Vínculo Negro escrita por Igor Pauli
Notas iniciais do capítulo
Como esta é minha primeira história (E primeiro capítulo!), o texto pode não estar muito bom. Espero que vocês deem uma chance à história e leiam, pois me esforçarei para melhorar a escrita e narração :)
Uma boa leitura
A noite já tinha caído e ele permanecia lá: em um beco sem saída e mal iluminado. Uma caçamba estava encostada na parede oposta a ele e uma lâmpada logo na entrada irradiava uma luz suave. E, próximo a porta dos fundos de um restaurante, aquele tipo de porta somente para funcionários e usada para colocar o lixo para fora do estabelecimento, o ladrão escondia-se nas sombras. Não era sua primeira vez, mas ainda sim estava com medo.
Sua respiração começou a ficar mais pesada ao ouvir som de passos se aproximando. Uma curva tênue do beco não permitiu que ele enxergasse quem se aproximava, e então forçou-se a mudar um pouco sua posição para se ocultar o máximo possível.
Da caçamba, um rato pulou e partiu em direção ao som dos passos, assustando por instinto o homem oculto por causa do barulho inesperado.
— Ah, pequenino, que azar o seu. – Disse uma voz, vinda de onde o rato se dirigira – Azar o seu e sorte a minha. Hoje você sentirá uma sensação nova, mas não diria que para melhor.
Ocorreu um estalo seco e abafado, e depois só restou o silêncio. Sem saber o que acontecia, o coração e a respiração do ladrão estavam em um ritmo totalmente acelerado, fazendo-o se preparar para o pior. Ele desceu a mão para o bolso e segurou com força seu canivete. Naquela noite ele não planejava matar, mas nem sempre a vida colabora com os planos das pessoas.
— E você, ladrãozinho, não adianta se esconder. Sei que está aí e é melhor aparecer. Senão você pode se machucar – E continuou após uma breve pausa – Ou morrer.
O terror invadiu a consciência do homem. Ele tinha sido pego, ameaçado de morte e sequer sabia quem fazia isso. Suas pernas começaram a tremer e seu coração só faltava saltar pela boca. E, como se não houvesse escolhas, desgrudou da parede e seguiu lentamente pelo corredor para dar com quem tinha falado. Canivete atrás do corpo e cabeça baixa.
Mesmo com uma luminosidade limitada, ainda era possível perceber algumas características da pessoa ao andar pelo menos meia dúzia de passos. Ele trajava roupas sujas e rasgadas, estava descalço e cabelos negros, curto, liso e com poucos fios branco caiam sobre a face, até a altura do nariz. E próximo aos seus pés, um rato morto se encontrava estendido sobre o chão com uma pequena poça de sangue envolvendo o corpo do roedor. O ladrão pensou com medo se o próximo a ter esse fim poderia ser ele.
— Se você conseguir alimentar esse rato, te deixo viver, rapaz, mas tampouco você merece, pois suas atitudes prejudicam a vida de outras pessoas.
— Alimentar... o rato morto? – Perguntou, confuso e com medo – Não dá, cara...
— Você acha mesmo? – O mendigo riu com escárnio.
“Um blefe? ”, o ladrão pensou ponderando a possibilidade de ele ser um bêbado ou drogado que já não sabia mais o que falava. Mas isso não mudava o fato do homem sujo ter dito que ele era um ladrão e saber que ele estava escondido, duas verdades.
O indigente sutilmente se aproximou do rato enquanto a mente do outro homem martelava e se distraia involuntariamente nas possibilidades. Acolheu-o com ambas mãos e uma pequena luz fraca e vermelha irradiou pelos buracos dentre seus dedos, fazendo com que o outro tornasse a realidade e visse o que acontecia. Depois colocou o rato de volta ao chão e este começou a balançar o rabo e se levantou, pondo-se a andar alguns centímetros e a cheirar o ar.
— O que você acha dessa sensação, meu pequenino? A sensação de morrer e de viver. Ah, mas você não está exatamente vivo. Agora você é uma marionete minha, presa dentro de sua antiga carcaça. Venha aqui, ratinho.
O rato pôs-se a correr na direção do seu mestre, que o acolheu novamente com as mãos. E com as mesmas mãos que ele deu vida ao rato, ele a tirou torcendo seu pescoço, soando o mesmo som de estalo abafado que da vez anterior.
— Você sabe, nem sempre nos alimentamos de comida – Disse, olhando para o ladrão. O homem colocou o rato morto no chão e continuou com seu discurso – Podemos nos alimentar de esperança e fé esperando um acontecimento que desejamos, de coragem para tomar iniciativas e atitudes, e até mesmo de vida. Agora, faça como eu fiz, alimente o rato.
Tudo o que ele dizia parecia ser verdade e possível, cenas e acontecimentos apenas possíveis e vivenciados em livros ou filmes. Histórias de ressureição, magia e fantasia fazendo com que os pais digam a seus filhos que é mentira em algum momento de seu crescimento, que magia não existe. E naquele beco estava um rapaz que já se questionava se tudo o que ele sabia ou tinha visto era verdade.
— Talvez aqui não seja seu lugar. Vou te dar uma experiência nova e única, mas não diria que ela será agradável.
— Você vai me matar?! – Respondeu o ladrão em resposta, dando um passo para trás inconscientemente.
— Vou te dar uma nova vida, mas diferente do rato. Há algo em você que te diferencia de todas outras pessoas, algo que não te faz pertencer a este mundo. Espero que você sobreviva para nos encontrarmos no futuro, Robert Alex.
— Como você sabe meu nome...?
E antes de fazer mais perguntas, a mão do mendigo se levantou em direção a Robert e um vento descomunal saiu dela, tomando conta do lugar. Barulhos de janelas batendo, saco de lixos se rasgando e voando, da caçamba de lixo se arrastando no chão tomaram conta do lugar, e mesmo tentando resistir, o ladrão foi arremessado para trás.
A única lâmpada que iluminava o beco apagou e ele ficou totalmente coberto por trevas. Robert já não estava mais ali, e pessoas que o conheciam pensariam dias depois que ele tinha morrido ou fugido para outra cidade por razões pessoais. Mas sua vida tinha apenas começado, e talvez “vida” não fosse a melhor palavra para definir sua nova existência.
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Obrigado por ler até aqui! Próximo capítulo em breve!