Eu simplesmente não entendia, ela queria tanto que eu parasse de atormentar o Snape, queria que eu amadurecesse, queria que eu parasse de irritá-la, queria que eu parasse de agir como superior, e queria que eu parasse de pegar todas as garotas de Hogwarts, eu parei de incomodar Snape, eu amadureci rapidamente de um ano para cá, parei de azarar todos que apareciam na minha frente por pura diversão, fiquei mais humilde e não me portava como superior a todos, nunca mais chamei ela para sair e principalmente, não pegava mais ninguém, Sirius já zoava de mim e falava que eu tinha virado um veado, literalmente.

Eu realmente cansei disso, eu mudei por ela e ela me tratava do mesmo jeito, como se eu fosse a pior espécime de humano. Quando me dei conta, o Salão Comunal já havia esvaziado, deixando apenas duas pessoas nas poltronas, uma era eu, e a outra era ela.

Eu me debrucei, me escorando em meus joelhos, e enterrando as mãos no meu cabelo, despenteando-os e soltando um suspiro ao pensar em tudo aquilo. Eu sinto um par de olhos verdes me encararem, ela provavelmente iria reclamar que eu estava respirando alto demais e atrapalhando a concentração dela. Mas ela fez algo surpreendente, se aproximou, sentou-se do meu lado e pousou a pequena mão no meu ombro, e perguntou com uma voz suave:

- O que houve Potter?

Eu olho para ela, tiro os óculos e pergunto:

- Por que você me odeia?

Ela parece surpresa com a pergunta, ela deixa a mão dela escorregar do meu ombro e parar na sua perna, ela olha para frente e diz:

- Não te odeio Pot... James.

Eu suspiro novamente e digo:

- Então porque me trata assim?

- Assim como?

- Como se eu fosse o pior tipo de humano.

Ela olha para as brasas da lareira, que mesmo sendo tarde, ainda insistiam em crepitar, ela respira fundo e fala para mim:

- Eu tenho medo James, muito medo.

- Do que? – Pergunto confuso

- De me machucar... Ok, admito, eu te detesto ...– Me senti esvaziar por dentro e uma lágrima escorreu por meu rosto e a interrompo, falando:

- Você não entende não é mesmo? Lily, eu te amo, mas parece que você é a única pessoa que não quer aceitar isso, eu mudei por você, parei de fazer coisas por você, eu quero você desde o quinto ano. Mas você se recusa a acreditar que é verdade, todos já sabem disso, o Sirius, O Remus, O Peter, a Marlene, a Dorcas, o Frank e a Alice... Mas você não, você se recusa a ver o que praticamente esta escrito na minha cara, olha nos meus olhos para ver se é mentira quando eu digo que te amo.

Ela olha no fundo dos meus olhos, ajoelhando-se do meu lado, uma vez que eu escorreguei da poltrona e me sentei no chão, encarando as brasas que já morriam, ela coloca a mão no meu rosto, acariciando a minha bochecha e fala:

- Você não entendeu James, eu disse que te detesto, mas eu te detesto por sentir falta de cada convite para sair que você me fazia, eu te detesto por ficar tão lindo de óculos e quando você os tira, parece que dá para ver sua alma, te detesto por saber tanto sobre mim e isso me encantar, te detesto por saber que você me ama de verdade e só eu não quero acreditar nisso, te detesto por dedicar cada vitória no Quadribol a mim e eu ficar totalmente derretida com isso, te detesto porque quando você me olha, minhas barreiras fraquejam e meu cérebro fica entorpecido, Te detesto por usar um perfume tão bom, que quando você passa meus sentidos querem você cada vez mais perto, te detesto por que quando você bagunça os cabelos, você fica extremamente sexy, te detesto por sentir ciúme de ver você com uma piranha qualquer, e acima de tudo, te detesto por você ter feito eu me apaixonar por você.

A cada palavra dela, eu ficava mais incrédulo, e quando ela acabou de falar, ela fez algo que eu nunca esperava que ela fizesse...

Ela me beijou.

E aquele foi só o primeiro de muitos.