Your Voice escrita por AcheleForever


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez meu cérebro não me deixa dormir com medo de esquecer tudo que coloquei em palavras agora.
Durante a semana tem atualização das minhas histórias vigentes, espero que possam gostar dessa como gostam das outras.
Qualquer dúvida, crítica ou sugestão é bem vinda.
Enjoy it.



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Era com nostalgia que olhava a banda que tocava á sua frente com músicas previamente selecionadas. Tinha feito aquela lista para seu casamento, jamais poderia imaginar isso nos seus maiores pesadelos. Até aquele momento, não sabia como havia aceitado toda aquela cena.

Prometeu a si mesma que se fosse abrigada a assistir á tudo, que seria em vestido preto simbolizando seu luto interno. Não que alguém soubesse, mas seria fiel ao seu sentimento mesmo que nenhum presente entendesse.

Assim que o ensaio da banda terminou no pequeno palco montado sobre a grama verde da casa, ela levantou-se de bom grado e se dirigiu até a sede atrás de Santana. Andou pelos cômodos muito bem conhecidos com calma aparente, cumprimentando um ou outro que conhecia pelo caminho. Assim que colocou a mão na maçaneta suspirou, sabia que se arrependeria se entrasse, mas o fez do mesmo jeito.

Era exatamente como as duas haviam sonhado desde a adolescência. Desde que haviam dado o primeiro beijo.

O vestido parecia ter sido retirado dos sonhos da latina. Era exatamente como ela havia descrito muitas vezes, e Rachel sempre estivera muito atenta para fazer tudo do jeito que sua namorada gostaria. Na ocasião, mesmo como primeira madrinha, não deixara nada escapar. Cuidara de todos os mínimos detalhes pessoalmente.

- Oi. – limitou-se a dizer assim que colocou os olhos na latina que arrumava a calda exageradamente grande de seu vestido branco.

- Hey, Rach. – olhou para a morena pelo reflexo do espelho. – Como está?

- Está perfeito, vocês está linda. – seus olhos brilharam ao olhar novamente como sua namorada ficava a noiva mais linda que já tivera o prazer de observar.

- Eu digo sobre você. – virou-se ficando de frente aos olhos castanhos que tanto a estudava de costas. – Como você está?

- Essa não é uma pergunta válida. – sorriu ameno com sinceridade. – Passei apenas para lhe desejar sorte, não que você precise.

- Obrigada, mesmo assim. – pousou a mão direita na bochecha da menor. – Te encontro em casa?

- Sempre, latina.

Santana encostou seus lábios ligeiramente nos de Rachel, apenas significativo. Assim que se separaram, a morena arrumou a franja rebelde que bem conhecia da latina atrás de sua orelha, rezando para que ninguém mais fizesse isso naquele dia. Era um gesto delas.

Descendo as escadas encontrou com Carmen, mãe da noiva. Trocaram amenidades, Rachel tentou acalmá-la um pouco, e logo se dirigiu para o lugar que mais gostava na casa. Chegando ao bar ao canto da sala, serviu-se de um copo de whisky e ali passou algum tempo não cronometrado por ela. Essa seria uma das vezes em que deixaria acontecer como teria de ser, não esperava que nada desse certo afinal.

Quando deu por si, era hora de tomar seu lugar na entrada da cabana branca ornamentada com flores. Passou seu braço pelo de Sam, e assim que lhes foi permitido, entrando ao som da música escolhida á dedo. Pararam ao lado direito do palco, aguardando somente a entrada da protagonista da noite.

Não que houvesse se esquecido, só não queria lembrar que ainda teria de ver o noivo entrar. Assim que viu a silhueta de Puck (meio embaçada devido ao álcool ainda em seu sangue), sua respiração vacilou. Era mesmo real tudo isso.

Ao parar no altar, Noah lhe direcionou um olhar amoroso e um sorriso bonito, não que a morena ligasse. Apertou o braço de Sam em resposta, o menino loiro com o olhar pediu calma para o noivo. Tudo ali era delicado no dia de hoje.

Ainda estava com a expressão fechada quando escutou os primeiros indícios da marcha nupcial. Seus olhos tremeluziram ao olhar mais uma vez em direção á uma Santana de branco, seu sorriso aberto mostrando á todos, e principalmente aos seus pais, que estava radiante. Rachel sentiu as lagrimas chegando, mas não se permitiu deixar aparente. Não no casamento do seu melhor amigo de infância com sua melhor amiga de toda a vida.

Santana juntou seu braço ao de Noah, e olhou instantaneamente para a morena em um pedido silencioso de desculpas. Não que fizesse diferença á àquela altura da ocasião, não iriam fugir dali ou coisa parecida.

