Lágrimas de Sangue escrita por Little Panda Mei


Capítulo 3
Medos


Notas iniciais do capítulo

Hola, Hola o/
Espero que gostem!
~~Boa Leitura~~



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"É tarde, você ainda não dorme

Você tem medo de todos os seus sonhos,
Você amaldiçoa seu destino a cada instante,
Suas memórias estão te matando...
Quantas noites passei chorando assim?
Você é apenas a sombra de si mesmo."

— Tal, Oublie.

Foi difícil passar a noite na biblioteca, mas eu não dormi lá. Foi só durante os jogos na sala de jogos, porque logo após o término ele voltou para me destrancar. Por quê? Posso te explicar com muita facilidade. Sou extremamente boa em jogos de corrida, e ele era o melhor jogador até eu surgir, e começar a ocupar o seu lugar em seu trono imaginário e precioso feito de ouro e diamantes. Patético, concordo.

E eu não queria ir pelo simples fato de ele e seus fiéis seguidores e companheiros estariam lá. E eles sabem jogar baixo. Só a notícia de que eu iria, fez Keanu Mizael querer me prender naquela biblioteca que de noite pode ser um pouco assustadora, com o móveis rangendo e um pouco de medo de escuro quando se está sozinho somados em uma cabeça de uma menina um tanto criativa podem ser criados vultos e até quedas de livros repentinas, mas não inexplicáveis. Enfim, Keanu é um grande perdedor.

E por que ele voltaria para me buscar? Pelo simples fato de que ele estaria perdido se descobrissem seu lado maligno, perverso; apesar de que ninguém desconfiaria dele, todos parecem o venerar. E eu até poderia contar a diretoria o que aconteceu, mas eles iriam preferir acreditar no protegido deles. Aos olhos da diretoria do colégio, Keanu é um anjo, ou devo dizer da diretora, que por acaso é avó dele?

Se quer saber o porquê que eu não liguei por ajuda, já que eu e meu celular somos seres inseparáveis e tudo mais, aviso que meu celular descarregado ficou no quarto carregando.

Pois é. A vida é injusta as vezes, não? Basta ser neto da diretora da escola que você estuda e você estará com a vida ganha.

— Constance? — escuto a voz de Keanu me chamar na biblioteca escura, que estava me aterrorizando, confesso, já que pouco depois que ele saiu as luzes começaram a piscar e logo não havia mais luz na sala. Eu estava encolhida e encostada na porta, imaginando vultos e coisas. Terror psicológico é o pior, descobri isso desde a noite de Halloween a dez anos atrás.

Escuto a porta ser destrancada. Ele sabia tanto quanto eu que não tinha chances de eu ter saído dali, não com a porta fechada. As janelas dali eram pequenas demais e por elas só passavam filetes de luz, que deixavam cada vez mais claro que eu realmente tinha medo daquilo. Basicamente não só da escuridão, mas de estar sozinha nela.

Sinto-o tentar abrir a porta, mas me corpo encolhido na porta o impede de abrir.

— Constance?

Eu não consigo me mover ainda. Meu sexto sentido danificado pelo medo, parece captar algo perto de mim, o que faz meu corpo se mover para o lado esbarrando em uma estante de livros, em sinal de alerta. Fecho os olhos, me encolho encostada a estante de livros, e começo a rezar. Estou suando frio e não percebo quando entrou mas Keanu já está lá dentro.

— Fala sério, vai me dizer que tem medo de escuro? — ele zomba e se ajoelha na minha frente.

Olho para ele, envergonhada enquanto ele sorri de escárnio.

— Não. — digo, olhando tudo em volta, as coisas parecem menos assustadoras, mas ainda sim sinistras. Quem diria que meu paraíso pessoal poderia se transformar em uma tortura psicológica também? Nada aqui pode ser bom. Sempre tem que haver um tal de Mizael para estragar tudo.

— Não, imagina, é só impressão minha. Estou imaginando uma ruiva estranha jogada no chão da biblioteca quase que implorando para ser tirada daqui. E a propósito, de nada. — diz ele se levantando.

Levanto e saio da biblioteca, correndo um pouquinho para sair em sua frente. Ele ri. Idiota.

