Stonefield escrita por shephard


Capítulo 1
Ordinary Day - Lonely


Notas iniciais do capítulo

Hellooo para você que continuou, agradeço muito pela confiança e espero que goste :)
Aproveite a leitura!



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“Boa aula, filha!” – minha mãe exclama para mim quando já estou em frente ao portão do colégio. Dou um aceno de costas – a preguiça já é gigantesca mesmo de manhã, e sento-me no lugar de sempre. Coloquei “Lonely” do McFly para tocar e, como sempre chego cedo, fico esperando o sinal tocar indicando a minha hora de entrada.

Para a minha felicidade, meu amigo sempre chega cedo e eu posso conversar com ele. E lá estava ele, praticamente arrastando a mochila de tão bêbado de sono. Assim que me viu, largou a mochila ao meu lado e se jogou praticamente no chão.

– Bom dia, Mateus. – falei de uma forma doce e sorri para ele.

– Bom dia, tampinha. – ele respondeu, sorrindo de lado. Nossa, eu acho que ele realmente necessita colocar dois pauzinhos em frente aos olhos para evitar que eles se fechem. – Tudo bem?

– Uhum.

– Também estou ótimo, obrigado por perguntar.

– Sei que está morrendo de sono.

– Observadora, você. – ele respondeu de uma forma irônica, porém me deu um beijinho na bochecha e um sorriso mais acordado em seguida. – Por acaso você teria uma bala de café aí contigo?

Achei a pergunta engraçada e dei uma leve risada.

– Bala de café?

– Sim... Estou com muito sono mesmo.

– Olha, só porque a bala é de CAFÉ não quer dizer que ela irá te manter acordado.

– Então vai comigo ali rapidinho no Starbucks para eu comprar um Frapuccino.

Senti um peso enorme cair nas minhas costas. O sono dele parecia ter passado para mim.

– Hum... Sério? – respondi quando ele já havia se levantado e estendia uma das mãos para mim.

– É rápido, ainda faltam vinte minutos para a entrada abrir.

– Mas é tão longe...

– Linda, eu te pago um Frapuccino...

– Irônico e ainda por cima querendo me engordar.

– Vem, eu prometo que te ajudo com o Leo.

Papo furado. Óbvio que isso não ia acontecer nunca, mas cedi, até porque, Frapuccino de graça é outro nível.

O Starbucks ficava na esquina do nosso colégio, graças a Deus. Parecia até coisa de filme americano, eu amava isso.

Mateus me levantou e eu fui me arrastando com ele até lá. Ele me pagou um de doce de leite e comprou um para ele de café puro. O menino estava realmente cansado. Voltamos caminhando lerdamente para o inferno, apesar de ser a uns cinco passos de distância.

– Que droga, agora eu tenho que pensar algum jeito de te ajudar com o Leo. – ele falou brincando, mas senti como se meu coração fosse uma bola de papel e ele fosse amaçando gradativamente.

Milhares de cenas vieram à tona em minha cabeça, fiquei pensativa por um momento e só reparei quando Mateus chamou minha atenção.

– Está tudo bem? Entre vocês?

– Eu e o Leo?

– Não, eu e a Marina. Claro que são vocês!

– Ah, bem está, né Teteu. Mas para mim ainda é frustrante. Sabe o que quero dizer.

– Ah, Luna, você tem que parar de pensar assim. Já te falei que não vai levar a lugar nenhum.

– Então me diga como eu faço para parar! Estamos no último ano do Ensino Médio, já faz cinco anos, Mateus.

– Então faça alguma coisa, menina!

Já estávamos na porta da escola e se não fosse pelo inspetor, eu teria dado uns belos tapas nele. Essa conversa entre mim e ele é de desde o inicio do oitavo ano. Em vez de tapas, acabei tendo que me contentar apenas com um olhar fuzilador em sua direção. Ele abriu os braços e fez um cara de inocente.

– Que foi?

Caminhei na frente mais rapidamente para evitar a expressão de sonso dele e me sentei ao lado das nossas mochilas. Ele sentou ao meu lado e passou o braço ao meu redor. Tentei tirar, mas ele fez força para baixo, então logo desisti e acabei deitando minha cabeça em seu ombro.