Entrou em estado de torpor assim que a cerimonia foi iniciada, Sam apenas lhe dizia palavras de conforto no ouvido, mas a morena realmente não ouvia. Seus olhos estavam grudados no casal á sua frente, e não era por admiração ou felicidade.

Inocentemente achou que apenas o beijo ao final a afetaria diretamente, mas só naquele momento poderia dizer como estava enormemente enganada. Viu a mão masculina demais de Puck ir de encontro ao rosto da latina e arrumar-lhe a franja, uma pontada de traição batendo forte em seu peito. Aquilo era delas. Riu demasiadamente alto para a ocasião, chamando atenção para si naquele momento tão frágil. Olhou para o chão, sorriu, e sentiu a mão delicada do loiro ao seu lado limpar a única e teimosa lagrima que caiu.

Não viu o resto, contudo pode ouvir em alto em bom som a salva de palmas quando, pode presumir, os enfim casados deram o primeiro beijo. Sentiu um abraço, e enfiou o rosto no peito largo do loiro. Riu ao lembrar-se de que o chamava de Ken, mas era demasiado forte e másculo para o apelido.

Devagar e um á um, todos se dirigiram ao salão de festas improvisado onde mais cedo à banda ensaiava. Sentiu uma estranha sensação ao entender que quando estava ali pela primeira vez sua namorada era apenas sua. Ao sentar em sua cadeira ao lado da mesa dos noivos, sentiu a obrigação de libertar Sam de sua indesejável companhia naquele dia. O loiro foi um pouco contra no começo, mas assim que a morena lhe disse que preferia tomar aquele porre sozinha, ele se foi. Era de direito que ele arrumasse alguma companhia após passar esses odiosos minutos ao seu lado.

Ao tomar sua quarta taça de champanhe, começou a pensar em qual momento do seu relacionamento consentiu com tudo aquilo. Lembrava-se de concordar com Santana em manter em segredo o envolvimento delas, afinal sua família de sangue latino poderia reagir um pouco agressivamente no começo. Mas elas estavam juntas á sete anos, e nem sombra de duvida já passara pela cabeça dos pais. Deveria ter sido em suas férias para o Caribe, desconfiava, mas não lembrava ao certo. Aceitaria tudo que a latina pedisse quando estive com um biquíni que ainda povoava seus mais felizes pensamentos.

Contudo, a latina não pensara nem um pouco nos sentimentos de Rachel. Aceitar que sua namorada se casasse de fachada com o melhor amigo delas apenas para que seu pai não a deserdasse? Sua cabeça maquinava tão depressa para lembrar em qual momento aceitara tudo isso que quase saíra fumaça.

Estava na décima segunda taça de champanhe quando os noivos apareceram na pista de dança para a primeira valsa. Puck ainda mantinha o terno reservado, mas a latina voltara com um vestido branco e extremamente curto. Noah ensaiava uma expressão de ciúmes muito mal feita, e Rachel apenas ria. Fora anos atrás quando se importava com as extravagancias do vestuário de Santana, aprendera a não levar tão a sério assim.

Quando dera por si, alguma música agitada tocava e quase todas as mesas estavam vazias exceto a sua e outra no extremo oposto do salão. Pode ver de leve uma taça levantada em sua direção em cumprimento vindo da loira solitária, e apenas se permitiu responder á altura.

Uma musica depois, a loira levantou-se e veio desfilando até seu encontro, puxou uma cadeira e sentou em silencio. Ambas passaram alguns segundos em silencio, a morena sem interesse algum em começar uma conversa.

- Me desculpe a indelicadeza, mas como vi que estávamos as duas solitárias, resolvi me juntar a você. – ainda olhavam a pista de dança.

- Não me importo, só lhe aviso de antemão que não sou a melhor das companhias hoje. – sorriu em sua direção.

- Então somos duas. – a loira esticou a mão em sua direção. – Quinn Fabray.

- Rachel Berry.

- Oh, famosa Berry. Fico feliz em finalmente te conhecer, Rachel. – sorriu abertamente em direção á morena.

- E você, a linda e encantadora Quinn. Puck fala muito sobre você. – deu de ombros;

- Digo o mesmo. – sorriram. – Mas o que ele diz de mim? Espero que coisas boas, ou então amanhã mesmo me asseguro de que não possa ter filhos.

- Antigamente, - assegurou-se em dizer, - ele queria com todas as forças que saísse com ele. Hoje em dias, nem tanto. – olhou para o casal radiante novamente.