— A propósito, você perdeu um jogo incrível. — ele começa.

— Você é um péssimo perdedor!

Ele me fuzila com o olhar e cruza os braços.

— Jura? Você diz isso baseado no quê?

Arqueio as sobrancelhas e cruzo os braços também.

— Na sua tentativa desesperada de me manter longe, para não ter concorrentes a altura.

Ele ri zombeteiro.

— Faça-me o favor, Constance, eu fui jogar com todo mundo e depois quando ia voltar para os dormitórios escutei os choros de menina estranha que tinha ficado presa na biblioteca, heroico como sempre, só fui ajuda-la... Veja só, de repente ela era você! — ele finge estar surpreso ao dizer a última parte.

— Essa é a história que vai contar para os amiguinhos?

— Só estou apresentando a minha versão dos fatos.

— Se continuar com suas idiotices, Mizael, o único que fato que poderemos afirmar é que você não estará mais respirando.

Ele ri e eu o fuzilo com o olhar.

— De novo com ameaças, Constance. — diz ele, enfatizando meu nome. — Constance. Diferente esse nome, foram os viados dos seus pais adotivos que deram esse nome a você?

— Chega, Mizael. — bradei. — Você está passando dos limites.

— Mexer com os dois papais irrita você, anjo? — ele provoca.

— Eu vou te matar, desgraçado! — exclamo, mas não tenho coragem de mexer um único músculo. Ele é mais forte. Ponto.

Ele ri.

— Ah, ótimo. Assim eu vou poder conhecer seus pais de verdade.

Engulo em seco. Isso foi baixo, até para alguém como ele. Quero chorar, mas não posso. Não vou demonstrar fraqueza em sua frente, não em sua frente. Me viro mecanicamente para trás e vou caminhando em passos pesados, sem correr, para não deixar mais óbvio do que já está que algumas palavras conseguem me atingir dessa forma.

Eu escuto seus passos atrás de mim.

— Pare. De. Me. Seguir. — digo, pausadamente.

— Não estou te seguindo. A saída do prédio principal é a mesma para todo mundo.

Continuo em meus passos mecânicos até a saída do prédio onde o escuto dizer:

— Quanta infantilidade. Vai, vai para o quarto chorar, bebezinha.

Okay, já chega. Tiro meu tênis do pé, ele está de costas. Não penso, simplesmente faço. Taco com toda minha força meu tênis em sua direção. Dou um sorriso vitorioso ao constatar por fim que o tênis o atingiu com exatidão no meio da cabeça daquele ser estúpido de existência inútil. Ele exclama de dor.

Me sinto até mais leve.

— Até, Mizael. — digo, antes de andar mais apressada em direção aos dormitórios.

Convencer Cassandra de minha inocência, foi realmente complicado. Ela ficou bem chateada comigo, e o maior problema foi fazê-la me escutar, já que ela colocava o fone de ouvido no máximo e cantarolava junto para não ter que me ouvir. Admito, foi um tanto cômico, mas quando ela soube de quem estava envolvido ela conseguiu finalmente conciliar o tico e o teco na cabeça dela, e ficou com um pouco de raiva de Keanu, mas não mais que eu.

— Eu vou me vingar.

Cassandra me olha abismada.

— Connie? Vingança? Você está bem? Você mesma dizia que ele é resto, e que resto é resto, isso a gente só ignora!

Dou de ombros, apesar de sentir um grande desconforto crescer dentro de mim.

— É... Talvez você tenha razão. Vingança só alimenta o ódio, e o ódio a guerra contínua e assim tristeza interminável que acaba provocando mais sofrimento. Eu perdi a cabeça por uns instantes.

Ela me encara surpresa.

— Não! Estou gostando desse seu lado!

A olho confusa. Afinal, o que ela quer dizer?

— Bem, temo que eu tenha jogado um pouco de lenha na fogueira...

— Como assim?

— Bem... — começo. — Eu meio que taquei um sapato na cabeça dele. — digo escondendo meu rosto e rindo.

Ela ri comigo.

— Isso explica o fato intrigante de você aparecer aqui sem um dos sapatos.