– Ei. – ele me chamou e não pude evitar de olhar para aqueles olhos azuis lindos dele – Eu sei que você pode fazer alguma coisa. Eu não gosto de te ver assim. Te zoou com ele o tempo inteiro, mas eu não gosto de te ver sofrendo por causa dele, mesmo que ele seja meu melhor amigo, ouviu?

Eu não respondi, só tomei um gole do meu Frapuccino e fiquei abraçada com ele até o sinal tocar.

– Tears? – ele falou, erguendo o copo do Starbucks.

– Tears. – respondi, batendo o meu no dele.

Eu amo o Mateus, ele é como um irmão. Sou muito apaixonada por ele, mas apenas como amigo. E ele sente o mesmo por mim, então a nossa amizade é uma das coisas nesse mundo que eu não trocaria por nada.

Depois de um ano tão sofrido como tive ano passado, fico aliviada de ter alguém com que realmente se importe comigo. Ano passado ficamos em turmas separadas, então nos afastamos um pouco em razão dos estudos. Todavia, sempre procurávamos sair junto com o pessoal toda hora. Eu fiquei sozinha numa turma e todos os meus amigos na outra. Apenas as meninas ficaram comigo, tirando a minha melhor amiga que ficou na mesma turma que eles. Então foi um ano bem deprimente, pois as minhas “amigas” que ficaram comigo são do tipo que zoam para machucar mesmo.

Enfim, senti muita falta deles. E, na moral, venhamos e convenhamos, amizade com meninos é a melhor coisa do mundo.

Já na sala, durante uns dez minutos, fica eu e o Mateus sozinhos e depois começa a chegar o pessoal. Somos os únicos que chegam cedo da nossa turma. Primeiro o Arthur, depois o Miguel, o Carlos, o Daniel, e por fim o Leo que é sempre o último.

– Bom diaa! – digo para Miguel, Carlos e Daniel que chegam juntos, e eles respondem outro “Bom diaa”, me dando um abraço.

– Alguém fez o dever de Geografia?? – pergunta Carlos.

– Eu fiz! – responde Miguel, que já pega na mochila e entrega para Carlos.

– Que feio, hein. Não fazendo o dever, que menino exemplar.

– Deixo o título de exemplar para você se parar de me encher o saco, pode ser? – ele respondeu de forma curta.

– Noossa, acordou com o pé esquerdo hoje? Que grosso.

– Eu sei que você me ama.

– Metido. – respondi, cruzando os braços e as pernas. Ele riu e se levantou da cadeira, vindo em minha direção. – Não, não quero falar com você.

– Aw, bebê, vai chorar?

– Que saco, Carlos! – falei, já começando a ficar irritada (mentira, não consigo ficar irritada com eles). Ele me abraçou e me deu um beijo na bochecha.

– Pronto, feliz agora??

Nesse momento, Leo entrou na sala da forma de sempre. Desajeitado, mas fofo. Deu oi para todos os amigos dele e um “Olá!” para mim.

Uma das coisas ruins de gostar do Leo é que eu não consigo dar um abraço de bom dia nele e, como ele sempre foi muito tímido, ele também não dá em mim.

Nesse momento, eu prefiro ficar mais na minha. Às vezes tenho a impressão que ele vai pensar que eu sou muito grudenta já que eu falo com eles o tempo todo na sala. Mas os amigos dele (que também são meus) nem se importam e demonstram isso. O Leo, por exemplo, se estamos em grupo conversando, quando eu falo alguma coisa e o outro responde, parece que ele já pensa que a conversa ficou particular e torna a falar com o outro e os dois se separam da rodinha, ficando sozinhos conversando, como se eu tivesse atrapalhando.

Eu amo o Leo como amigo, ele me conhece há cinco anos já. Ele, de todos esses meninos, mais o Daniel e o Mateus, são os meus melhores amigos. Pode até não parecer por tudo isso que estou dizendo, mas nós temos mais de 20.000 mensagens só no Facebook, sendo que nós conversamos muito mais pelo What’s App, e ele sabe de todos os meus gostos e eu dos dele. Nós também conversamos muito na escola, mas ele tem “dias”. Parece que de domingo a quarta ele é o amante da vida e de quinta ao resto da semana é como se a bateria dele tivesse terminado e ele falasse “Pronto, gente. Acabou. Já fiz a minha parte!”.