- Espero que essa mulher saiba com quem casou, não quero um divórcio tão cedo. – sorveu um gole de sua bebida. – A verdade, é que me assustei assim que me disse que casaria, mal falava sobre essa Santana, e um belo dia me diz que vão se casar. Foi uma surpresa.

- Pegou todos nós desprevenidos. – virou o conteúdo de sua taça na garganta para conseguir contar a historia que ensaiaram. – Eles são amigos de infância também, alguma coisa sobre paixão na adolescência que reacendeu á pouco tempo. Santana sempre quis casar, Puck precisava de um casamento para acalmar seu pai. Uniram o útil ao agradável.

- Compreendo, só não consigo aceitar como alguém sacrifica a felicidade pelos outros.

- Você ficaria surpresa ao saber como isso acontece mais corriqueiramente do que acredita. –acenou para o garçom mais uma vez naquela noite.

- Desculpe? – tentou entender onde a morena queria chegar.

Seu olhar vagou até o outro lado do salão despretensiosamente, encontrando pelo caminho os olhos quente de Carmen Lopez sobre si. Viu uma risada tímida, e soube onde queria chegar. Estava fantasiando um envolvimento ao final da noite de Rachel e a linda loira que atendia por Quinn. Não era cética, Fabray era estonteantemente linda, mas a morena só tinha olhos para sua latina.

Sorriu ao ver que Carmen levava muito bem a sua sexualidade, ao contrario do que Santana sempre pregava. Não entendia como a latina conseguia se esconder em uma família tão aberta e unida, que a recebeu de braços abertos mesmo quando a sua estava relutante.

Com recomendações expressas da mãe da noiva, o garçom as serviu da garrafa mais cara de whisky de Juan, seu marido. Após isso, não se lembra de muita coisa. Estava na pista dançando com Quinn, a musica era alta demais para que seus ouvidos reconhecessem, mas era consciente da mão macia e decidida em sua cintura. E gostava mais daquilo do que algum dia fosse capaz de assumir.

Sob o barulho vindo das grandes caixas de som, pode ouvir o timbre ritmado da voz vinda da loira á sua frente, Rachel prestou extrema atenção em cada palavra proferida, alguma parte da sua mente se agarrando á isso para não voltar á realidade em que se encontrava.

- Eu quero muito te beijar agora, Rachel Berry.

Seu coração gritou instantaneamente que não deveria fazer isso, era uma mulher comprometida em um relacionamento duradouro de sete anos. Mas como provar isso, se ao menos tinha uma aliança? Como explicar que estava no casamento de sua namorada com seus melhor amigos?

O cérebro falou mais alto, e naquele momento, ele gritava ferido.

- Aqui não. – foi só o que conseguiu dizer com a boca da loira muito perto de sua orelha.

Sentiu-se arrastada para fora com certa urgência, não se importando em ver que ao seu encalço Carmen apenas sorria satisfeita e genuinamente por ver sua segunda filha enfim dando chance ao seu coração.

Seus passos eram atrapalhados, porém estava decidida assim como Quinn á chegar onde quer que seja que a estava levando. Ao entrar no espaço coberto recheado de carro, que a realização bateu com força em sua consciência. Estava indo ao carro da loira.

Seu coração queria protestar, queria dizer que não poderia fazer isso nem em seus mais belos sonhos. Mas ao ver Quinn tentar abrir a porta do carro, seus olhos foram automaticamente para a cintura da mais alta. Sua boca estava pronta para dizer não, mas a única coisa que conseguiu fazer foi salivar de vontade daquele corpo.

Mal a porta foi aberta, sentiu seu corpo ser guiado para o banco de traz. Quinn a colocou sentada em seu colo com mãos decididas, e Rachel gostou de alguma vez deixar ser dominada. Sentia beijos em seu pescoço e ombros, o álcool e o prazer se misturando e turvando sua mente. Sentiu mãos geladas em seu abdômen, um arrepio subiu pela sua coluna mostrando que seu corpo gostava e muito daquilo.

Não sabia desde quando achava mulheres sérias tão atraentes, mas naquele momento nunca gostou tanto de um vestido comportado no corpo de alguém. Conseguia ver apenas o decote profundo do vestido de mangas compridas, e aquela parecia ser melhor vista do mundo.

Sentiu os lábios macios em sua mandíbula, e sabia que não haveria mais volta no momento em que beijasse a loira embaixo de si. Não que conseguisse explicar para Santana que estava sentada no colo de uma loira no carro dela, mas quando houvesse beijo se tornaria real para a morena. Mas o beijo no canto da boca a quebrou. Agarrou decidida os cabelos da outra e lhe assaltou a boca, línguas se encontrando e a morenas sentindo o gosto de menta característica da loira.

