos inimigos e, às vezes há discórdia entre clãs... Mas isso não acontece a mais de duzentos anos. Além disso, precisamos estar preparadas. Há coisas na floresta... Coisas que apenas os espíritos podem explicar. Precisamos saber usar um arco, uma faca e luta corporal. No quesito das lutas, somos muito melhores que os humanos e não deveria ser mais difícil matá-los do que escalar uma árvore. Se não fosse as armas de fogo.

Ela falou, tremendo, e todas as Semi-Ninfas tremeram em volta.

-Os malditos revolveres, faz todo aquele barulho e se desviar das balas não é muito fácil...

Ela reclamou, mas eu estava abismada.

-Mas por que matar humanos?

Perguntei, e Raphaella riu. Novamente, ela parecia mais uma adolescente comum do que minha mestre... Talvez isso se devesse ao fato dela ser quem mais parecia com uma humana ali, com seus cabelos castanhos e lisos e seus olhos escuros... Mesmo assim, como todas as Semi-Ninfas, era mais bonita que um humano comum.

-Por quê? Eles sujam a natureza, invadem a floresta, matam animais, desmatam tudo... Não se engane, se eles virem uma de nós, tentarão matar, ou capturar. Houve um tempo que eles destruíam nossas aldeias, matavam as mais fortes na hora, e vendiam as mais fracas como escravas. Algumas foram queimadas na fogueira sob acusação de bruxaria.  Até que nos revoltamos. Se eles invadem nosso território, nós os matamos. É assim que tem que ser.

Eu não sabia o que pensar... Uma Semi-Ninfa é livre, jamais deveria ser morta, ou pior, escravizada... Um humano poderia pensar que morrer é pior do que ser escravo, mas ficar vivo e preso é a pior punição que se pode dar. Matavam os animais... Imaginei alguém tentando machucar Murilo e tremi de fúria. Sim, eu mataria quem se aproximasse dele. Mataria quem atacasse minhas irmãs. Mataria quem invadisse minha casa. Mataria humanos.

Raphaella viu isso no meu rosto e disse apenas.

-Hora de começar nosso treinamento.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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Adeveeeeenhem! Eu resolvi que só vou postar os capítulos normalmente como quem não quer nada, e se vcs gostarem vcs reviwam. Já chega, hoje eu tô feliz.

Rah, eu sei q seu personagem fico meio formal e tal, mas é só no começo que elas aindam tavam se conhecendo, dakie a poko a Rah vai ser mais amiga da Naya, tá? E obgd por não abandonar a fic, te dooooooooooooolo!