E também tem esse lado de eu gostar dele desde o oitavo ano. O que é uma bela de uma bosta.

– Ahh, Luninha!

Sorrio feito uma boba por ele ter me chamado de Luninha.

– Fale!

Ele veio até mim e sorriu.

– Lembra que eu falei que ia ver Arrow?

– Lembro!

– Então, comecei a ver ontem!

– Sério??

– Sério! – nós rimos e eu respondi:

– Gostou?

– É muito legal, gostei mesmo. É uma pena que eu tenha demorado tanto para ver.

– Eu que o diga. – ele riu de novo.

– Desculpa pela demora...

– Tudo bem. Finalmente vagou aí na sua lista um espacinho.

Ele riu meio sem graça e falou que tinha que ir fazer o dever de Geografia.

Fiquei extremamente feliz por Leo estar vendo Arrow porque é uma série que eu estou há séculos (desde que eu o conheço) falando para ele assistir e finalmente ele começou a ver! Sendo que 80% das coisas que ele me recomendou eu assisti.

O professor de história chegou e eu já queria me matar. A aula dele é um saco, ele não sabe explicar. Fiquei desenhando para variar, escrevendo letras de música no caderno e sonhando com um amor que eu nunca tive.

Minha amiga chegou no segundo tempo e deu um beijinho na minha bochecha, falando “Bom dia, minha linda.”. Sorri e voltei aos meus rabiscos. Ou tentei, porque Mateus sentou atrás de mim hoje, então ficamos conversando baixinho durante a aula toda sobre coisas aleatórias.

Percebi que Leo estava olhando para mim duas vezes, mas ignorei. Devia ser a altura do nosso tom de voz que estava atrapalhando, apesar dele não estar prestando a mínima atenção na aula também.

...

– Turma, vocês terão que fazer um trabalho em grupo! São quatro pessoas em cada um. E NÃO, sem quartetos de três, duplas de cinco ou qualquer desculpa. O número dá certinho. Vamos lá, dividam-se!

Mateus que já estava conversando comigo me chamou para fazer parte do grupo dele e cochichou no meu ouvido “Vou te ajudar.”, no segundo seguinte ele grita.

– Leonardo! LEO!

Ele conseguiu o Leo para o grupo e deixou-me escolher o outro. Escolhi Dan e assim nosso grupo se formou.

O trabalho consistia em criar um vídeo sobre a história da Segunda Guerra Mundial. E apenas isso. Se fosse jornal, um documentário, um curta, você que escolhia.

– Então, vamos fazer lá em casa hoje? – perguntou Dan.

– Caramba, o trabalho é só para daqui a um mês!

– Tampa, se você for fazer trabalho com a gente, já sabe que nóix deixa tudo pronto antes, falou brother? – brincou Teteu, intensificando no “nóix”.

– Ô brother, precisa ser hoje?

– A gente pode fazer na sexta-feira lá em casa, o que acham? – perguntou Leo.

– Ta vendo? Isso é um dia decente. – falei e o Dan riu.

– Okok, me precipitei um pouco.

Rimos e o sinal tocou para o recreio. Eles correram para comprar lanche e eu fui ficar com as minhas amigas da outra turma. Coloquei um dos fones em minha orelha, porque se não eu não aguentava ficar conversando sobre coisas tão chatinhas com elas. No meio do nada apareceu Mateus e disse que precisava falar comigo.

– O que foi? – perguntei, roubando um pedaço do salgado dele.

– Eu deixo, ta?

– Eu sei que deixa. Hum, anda, fala.

– Nada demais. Eu só vi sua cara ali e reparei que estava bem entediada.

Eu ri e agradeci.

– Na verdade eu só estava pensando como as pessoas podem achar graça de quando uma é tão má com a outra.

– O que a Manuella disse? – ele já adivinhou.