~'~'~'~'~

Era aula de Literatura. Dia de apresentação. Meus nervos estavam a mil. Eu odeio falar em público, pelo simples fato de ter vários olhos a me encararem. Qualquer cochicho é assustador, qualquer sorriso é um pedido secreto de sumiço. E minhas palavras... Elas somem. Talvez elas também tenham pavor de falar em público, vai saber.

O professor Samuel Smith, era jovem, bonito, e o sonho de qualquer garota. Até o início desse ano, admito, até eu morria de amores por ele. Mas vi uma cena tão repugnante dele se pegando com uma aluna, quando eu ia tirar algumas dúvidas sobre um livro. E quando eu digo "se pegando" eu não quero dizer simples beijos fervorosos, eu simplesmente eu os peguei em meio ao ato sexual... E... Argh! Me enojo só de lembrar.

E quando eu achei que era um caso de uma vez, pensando na possibilidade de eles se gostarem de verdade, o peguei na semana seguinte repetindo o ato com outra aluna da minha série. Desta vez, Megan, a escrava de Isabelle.

— Aqui. — escuto a voz de Keanu me chamar. — Estou devolvendo o seu sapato que você esqueceu comigo.

Escuto alguns murmúrios baixos, de alguns que prestavam atenção em cada detalhe de nosso pequeno diálogo mal iniciado e insignificante. Vejo meu tênis em suas mãos.

— Pode ficar, quem sabe parte do seu cérebro tenha ficado presa no sapato... Melhor não arriscar, não é?

Ele ri e balança a cabeça em negativa.

— Esse é o seu problema, Constance. Você nunca arrisca.

— Constance Hiero. — ele chama.

O trabalho era escolher um livro de Arin Malich, um escrito não muito famoso, mas que escreveu histórias bastantes interessantes. Levanto e caminho em direção a sala. Quase ninguém prestava atenção em mim o que era um alivio e facilitava muito a apresentação.

— É, eu escolhi... Doce Veneno. — vejo a cara de Keanu se contorcer em raiva. — Fala sobre uma garota chamada Mary. Jovem, bonita, e recatada. Sua irmã Katherine teria a assassinado, e o motivo do crime, o motivo de ter assassinado alguém da própria família teria sido ciúmes, e uma pitada de inveja também. O marido de Katherine, Joshua, logo se viu totalmente apaixonado pela jovem cunhada Mary, que não tinha culpa por ter sido alvo de um homem casado.

"Em um certo dia, Joshua decidiu revelar seus sentimentos por Mary, beijando-a e por um infeliz azar, Katherine assistiu a tudo silenciosamente. Chorou dia após dia. Após dia. Esperou seu marido anunciar o divórcio, mas ele não o fez. Aquilo, o beijo, havia sido um caso a parte, mas Katherine não queria correr o risco novamente. Ela era loucamente apaixonada por ele. Fez a irmã comer do fruto de Donabela, que é extremamente venenoso. Viu a irmã morrer. Depois disso a história foca-se em Mary, que agora vaga pela Terra, procurando explicações para sua morte repentina. E quando no fim, descobre que sua irmã, aquela que ela tanto adorava, foi a responsável por sua morte, não guardou rancor. Ficou horrorizada por saber do que sua irmã seria capaz disso. Mas a amava demais para não perdoá-la, e isso a levou ao paraíso, ela encontrou a paz que procurava."

— Suas conclusões sobre a história? — pergunta Samuel.

— Quem ama perdoa. Ela perdoou a irmã por ter feito algo horrível, porque seu amor era maior do que qualquer coisa. Ela se pôs no lugar da irmã, e viu o ciúmes que ela sentia. Fez o possível para compreender. Atitude não tomada por Katherine. E no fim, perdoar fez ela não ter rancor nenhum em seu coração, fazendo ela encontrar a paz, o seu paraíso.

Samuel reflete um pouco sobre minhas palavras antes de dizer:

— Muito bem, pode se sentar.

Meu coração estava a mil. E então ele chama outro nome.

— Keanu Mizael.

Ele vai até la na frente me fuzilando com o olhar.

— Bem, meu livro é Doce Vingança. — ele escolhera o mesmo livro!


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Notas finais do capítulo

Hello Hello o/
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XoXo



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