Rachel decidiu que se estava no inferno, não fazia mal algum se divertir um pouco. Tentava veemente tirar o vestido de Quinn dos ombros sem sucesso, contentou-se apenas em lhe apertar os seios por sobre a roupa. Suas coxas agora expostas sentiram o toque de mãos, o que fez Rachek arquear e bater a cabeça no teto. Ambas riram, olhando uma para outra de verdade pela primeira vez na noite.

- Acho que está bêbada demais para qualquer coisa essa noite, Rachel Berry. – a loira colocou sua franja novamente no lugar.

Na hora, a morena sequer lembrou que aquele era um gesto significativo para seu relacionamento. Corou e apenas se limitou á concordar com a loira do corpo atraente. Seu cérebro ainda sob efeito do álcool não mediu suas palavras quando sua boca soltou ´você é linda, Quinn Fabray’, e a morena quase se matou em seguida com o riso da mais alta.

- Você é a mulher mais bonita que já tive o prazer de beijar, Rachel Berry.

Era para o cérebro da morena lhe avisar que estava em grandes problemas, mas ele não o fez. Sua boca foi puxada para a de Quinn quase que instantaneamente, apenas por que queria muito isso. Se separaram apenas por que a loira quis.

- Espero que possamos nos encontrar novamente, Rachel. Eu verdadeiramente gostei muito de tê-la encontrado hoje.

Rachel não respondeu, apenas pegou o celular que á muito estava jogado no banco do carro, e marcou seu número. Abriu a porta do carro e desceu, arrumando seu vestido e cabelos em seguida. Pensou em dar seu primeiro passo em direção á casa por que precisava dormir, mas mãos decididas tomaram posse da sua cintura e a seguraram no lugar.

- Como vou saber que me passou o número correto? – beijou o pescoço moreno.

- Terá de confiar em mim. – virou-se e lhe deu um ultimo beijo, indo em direção á casa.

Sua mente não processou o caminho até a porta grande de entrada da casa dos Lopez, sua consciência voltou apenas quando estava já no quarto de Santana retirando seu vestido com pouco cuidado e o deixando jogado ao seu lado na cama. Seu celular piscou do outro lado do quarto, provavelmente anunciando uma nova mensagem de texto. Sorriu ao pensar que seria a rápida e linda Quinn Fabray.

Levantou-se apenas de lingerie e foi ao encontro do aparelho, sorrindo ao perceber que sim, era a loira sensual com a qual tinha passado parte da noite. Sorriu mais ainda ao constatar que seu cérebro se lembrara de seu número, apenas para confundir mais ainda sua vida. Uma confusão em tom loiro e sensual, mas mesmo assim uma confusão.

Ensaiou uma resposta por alguns minutos, sentindo-se uma colegial com aquela sensação de perigo. Antes que pudesse digitar sua resposta definitiva, derrubou o celular assim que uma tempestuosa Santana entrou com um estrondo no quarto. Mantinha o rosto sem expressão, apenas esperando o próximo movimento da latina.

- Te procurei a noite toda, onde estava? – falava enquanto também retirava o vestido que a acompanhou durante toda a festa. – Estou fedendo aquela loção de barba do Puck. Alguém já se importou em dizer isso á ele?

- Acho que não, as garotas que saem com ele devem gostar. – deu de ombros.

Procurou não responder a primeira pergunta, conhecia a namorada a tempo suficiente para saber que ela mudava de assunto a cada cinco segundos. A morena seguiu para seu lado da cama, agora com o celular em mãos, e deitou-se para esperar a latina. Não muito depois a luz foi apagada e um peso foi sentido do outro lado do colchão. Recebeu um beijo apenas de lábios de boa noite, seguido de um pedido de desculpas sobre seu estado de cansaço. Santana dormiu poucos minutos depois.

Rachel sabia que não estava mais com tanto álcool no sangue quando pegou o celular que estava embaixo de seu travesseiro e leu mais uma vez a mensagem da loira. Também sabia que era apenas culpa dela o que estava fazendo, mas não conseguiu se segurar.

Quando podemos nos ver de novo, Rachel Berry?

Anote meu numero, e podemos resolver durante a semana.


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Notas finais do capítulo

História bem maior do que costumo escrever, tomara que não tenha ficado cansativo de ler.
Espero comentários. Não quero ser chantagista, mas comentar em uma one é agradar a autora a postar mais dessas de tempos em tempos.
Obrigada por lerem, boa madrugada.



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