– A Lisa estava dando bolo para todo mundo e eu perguntei o que tinha dentro e a Manuella disse “Menina, tu é cega ou o que? Não ta vendo que é chocolate? Mentira, deve ser cocô. Aposto que ela tirou da tua cara para fazer o recheio.”.

– Caralh...

– Olha o palavreado, Teteu! – brinquei.

– Isso é o que menos importa agora! Caraca, eu acho que esse foi uma das piores coisas que ela já disse.

– Acredite, não foi não.

– Eu sou infantil, mas não ao ponto de fazer piada com cocô. Ou fora. Que seja.

– Aí a Gabi riu.

– Já imaginava. Lunix, arranje melhores amigas.

– Eu já tenho a Bica e a Diana. Não preciso de mais.

– A Bianca está sempre com as outras amigas dela ou com o Dan, você sabe disso. A Diana é de outra escola.

– Eu só tenho que aturar no recreio.

– Mas Lunaaa...

– Olha, a Gabi sempre me ajuda quando eu preciso, o problema é quando ela está em grupo e principalmente com a Manu. Se juntar a Anna fica pior ainda.

– Mas ano passado elas foram umas filhas de uma...

– Mateus.

– ...vaca com você.

– Você sabe o quanto eu aprecio essa sua preocupação, mas entenda que eu estou muito bem. Ter você e os meninos por perto é a melhor coisa para mim.

– Eu só não quero que você passe o que passou ano passado de novo.

– Isso não vai acontecer, fica tranquilo.

– Acho bom.

Eu ri e abracei ele.

– Hey, toma. Fica com meu salgado. – ele falou e eu agradeci. Estava desesperada de fome. Alguns minutos depois chegaram os outros meninos e eu senti a necessidade de ir embora por causa de Leo e aquele meu problema de achar que ele vai me achar grudenta. Mas não fui, como sempre faço. Não é a toa que eu penso isso.

– Luna, não vai poder ser na minha casa o trabalho. – falou Leo.

– Pode ser lá em casa, não tem problema.

– Mesmo?

– Uhum. Ta tranquilo. Vocês podem ir depois da aula lá para casa e almoçar também.

– Beleuuza.

...

A aula finalmente acabou e junto com Bianca fui embora para casa. Fomos conversando sobre o novo namorado dela, Jason. Eu já sabia quem era; um ano mais novo, estava no segundo ano. Bonito, arrumado e skatista. Acho que dá.

– Ele me levou em casa ontem! A gente foi tomar um sorvete no Bob’s e ele me deixou em casa!

– Que bonitinho.

– E ele vai me levar para o campeonato de skate dele!

– Maneiro.

– Você quer que eu te leve? Posso ver com ele! Deve estar cheio de skatistas gatos.

Eu ri com ela, mas balancei a cabeça de um lado para o outro.

– Qual é, Luna! Você precisa desencalhar!

– BIANCA!

– Você vai fazer dezoito anos, cara! Estou falando isso como sua amiga.

– E que amiga, hein.

Caraca, depois dessa eu vou para casa sozinha.

– Na moral, Luna...

– Não, na moral Bianca. – eu segurei no braço dela e parei-a na rua – Eu tenho quase dezoito anos e nunca tive um namorado, nunca fiquei com ninguém, eu sei disso, não precisa ficar me lembrando a cada cinco minutos. Quando chegar a hora eu vou namorar.

– Mas já chegou a hora a muito tempo!

– Mas a pessoa ainda não!

– Pega qualquer um!

– Eu não sou assim!

Nós já estávamos quase gritando na rua, quando um menino moreno aparece por trás dela e sorri.

– Bica?

Assim que ela viu que era o namorado dela, as suas feições de discussão de desfizeram e um sorriso caloroso brotou em seus lábios.

– Oi meu amor! – eles começaram a se beijar e eu resolvi ir embora.

É, realmente eu vou voltar sozinha mesmo.

Ou ficar sozinha.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Por favor, um feedback sempre é importante! Reviews!
Sei que ainda está no início, mas melhorarei, ficará mais divertido, juro!
Beijão



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