Vínculo Negro escrita por Igor Pauli


Capítulo 1
O Alimento do Rato


Notas iniciais do capítulo

Como esta é minha primeira história (E primeiro capítulo!), o texto pode não estar muito bom. Espero que vocês deem uma chance à história e leiam, pois me esforçarei para melhorar a escrita e narração :)

Uma boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/565354/chapter/1

A noite já tinha caído e ele permanecia lá: em um beco sem saída e mal iluminado. Uma caçamba estava encostada na parede oposta a ele e uma lâmpada logo na entrada irradiava uma luz suave. E, próximo a porta dos fundos de um restaurante, aquele tipo de porta somente para funcionários e usada para colocar o lixo para fora do estabelecimento, o ladrão escondia-se nas sombras. Não era sua primeira vez, mas ainda sim estava com medo.

Sua respiração começou a ficar mais pesada ao ouvir som de passos se aproximando. Uma curva tênue do beco não permitiu que ele enxergasse quem se aproximava, e então forçou-se a mudar um pouco sua posição para se ocultar o máximo possível.

Da caçamba, um rato pulou e partiu em direção ao som dos passos, assustando por instinto o homem oculto por causa do barulho inesperado.

— Ah, pequenino, que azar o seu. – Disse uma voz, vinda de onde o rato se dirigira – Azar o seu e sorte a minha. Hoje você sentirá uma sensação nova, mas não diria que para melhor.

Ocorreu um estalo seco e abafado, e depois só restou o silêncio. Sem saber o que acontecia, o coração e a respiração do ladrão estavam em um ritmo totalmente acelerado, fazendo-o se preparar para o pior. Ele desceu a mão para o bolso e segurou com força seu canivete. Naquela noite ele não planejava matar, mas nem sempre a vida colabora com os planos das pessoas.

— E você, ladrãozinho, não adianta se esconder. Sei que está aí e é melhor aparecer. Senão você pode se machucar – E continuou após uma breve pausa – Ou morrer.

O terror invadiu a consciência do homem. Ele tinha sido pego, ameaçado de morte e sequer sabia quem fazia isso. Suas pernas começaram a tremer e seu coração só faltava saltar pela boca. E, como se não houvesse escolhas, desgrudou da parede e seguiu lentamente pelo corredor para dar com quem tinha falado. Canivete atrás do corpo e cabeça baixa.

Mesmo com uma luminosidade limitada, ainda era possível perceber algumas características da pessoa ao andar pelo menos meia dúzia de passos. Ele trajava roupas sujas e rasgadas, estava descalço e cabelos negros, curto, liso e com poucos fios branco caiam sobre a face, até a altura do nariz. E próximo aos seus pés, um rato morto se encontrava estendido sobre o chão com uma pequena poça de sangue envolvendo o corpo do roedor. O ladrão pensou com medo se o próximo a ter esse fim poderia ser ele.

— Se você conseguir alimentar esse rato, te deixo viver, rapaz, mas tampouco você merece, pois suas atitudes prejudicam a vida de outras pessoas.

— Alimentar... o rato morto? – Perguntou, confuso e com medo – Não dá, cara...

— Você acha mesmo? – O mendigo riu com escárnio.

Um blefe? ”, o ladrão pensou ponderando a possibilidade de ele ser um bêbado ou drogado que já não sabia mais o que falava. Mas isso não mudava o fato do homem sujo ter dito que ele era um ladrão e saber que ele estava escondido, duas verdades.

O indigente sutilmente se aproximou do rato enquanto a mente do outro homem martelava e se distraia involuntariamente nas possibilidades. Acolheu-o com ambas mãos e uma pequena luz fraca e vermelha irradiou pelos buracos dentre seus dedos, fazendo com que o outro tornasse a realidade e visse o que acontecia. Depois colocou o rato de volta ao chão e este começou a balançar o rabo e se levantou, pondo-se a andar alguns centímetros e a cheirar o ar.

— O que você acha dessa sensação, meu pequenino? A sensação de morrer e de viver. Ah, mas você não está exatamente vivo. Agora você é uma marionete minha, presa dentro de sua antiga carcaça. Venha aqui, ratinho.

O rato pôs-se a correr na direção do seu mestre, que o acolheu novamente com as mãos. E com as mesmas mãos que ele deu vida ao rato, ele a tirou torcendo seu pescoço, soando o mesmo som de estalo abafado que da vez anterior.

— Você sabe, nem sempre nos alimentamos de comida – Disse, olhando para o ladrão. O homem colocou o rato morto no chão e continuou com seu discurso – Podemos nos alimentar de esperança e fé esperando um acontecimento que desejamos, de coragem para tomar iniciativas e atitudes, e até mesmo de vida. Agora, faça como eu fiz, alimente o rato.

Tudo o que ele dizia parecia ser verdade e possível, cenas e acontecimentos apenas possíveis e vivenciados em livros ou filmes. Histórias de ressureição, magia e fantasia fazendo com que os pais digam a seus filhos que é mentira em algum momento de seu crescimento, que magia não existe. E naquele beco estava um rapaz que já se questionava se tudo o que ele sabia ou tinha visto era verdade.

— Talvez aqui não seja seu lugar. Vou te dar uma experiência nova e única, mas não diria que ela será agradável.

— Você vai me matar?! – Respondeu o ladrão em resposta, dando um passo para trás inconscientemente.

— Vou te dar uma nova vida, mas diferente do rato. Há algo em você que te diferencia de todas outras pessoas, algo que não te faz pertencer a este mundo. Espero que você sobreviva para nos encontrarmos no futuro, Robert Alex.

— Como você sabe meu nome...?

E antes de fazer mais perguntas, a mão do mendigo se levantou em direção a Robert e um vento descomunal saiu dela, tomando conta do lugar. Barulhos de janelas batendo, saco de lixos se rasgando e voando, da caçamba de lixo se arrastando no chão tomaram conta do lugar, e mesmo tentando resistir, o ladrão foi arremessado para trás.

A única lâmpada que iluminava o beco apagou e ele ficou totalmente coberto por trevas. Robert já não estava mais ali, e pessoas que o conheciam pensariam dias depois que ele tinha morrido ou fugido para outra cidade por razões pessoais. Mas sua vida tinha apenas começado, e talvez “vida” não fosse a melhor palavra para definir sua nova existência.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado por ler até aqui! Próximo capítulo em breve!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vínculo Negro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.